“Foi agora enviado o Irmão Pero Correia, com dois outros irmãos, a umas aldeias de índios, que estão ao longo do mar, para lhes pregar a palavra de Deus e sobretudo, se puder ser, para abrir caminho até certos povos que chamam ibiraiaras”* - 01/05/1554 de ( registros)
“Foi agora enviado o Irmão Pero Correia, com dois outros irmãos, a umas aldeias de índios, que estão ao longo do mar, para lhes pregar a palavra de Deus e sobretudo, se puder ser, para abrir caminho até certos povos que chamam ibiraiaras”
maio de 1554. Há 470 anos
Fontes (4)
“Foi agora enviado o Irmão Pero Correia, com dois outros irmãos, a umas aldeias de índios, que estão ao longo do mar, para lhes pregar a palavra de Deus e sobretudo, se puder ser, para abrir caminho até certos povos que chamam ibiraiaras” [ANCHIETA, Carta quadrimestral de maio de 1554, CAP, p. 79]
Foi este mesmo caminho que o irmão jesuíta Pero Correia usara para alcançar a terrado Ybirajara, passando pela terra dos Carijó. [ “Os Tupi de Piratininga: Acolhida, resistência e colaboração”, 2008. Benedito Antônio Genofre Prezia, PUC-SP. Página 62]
Um dos relatos mais antigos da navegação nas canoas de casca no Anhembi é a do padre jesuíta Pedro Correa, de 1554, que empreendeu uma viagem de nove dias rio abaixo, rumo a uma aldeia Tupi onde pretendia “resgatar” um cristão português que vivia como indígena.
Em carta, ele narra como perdeu parte dos mantimentos, pois fizeram “almadias de um pau mole”, numa referência ao termo árabe para jangadas, e elas se quebraram. Por sorte, alguns índios chegaram numa canoa de casca que permitiu o embarque de parte dos viajantes, mas outros foram obrigados a descer o rio a nado e a pé, pois “era-nos necessário ir pelo rio abaixo a uma certa parte onde estavam os paus dos que têm aquelas cascas para tirar alguma, porque não nas há em todo mato”, o que denota que algumas madeiras, extraídas em lugares muito específicos, é que permitiam a construção da embarcação.
Conseguiram, ao final, fazer mais duas canoas de casca e seguiram caminho pelo rio passando “passos mui perigosos de saltos muitos que tinha em lugar de pedra, e a fome apertava conosco e comíamos alguns palmitos cozidos em água tal e algumas frutas bem desengraçadas, de maneira que quando chegamos ao povoado levávamos as cores mui demudadas. Outras muitas misérias passámos que não têm conto”. [“Cópia de uma carta do irmão Pedro Corrêa, o qual foi morto pelos brasis a oito de junho de 1554, para o padre Belchior Nunes de Coimbra”, Cartas Jesuítas II. Cartas Avulsas. 1550-1568, p. 91.]
Eram embarcações sem quilha, leme, vela e âncora, feitas a partir das cascas de árvores e conhecidas como igaras, ou escavadas a fogo, machado e enxó numa peça monóxila de madeira, conhecidas como ubás ou pirogas. A madeira poderia ser a peroba, abundante nas margens dos rios Capivari e Sorocaba, afluentes do Anhembi, ou de timbó, imbaúba ou ximboúva. Eventualmente, nos percursos terrestres, jangadas e pelotas de couro poderiam também ser utilizadas de modo mais improvisado para as travessias.O tipo de madeira dava o limite da escavação e das medidas das canoas, mas elas costumavam ser, nestes rios platinos, mais estreitas que as usadas no Norte, especialmente na Amazônia. Os rios como o Anhembi eram menores, mais rasos, acidentados e sinuosos, o que exigia maior capacidade de manobra. Em função dos obstáculos, a navegação no rio era essencialmente diurna, e a tecnologia destas canoas, amplamente utilizadas tanto pelos Tupi quanto pelos Carijó (Guarani), era fundamentalmente indígena, sofrendo algumas adaptações no século XVIII para a realidade das Monções. De todo modo, nestes caminhos fluviais dos séculos XVI e XVII, os colonos vão manter sem grandes alterações as formas de construção das canoas e as maneiras de percorrer os rios oriundas das experiências indígenas - como