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“Dicionário de bandeirantes e sertanistas do Brasil - séculos XVI - XVII - XVIII” de Francisco de Assis Carvalho Franco
195412/04/2024 14:58:27

“Dicionário de bandeirantes e sertanistas do Brasil - séculos XVI - XVII - XVIII”
Data: 01/01/1954
Créditos: Francisco de Assis Carvalho Franco
Página 6

Nas palavras de Carvalho Franco, Dicionário de Bandeirantes e Sertanistas:ALVARES, Clemente.Paulista, mineiro prático e sertanista, que desde 1588 explorou minérios nos entornos de São Paulo e até 1606 havia registrado, na respectiva câmara, cerca de quatorze locais onde descobrira ouro, no Jaraguá, em Parnaiba, em São Roque - “e pelo próprio caminho geral do sertão antigo, na borda do campo, onde dizem teve Braz Cubas umas cruzes de pedras que até hoje estão e por riba delas passa uma bêta de metal preto’.- Ao dar em manifesto essas minas, declarou Clemente Alvares que havia quatorze anos que andava descubrindo pelo que se deduz que seus primeiros achados foram em 1592. Teve ele como companheiros Afonso Sardinha o moço e Sebastião Marinho. Exerceu em São Paulo o cargo de almocatel em 1596 e 1600. Nesse ano obteve uma sesmaria de légua junto ao Araçoiaba tendo em 1609 igual concessão no porto de Parapitingui. Em 1619 obteve sesmaria de duas léguas na margem do Jataí e no sertão de Ibituruna. No ano de 1610 com Custodio de Aguiar Lobo, Braz Gonçalves o velho e outros organizou uma bandeira e, saído do porto de Pirapitingui, no Tietê, fez uma montaria aos índios Carijós. Com seu sogro construiu no ano de 1606, em Santo Amaro, um engenho de ferro sob a invocação de Nossa Senhora de Agosto, engenho esse que, por herança, veio a pertencer a Luiz Fernandes Folgado. Em 1634 Clemente Alvares ainda continuava com seus descobrimentos mineralógicos, havendo revelado ouro em local que os antigos denominavam Serol..... [http://projetocompartilhar.org/ Familia/ClementeAlvares.htm]

Manuel de Campos Bicudo

Paulista, filho de Filipe de Campos Banderburgo e de sua mulher Margarida Bicudo, foi sertanista de muito valor o qual, segundo Pedro Taques, realizou vindo e quatro entradas nos sertões do rio Grande e do rio Paraguai, sendo três como soldado e vinte e uma como capitão-mór da tropa. Das suas expedições sabemos de cerca de 1671, com seu filho Antônio Pires de Campos e sempre à caça do nativo, vislumbrou as minas do celebrado Martírios, atingindo o território de Goiás. Em 1675 ganhava ele o norte do Mato-Grosso, chefiando temerária algara contra os selvícolas. Em 1679 andava no rio Paraguai, fazendo parte talvez duma grande comitiva em que os outros chefes eram Francisco Pedroso Xavier e Antônio Nunes Maciel. Segundo Azevedo Marques, foi ele quem atacou, com seus nativos tupis, uma das sete reduções do Uruguai, de nativos tapes e charruas, a qual tinha como padre mestre o jesuíta Alfaro. Também, em 1690, levando seu sobrinho Gabriel Antunes de Campos, que Pedro Taques denomina Gabriel Antunes Maciel e constituindo parte de uma grande leva de outros chefes bandeirantes, foi ter, já no ano seguinte, à redução de São Francisco Xavier dos Pinhocas, onde também vieram ter as divisões dos outros chefes que eram Manuel de Frias Taveira e Antônio Ferraz de Araújo, sendo toda a bandeira dizimada. Pedro Taques acrescenta que nesse recontro, Manuel de Campos Bicudo matou um dos jesuítas dirigentes dos nativos contrários. Teve esse paulista fazendas, com grande número de nativos seus administrados, em Sorocámirim, Una, nos sertões de Parnaíba e Sorocaba e também uma grande sesmaria em Botucatu, que doou ao Colégio dos Jesuítas de São Paulo, em 23 de dezembro de 1719. Casou-se duas vezes, a primeira com Luzia Leme de Barros, única de que deixou geração. Faleceu em São Paulo, em 1722, sendo sepultado na capela dos Terceiros de São Francisco. [Páginas 67 e 68]

Belchior Dias Carneiro - Paulista, filho de Lopo Dias e de sua mulher Beatriz Ramalho, filha de João Ramalho, casou-secom Hilária Luís Grou. Foi um dos mais notáveis bandeirantes do seu tempo. Tomou parte na entrada do seu tio Antônio de Macedo, que juntamento com Domingos Luís Grou, o moço, atacou em 1590 os nativos tupiães de Mogi.

