' Prisioneiro de Veneza - 01/01/1598 de ( registros) Wildcard SSL Certificates
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Prisioneiro de Veneza
1598. Há 426 anos
O caso do estranho em Veneza, mencionado acima, que vinte anos depois aparecera declarando-se Sebastião, rei de Portugal, é o de maior interesse. Ele chegou a ser aceite pelos portugueses da cidade como seu senhor soberano, por se parecer tão perfeitamente com Sebastião. João de Castro, neto do homónimo vice-rei da Índia e filho do diretor de finanças no reinado de D. Sebastião, defendeu e apoiou este estranho de Veneza, anunciando ao mundo que o rei não morrera, no seu Discurso da vida do sempre bem-vindo e aparecido Dom Sebastião, [1] publicado em 1598; enquanto Sebastião Figueira, uma das várias testemunhas que atestaram terem visto D. Sebastião sair vivo da batalha – afirmando mesmo ter saído dela com o rei – também diz tê-lo reconhecido em Veneza. [2]

O Papa Clemente VIII mandara, por conselho de cardeais em conclave, que o pretendido rei aparecesse em Roma, onde a sua pretensão seria examinada. Chegando-se em conclave à conclusão, após cuidadas investigações, que era ele o verdadeiro D. Sebastião, escreve o Papa a Filipe III de Espanha, o então senhor da coroa e do Reino de Portugal, exigindo a devolução do dito Reyno ao Rey D. Sebastião, "sob pena de excommunhão mayor".[3]

Filipe responde acusando o pretendente "impostor" de vários crimes e, por intermédio do seu embaixador em Veneza, manda-o prender. Foi formado um comité de nobres, que o examinaram 28 vezes, mas ele conseguiu ilibar-se de todas as acusações.[0]

O pretendente mostrou marcas naturais no seu corpo, que muitos se lembravam serem de D. Sebastião, e revelou segredos de conversas entre embaixadores de Veneza no palácio de Lisboa, o que deixou atónitos os examinadores, e facilitou a sua libertação – sob a condição de ter que abandonar aqueles domínios em três dias. Na sua fuga caiu nas mãos dos Espanhóis, que em Nápoles o maltrataram, humilharam em público, e o embarcaram como escravo. Defendiam os espanhóis, que aquele sofredor era um mágico, mas tal justificação foi vista como um reconhecimento tácito da verdade das suas pretensões.[4][5]

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