remar em pé ou ficar nu nas passagens dos barcos pelas cachoeiras -, mesmo porque, em verdade, serão eles que continuarão a construir e pilotar parte dessas canoas, muitas vezes como escravizados. [Sobre as canoas e o saber indígena, ver: Carvalho, Entre rios e impérios; Holanda, Sérgio Buarque de, Monções e Capítulos de expansão paulista; Kok, Glória, O sertão itinerante: expedições da Capitania de São Paulo no Século XVIII, São Paulo, Hucitec/FAPESP, 2004; Miranda, Fernando Márquez, “La navegación primitiva y las canoas monóxilas (contribución a su estudo)”, Revista Museo la Plata, T.XXXIII, p. 6-87.] [No fluxo do Anhembi-tietê: o rio e a colonização da capitania de São Vicente nos séculos XVI e XVII]
A descoberta da nascente do Tietê se deu durante uma expedição da Sociedade Geográfica Brasileira para comemorar do 4º centenário de São Paulo, em 1954. Mas e essa placa? (imagem)
O Parque está localizado em Salesópolis, no Alto Tietê, em meio a uma paisagem abraçada pela Mata Atlântica, lar de animais como jaguatiricas, tatus, cobras, veados e mais de 70 espécies diferentes de pássaros. O local conta com 1,34 milhão de metros quadrados, vista para nascente e um espelho d’água onde os frequentadores podem beber a água do rio direto de sua nascente.
O Tietê é um curso d’água atípico. Embora sua nascente se localize na Serra do Mar, a apenas 22 quilômetros do oceano, ele corre para o interior por mais 1.100 quilômetros, até desaguar no rio Paraná, em Itapura, após banhar 62 municípios paulistas. Essa característica, que o distingue dos demais rios brasileiros, fez do Tietê a primeira rota de penetração para o interior do continente, já no início do século 16, usada por aventureiros que desbravaram os sertões, fundando povoados ao longo de suas margens. [DAEE - Site Parque Nascentes do Tietê, daee.sp.gov.br, consultado em 27.08.2022]
3° de fonte(s) [24428] “Os Tupi de Piratininga: Acolhida, resistência e colaboração”. Benedito Antônio Genofre Prezia, PUC-SP Data: 2008, ver ano (71 registros)
Foi este mesmo caminho que o irmão jesuíta Pero Correia usara para alcançar a terra do Ybirajara, passando pela terra dos Carijó. [Página 62]
4° de fonte(s) [24880] No fluxo do Anhembi-tietê: o rio e a colonização da capitania de São Vicente nos séculos XVI e XVII, 12.2020. José Carlos Vilardaga, Universidade Federal de São Paulo Data: 2020, ver ano (243 registros)
Um dos relatos mais antigos da navegação nas canoas de casca no Anhembi é a do padre jesuíta Pedro Correa, de 1554, que empreendeu uma viagem de nove dias rio abaixo, rumo a uma aldeia Tupi onde pretendia “resgatar” um cristão português que vivia como indígena.
Em carta, ele narra como perdeu parte dos mantimentos, pois fizeram “almadias de um pau mole”, numa referência ao termo árabe para jangadas, e elas se quebraram. Por sorte, alguns índios chegaram numa canoa de casca que permitiu o embarque de parte dos viajantes, mas outros foram obrigados a descer o rio a nado e a pé, pois “era-nos necessário ir pelo rio abaixo a uma certa parte onde estavam os paus dos que têm aquelas cascas para tirar alguma, porque não nas há em todo mato”, o que denota que algumas madeiras, extraídas em lugares muito específicos, é que permitiam a construção da embarcação.
Conseguiram, ao final, fazer mais duas canoas de casca e seguiram caminho pelo rio passando “passos mui perigosos de saltos muitos que tinha em lugar de pedra, e a fome apertava conosco e comíamos alguns palmitos cozidos em água tal e algumas frutas bem desengraçadas, de maneira que quando chegamos ao povoado levávamos as cores mui demudadas. Outras muitas misérias passámos que não têm conto”. [“Cópia de uma carta do irmão Pedro Corrêa, o qual foi morto pelos brasis a oito de junho de 1554, para o padre Belchior Nunes de Coimbra”, Cartas Jesuítas II. Cartas Avulsas. 1550-1568, p. 91.]