Andou depois pesquisando ouro no sertão do Parnaíba, tendo-o encontrado no sítio do Voturuna, no atual município de São Roque. Aí fixou residência, em terras doadas por sua irmã Susana Dias. Chefiou uma das divisões da grande bandeira de Nicolau Barreto, à região do Guairá, em 1602, fazendo aprisionamento de nativos temiminós.

Por determinação do provedor das minas de São Paulo, Diogo de Quadros, e com o fito ostensivo do "descobrimento de ouro e prata e mais metais", seguiu a 9 de março de 1607, como capitão-mór de uma bandeira de cerca de 50 homens brancos e muitos nativos, embarcando no porto de Pirapitingui, no Tietê, para a região dos bilreiros ou caiapós. Assaltado por esses nativos, veio a falecer em pleno sertão, em junho desse ano, tendo-o substituído no comando da bandeira, Antônio Raposo, o velho, que em fins de dezembro do ano seguinte de 1608, entrava em São Paulo com parte da tropa, sendo que o restante somente conseguiu retornar ao povoado nos primeiros meses de 1609.

Mateus Luís Grou, cunhado de Belchior e praça da bandeira, trouxe algum ouro, colhido ao acaso, pois a leva apenas cuidou de cativas nativos. Belchior Dias Carneiro teve várias dadas de terras em São Paulo, e, entre outras, uma obtida em 1598, no caminho de Ibirapuera. [Páginas 101 e 102]

Francisco Teixeira - Sertanista de São Paulo que tomou parte nas expedições de Jerônimo Leitão em 1585 e 1590, em Paranaguá e nos vales do rio Tietê, combatendo carijós e tupiniquins e faleceu em 1594, estando casado com Inês Camacho.

João Martins Claro - Português, foi militar que alcançou o posto de sargento-mor, provido pelo governador Artur de Sá e Meneses, em 7 de fevereiro de 1698. Da sua folha de serviços, expedida a 10 de abril de 1709, ficamos sabendo que assentou praça em 1677, na Bahia e veio com o administrador-geral das minas, d. Rodrigo de Castelo Branco, para a região do sul brasileiro, em 1678, a fim e tomar diligências referentes a supostas minas de prata, tendo corrido toda a costa desde o Rio de Janeiro até Paranaguá, incorporado à companhia do capitão Manuel de Sousa Pereira, indo a todo sertão onde diziam haver minas, como foi Peruna, Itaimbé e Dom Jaime, sustentado com seus recursos a dois mineiros, um religioso da Ordem de Nossa Senhora das Mercês e outro o chamado João Álvares Coutinho e tendo tomado parte na célebre prisão do provedor dos quintos de Paranaguá Manuel de Lemos Conde. Voltando a São Paulo, trouxe com escravizados seus toda a fábrica da administração-geral das minas, tendo feito jornada ao morro do Araçoiaba, ali plantando roças para um demorado exame do respectivo minério e se fixando em Sorocaba por tal motivo. Em 1694 a 1695, mandou dez negros seus em companhia de Manuel de Aguiar Mendonça a fim de fazerem exploração nuns morros de Taubaté, para feito de saber se existia ouro de beta e nesse último ano citado, livrou o capitão-mór Manuel Peixoto da Mota dum motim que contra ele se levantou na vila de Sorocaba, por causa da execução da lei da baixa da moeda, apaziguando o povo. Renovada a idéia de se fabricar ferro extraído do Araçoiaba, para ali seguiu e fez novamente muitos gastos da sua fazenda. Em 1699, desejando o governo mandar fazer explorações na Vacaria do Mato-Grosso, com o fito de verificar a existência de minas de prata, e como em Itu morava um castelhano, grande prático da região, para ali se transportou João Martins Claro, a fim de providenciar o seu embarque. Tratava-se de Amaro Fernandes Gauto e o sargento-mor lhe forneceu, além de muitos apetrechos necessários, seis negros espingardeiros de seu serviço e bons sertanistas. Em 1700 muito auxiliou fazendo à sua custa a reforma das fortificações de Santos. De 1704 a 1705 fez várias diligências também à sua custa na costa, que percorreu por terra, já para prender marujos estrangeiros foragidos, já para acudir uma grande carestia então havida,que se estendeu até as Minas Gerais, onde muitos morreram à míngua.

