Nos mapas antigos existem áreas que são denominadas como Morpion ou Morphion, Orpion e ainda mapas mais raros com designação de Affumption e Assumption. Este parece ser um termo misterioso que começou aparecer entre século XVI (entre 1581 a 1598) sendo encontrados suas variações até o século XVIII (entre 1700 a 1736).
Nas viagens em 1555 do francês de André Thévet publicado na Europa como Les singularitez de la France Antarctique, narra suas impressões da "terra brasilis" afirmando em seus textos sem precisar os locais referindo ao indígenas como:
"Dauantage ce pauure peuple se hazarde fur léu, foit douce ou falée, pour aller trouuer fon enemy: comme ceux de la grand riuiere de Ianaire contre ceux de "Morpion".
"Ademais, esta pobre gente se aventura na água, seja doce ou salgada, para procurar o seu inimigo, como acontece com os de grande Rio de Janeiro contra os de Morpion" e prossegue: "Naquele lugar residem os portugueses, inimigos dos franceses do mesmo jeito que os selvagens desse lugar são inimigos dos de Janeiro".
Assim como as viagens em 1578 de Jean de Léry, outro explorador que publica suas aventuras do Novo Mundo com o livro Histoire d´un Voyage Faict en la Terre du Brésil , mencionando em seus relatos:
"Em certo dia os nossos selvagens surpreenderam dois portugueses em um pequeno casebre de barro onde estes viviam nos bosques, perto da sua fortaleza denominada Morpion".
Historiadores divergem associando esses lugares com povoados já existentes ou ainda dizem que Morpion é de origem duvidosa sem explicar qualquer afirmação.
Segundo Wikipedia, o termo aparece primeiramente no manual de beleza denominado Ornatus Mulierum, de autor anônimo, escrito por volta de 1250, que apresenta 88 receitas de cosméticos destinados ao tratamento do rosto e dos cabelos femininos. No manual é tratado como "coceiras".
No francês atual, Morpion é usado para duas designações: O piolho da púbis (Pou du pubis) nome científico Phtirius, conhecido popularmente no Brasil como "chato". Segundo o Dictionnaire de la langue Verte e Larousse, o termo é aplicado popularmente para uma criança ou menino muito jovem, em alguns lugares designa de forma pejorativa uma criança de comportamento desagradável e ou irritante: Um chato, um piolhento, um pirralhento, um brincalhão, fanfarrão. Outra forma menos usual é que usar para designar o conhecido Jogo da Velha (Tic-tac-toe). Há também uma forma imperativa de designar fisgada, mordiscada, beliscada, picada, coceira, irritação.
O termo Morpion notadamente é de origem latina. Ele é uma palavra derivada do latim Morpionibus que foi emprestada e incorporada a língua francesa e acabou perdendo o sentido original tanto em latim e na língua francesa moderna. Como a canção de música obscena De profundis morpionibus, dedicado ao funeral do capitão Morpion (Pirralho), título sob qual foi publicado pela primeira vez em 1864 por Auguste Poulet-Massalis no Parnassus satírico do século XIX.
Sabemos que Morpion descrito acima nos dicionários não tem nada haver com as referências antigas francesas e nos mapas. O termo Morpion é uma abreviação de Morpionibus que tinha o significado antigo no latim algo como o termo afluência. O termo aparece na língua inglesa no mapa de 1700 de Edward Wells na cartografia publicada em Londres: A new map of South America traduzido para Affumption.
O Morpion informados nos mapas significa: Afluência. Neste período era designado com o nome de Morpion um ponto onde os rios se convergem ou lugares que tem rios com abundância de água. No entanto nos lugares onde são referenciados nos mapas com símbolos de edificações, que muitas vezes são confundidos com fortalezas jesuíticas designa que há uma grande concorrência de pessoas ou coisas. Nestes lugares havia abundância, riqueza material ou com grande produção e consumo concentrando pessoas e principalmente alimento farto para as expedições.
Muitas vezes esses lugares eram evitados pelos franceses porque havia grande concentração de europeus e indígenas que estavam preparados para os frequentes saques dos nativos que tentavam invadir os fortificações afim de expulsar os invasores europeus, libertar parte dos indígenas catequizados e obter recursos materiais e alimentos que eram produzidos, por vezes podem ser confundidos com que modernamente chamam de Reduções Jesuíticas, onde o sistema de produção utilizava de mão de obra indígena, a catequização dos indígenas e abominação aos costumes e tradições locais.
Em muitos lugares no Brasil esse sistema já funcionava de forma semelhante, mas sem as grandes edificações características dos missionários jesuítas que erguiam grandes fortalezas a fim de proteger a sua produção e manter em local seguro tanto para os missionários quanto aos indígenas. Outros lugares como em São Vicente existe referências de Morpion e não existe qualquer vestígio de construção ou fortaleza jesuítica neste período.
O principal motivo de designar nos mapas o nome de Morpion era que esses lugares eram pontos estratégicos onde sabiam que tinham europeus e comida farta, e um exército de gente que não poderiam ser enfrentados sem ressalvas, e com algum tipo de influencia poderiam conseguir recursos através de escambo ou tráfico durante as expedições e contatos com os nativos, mas para isso teriam que evitar o cercado (Morpion ou Tic-tac-toe).
Notoriamente somente os franceses e ingleses parecem que conheciam o termo, embora o latim fosse uma língua muito usada na época. Talvez seja pelo fato de confundir com o termo de afluência no sentido de concorrência em grande quantidade, no latim arcaico dando a ideia de concorrente, confronto, disputa,a avisando aos franceses e ingleses que nestes locais poderiam entrar em uma emboscada.
Ainda o termo em francês mais moderno no século XVII aparece como Assomption designando uma suposição de tais vilas ou edificações ou ainda uma suposição geográfica da orografia ou corografia ou escala da região. Embora apareça três formas, de Morpion no sentido de afluência (encontro dos rios, ou encruzilhada), confronto (locais já conquistados e fixos) e geográfico (orografia ou corografia) o principal descrito nos mapas é justamente no sentido de evitar locais já dominados.