Entre as montanhas merece particular atenção a de Araçoyaba ou Biraçoyaba, como alguns escrevem que significa "coberta e sol" a qual se acha dentro de uma planície debaixo do Trópcio, 1/2 léguas a Oeste de Sorocaba.Esta montanha riquissima, pela imensa quantidade de metal de ferro, é isolada e forma na sua periferia interior um oval, cujo maior diametro tem quase 3 léguas, e o menor 1/2.O maior diametro é na direção N.S.: a altura de Araçoyaba sobre a fábrica de ferro é de 2.000 pés, e sobre o mar é de 2.050. A montanha é coberta de materiais, que, em muitas partes, são virgens; a massa principal é de granito misturado com cristais de ferro magnético.Este granito é compsto de Feldspaphogrisco, quartzo branco transparente, mica negra de mineral e de ferro magnético, mais ou menos em pedras iguais.A N.E. da montanha encontra-se sobre o granito o chisto argiloso de transição e Grauwaknschiefer, e sobre este uma imensa massa de grez que também se acha a oeste da montanha, ou pedra de areia, as quais não se acha-se petrefatos. Estre grez consiste em quartzo branco "comoidado" em alguns paragens de cal, a qual forma ás vezes exteriormente stalactites sobre o grez, principalmente nos ribeirões e cavernas.Em algumas partes para este grez dure em marne mole. Nas regiões mais baixas, porém, consiste a grez de granulos de quartzo ligados por uma dissolução chlontica.Ao lado para S.O. encontra-se ao pé da montanha grunstein (pedra verde) hotablendeschiefer e basaldo em branco s sobre estes o já dito grez. Também se acha em alguns lugares em torno de Araçoyaba a formação aurífera por inundação.
“Os nossos tupinambás muito se admiram dos franceses e outros estrangeiros se darem ao trabalho de ir buscar o seu arabutan [pau-brasil]. Uma vez um velho perguntou-me: Por que vindes vós outros, maírs e perôs (franceses e portugueses) buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa terra ? Respondi que tínhamos muita mas não daquela qualidade, e que não a queimávamos, como ele o supunha, mas dela extraíamos tinta para tingir, tal qual o faziam eles com os seus cordões de algodão e suas plumas.
Retrucou o velho imediatamente: e porventura precisais de muito? Sim, respondi-lhe, pois no nosso país existem negociantes que possuem mais panos, facas, tesouras, espelhos e outras mercadorias do que podeis imaginar e um só deles compra todo o pau-brasil com que muitos navios voltam carregados. — Ah! retrucou o selvagem, tu me contas maravilhas, acrescentando depois de bem compreender o que eu lhe dissera: mas esse homem tão rico de que me falas não morre? — Sim, disse eu, morre como os outros. Mas os selvagens são grandes discursadores e costumam ir em qualquer assunto até o fim, por isso perguntou-me de novo: e quando morrem para quem fica o que deixam? — Para seus filhos se os têm, respondi; na falta destes para os irmãos ou parentes mais próximos. — Na verdade, continuou o velho, que, como vereis, não era nenhum tolo, agora vejo que vós outros maírs sois grandes loucos, pois atravessais o mar e sofreis grandes incômodos, como dizeis quando aqui chegais, e trabalhais tanto para amontoar riquezas para vossos filhos ou para aqueles que vos sobrevivem! Não será a terra que vos nutriu suficiente para alimentá-los também ? Temos pais, mães e filhos a quem amamos; mas estamos certos de que depois da nossa morte a terra que nos nutriu também os nutrirá, por isso descansamos sem maiores cuidados.Jean de Léry (1534-1611) 8 registros