Teve João Martins Claro, por todos esses serviços, carta régia de agradecimento, datada de Lisboa, a 20 de outubro de 1698, renovada anos após. E deste resumo ressalta que foi grande entusiasta da mineração e em especial da pesquisa da prata e do ferro. Também pesquisou o ouro em toda a capitania de Itanhaém, de que era o sargento-mór, andando em muitos sítios na companhia do beneditino frei Frutuoso, conhecido como grande mineiro.

Residia de preferência em Sorocaba, onde tinha importantes fazendas de criação e numerosa escravatura. Casou-se em São Paulo, logo que veio para a capitania, com uma filha natural do grande potentado Fernão Pais de Barros, por nome Inácia Pais de Barros, viúva de Brás Leme de Barros e além dos seis filhos que deixou, citados por Silva Leme, podemos acrescentar mais cinco dois varões, Artur e Fernando Pais de Barros, grandes sertanistas em Mato-Grosso e três mulheres que foram casadas com soldados da guarnição de Santos, respectivamente, Francisco Nogueira, João de Sousa e Luís Teixeira, conforme faz certo um documento que examinamos, de 7 de setembro de 1704 e assentamentos do registro de nascimentos da respectiva matriz de Sorocaba, estes revelados pelo padre Luís Castanho de Almeida. No fim da sua proveitosa existência ainda foi o sargento-mór João Martins Claro designado para ser provedor dos quintos de Iguape e Paranaguá, por provisão do ouvidor Rafael Pires Pardinho, segundo este comunicava em carta a El-Rei, datada de 12 de junho e 1720 e para a cobrança dos quintos de Itu, pelas instruções do governador da capitania, baixadas em 9 de agosto de 1723. Faleceu em Sorocaba a 22 de maio de 1725, sendo sepultado na capela da Ordem Terceira de Itu, conforme seu desejo em vida. [Páginas 111 e 112]

Francisco Tosi Columbina - Sobre um personagem desse nome, encontrei o seguinte documento: - "Senhor Gomes Freire de Andrade - Pela carta de 22 de abril desse ano me avisa V. Exa. ter recebido a minha carta de 13 de outubro do ano passado em que lhe participava a resolução que Sua Majestade tinha tomado sobre a descoberta e expedição do Tibagi, em que ia encarregado Francisco Tosi Columbina. Pus na presença de Sua Majestade o inconveniente que V. Exa. pondera para se suspender na conjetura presente a execução desse descobrimento e a resolução que V. Exa. tomou de escrever ao dito Francisco Tosi para que fosse ao Viamão e V. Exa. o poder ouvir sobre esse mesmo projeto e a coluna paulista que ali se acha da conduta de Cristóvão Pereira. Foi o mesmo Senhor servido aprovar a resolução que V. Exa. tomou nesse particular para que se obre nele com todo o acerto. Deus guarde a V. Exa. Belém, 31 de julho de 1734 - Diogo de M. Costa Real". - Segue-se um relatório do dito Francisco Tosi Columbina, datado de Campo do Rio Jacuí, 5 de novembro de 1754, no qual expõe que essa expedição só podia ser feita com paulistas, principalmente de Itú e de Sorocaba, os quais eram grandes sertanistas e à imitação do corpo desses naturais que já havia sido organizado por Cristóvão Pereira de Abreu. [Página 115]

