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“Um problema histórico-geográfico”: Emergências de um saber geográfico no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Uma geografia para e das bandeiras. 1894-1954. Gerson Ribeiro Coppes Jr.
202103/04/2024 22:22:58

Uma última questão acerca do trabalho de Derby. Dando grande importânciaàs nomenclaturas dos locais e buscando identificá-los em seu tempo, Derby indicavaoutra concepção acerca dos mapas: “Estando conservada a maior parte destesnomes e sendo pouco provável que estes tenham mudado de posição, podemostentar a identificação, [...] dos que têm desaparecidos dos mapas modernos”107.Derby ao comparar a nomenclatura entre os mapas julgava que locais como oscabos de São Roque e de Santo Agostinho, o rio São Francisco e a Baía de Todosos-Santos, dificilmente teriam mudado de posição. Dessa forma, para identificaroutros locais cuja localização havia sido perdida era necessário confirmar acorrespondência desses “pontos bem fixados” nos mapas “modernos”, e, a partirdisso, comparar as datas e distâncias presentes nos relatos para estabelecer aposição das demais localidades. Criando essa equivalência entre os mapas antigose modernos, Derby parece concordar com a precisão daquelas representações,parecendo desconsiderar as diferentes técnicas e de interesses que poderiam estarpresentes nas produções. E, assim sendo, confere-se ao espaço e à suarepresentação uma característica imóvel e imutável. O que explicaria essaabordagem?Matthew Edney ao questionar as preconcepções que se estabeleceramdentro de um “ideal de cartografia” na produção de mapas no século XIX e XXcoloca como a “materialidade”. Os mapas ao mesmo tempo em que são imagens,também são objetos, podendo ser caracterizados como estáveis, fixos, imutáveis, ouainda, “móveis imutáveis”108. Ao naturalizar essa materialidade, a fixidez poderia sertomada como ponto de partida para a análise. Além disso, o “preconceito” damaterialidade em relação aos mapas também sustenta a acepção de que eramobjetos produzidos em pontos fixos do tempo, criando uma barreira entre aquele queproduz o mapa e quem lê o mapa. A análise de Derby criando uma ligação entre osséculos XVI e XIX tomava esse espaço como imóvel, um vir a ser de um estado euma nação que não existiam quando aqueles mapas foram produzidos. Outrapreconcepção, apontada por Edney, indica uma segunda justificativa para a107 DERBY, 1902, op. cit., p. 243. Grifo nosso.108 Edney faz uso do termo de Bruno Latour que designa objetos científicos que funcionam comoveículos de produção e reprodução do pensamento dominante vigente. Cf. LATOUR, Bruno. Sciencein Action. How to Follow Scientists and Engineers through Society. Cambridge, EUA: HarvardUniversity Press, 1988. [Página 49]

uso do relato da expedição de Fernão Dias Paes Leme. Essa tese, mais ampla,defendia que o sertão era cortado por caminhos indígenas e que eles foramutilizados pelas bandeiras durante o Período Colonial. Pelas condições que taisexpedições ocorreram, Derby não achava verossímil que tais investidasacontecessem sem esse conhecimento prévio, ou sem um guia, o que, de certaforma, minimizava o caráter excepcional das bandeiras e dos bandeirantes naexploração do território:

É pouco provável que um grupo de homens criados em São Paulo tivesse, na primeira investida do um Sertão inteiramente desconhecido, acertado, sem guias, tão bem com o caminho mais fácil. A conclusão a tirar é que este sertão já era trilhado pelos gentios e que os bandeirantes nesta, como em muitas outras entradas no Sertão, nas quais se nota o mesmo acerto, apenas seguiram caminhos já existentes, pelos quais comunicavam entre si os índios de diversas tribos relacionadas, ou grupos destacados de uma mesma tribo. [Orville Derby. 1898-1899, op. cit., p. 343]

Derby continuou a pesquisar roteiros de expedições em seu trabalho Osprimeiros descobrimentos de ouro em Minas Geraes197. Apontando que, emdiferentes relatos quase sempre estava presente a notícia de metais e pedraspreciosas, lendas e supostas notícias verídicas misturavam-se no imaginário dos colonizadores que buscavam a riqueza no continente cujo lado oposto abundava emprata nas minas do Peru.

