Revista da ASBRAP nº 8 - Povoadores de São Paulo - Domingos Luis Grou
30 de abril de 2022, sábado. Há 2 anos
Outro signatário da petição foi Bartolomeu Camacho, nomeimpresso na acta, por erro paleográfico, Bartolomeu Ramalho (Actas daCâmara, Lº 3º).No mesmo ano, a 16 de julho, foi nomeado almotacel, tendoassinado a acta por abreviaturas. (ACCSP, I, 166).Possuiu em S. Paulo uma sesmaria na paragem de Carapicuíba(“Sesm.”, I, 43) e chãos na vila que ainda pertenciam a algunsdescendentes pelos anos de 1645 (DAESP).A 11 de março de 1582, tomou posse do cargo de procurador,do pelouro, assinando a acta com assinatura completa, ao lado do vereadorSalvador Pires (Actas da Câmara, Lº 3º). Depois desse dia, não assinou asactas de 24 de março, 1º de novembro e 10 de dezembro, as únicaspublicadas, faltando as demais (ACCSP, I, 193 e 195).A 6 de janeiro de 1583, como procurador do concelho do anofindo, assinou a abertura da pauta dos novos oficiais do pelouro e, a 7 dedezembro do mesmo ano, prestou contas do cargo de procurador que haviaexercido em 1582 (id., 199 e 225). A 2 de agosto de 1584, com vinte seispessoas, assinou a acta sobre a reconstrução da Casa do Concelho (id.,244).Sua atuação na câmara não se confunde com a de DomingosLuís, o “carvoeiro” (2) cerca de quinze anos mais moço, que assinou nasactas de 23 de abril de 1585 em diante (id., 266 e 272).A 18 de junho de 1584, havia apresentado à câmara, creio comocapitão, um mandado, trazido ou recebido por ele de Santos, do Cap. MorJerônimo Leitão (id., 239). No ano seguinte acompanhou ao capitão morna bandeira constituída para mover guerra contra os gentios carijó e tupi daregião sul que, de quarenta anos a essas partes, haviam morto mais decento e cinqüenta portugueses e espanhóis (3) e até padres da Companhiade Jesus que os foram doutrinar (id., 276-286).
Em 1587, já estando em S. Paulo o Governador Jerônimo Leitão, regressou da bandeira encaminhando para essa vila grande leva de índios tupis, que deveriam ser repartidos entre os moradores, conforme havia estabelecido em capítulos com a câmara o mencionado governador (id., 333).
No mesmo ano, com seu filho Luís Eanes e Antônio de Macedo, organizou oficialmente uma bandeira de cinqüenta brancos, acompanhados de seus servos, para dar combate aos índios revoltosos de Mogí, que assolavam constantemente as aldeias de S. Paulo. Sofreu nessa ação grande revés, vindo a perder diversos membros da tropa (id., 388-476). [Página 3 do pdf]
Em 1590, chegou a S. Paulo a notícia do desastre, comunicada por Antônio Arenso (id., 388). Vestiram-se de luto sua mulher Maria da Peña e sua nora Guiomar Rodrigues, mulher de Luís Eanes, mas o Beato José de Anchieta, visitando-as, profetizou que o Cap. Domingos Luís Grou e seu filho estavam vivos (“Processo Informativo de S. Paulo para a beatificação do Padre José de Anchieta, ano de 1622”).
Em 1593, ainda se requeriam na câmara de S. Pauloprovidências contra o gentio de Mogí (id., 478).Segundo os autores, o Cap. Domingos Luís Grou já era falecidoem junho de 1594(4). Sua mulher faleceu , creio, por volta de 1615, sendoinventariada em S. Paulo, conforme referiu seu neto Luís Eanes em 1628no testamento (INV. E TEST., VII, 430). Não foram localizados osinventários do casal.Através dos documentos são conhecidos os filhos:1(II)- LUÍS EANES, n. cerca de 1554 – segue.2(II)- DOMINGOS LUÍS GROU, mencionado pelos autores.3(II)- ANTÔNIO LUÍS GROU C.c. Guiomar Bicudo - 2º.4(II)- CAP. MATEUS LUÍS GROU, n. em 1577, C.c. Isabel de PinhaCortez - 3º.5(II)- HILÁRIA LUÍS C. por 1596 c. o Cap. Belchior Dias Carneiro, n.por 1560, um dos principais sertanistas de S. Paulo, filho deLopo Dias Machado, que ainda vivia em 1609 (grande amigo daOrdem do Carmo) e de s. 1ª mulher Beatriz Dias, povoadores daCapitania; era irmão de Susana Dias, eminente cristã, que depôsem 1622 no “Processo Informativo de S. Paulo para abeatificação do Padre José de Anchieta”. Faleceu Belchior DiasCarneiro no sertão em 1608, no posto de capitão mor de umabandeira e foi inventariado em S. Paulo. Serviram no inventáriocomo procuradores da viúva seu irmão Antônio Luís Grou e o tioafim Alvaro Neto, C.c. Mécia da Peña (INV. E TEST., II, 109).6(II)- MARIA LUÍS C. antes de 1598 c. o Cap. Simão Álvares Martins,n. por 1570, filho de Marcos Fernandes, o velho, e de s/m Maria [Página 4 do pdf]