"Informação da expedição que se pode fazer da vila de São Paulo ao Grande-Pará, que é o verdadeiro nome Maranhão... dada por Pero Domingues, um dos trinta portugueses que a dita vila foram descobrir no ano de 1613". - Pedro Domingues era o escrivão da expedição citada de André Fernandes, que diz se compunha de trinta brancos e de outras fontes sabemos que fora determinada pelo provedor das minas Diogo de Quadros e que estava partindo de São Paulo no derradeiro dia de novembro de 1613. Em setembro de 1615, abria-se na vila de São Paulo o inventário de Manuel Rodrigues Góis, que foi praça dessa expedição e no início do mesmo o escrivão faz referência - "no rio de Maranhão" - parecendo dizer que um arrolamento de bens aí tivera lugar. Esse trecho do inventário, no original, é ilegível, conforme pessoalmente verificamos. Pedro Taques afirmou que o sertão do Paraúpava ficava ao norte de Goiás e que o rio Paraúpava encaminhava o curso de suas águas para o rio de Maranhão. Pelos motivos que expusemos no nosso livro "Bandeiras e Bandeirantes de São Paulo", entendemos que Pedro Taques tirara apenas ilação do toponímico Paraúpava, que existe tanto ao norte como no sul do Brasil. Agora nos certificamos que o grande Pedro Taques está certo, pois os documentos que aqui citamos assim o evidenciam e será então o Paraúpava de que deu notícia o sertanista João Leme do Prado e pelo qual se entrava também pelo baixo Mato-Grosso.

(..) Em 1637 tomou parte como um dos principais da bandeira de Francisco Bueno, o o qual tinha como seu imediato o seu irmão Jerônimo Bueno. A bandeira, pela morte do cabo, se dividiu em duas grandes levas, uma sob o comando de Jerônimo Bueno foi atacar as reduções do Ijuí e a outra, sob as ordens de André Fernandes, foi para as reduções do Tape, todas em território do Rio Grande do Sul. Começou ele destruindo a redução de Santa Teresa e nessa campanha, sem que se conheça ao certo as minudências, se demorou perto de três anos, sofrendo vários reveses e afinal desandou doente e sendo abandonado de seus nativos, valendo-se apenas o seu filho Jorge Fernandes, que o veio servindo e carregando através dos sertões, até chegar à Parnaíba, como faz certo uma escritura de doação, lavrada nessa vila, a 24 de setembro de 1641, nas notas do tabelião Ascenso Luís Grou. Devia o capitão André Fernandes ter regressado das reduções do Tape seriamente enfermo, pois a 29 de setembro de 1641, perante o tabelião citado e no mesmo livro de notas, fez lavrar o seu testamento, no qual mencionou que tinha 63 anos de idade e que seu único filho legítimo era o então padre Francisco Fernandes de Oliveira, tendo os filhos naturais Catarina Dias, Jorge Fernandes, Margarida Fernandes e Maria Fernandes. Silva Leme acrescenta mais três - Sebastiana Fernandes, Custódia Dias e Pedro Fernandes. Posteriormente a esse ato, já restabelecido, aparece o capitão André Fernandes numa procuração dos moradores de Parnaíba ao capitão Antônio Raposo Tavares, a fim de representá-los perante El-Rei em Lisboa, datada de 19 de abril de 1642 e num convite os camaristas de Parnaíba aos de São Paulo, para acordarem as divisas dos respectivos municípios, datado de 24 março de 1646. Afonso de E. Taunay cita-o na bandeira desse heroico Antônio Raposo Tavares, em 1648, no baixo Mato Grosso, para o ataque às reduções do Itatim, acrescentando que o capitão André Fernandes era o comandante duma das divisões dessa expedição. Ao princípio duvidamos desta asserção, como até chegamos a publicar, pois nesse ano devia André Fernandes contar 70 anos de idade. Mas o ilustrado historiador das bandeiras paulistas provou recentemente, por meio dum documento datado de 1649, que de fato o capitão André Fernandes sob a capa de ir descobrir as sonhadas riquezas da serra de Sabaráboçú, enveredou para um sertão muito diferente, nas fundas regiões do sudoeste brasileiro e lá pereceu, nesse mesmo ano de 1648, com toda sua tropa, escapando apenas duas praças, que conseguiram retornar a São Paulo. Desapareceu assim, ignoradamente, em meio da hostilidade daqueles ermos, o capitão André Fernandes, grande sertanejo (..) [Página 151]

Guillen, Filipe de

Espanhol, boticário e matemático, que construiu alguns instrumentos náuticos em Lisboa, onde aparece em 1519. Foi nomeado pelo rei, em 18 de junho de 1527, vedor e avaliador das drogas das casas de Índia e Mina. Em 18 de setembro de 1528, o soberano concedeu-lhe uma tença e o hábito da Ordem de Cristo.

