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Manuscrito 512
183910/04/2024 08:07:03

O manuscrito 512, ou documento 512, consiste em um dos arquivos manuscritos da época do Brasil colonial que está guardado no acervo da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Tal documento, de caráter expedicionário, consiste em um relato de um grupo de bandeirantes, embora o nome de seu autor seja desconhecido.

Este manuscrito é a base da maior fábula arqueológica nacional, e um dos mais famosos documentos da Biblioteca Nacional. O acesso ao relato original é extremamente restrito atualmente, embora uma versão digitalizada dele tenha sido disponibilizada recentemente com a atualização digital da Biblioteca Nacional.

Descoberta e avaliação

Não obstante a datação do ano de 1753, estima-se que a escritura seja realmente setecentista por determinados aspectos relatados. Seu descobrimento e noção de relevância, contudo, ocorreram apenas em 1839.

De forma um tanto irônica para com a importância do documento, e ainda de maneira a reforçar todo o mito que envolve o objeto, o documento 512 foi encontrado ao acaso, esquecido no acervo da biblioteca da Real Biblioteca, a atual Biblioteca Nacional.

O manuscrito, muito antigo, e já deteriorado pelo tempo, foi descoberto por Manuel Ferreira Lagos, e posteriormente entregue ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB). Foi nas mãos de um dos fundadores do instituto que a escritura teve seu real valor reconhecido e divulgado: após leitura, o cônego Januário da Cunha Barbosa publicou uma cópia integral do manuscrito na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, com a adição de um prefácio, no qual esboçava uma teoria de ligação entre o assunto do documento e a saga de Roberio Dias (filho de Belchior Dias Moreia), um homem que fora aprisionado pela coroa portuguesa, por se negar a fazer revelações a respeito de minas de metais preciosos na Bahia.

Em um contexto, no século XIX, de busca da identidade nacional, e valoração dos atributos brasileiros, o documento ganhou um destaque e um enfoque cada vez maiores ao longo dos anos, tanto por parte de aventureiros, como intelectuais, religiosos, e até do próprio imperador Dom Pedro II.

O tão investigado relato que faz o documento, e que foi motivo de sua relevância ao longo da história defendido arduamente por muitos, contestado calorosamente por outros, e obsessivamente buscado por alguns: o documento 512 traz o relato do encontro de alguns bandeirantes com as ruínas de uma cidade perdida, uma civilização arruinada em meio à selva brasileira com indícios de desenvolvimento cognitivo, além de riquezas, e um fim desconhecido.

A partir da década de 1870, o Manuscrito 512 passa a ser consideravelmente não levado a sério por estudiosos acadêmicos, mas aumenta seu fascínio por parte de pesquisadores amadores e pseudocientíficos.

A descrição da cidade perdida

O documento que hoje traz o subtítulo de Relação histórica de uma oculta e grande povoação antiquíssimo sem moradores, que se descobriu no ano de 1753, narra o encontro do grupo de bandeirantes com ruínas de uma cidade perdida e desconhecida até então, no interior da Bahia.

O relato da expedição, em sua parte mais conhecida, conta que houve quem avistasse de uma grande montanha brilhante, em consequência da presença de cristais e que atraiu a atenção do grupo, bem como seu pasmo e admiração. Tal montanha frustrou o grupo ao tentar escalá-la, e transpô-la foi possível apenas por acaso, pelo fato de um negro que acompanhava a comitiva ter feito caça a um animal e encontrado na perseguição um caminho pavimentado em pedras que passada por dentro da montanha rumo a um destino ignorado.

Após atingir o topo da montanha de cristal os bandeirantes avistaram uma grande cidade, que a princípio confundiram com alguma povoação já existente da costa brasileira e devidamente colonizada e civilizada, todavia ao inspecioná-la, verificaram uma lista de estranhezas entre ela e o estilo local, além do fato de estar em alguns trechos completamente arruinada, e absoluta e totalmente vazia: seus prédios, muitos deles com mais de um andar jaziam abandonados e sem qualquer vestígio de presença humana, como móveis ou outros artefatos.

A entrada na cidade era possível apenas por meio de somente um caminho, macadamizado, e ornado na entrada com três arcos, o principal e maior ao centro, e dois menores aos lados; o autor do texto expedicionário observa que todos traziam inscrições em uma letra indecifrável no alto, que lhes foi impossível ler dada a altura dos arcos, e menos ainda reconhecer.