“Em parte imaginários, em parte verdadeiros”, as descobertas não levaram ao povoamento permanente de tais localidades até o descobrimento no século XVII das jazidas em Minas Gerais, ocasionando um rush, como Derby se refere e compara a outros casos semelhantes como o descobrimento mdo ouro na Califórnia, Austrália e Transvaal198.Derby indica no estudo a primeira entrada de que se tinha relato,presumivelmente, a primeira de todas, a expedição de 1552 ou 1553. O objetivo detal expedição era alcançar uma região mineral que seria um prolongamento dasminas peruanas, mas também outras notícias alimentavam essa expedição, como aque relatava sobre a existência da Serra de Sabarabuçu. Derby retomava a tese dastrilhas indígenas:196 DERBY, 1898-1899, op. cit., p. 343.197 DERBY, Orville. Os primeiros descobrimentos de ouro em Minas Geraes. RIHGSP, v.5, 1899-1900.198 DERBY, 1899-1900, op. cit., p. 240.

Com esta indicação tão positiva podemos tomar como extremamenteprovável, se não absolutamente certo, que em regra geral foramfeitas as primeiras entradas no sertão por caminhos preexistentes, demodo que o roteiro de uma, uma vez conhecido, podia seraproveitado para esclarecer os pontos obscuros das outras199.Derby reforçava a ideia da utilização de caminhos preexistentes e que areconstituição de um roteiro auxiliava a determinação de outros roteiros queutilizariam a mesma rota. Nesse aspecto, Derby utilizava novamente a expedição deFernão Dias Paes Leme para confirmar aspectos dessa expedição, pois Paes Lemetinha utilizado o mesmo caminho. Ao tentar entender como a expedição de 1552 ou1553 alcançou o Rio São Francisco, Derby aponta que isso ocorreu a partir da barrade um rio maior e fronteiriço à serra do Espinhaço. Por essa razão, somente doisrios podiam se encaixar na descrição, o rio Jequetaí ou o Rio das Velhas. Utilizandoo mapa de Coronelli de 1688, apareciam representados dois afluentes orientais doRio São Francisco, o Geta Gaig ou Jequetaí e o Guibuig ou Rio das Velhas. Noentanto, no mapa de Sanson, de 1650, o mais oriental desse rio, presumivelmente odas Velhas, aparece sem nome. Nisso, Derby concluía que o Rio Jequetaí foidescoberto antes do Rio das Velhas, pois fornecia um acesso mais fácil ao rio SãoFrancisco. Além disso, tal expedição não encontrou indícios de metais ou pedraspreciosas200. O procedimento para confirmar as informações continuava o mesmo,utilizar relatos contemporâneos para confirmar e confrontar informações incompletasou ininteligíveis. Assim como na descrição do traçado da ferrovia pela serra daMantiqueira, a observação do espaço continuava a servir para verificar as hipóteses.199 DERBY, 1899-1900, op. cit., p. 243.200 Ibid., p. 244-245.

Derby alcançava, no estudo, a própria origem da lenda sobre a existência deesmeraldas na serra do Sabarabuçu. Em outra expedição, anterior a 1570, seguindoaté certo ponto o roteiro da expedição de 1552 ou 1553, ao chegar à região da serrajulgaram descobrir ouro. No entanto, Derby pontua que nessa exploração faltavaaquilo que estava ausente na maioria das bandeiras, uma pessoa que soubessecomo e onde se devia procurar o “precioso metal” [Derby, 201 Ibid., p. 248.]. Tal notícia teria iniciado a lendasobre a serra das pedras verdes por referir-se a uma serra “mui formosa eresplandecente”. Utilizando a hipótese de Teodoro Sampaio de que “Serra resplandecente” na língua tupi era Itaberaba ou Iaberaba-bussú, sua corruptela Ituberá-bussú por fim se tornou Sabará-bussú202:

[...] a fabulosa montanha de tesouros que por cerca de dois séculosencheu a imaginação dos colonos europeus e seus descendentes edeu motivos para diversas entradas no sertão, ora na região entre osrios Doce e Jequitinhonha, onde esta lenda a coloca, ora na do altoS. Francisco203