Nesse meio tempo, sucessos que não ficaram registrados, fizeram com que Filipe Guillen fosse desterrado para o Brasil, onde se achava em 1539. Tornou-se apreciado e dez anos depois, Tomé de Sousa, primeiro governador-geral do Brasil, chamou-o para Porto Seguro e nomeou provedor da fazenda da capitania, cargo em que o confirmou o alvará régio de 25 de janeiro de 1557, mantendo-se nele ainda em 1563, último ano em que se encontram notícias suas.

Filipe de Guillen era um curioso de geologia, explorador de terrenos auríferos e de pedras preciosas. Em 1560 tomou parte na entrada de Vasco Rodrigues Caldas, determinada por Mem de Sá, para pesquisa de minas de ouro e a propósito escreve ele uma carta, datada de Porto Seguro, 12 de março de 1561, dirigida à rainha D. Catarina, na qual conta que a expedição tinha mais de cem homens e estava muito bem aparelhada e que depois de entrar terra dentro mais de sessenta léguas, chegaram às tabas do gentio tupinaé, que disfarçadamente os recebeu bem, mas inopinadamente os atacou à traição, matando muitos, desbaratando a expedição e obrigando o restante a desandar a viagem, tornando a povoado. Também a este Filipe de Guillen atribuímos a difusão da lenda da Sabaráboçú, não somente no Brasil, como no próprio reino, de onde vieram muitos colonos com mira de descobri-lá. A carta onde deu notícia dessa maravilha foi escrita a El-Rei, da cidade de Salvador, a 20 de julho de 1550. Nela existe o trecho seguinte: - "Sucedeu agora, que este março passado, vieram a Porto Seguro nativos que vivem junto a um grande rio, além do qual dizem que está uma serra junto dele que resplandece muito e que é muito amarela, da qual serra vão ter ao dito rio pedras da mesma cor, a que nós chamamos pedaços de ouro, que dela caem, e os nativos, quando vão à guerra, pela banda de aquém, apanham do dito rio os ditos pedaços, de que dizem que fazem gamelas para nelas darem de comer aos porcos, que para si não ousam fazer coisa alguma, porque dizem que aquele metal endoeçe, pela qual razão não ousam passar a ela e dizem que é muito temerosa por causa do seu resplandor e chamam-lhe Sol da Terra".

O Sol da Terra ou Serra Resplandescente, segundo a grafia de Teodoro Sampaio, seria no tupi-guarani - Ita-berá-guaçu, literalmente, Pedra-Brilhante-Grande. Já encontramos a grafia - Subrá-boçú ou Coisa-Felpuda. Esta serra ficou conhecida na Europa desde a publicação da obra de Piso e Marcgrave, em 1648 e no mapa de Coroneli, desenhado em 1688, figura com o nome de Sarabaçu, em posição proximamente da serra da Canastra.

O fato é que esta fantasia se pode enfeixar entre os mitos genéricos da conquista americana, pois os guaranis haviam criado uma Mbaé-Berá-Guaçu, literalmente,Coisa-Brilhante-Grande, no interior desconhecido das terras platinas. [“Dicionário de bandeirantes e sertanistas do Brasil - séculos XVI - XVII - XVIII”, 1954. Francisco de Assis Carvalho Franco (1886-1953). Página 188]

Gabriel Antunes Maciel

Paulista, filho de João Antunes Maciel e de sua mulher Joana Garcia, foi casado em Sorocaba com Jerônima de Almeida em 1697, a primeira vez e enviuvando, casou-se com Maria Pais de Almeida, cerca de 1720. Em 1717 teve provisão de guarda-mor e superintendente das minas de Curitiba. Foi dos primeiros descobridores de ouro em Cuiabá, região onde fez mais de uma entrada. Em 14 de abril de 1721 o governador de São Paulo e Minas concedia-lhe licença para abrir um caminho de Sorocaba a Cuiabá, evitando os perigos do Tietê, indo pelos campos de Ibiticatu até o rio Paraná e da lagoa Sanguessuga, no alto do rio Pardo, até os rios Taquari, Piquiri e de São Lourenço, conferindo-lhe direitos de passagem nesses rios. [Página 228]

(..) para encontrar metais nobres na Sabaráboçú e no morro do Araçoiaba, D. Francisco determinou, para o primeiro efeito uma expedição chefiada por Simão Álvares, o velho, conforme verifica do torno de "Concêrto que houve entre Simão Álvarez e a viúva Custódia Lourença", no inventário de Henrique da Costa, em 1616 e que partiu de São Paulo em 1610 e atingiu o sertão "denominado" "Cahaetee", o qual se no formos cingir exclusivamente à toponímia, era o sertão da Casca, em plena Minas Gerais.

