Pensamentos condignos à época getulista e do Estado Novo. Mas voltando às ruas dacidade, o fato é que os meios de transporte modernos, especialmente os bondes elétricos, eramproibitivos para grande parte dos segmentos populares da população. É o que nos conta, emdepoimento88, Cida Amaral Pires, antiga sorocabana e contemporânea da época dos bondes.Vó Cida trabalhava, juntamente com sua mãe, passando e lavando roupa; alguns de seusclientes moravam longe de sua casa localizada na Vila Assis, imediações da rua CoronelCavalheiros89. Dessa forma, as duas mulheres tinham que se deslocar por uma distânciaconsiderável, com as trouxas de roupas sobre as cabeças, pois não tinham condição de arcarcom o preço da passagem que era de duzentos réis. De fato, os bondes elétricos estavamdestinados aos segmentos médios e até mesmo à elite social e política da cidade. É o querelata Aluísio de Almeida através de um manuscrito intitulado No tempo dos bondes. Aqui,mais como memorialista do que como historiador, o padre, também um usuário dos bondes, serecordava dos amigos e personagens destacados da cidade que pegavam o bonde. “Nem osricos tinham carros particulares. Em 1938 vi o dr. Luiz Vergueiro tomando o bonde, já morava em SãoPaulo. Em 1941 conversei com o poeta e acadêmico Oliveira Ribeiro num bonde aberto. Dom Aguirreia ao Seminário e voltava de Bonde. Uma vez caiu antes de subir, o dr. Waldemar de Castro viu etratou como o [?] Arnaldo Cunha e outros de uma subscrição para um automóvel para o Bispo,quando voltasse da Europa em 1950.” [Fisionomia da cidade: Sorocaba – cotidiano e desenvolvimento urbano – 1890-1943, 2008. Rogério Lopes Pinheiro de Carvalho. Páginas 173 e 174]