.No processo de reconstituição dos roteiros, Derby lançava mão de umamiríade de documentos, fossem relatos escritos e cartográficos, crônicas de viagens,aproximando-se da História, da Geografia e da Cartografia. Nesse caso, Derbyretomava os estudos de Teodoro Sampaio sobre a nomenclatura indígena natoponímia local. Após as expedições no século XVI decorreu a expedição de WilhelmGlimmer, em 1601, e a de Fernão Dias Paes Leme, em 1674, que finalmentedescobriu as supostas esmeraldas. No entanto, não acrescentando muito ao que jáse conhecia da região, a importância da expedição de 1674 estava na iniciativa deabrir postos ao longo da rota dando maior permanência ao caminho utilizado: “Aestrada aberta de S. Paulo até o Rio das Velhas nunca mais se fechou aos brancose o resto, si por algum tempo esteve abandonado, não tardou a ser aberto de novologo que se divulgou a notícia da verdadeira descoberta de ouro”204. A preocupaçãocom os roteiros também é a preocupação com a exploração e o povoamento doterritório, definindo linhas de penetração e de ocupação. Se o fim do ciclo dasbandeiras levou o bandeirante, o sertanista a exercer outras atividades, quando oimaginário e as aventuras foram superados decorreu o povoamento efetivo daquelaregião. Dentro da primeira década, após os descobrimentos, ficou conhecido epovoado o “vasto sertão”, conquistado e civilizado pelos brancos, que durante umséculo e meio tinha sido percorrido pelas bandeiras perseguindo lendas eimaginações.202 Possivelmente. Derby faz referência ao trabalho de Teodoro Sampaio O sertão antes daconquista, onde Sampaio afirma: “Esta serra resplandecente, que o gentio, em sua língua, diziaItáberába-oçú e que a corruptela em lábios portugueses transformou em Taberaboçú e maisgeralmente em Sabaráboçú, vai ser por todo o século seguinte o alvo das mais arrojadas expediçõessertanejas conduzidas de São Paulo em direção ao vale do São Francisco, das quais não poucasvararam os sertões em busca de Porto Seguro ou do Espirito Santo, donde lhes vinha a longínquatradição da serra das Esmeraldas.” Cf. DERBY, Orville. 1899-1900, op. cit., p. 248; SAMPAIO,Teodoro. O sertão antes da conquista (Século XVII). RIHGSP, São Paulo, v.5, 1899-1900. p. 93.203 DERBY, Orville. 1899-1900, op. cit., p. 248.204 Ibid., p. 263. [Páginas 75, 76 e 77]

O estudo de roteiros não ficou restrito aos trabalhos de Orville Derby. Gentilde Moura publicou, em 1908, o trabalho O primeiro caminho para as minas deCuyabá216, que buscou reconstituir os roteiros das bandeiras do Mato Grosso sendopossível traçar algumas similaridades entre os dois autores. De forma semelhante,as lendas que impeliram as expedições em direção à serra do Sabarabuçu, o“desejo do desconhecido”, movimentaram os bandeirantes em direção às minas queficavam na margem do Rio Cuiabá. As primeiras notícias das “riquezas das minas”encheram de “satisfação o espírito aventureiro dos paulistas daquela época”. Essasexpedições utilizavam essencialmente os rios, sendo definidas como monções, eusavam o rio Tietê para adentrar o continente217. Quatro meses de penosaexpedição, e apesar de “acostumados às custosas e arriscadas excursões ao interiordo país”, os bandeirantes cogitavam encurtar esse tempo abrindo um novo caminhoaté as minas218.As tentativas de abrir um caminho mais curto tiveram início com BartolomeuPais de Abreu, que tinha “conhecimento do país por ele palmilhado em váriospontos”. Pela região próxima a Sorocaba, Abreu tentava alcançar o rio Grande ou oParaná, entre os rios Aguapeí e Sucuriú, para definir o caminho mais “conveniente”para as minas de Cuiabá. No entanto, o governo da província entregou a tarefa deabertura do caminho à outra associação liderada por Manuel Godinho. Não haviarelatos se Godinho começou sua estrada pelo Rio Grande ou Paraná ou se haviaaberto uma estrada paralela àquela já iniciada por Bartolomeu Paes de Abreu. Gentilde Moura acreditava que a última hipótese era mais aceitável, pela facilidade deconduzir animais e mantimentos partindo de Sorocaba e não do “centro do sertão”.Godinho não teve êxito e também foi substituído. A tarefa liderada finalmente porLuiz Pedroso, após alguns percalços, conseguiu chegar ao Rio Paraná próximo à216 MOURA, Gentil Assis de. O primeiro caminho para as minas de Cuyabá. RIHGSP, v. 13, 1908a.217 Maria Borrego discutiu a representação das monções em Museus e aponta como, principalmente,no Museu Paulista com a direção de Afonso de Taunay, ocorreu a construção de uma narrativa queconfundia as monções com as bandeiras, mesmo que estes dois tipos de expedições tivessemroteiros e objetivos distintos, segundo a autora. Moura escrevendo, em 1908, parece antecipar aconfusão entre os dois termos, confusão que também estava presente em seu artigo de 1914, Asbandeiras paulistas. Quando consideramos a construção de um passado valorativo sobre São Pauloque teve lugar no IHGSP, não era de se estranhar que este e outros autores sócios do Institutofizesse a associação dos dois termos, ambos organizados dentro das expedições paulistas queexploraram o território nacional. BORREGO, Maria Aparecida de Menezes. Perspectivas sobre arepresentação das monções no Museu Paulista e no Museu Republicano de Itu. MIDAS: Museu eestudos interdisciplinares, n. 10, 2019.218 MOURA, 1908a, op. cit., p. 127-129. [Página 82]