Conseguiu, também, pelo Espírito Santo, visando a mesma Sabarábocú, uma expedição cujo cabo foi Marcos de Azevedo, o velho, que trouxe, em 1611, amostrar de esmeraldas.

Em São Paulo continuava na faina de buscar prata no Araçoiaba, que até então e sempre apenas revelou possuir ferro. Curiosa, sobre tal ponto, a notícia que dava em 1612 e portanto contemporaneamente, o escritor Rui Diás de Gusman, na sua "Argentina". O Araçoiaba era para ele uma montanha que se denominava "serro de Nossa Senhora do Monte Serrate, que tem o círculo de cinco léguas, de cujas fraldas extraem os portugueses muito ouro de 23 quilates e em seu cume, encontram-se muitas betas de prata; perto desse serro, d. Francisco de Sousa, cavaleiro daquela nação, fundou um povoado que continua dedicando-se ao benefício dessas minas de ouro e prata". Não encontrara no entanto o fidalgo português nesse local os metais nobres que tanto ambicionava. E mergulhado no isolamento dessas paragens desde janeiro de 1611, desamparado de toda sua antiga comitiva e de todo seu antigo fausto, veio por fim a perecer, em meados de junho, com o mais humilde e desabaratado dos seus antigos caminheiros do desconhecido.

Da melancolia e da singularidade deste fim do magnifico cortesão dos reis de Castela, nasceram, à maneira de legendas, versões várias. Dom Antônio de Anasco contava que morrera de desgosto ao receber a falsa notícia da morte de seu filho Antonio, colhido por piratas argelinos, em alto mar, quando levava presentes de ouro a El-Rei. Frei Vicente do Salvador anotava, entristecidamente, que perecera duma epidemia em São Paulo e tão pobre que se não fôra a piedade dum teatino, nem ma vela teria na sua agonia.
[“Dicionário de bandeirantes e sertanistas do Brasil - séculos XVI - XVII - XVIII”, 1954. Francisco de Assis Carvalho Franco. Página 396]

Em 1588 Clemente aprendia o oficio de ferreiro com Domingos Fernandes. Foi ativo sertanista, descobridor de minas de ferro e ouro.Nas palavras de Carvalho Franco, Dicionário de Bandeirantes e Sertanistas:ALVARES, Clemente.Paulista, mineiro prático e sertanista, que desde 1588 explorou minérios nos entornos de São Paulo e até 1606 havia registrado, na respectiva câmara, cerca de quatorze locais onde descobrira ouro, no Jaraguá, em Parnaiba, em São Roque - “e pelo próprio caminho geral do sertão antigo, na borda do campo, onde dizem teve Braz Cubas umas cruzes de pedras que até hoje estão e por riba delas passa uma bêta de metal preto’.- Ao dar em manifesto essas minas, declarou Clemente Alvares que havia quatorze anos que andava descubrindo pelo que se deduz que seus primeiros achados foram em 1592. Teve ele como companheiros Afonso Sardinha o moço e Sebastião Marinho. Exerceu em São Paulo o cargo de almocatel em 1596 e 1600. Nesse ano obteve uma sesmaria de légua junto ao Araçoiaba tendo em 1609 igual concessão no porto de Parapitingui. Em 1619 obteve sesmaria de duas léguas na margem do Jataí e no sertão de Ibituruna. No ano de 1610 com Custodio de Aguiar Lobo, Braz Gonçalves o velho e outros organizou uma bandeira e, saído do porto de Pirapitingui, no Tietê, fez uma montaria aos índios Carijós. Com seu sogro construiu no ano de 1606, em Santo Amaro, um engenho de ferro sob a invocação de Nossa Senhora de Agosto, engenho esse que, por herança, veio a pertencer a Luiz Fernandes Folgado. Em 1634 Clemente Alvares ainda continuava com seus descobrimentos mineralógicos, havendo revelado ouro em local que os antigos denominavam Serol.....
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Data: 01/01/1954
Créditos: Francisco de Assis Carvalho Franco
Página 26
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Página 27
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Página 30
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Página 59
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Página 65
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Página 67
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Página 68
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Página 101
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Data: 01/01/1954
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