Revista da ASBRAP nº 8 193Afonso (INV. E TEST., XXVI, 248). Foi o Cap. Simão ÁlvaresMartins um grande sertanista de S. Paulo. Em 1627 exerceu ocargo de juiz ordinário.Faleceu em 1636 e s/m em 1643 com testamento. Suafilha D. Maria Luís Grou, mulher de João Barreto (2º marido)deixou por seu falecimento, em 1642, cento e sessenta e oitoadministrados do gentio (INV. E TEST., XXVIII, 191).7(II)- ANA LUÍS GROU, n. cerca de 1579, C.c. Vicente Bicudo, n. por1570, filho de Antônio Bicudo (o velho) e de s/m IsabelRodrigues - 5º.II- LUÍS EANES, n. cerca de 1554, C. em 1572 c. Guiomar Rodrigues, n. por1559. A 22 de junho de 1572, assinou na câmara, com os camaristas equinze pessoas da governança, um “auto de ajuntamento”, proibindo queíndios ponteiros da vila fossem levados para o Rio de Janeiro (ACCSP, I,52). Obteve pelos anos de 1582, do Cap. Mor Jerônimo Leitão, sesmariade uma légua de terras em Quitaúna (INV. E TEST., III, 465).Em 1588, seguiu na bandeira de cinquenta brancos, movida porseu pai e Antônio de Macedo contra o gentio revoltoso de Mogí.Faleceu antes de 1597 e sua mulher em 1625, com testamento edisposições pias, estando viúva do 2º marido, Diogo Martins Machuca,falecido no sertão em 1613. Pediu a seus filhos que cumprissem por eladuas novenas: uma a Nossa Senhora da Conceição de Itanhaém e outra aoglorioso Santo Amaro.Tiveram três filhos e duas filhas, falecidas sem geração:1(III)- LUÍS EANES, n. em fevereiro de 1573 (tinha de idade cinquenta ecinco anos e oito meses a 21 de outubro de 1628, conformedeclarou no testamento). C. cerca de 1597 c. Vitória Gonçalves e2º vez c. Jerônima Dias.Em S. Paulo foi membro da governança e figurou napauta para procurador do concelho em 1620 e 1625 (ACCSP, II,439 e III, 159). Serviu em Parnaíba o cargo de escrivão etabelião, segundo os autores.Seguiu nas bandeiras do Cap. Nicolau Barreto aoGuairá, em 1602, e do Cap. Belchior Dias Carneiro (com mais dequarenta brancos) a Mato Grosso, em 1607 (ACCSP, II, 235). A 11 de abril de 1622, depôs no “Processo Informativo de S. Paulopara a beatificação do Padre José de Anchieta”. Referiu-se àprofecia de Anchieta, em 1590, sobre as dificuldades de seu paiLuís Eanes e do avô Domingos Luís Grou, na bandeira de Mogí,e aos lutos de sua mãe Guiomar Rodrigues e da avó Maria daPeña, em S. Paulo.Em 1628, seguiu na bandeira do Guairá, com seu tioCap. Mateus Luís Grou, vindo a falecer nos sertões de Ibiaguira(cabeceiras do Ribeira de Iguape) em janeiro de 1629, comtestamento e disposições pias.Teve chãos nas vilas de S. Paulo e Parnaíba, meia léguade terras em Carapicuíba, outra meia légua em Parnaíba e, aomenos, sete administrados do gentio.No inventário de sua avó, Maria da Peña, comprou umaplantação de mantimentos que destinou ao irmão mais moço, RuiGomes Martins, órfão do pai em 1613 (INV. E TEST., VII, 430);c. geração.2(III)- ASCENSO LUÍS GROU, n. por 1575 e batizado na igreja de SantoAntônio, C.c. Iria Camacho, n. por 1595, filha de FranciscoRodrigues Barbeiro, creio nascido em Portugal, e de s. 2ª m.Esperança Camacho (falecida com testamento e disposições piasem 1623) irmã de Antônio Camacho, sesmeiro em 1610, queexerceu os cargos da câmara de S. Paulo. Em 1630, figurou comomembro da governança dessa vila (ACCSP, IV, 47) e, emParnaíba, foi escrivão e tabelião.Seguiu na bandeira do Cap. Antônio Pedroso deAlvarenga ao Paraúpava, em 1615, e na do Cap. Mateus LuísGrou ao Guairá, em 1628 (Carvalho Franco).Faleceu em Parnaíba em 1649, com testamento edisposições pias, tendo declarado seus pais e sogros. Nomeoutestamenteiros sua mulher, instituída herdeira, por não haverfilhos, e o Padre Vigário Alvaro Neto Bicudo (parente em 3ºgrau). Por morte de Iria Camacho, seria herdeiro o referidosacerdote “para que fassa bem por suas almas” (INV. E TEST.,XXXVI, 161); c. geração falecida.3(III)- DOMINGOS LUÍS GROU, falecido solteiro antes da mãe. (Páginas 193 e 194)