A vila de São Paulo do Campo e seus caminhos, Revista do Arquivo Historico Municipal de São Paulo, 2006. Eudes Campos
2006. Há 18 anos
tal como as demais regiões citadas conjuntamente com ela, Piratininga a nor-noroestee Piqueri a nordeste. O caminho que ia para o norte era conservado ainda pelosmoradores que mantinham gado nas pastagens do Guaré e o traziam à vila (ATAS, V.1,p. 374). Esse caminho não era senão um ramal da vereda indígena que ligava Jeribatiba aPiratininga, da qual se separava na altura da atual Praça João Mendes. Seguia então peloleito da Rua de São Gonçalo (lado esquerdo da atual Praça da Sé), continuava pelo trechoinicial da atual 15 de Novembro, virava abruptamente na Rua 3 de Dezembro e tomavaa Boa Vista, acompanhando as curvas de nível do relevo local, até o Largo São Bento. Apartir daí, percorria a Rua Florêncio de Abreu e a Avenida Tiradentes até atingir a Várzeado Tietê, onde já havia, em 1584, uma ponte muito importante chamada Ponte Grande(ATAS, v.1, p. 237).A região do Guaré, como é sabido, correspondia ao atual bairro da Luz, enquanto Piratininga, pelas deduções de Afonso de Freitas, se estendia para nor-noroeste, a partir do bairro do Bom Retiro. Quanto ao Piqueri, região habitada pelos índios Piqueris, em que se situava a fazenda de Brás Cubas, jazia também à margem esquerda do Tietê, mas a montante (a nordeste da vila), nas proximidades de onde desaguava o Ribeirão Tatuapé, conforme se conclui da leitura da sesmaria concedida a Cubas em 9 de agosto de 1567 (ABARCA, 1997, p. 18-19). Nessa carta de sesmaria existe mesmo uma passagem que atesta, de acordo com a interpretação de Afonso de Freitas, a existência de um caminho vicinal ao longo da Várzea do Tietê, pondo em contato Piratininga e o Piqueri (FREITAS, p.192). O caminho que seguia para o norte embora fosse uma derivação da vereda Jeribatiba-Piratininga acabou por superar em importância o trecho da trilha que se direcionava para o nor-noroeste, ou seja, que ia à região de Piratininga. Para sudoeste se desenvolvia o “caminho do sertão”, passando pela aldeia dos Pinheiros e pela Embuaçava, como então era denominado o encontro das águas do Tietê e do Pinheiros. Essa vereda nada mais era do que uma fração do ramal paulista do Peabiru já mencionado. Ia-se por ela, saindo talvez pela aludida Porta Grande, porta que parece ser a mesma descrita numa escritura de 1589, também já referida, como “a que foi de Affonso Sardinha” (JORGE, 1999, p. 41), personagem responsável em 1584 pela manutenção do caminho dos Pinheiros (ATAS, v.1, p. 238). Seu trecho inicial, nas [A vila de São Paulo do Campo e seus caminhos, Revista do Arquivo Historico Municipal de São Paulo, 2006. Eudes Campos. Página 21]