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Historia do Brazil Antigo P. Raphael M. Galanti
1896. Há 128 anos
47) Visitas francesas - Também os franceses visitavam o Brasil, trazendo práticos portugueses, e partindo principalmente de Dieppe e de Honfleur. De um desses navios, que se chamava Espoir de Honfleur, e era comandado por Binot Paulmier de Gonneville, temos notícias certas e circunstanciadas. Zarpando de Honfleur em junho de 1503 com destino á Índia Oriental, arribou ao Brasil; primeiro ao sul, em um lugar que se supõe ser o Rio São Francisco em Santa Catarina; em seguida mais ao norte, talvez em Cabo Frio, e afinal nas imediações de Porto Seguro. No primeiro lugar deteve-se três meses, reparando os navios; ergueu uma grande cruz, e recebeu dois nativos, prometendo voltar para os restituir dentro de vinte meses. Um deles, chamado Essomeric, contava com quinze anos de idade, e era o último dos seis filhos de Tuchnu, chefe de uma tribo de carijós. O nome do outro, que tinha 40 anos, e devia servir de companheiro ao jovem, era Namoa. [Compendio de Historia do Brasil, 1896. P. Rapahel M. Galantis S. J., professor no colégio São Luiz de Ytú. Páginas 54 e 55]

56) Caboto e Diogo Garcia, 1526 - Diogo Garcia, português, ao serviço da Espanha, comandou uma expedição, preparada a expensas do conde Fernando de Andrade, Christovam de Faro e outros, com o fim de reconhecer o Rio da Prata. Partiu do Cabo de Finisterra a quinze de janeiro de 1526; abordou as costas do Brasil na altura do Cabo de Santo Agostinho; achou no porto de São Vicente um bacharel que lhe vendeu muitos refrescos e mantimentos do país, e tudo o mais que tinham mister. Comprou um bergantim que lhe deu um dos genros do dito bacharel, o qual genro foi até o Rio da Prata servir-lhe de língua. Fretou este mesmo genro do bacharel a maior embarcação de Garcia para levar á Espanha oitocentos (talvez seja oitenta) escravizados, a qual embarcação de fato voltou do Rio da Prata a São Vicente.

Herrera diz que a expedição entrou em São Vicente no dia quinze de janeiro de 1527; mas o próprio Garcia afirma que nessa data saiu desse porto para o Rio da Prata. [Página 66]

67) O Bacharel - Quem seria este bacharel que em 1527 Diogo Garcia viu em São Vicente, e em 1531 Martim Afonso achou em Cananéa? Fique antes de tudo assentado, conforme concordam todos, que era um bacharel degradado, e que o deixou por essas praias a frota exploradora de 1501.

Em seguida á expedição de Martim Afonso, nunca mais aparece. Posto isto, vejamos. Varnhagen quer identificar esse bacharel com um Gonçalo da Costa; Cândido Mendes, com João Ramalho. Em nosso ver, nenhum dos dois acertou. Não pode ser Gonçalo da Costa, porque este, segundo Herrera, ao qual apela Varnhagen, não era bacharel, e em 1530 voltou a Espanha com Sebastião Caboto, indo estabelecer-se em Sevilha, onde D. João III o mandou chamar, oferecendo-lhe segurança e mercê para que fosse a Lisboa. [Página 85]

Nem de pode tão pouco identificar esse bacharel com João Ramalho, que era analfabeto, e por isto não era possível que fosse bacharel. Nem se diga que lhe davam título de bacharel como alcunha, porque neste caso lhe teriam conservado, e diriam: João Ramalho, o Bacharel. Afirmar com Cândido Mendes que esse bacharel, vivendo entre os selvagens, tinha esquecido tudo, e por isto parecia analfabeto, cremos que é demais. A não falamos no Frei Gaspar, cuja boa fé em nossos dias é reconhecida como assaz duvidosa, todos admitem que João Ramalho veio a estas terras pelos anos de 1515, ao passo que o bacharel morava cá desde 1502. O bacharel tinha numerosos genros, e por seguinte muitas filhas: as filhas de João Ramalho foram apenas duas, Beatriz e Joanna, as quais se casaram com Lopo Dias e Jorge Ferreira, portugueses vindos na frota de Martim Afonso.