O aspecto da cidade narrada no documento 512, mescla caracteres semelhantes aos de civilizações antigas, porém traz ainda outros elementos não identificados ou sem associação; o cronista observa que todas as casas do local semelhavam a apenas uma, por vezes ligadas entre si em uma construção simétrica e uníssona.

Há descrição de diversos ambientes observados pelos bandeirantes, admirados e confusos com seu achado, todos relatados com associações do narrador, tais como: a praça na qual se erguia uma coluna negra e sobre ela uma estátua que apontava o norte, o pórtico da rua que era encimado por uma figura despida da cintura para cima e trazia na cabeça uma coroa de louros, os edifícios imensos que margeavam a praça e traziam em relevo figuras de alguma espécie de corvos e cruzes.

Segundo a narrativa transcrita no documento, próximo a tal praça, haveria ainda um rio que foi seguido pela comitiva e que terminaria em uma cachoeira, que aparentemente teria alguma função semelhante a de um cemitério, posto que estava rodeada de tumbas com diversas inscrições, foi neste local que os homens encontraram um curioso objeto que segue descrito a seguir.

Entrementes, quando a expedição seguiu adiante e encontrou os rios Paraguaçu e Una, o manuscrito foi confeccionado em forma de carta, com o respectivo relato, e enviado às autoridades no Rio de Janeiro; a identidade dos bandeirantes do grupo aparentemente foi perdida, restando apenas o manuscrito enviado, e a localização da cidade supostamente visitada tornou-se um mistério que viria atrair atenção de renomadas figuras históricas.

A Moeda de Ouro e O Rapaz Ajoelhado

O único objeto mencionado pela expedição de bandeirantes, que foi encontrado ao acaso e descrito cuidadosamente na carta, consiste em uma grande moeda confeccionada em ouro. Tal objeto, de existência e destino incógnitos, trazia emblemas em sua superfície: cravados na peça havia em uma face o desenho de um rapaz ajoelhado, e no reverso combinados permaneciam as imagens de um arco, uma coroa, e uma flecha.

Trechos integrais do Manuscrito 512

(...) collumna de pedra preta de grandeza extraordinaria, e sobre ella huma Estatua de homem ordinario, com huma mao na ilharga esquerda, e o braço direito estendido, mostrando com o dedo index ao Polo do Norte; em cada canto da dita Praça está uma Agulha, a imitação das que uzavão os Romanos, mas algumas já maltratados, e partidos como feridas de alguns raios. (...)

Possível autoria do Manuscrito 512

Analisando-se as bandeiras da época, o historiador Pedro Calmon levantou a hipótese de que o autor do documento seja o mestre-de-campo João da Silva Guimarães. O nome do bandeirante Antônio Lourenço da Costa também é considerado pelo investigador amador Diomário Gervásio de Paula Filho.

Especulações pseudohistóricas

O consenso historiográfico - estabelecido por historiadores como Calmon, Souza, Langer e Silva que estudaram o manuscrito - concorda que sua interpretação como um resquício de uma civilização perdida deve-se mais aos anseios nacionalistas, políticos e pseudohistóricos. Já Capistrano de Abreu descartava a ingênua interpretação do Cônego Cunha de que a tal povoação de pedra tinha relação com as minas de prata de Muribeca.

Entretanto, o manuscrito deu base para outras especulações, por exemplo, o escritor de pseudohistória Barry Fell afirmou que as inscrições seriam em grego ptolomaico que, para Fell seria uma forma de egípcio demótico. Fell também afirmou que havia trechos em alfabeto de escorpião, uma escrita que segundo ele teria sido muito usado pelos caldeus nas suas impressões em tesouros escondidos, entre outros usos. Fell "traduziu" os símbolos do Manuscrito 512 como segue:

Kuphis -- Ptolomaico corrupto: "Perfumes de Fragrância."
Hedysmos -- Ptolomaico corrupto: "Ervas Aromáticas e Temperos."
Khrys Phlkioun -- Alfabeto de Scorpio: "Tesouraria de Ouro."
Asem Ephedria -- Ptolomaico corrupto: "Casa-guarda para barras de prata não-estampadas".

Os argumentos de Fell foram rejeitos pela academia como sem bases históricas ou científicas.
Manuscrito 512

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