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Artes e ofícios dos Jesuítas no Brasil, 1549-1760. Serafim Soares Leite
195307/04/2024 19:30:53

Artes e ofícios dos Jesuítas no Brasil, 1549-1760
Data: 01/01/1953
Créditos: Serafim Soares Leite
Página 71

Nas cidades e andar na rua, visitas e celebração das festas da Igreja (missas e outras) usavam-se sapatos: a 18 de agosto de 1551 o Governador Tomé de Sousa mandou dar aos Padres da Baía, 12 pares de sapatos. Para andar por casa seriam mais comodas as alpercatas. E no sertão ou em viagem, subidas de encostas e passagem de lamaceiros, os sapatos eram moletos; e as alpercatas aderentes e amarradas aos pés tornaram-se o calçado habitual, se bem que nos caminhos preferissem quase sempre andar descalços, com os pés calejados como bons sertanistas, não imunes porém de feridas provenientes de cortes e picadas.

Já na Baía se teria manifestado a necessidade de alpercatas nas viagens, mas onde o uso se impôs foi em Piratininga, porque a Serra de Paranapiacaba só de podia transpor ou de alpercatas ou a pé descalço. [Página 71]

mais catecúmenos que andam na Escola, de que é Mestre António Rodrigues, muito bem ensinados. Depois da lição da manhã, entoam, na Igreja, as Ladainhas, e depois da lição da tarde a Salve-Rainha cantada». Lêem-se estas palavras na «Quadrimestre de Maio a Se- tembro de 1554, que é em latim. Teixeira de Melo não apanhou todo o sentido da frase, supondo que a Escola do Ir. António Rodrigues em Piratininga terminasse logo depois do meio dia, cantada a Salve- -Rainha («Cartas de Anchieta», 39). Trata-se de Escola em regra, com duas lições, uma de manhã, outra de tarde, onde se ensinava a ler e a escrever («Avulsas», 139). E nela aparece o canto.

António Rodrigues era grande cantor e músico, e com o conhecimento direto da língua popular possuía inigualável prestígio com os índios, "um grande obreiro inter gentes", prestígio que ele acrescentava, com a sua experiência e ousadia: "como é língua e mui fervente obreiro vai sempre diante a esmoitar a terra" (Nóbrega). Por isso o tomou Nóbrega por intérprete e companheiro nas suas fundações tanto no Sul: Piratininga e Maniçoba (ou Japiuba) como na Baía: Aldeias.

Mas, aqui neste livro de artes e ofícios, o que importa é saber que a sua autoridade com os índios lhe provinha não só dos seus ante- cedentes sertanistas e de os tratar bem, mas também de lhes dar a natural satisfação de fazer que os filhos brilhassem nos coros de íanto e de flauta, que organizava por toda a parte, e exibia nas Al- deias, e até nas festas solenes das cidades. Como a seguinte, na Baía. (1 de Janeiro de 1565):“Houve nestas vésperas três coros diversos : um de canto de órgão, outro de cravo, e outro de flautas, de modo que acabando um, começava o outro, e todos, certo com muita ordem, quando vinha a sua vez. E, dado que o canto de órgão deleitava ouvindo-se, e a suavidade do cravo detivesse os ânimos com a doçura da sua harmonia, todavia quando se tocavam as flau- tas, se alegravam e regozijavam muito mais os circunstantes, porque, além de o fazerm medianamente, os que as tangiam eram os Meni- nos Brasis, a quem já de tempo, o P. António Rodrigues tem ensi- nado. Foi para o povo tão alegre este espectáculo, que não sei como o possa encarecer; e muitos dos que estavam na Igreja não o podiam crer, como de facto não creram, se não tiraram a limpo a verdade com os seus próprios olhos. E isto, além de ser motivo de devoção, era-o também para dar muitas graças ao Senhor, que não se falava então na Cidade em outra coisa, senão na boa criação e ensinamento destes meninos» («Avulsas», 437). Outras manifestações: *É grande a sua alegria [do Governador Mem de Sá] ver-me ensi- nar e pregar e muito mais ouvir cantar os Meninos a Salve e La- dainhas», diz António Rodrigues («Avulsas», 245), o qual «com o seu coro de Indiozinhos de há muito bem adestrados”, celebrou a festa do Padroeiro da Aldeia de Santiago a 25 de Julho de 1564 («Avulsas», 424). Estes grupos musicais — de canto e flauta — instituídos nas Aldeias pelo Irmão António Rodrigues, fizeram es- cola («velut seminarium») e perduraram para além da sua morte. Os meninos, feitos homens e transformados em mestres, ensinaram a outros, que continuaram a oficiar missas cantadas e outras soleni- dades, como se lê em «Historia de la Fundación» (1574) e em António de Matos (1619). O zelo de António Rodrigues não se confinou nas Aldeias (fundou nove, algumas das quais são hoje cidades): teve outros efeitos como o de acompanhar os seus índios nas guerras do tempo, que Mem de Sá empreendeu e ganhou: na do Paraguaçu contra os índios contrários que comiam os homens da Baía ; e contra os Tamoios, submetidos aos Franceses. Mas escreve António de Matos que o P. António Rodrigues (a esta data já era Padre: ordenara-se em 1562) fora à empresa do Rio de Janeiro para com a sua arte de cantor e de músico, atrair, converter e cap- tar os últimos Tamoios para a religião, e nós hoje dizemos, para a unidade do Brasil.

Não durou muito tempo depois disto. Dirigiu a Aldeia de Mar- tim Afonso Araribóia (situada então por alturas da actual Praça Mauá) e parece que morreu, cantando, no dia 19 ou 20 de Janeiro de 1568. Quando os Cronistas narram a morte dalgum Padre ou Irmão, referem-se em geral à sua doença, aos sacramentos que rece- bem e as suas últimas palavras. A «Historia de la Fundación» diz : «Faleceu véspera de S. Sebastião no ano de 1568, estando o Bispo começando as vésperas de Pontifical, e foi a gozar do seu Criador sendo de idade de 52 anos». Frase incompreensível se não tiver relação com a morte de António Rodrigues. Em todo o caso, é uma referência de festa solene, que condiz bem com a vida do primeiro Mestre-Escola de S. Paulo, que foi soldado do mundo e de Cristo, e cantor ao divino ; e de quem consta, que, como os sertanistas ou cantores ambulantes, andava sempre descalço nos seus caminhos, e neles e em toda a parte bem disposto e alegre. (Quanto à data da morte : a véspera de S. Sebastião é a 19 de Janeiro e assim se dá [Páginas 247 e 248]
Artes e ofícios dos Jesuítas no Brasil, 1549-1760. Serafim Soares Leite

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