O bacharel, sendo degredado, não podia preencher ofícios públicos, como os que ocupou Ramalho, o qual, embora de mau caráter, entregue a vícios baixos, etc., não era degredado. Se era infame, como dizem os cronistas, era-o no sentido comum da palavra; não no sentido legal. O fato de nunca mais se falar no bacharel, explica-se facilmente pelo desprezo público que o condenaram em virtude de seus merecimentos. [Página 86]

Fábrica do Ipanema em São Paulo - A uns treze quilômetros pelo oeste da cidade de Sorocaba levanta-se um grupo de montanhas de formação metálica, que tem uns dezesseis quilômetros de comprido e proporcionada largura. Consta a montanha de três cabelos; um dos quais se denomina propriamente Araçoiaba; outro, Morro do Ferro; o terceiro, Morro Vermelho. Em cima da cabeça principal existe uma lagoa que chama Dourada. Emanam dessa montanha diversas correntes de água, sendo as mais importantes o Ipanema que verte na face oriental, e o Sarapuy do lado oposto. Ambos são tributários do Sorocaba, que por sua vez o é o Tietê. [Página 105]

125) Decadência da vila de São Vicente - A vila de São Vicente, todavia, estava destinada a uma decadência prematura, produzida pelos desastres seguintes. Consistiu o primeiro numa invasão de castelhanos, que, vindo da banda do sul, e capitaneados por um tal Ruy Mosquera, se haviam estabelecidos em Iguape.

Reuniu-se-lhes um cavaleiro, chamado Duarte Peres, que fôra degradado naquela vizinhança. Intimou Gonçalo Monteiro, como logar-tenente do donatário, a este que se recolhesse para o lugar do seu degredo, e aos castelhanos que se retirassem daquela paragem pertencente a Portugal.

Obedeceu o degradado; resistiram Mosquera e os seus. Indo, portanto, os nossos a ataca-los, caíram em uma cilada em que perderam até os barcos e as canoas. Aproveitaram os espanhóis o ensejo para agredir de improviso a vila de São Vicente, saqueá-la, e retirarem-se.

Alguns vicentistas, ao mando de Pero de Góes e de Ruy Pinto, saíram então ao encalço dos fugitivos, mas sem resultado, porque os castelhanos haviam desaparecido. O Sr. Vasconcellos coloca este fato no meado de 1537.

O segundo revés ocorreu, no ver do Sr. Vasconcellos, em 1542. Houve na costa da capitania grandes temporais, e o mar se tornou tão furioso, que chegou a destruir muitas casas da vila de São Vicente, entre as quais a do concelho, a igreja matriz e o pelourinho. Mudaram, portanto, a vila para o lugar onde hoje se acha, sendo mar o sítio em qu estava antes.

(1) Varnhagen, na página 166, diz: "Se havemos de dar crédito a Pierre-François-Xavier de Charlevoix (1682-1761), escritor que em outros assuntos não nos merece muito, viera das bandas do sul, com vários castelhanos, até Iguape, um Ruy Mosquera, e ai se estabelecera com o degradado bacharel português, cujo nome nos diz que era Duarte Peres."

Charlevoix, porém, não diz que Mosquera se estabelecera em Iguape, nem que Duarte Peres fosse bacharel. Consta, é verdade, de outros documentos que o lugar era Iguape; mas dai não se segue que o tenha dito Charlevoix. Mais justo foi Fr. Gaspar que verteu fielmente Charlevoix. Honra seja feita á verdade. [Páginas 144 e 145]

Foram encarregados desta mudança Pedro Collaço, Jorge Mendes e Jeronymo Fernandes. No dia três de janeiro do ano seguinte, 1543, reunidos os camaristas em a nova casa do concelho, deliberaram levar em conta a Pedro Collaço, procurador da câmara no ano anterior (...)

Em julho do mesmo ano, 43, proibiu a câmara aos brancos a compra dos escravos nativos por maior preço do que o taxado que era de 4000 rs.

Diversos autores falam de um terceiro desastre consistente no entulhamento do porto e do rio, que se tornaram incapazes de sustentar navios de maior calado. Teria sido este sinistro causado pela terra que as enxurradas levaram das roças ao m ar. Fr. Gaspar, todavia, nega ex-trípode, como é seu costume. A realidade deste fato, asseverando que tanto o rio como o porto tiveram sempre o mesmo fundo, e que o ancoradouro para navios maiores foi sempre a praia de Imbaré, donde a carga se transferia por terra até São Vicente. O certo é que São Vicente decaiu, cedendo a sua primazia á vila de (...)

