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João explicou que “os flamengos da urca onde ele estava embarcado”, ao perceberem que ele tinha boubas (similar à sífilis), não o quiseram na nau, ameaçando jogá-lo no mar
5 de julho de 159505/04/2024 15:59:16

Perante Furtado de Mendonça, no dia 05 de julho (1595), João explicouque “os flamengos da urca onde ele estava embarcado”, ao perceberem que ele tinha boubas(similar à sífilis), não o quiseram na nau, ameaçando jogá-lo no mar. Naquela noite olançaram num barco, “contra a sua vontade”, para que voltasse à terra. Roubaram-lhe,inclusive, sua “arca”, com quatro mil réis em dinheiro, quatro camisas e um vestido. Fugindopara os matos, ficou aos cuidados de sua mãe e não se apresentou mais cedo à Mesa (antes deser chamado), por estar muito doente de boubas. Declarando-se incapaz de servir nas galés,João implorou que “pelas chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo [...] se usasse com ele demisericórdia”, pois estava muito arrependido dos crimes que resultaram em sua condenação.O visitador ordenou que imediatamente o réu fosse examinado por alguns médicos que, emseguida, deram seu parecer:O dito João Fernandes tem dentro no corpo, humores de boubas [...] e tem umtestículo com inchação, maior que o outro, e tem dentro na boca, nas goelas, umainflamação o que tudo se procede do dito humor ruim que tem de boubas, do qual énecessário tomar cura [...]. Pelo que entendem que se antes de ser curado, estiver emgalés [...] [...] se lhe aumentarão os cravos e humor dos ditos males (ibid., fls. 23-23v). Os médicos ainda observaram que o réu tinha “corrimentos” e ferimentos nos pés,contudo, seria bom dar-lhe “exercício de trabalho”, “posto que nem por isso ficaria em perigo nenhum de morte”. A Mesa avaliou o parecer médico e uma nova sentença foi publicada, a 12de julho de 1595:Vistos estes autos e o exame dos médicos cirurgiões, e sua confissão, e como o réu édoente de boubas e piorará nas galés, e outras mais considerações pias que setiveram usando com ele de muita misericórdia, lhe comutam os dois anos de degredoem que foi condenado para as galés, em cinco anos de degredo para a Paraíba [...]nas obras de Sua Majestade, o réu servirá sem vencer soldo nem salário algum [...][apenas] os alimentos (ibid., fl. 24v).A sentença declarava ainda que, na falta de serviços de Sua Majestade na Paraíba, oréu deveria trabalhar nas obras de religiosos, sem receber salário algum, durante os 5 anos,apenas os alimentos necessários à sua subsistência. Esse desfecho, por certo, sugere o quePeter Burke (1992, p. 31-32), ancorado em Giovanni Levi, denomina como “liberdade deescolha das pessoas comuns, suas estratégias, sua capacidade de explorar as inconsistênciasou incoerências dos sistemas sociais e políticos, para encontrar brechas através das quaispossam se introduzir ou frestas em que consigam sobreviver”. Depois de descoberto “nosmatos”, João soube se utilizar da má sorte com os holandeses, da própria doença confirmadapelos médicos e de uma súplica desesperada para obter a comutação de sua pena.As galés do Reino eram o que havia de pior para um condenado, poucos conseguiamcompletar o tempo de degredo, a grande maioria morria devido à sobrecarga de trabalho,parca alimentação, doenças diversas, açoites e correntes atadas aos pés. Contudo, o quegarantia que João falava a verdade? Tinha realmente sido roubado e expulso da embarcaçãoou “comprou sua expulsão” com o dinheiro que levava consigo? Embora não contasse comnenhuma prova do que afirmava, além da doença, João Fernandes dedicou-se o quanto pôdepara alcançar outra perspectiva de futuro e encontrou nas “brechas misericordiosas” do SantoOfício uma punição que lhe permitisse melhor sobreviver.
João explicou que “os flamengos da urca onde ele estava embarcado”, ao perceberem que ele tinha boubas (similar à sífilis), não o quiseram na nau, ameaçando jogá-lo no mar

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