saber geográfico a fim de manter a integridade da História. Moura afirma que nãofaltavam documentos históricos para a reconstituição, mas para saber onde taisexpedições ocorreram faltava uma representação do terreno onde se podia assinalaro local e descrever o acontecimento, construir o palco da história, produzir mapas. Aunião entre os dois saberes ocorria, então, nos mapas. Apesar de indicar essanecessidade, Moura também indicava que havia documentos cartográficosproduzidos por explorações e expedições geográficas para auxiliar nareconstituição225.O roteiro ao qual Moura se voltava era o da expedição de Ulrich Schmidl.Moura reclamava do modo “lacônico” que os primeiros roteiros eram escritos,descrevendo rapidamente os lugares e citando poucas referências aos locais pelosquais passavam – levando a uma necessidade de certo grau de adivinhação nareconstituição dos roteiros. Como descrição do caminho, o relato de Schmidl “nãotem a menor importância”. No entanto, pondera que, se fosse possível areconstituição do roteiro dessa expedição, Schmidl trazia uma importantecontribuição para compreender a história dos “dois primeiros séculos do descoberto”.

Moura expõe que Schmidl, após servir vinte anos no Paraguai, fora chamadoa retornar à seu país natal em 1552, que hoje corresponde a Alemanha. Tendopartido em dezembro do Paraguai, seguiu em direção ao rio Paraná percorrendo 100milhas por terra durante seis semanas. Ao fim desse tempo, Schmidl atravessa o rioUrquan, prosseguindo para Jurubatuba, Santo André da Borda do Campo e, por fim,São Vicente226.

As poucas referências levavam Moura a utilizar outros relatos. Apartir da informação de que, após sair de Assunção, desertores alcançaram aexpedição de Schmidl na aldeia de Juberic Sabaie, Moura utiliza a crônica daCompanhia de Jesus para descobrir a possível identidade de um desertor. Havendoa ordem da formação de uma expedição para a região do rio Paraguai a fim deconverter indígenas, a empresa teve como guia o padre Antônio Rodrigues, pois elehavia servido como soldado no Paraguai e era versado nos costumes dos índiosCarijós.

Na ocasião do falecimento de Rodrigues, a crônica informava também quehavia participado de uma Armada Castelhana em partes do rio da Prata e voltou aSão Vicente viajando 200 léguas por caminhos pouco utilizados com a intenção de225 MOURA, 1908b, op. cit., p. 168.226 Ibid., p. 168-169 [Página 85]