126) Santos - O primeiro a estabelecer-se no lugar em que se acha hoje a cidade de Santos, foi Braz Cubas, que veio a ser procurador do donatário, alcaide-mór, e provedor da Fazenda Real (1).

(1) Diz Varnhagen que Braz Cubas estivera na Ásia com Martim Afonso. Como naquele tempo se fazia uma só viagem casa ano, não se compreende em que tempo estaria Braz Cubas com Martim Afonso na Ásia; pois em 1536 achamos Braz Cubas em São Vicente, e Martim Afonso não podia ter ido á Índia antes de 1534, porque regressara a Portugal em 1533.

Cândido Mendes não sem boa razão contesta a história que Varnhagen faz do monjôlo ou Enguá-Guassú.

Tendo Bras Cubas adquirido as terras de Geribatuba, e desejoso de evitar o incomodo (...) [Página 146 e 147]

169) Cartas de Nóbrega - Desde o mês de agosto de 1549 dizia Nóbrega a seu superior de Portugal o seguinte: (...)

Entre outros saltos que nesta costa são feitos, um se fez a dois anos muito cruel, que foi ire uns navios a um gentio que chamam os carijós, que estão além de São Vicente, o qual todos dizem que é o melhor gentio desta costa, e mais aparelhado para se fazer fruto: ele somente tem duzentas léguas de terra: entre eles estavam convertidos e batizados muitos: morreu um destes clérigos.

(...)Os carijós dos portugueses, os carioes e carios dos espanhóis são os guaranis

Um outro trecho da carta do mesmo ano explica muito bem que acabamos de copiar. É o seguinte:

"Este (carijós) é um gentio melhor que nenhum desta costa. Os quais (talvez aos) foram, não há muitos anos, dois frades castelhanos ensinar, e tomaram tão bem sua doutrina que tem já casas de recolhimento para mulheres, como de freiras, e outras de homens como de frades. E isto durou muito tempo até que o diabo levou lá uma nau de salteadores e cativaram muitos deles. Trabalhamos por recolher os tomados e alguns temos já para os levar á sua terra com os quais irá um padre dos nossos". [Compendio de Historia do Brasil, 1896. P. Rapahel M. Galantis S. J., professor no colégio São Luiz de Ytú. Páginas 209 e 210]

204) Men de Sá em São Vicente - Estando o governador nesta capitania, ajudou os jesuítas a mudar o colégio de São Paulo para a vila de São Vicente, bem como abrir uma estrada, menos incomoda do que a precedente, através da serra de Paranapiacaba; enviou pelo Tieté uma expedição, e mandou em busca de ouro Bráz Cubas e Luiz Martins. De dermos crédito a Braz Cubas, andaram estes umas trezentas léguas sem fruto, encontrando na volta esse precioso metal em lugar mais perto de São Paulo. Supõe-se ter sido no morro Jaraguá. Remeteu Mem de Sá amostras deste ouro em 1562 para a metrópole juntamente com algumas pedras verdes que pareciam esmeraldas e talvez fossem turmalinas.

Afirma o Padre Simão de Vasconcellos e repetem geralmente todos que a mudança da vila de Santo André para São Paulo, realizada nesta ocasião pelo governador, se efetuou a pedido dos jesuítas com o fim de por os moradores em lugar menos exposto aos assaltos dos bárbaros da serra. Lemos, entretanto, no tomo quarenta, parte II, página 349 da Rev., que tudo se fez a pedido da Câmara de Santo André. Pois Jorge Moreira e Joannes Alves, oficiais da Câmara de São Paulo, e outrora habitantes da vila de Santo André, em uma carta á Rainha Regente, em data de 20 de maio de 1561, dizem o seguinte:

"E assim mandou (Mem de Sá)que a vila de Santo André, onde antes estávamos, se passasse para junto da casa de São Paulo que é dos padres de Jesus, porque nós todos lhes pedimos por uma petição, assim por ser lugar mais forte e mais defensável, e mais seguro assim dos contrários (tamoyos) como dos nossos nativos, como por outras muitas coisas que a ele e a nós moveram (...) [Compendio de Historia do Brasil, 1896. P. Rapahel M. Galantis S. J., professor no colégio São Luiz de Ytú. Páginas 266 e 267]

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