Pombal, os Jesuítas e o Brasil, 1961. Inácio José Veríssimo
1961
04/04/2024 23:13:57
Pombal, os Jesuítas e o Brasil
Data: 01/01/1961
Créditos: Inácio José Veríssimo
Página 38
Mas apoiando tais intenções havia duas razoes ponderáveis. A primeira e que os Portugueses acreditavam, sincera-mente, durante o seculo 16, que a Linha de Tordesilhas deixava a leste todo o rio Parana ate a foz do Iguaçu; ou seja, que Assunção ficava nas vizinhanças da fronteira dos domínios Portugueses.
Tal convicção levou Tome de Sousa, em carta ao rei datada de 1 de junho de 1553, a dizer que a povoação que se chama "Assunção esta muito perto de São Vicente, não passando de cem léguas". E Tome de Sousa acrescenta: "parece-nos a todos que essa povoação esta na demarcação (nos domínios) de V. A." Para justificar a proximidade que ele assinala, informa ao rei que "os de Sã Vicente se comunicam muito com os castelhanos" [Pombal, os Jesuítas e o Brasil, 1961. Inácio José Veríssimo. Página 38]
Lembremo-nos, de que os caminhos nativos (o Peabiru ou dos Pinheiros) que saíam de São Vicente, de Cananéa ou de Santa Catarina conduziam todos à região de Guaíra, e eram seguidos pelos bandeirantes.
Mas os portugueses precederam os espanhóis nas penetrações para o Paraguai não só em terra como por água, pois a pilotagem no Prata "desde o começo da colonização do Prata pelos espanhóis até aos meados do século XVII" era feita por portugueses.
Uma carta datada de Santos, de 30 de junho de 1553, revela que um morador da cidade adquirira 32 nativos escravizados em Assunção, João Ramalho, localizado em Santo André, era fornecedor de nativos escravizados. (Bandeiras e Bandeirantes, 1940. Carvalho Franco. Páginas 23 e 25) [Pombal, os Jesuítas e o Brasil, 1961. Inácio José Veríssimo. Página 39]
Pombal, os Jesuítas e o Brasil, 1961. Inácio José Veríssimo
“Os nossos tupinambás muito se admiram dos franceses e outros estrangeiros se darem ao trabalho de ir buscar o seu arabutan [pau-brasil]. Uma vez um velho perguntou-me: Por que vindes vós outros, maírs e perôs (franceses e portugueses) buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa terra ? Respondi que tínhamos muita mas não daquela qualidade, e que não a queimávamos, como ele o supunha, mas dela extraíamos tinta para tingir, tal qual o faziam eles com os seus cordões de algodão e suas plumas.
Retrucou o velho imediatamente: e porventura precisais de muito? Sim, respondi-lhe, pois no nosso país existem negociantes que possuem mais panos, facas, tesouras, espelhos e outras mercadorias do que podeis imaginar e um só deles compra todo o pau-brasil com que muitos navios voltam carregados. — Ah! retrucou o selvagem, tu me contas maravilhas, acrescentando depois de bem compreender o que eu lhe dissera: mas esse homem tão rico de que me falas não morre? — Sim, disse eu, morre como os outros. Mas os selvagens são grandes discursadores e costumam ir em qualquer assunto até o fim, por isso perguntou-me de novo: e quando morrem para quem fica o que deixam? — Para seus filhos se os têm, respondi; na falta destes para os irmãos ou parentes mais próximos. — Na verdade, continuou o velho, que, como vereis, não era nenhum tolo, agora vejo que vós outros maírs sois grandes loucos, pois atravessais o mar e sofreis grandes incômodos, como dizeis quando aqui chegais, e trabalhais tanto para amontoar riquezas para vossos filhos ou para aqueles que vos sobrevivem! Não será a terra que vos nutriu suficiente para alimentá-los também ? Temos pais, mães e filhos a quem amamos; mas estamos certos de que depois da nossa morte a terra que nos nutriu também os nutrirá, por isso descansamos sem maiores cuidados.
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“
Nenhum de nós escolhe o nosso fim, na verdade. Um rei pode induzir um homem, um pai pode assumir um filho, mas lembre-se disto, mesmo que aqueles que o induzirem forem reis ou homens de poder, sua alma pertencerá apenas a você. Quando estiver perante Deus não poderá dizer mas outros ‘me disseram para fazer isto‘ ou que a virtude não era conveniente no momento não será suficiente.