seguir para Lisboa. Para Moura, Rodrigues era um daqueles soldados desertoresque se juntaram a Schmidl e por isso conhecia o caminho para o Paraguai. A partirda alegação, o roteiro de Schmidl poderia ter similaridades com o roteiro daexpedição jesuíta e, portanto, preencher as lacunas do relato de Schmidl. Nãosendo, no entanto, o único relato que Moura utilizou para reconstituir esse roteiro.Apontado por Moura, ao lado de Derby, como iniciador desse gênero deestudo, há um trabalho de Teodoro Sampaio que é explicitamente um estudo deroteiro intitulado Peregrinações de Antonio Knivet no Brasil no século XVI227 epublicado na ocasião do Primeiro Congresso de História Nacional. Nele, Sampaioafirma que analisava uma narrativa de viagem, um gênero de escrita que não estavaisento de erros, episódios fantásticos, falhas sobre a geografia e etnografia dossertões. Tais erros não significavam que as informações eram falsas, mas tinhamrelação com o tempo em que o autor as escrevia, utilizando fontes não confiáveis eapoiando-se no uso da tradição oral indígena. Em certo momento, Sampaio usava otermo “geografia fantástica” que com as explorações subsequentes foi“esclarecida”228. Joseph Conrad, escrevendo em 1925, buscou dividir odesenvolvimento da Geografia em fases e definiu o período quinhentista comogeography fabulous, ou geografia fabulosa, uma fase de “especulação extravagante”que englobava as visões fantásticas da geografia medieval abarrotando os mapascom gravuras estranhas, mas com precisão de continentes somente teoricamenteconcebidos229. A partir das expedições, o fantástico e o fabuloso eram elucidadosdeixando de ser fantasia e tornando-se real.

Ao se voltar para as expedições, Sampaio afirmava que a “geografia contemporânea” precisava ser bem conhecida para se entender as referências presentes no relato. Indicava-se, como no final do século XVI, somente o litoral era conhecido e tinha a posse garantida, seja por Portugal ou Espanha. Pelo sertão, o interior, os limites não eram certos e não se tinham conhecimentos sobre a região, como a crença de que os rios São Francisco, Amazonas e o da Prata nasciam no mesmo local. No relato de Knivet, por exemplo, se expunha que a origem do rio Jaguari, explorado pela expedição de Jaguari, explorado pela expedição de Martim de Sá, em torno de 1593, e da qual ele fez parte, eram as “montanhas do Potosí no Peru”. Sampaio caminhava pelos erros e fantasias de Knivet. Indicando que as terras do Paraguai eram repartidas em três territórios (Guairá, Paraguai, Tucumán), o território de Tucumán, mais conhecido por ser próximo das minas de Potosí, não raro nomeava o todo.

Ao fugir da bandeira de Martim de Sá, Knivet escreveu que atravessou essa província, mas Teodoro Fernandes Sampaio (1855-1937) indica que possivelmente ele ainda estava em território português pelo relato de um volumoso rio que, pelo relato, Sampaio identifica como sendo o rio Tietê. Ainda, Knivet descrevia uma “montanha de todos os metais”, a qual Teodoro Fernandes Sampaio (1855-1937) identificava como o morro de Araçoiaba, em São Paulo, no qual sertanistas mineiros haviam encontrado ouro e prata, aceitando que sua hipótese sobre o rio Tietê estivesse correta.

Contudo, se o conhecimento da “geografia contemporânea” era importante,também era importante o conhecimento da “geografia brasílica” do século XVI. Emum exemplo, Sampaio aponta para o fato de que os rios da costa ao sul de SãoVicente tinham uma grande variação de nomes. Ocorrendo grande presença depatos selvagens pela extensão da costa, o que criava grande confusão com o termoque se repetia em variados locais como “rio dos Patos”, “porto dos Patos”, “lagoados Patos”. O relato de Knivet também descreve a navegação por um rio dos Patosaté sair em uma baía onde, em uma ponta, se localizava uma aldeia. Um então riodos Patos foi descrito por Gabriel Soares de Souza em seu Roteiro Geral do Brasil,de 1587, desembocando próximo à Ilha de Santa Catarina. Sampaio pontua que orio que desembocava próximo à Ilha não contava com essas características. Aquestão, segundo Sampaio, direcionava-se para o nome primitivo do rio Ribeira doIguape, que também se chamava rio dos Patos, e que contava com ascaracterísticas correspondentes ao relato: largo trecho navegável, a baía a qualSampaio associa a barra formada no estuário e a ponta onde se localizava a aldeia,identificadas como a ponta da Jureia e a aldeia de Peruíbe – onde padres jesuítashaviam construído uma igreja em 1559231. O relato de Knivet “pelas minúcias comque é feita e pelos dados geográficos e históricos que a enriquecem” proviaimportantes informações para a história da ocupação e do povoamento do Brasil,mas não tinha o mesmo valor para “a história dos descobrimentos dos nossos230 SAMPAIO, 1915, op. cit., p. 362-365.231 Ibid., p. 366. [Páginas 86 e 87]
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