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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, vol. LXXI
8 de agosto de 202204/04/2024 20:54:31

*Data não encontrada"Partindo de Assunção, desceu o Paraguay e subiu o Paraná até a barra do Iguassú; dai seguiu pela margem direita até a altura do rio Cotegipe; em seguida atravessou os rios Piquery, Cantú e outros afluentes desses rios; transpôs a serra da Esperança, passou pelas cabeceiras do Corumbay, e foi cruzar o Ivahy nas cabeceiras do TIbagy, onde deixou o caminho para Santa Catarina, pelo qual subiu Cabeça de Vaca. Aí, tomando a esquerda, pendeu para as matas do vale de Assunguy, passou pela Aldeia dos Bilreiros e de Carieseba, onde logo adeante encontrou a encruzilhada do caminho que descia para Cananéa.

Prosseguindo, porém, sempre à esquerda, deixou o Vale de Assunguy, e foi sair nos Campos de Faxina, Capão Bonito e Itapetininga, pelos quais seguiu até as proximidades de São Miguel Arcanjo, deixando outra encruzilhada que servia para ligar Cananéa à região de Piratininga.

Desse ponto, passando pelos campos de Sarapuhy, e de Sorocaba, foi sair em Bieasaie, mais tarde Maniçoba, ou Japyuba e hoje Itu, donde procurou o rio Tietê por cujas margens seguiu até as proximidades do rio Jurubatuba. Descansou três dias na Aldeia desse nome até que finalmente chegou a Santo André". [Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, vol. LXXI. Página 13]

Os bandeirantes, nas suas entradas pelo sertão, apenas usavam tambores. Em 1659 já há notícias sobre a existência de mestres de capela nas igrejas matrizes de Itu, Parnaíba e Sorocaba. Um dos primeiros mestres da capela matriz de São Paulo foi Manuel Vieira de Barros, nomeado em 1657. [Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, vol. LXXI. Página 62]

De Maniçoba precisamente é o que venho tratar. De Maniçoba, como dizem quase todos os textos jesuítas antigos, ou Mandiçoba, como se encontra no manuscrito do Diálogo sobre a conversão do Gentio do Padre Manuel da Nóbrega. Maniçoba ou Mandiçoba vem a significar simplesmente a "folha ou pé de mandioca". Da aldeia primitiva seguia para São Vicente, parte daquela farinha, que iria ser consumida pelos meninos do colégio de Leonardo Nunes: "a farinha vem-lhe de longe - nos conta Ambrósio Pires, reportando-se a certo testemunho sobre Nóbrega -; primeiro é podre que comida".

Não longe de Itu está a Serra do Japi... Maniçoba, segundo Simão de Vasconcelos recebia ainda outro nome, o de Japiuba. Japiuba quer dizer apenas "árvore dos Japis ou Japus", certo pássaro que aqui deveria ser frequente, vulgarmente conhecido como Guacho ou Checheo, cujos ninhos nos aparecem formando verdeiros penduricalhos sob as árvores do campo. João Mendes de Almeida e Teodoro Sampaio sugerem outras interpretações para o nome da serra. Penso, entretanto, que as explicações mais simples são as que mais se aproximam, neste caso, da verdade.

Quanto à localização da Aldeia de Maniçoba, nenhum outro texto histórico se avantaha ao da Historia de la fundación del Colegio del Rio de Enero, atribuível ao Padre Quirício Caxa, que a teria redigido pelo ano de 1575. "Neste tempo - traduzimos aqui o texto espanhol - foi o Padre Manuel da Nóbrega com outros vários da Companhia a Maniçoba, trinta e cinco léguas pelo deserto adentro, junto a um rio donde embarcam para os Carijós. Ali deixou uma casa feita, com alguns da Companhia, onde rediriam um ano, fazendo muito fruto entre os nativos, e dai se tornaram a São Vicente.[Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, vol. LXXI. Página 392]

Teria sido Nóbrega o primeiro jesuíta a chegar a Maniçoba? Em sua famosa carta de 31 de agosto de 1553, escrita em Piratininga, ele mesmo nos aponta como batedor nessa sua jornada ao Irmão Pero Correia... Podemos, entretanto, arriscar nova pergunta: seria essa a a primeira vez que Pero Correia perlustraria esses caminhos? Em duas cartas suas do mês de jungo de 1551, nos descreve ele rápidos traços uma excursão apostólica, na qual, com outros cinco irmãos, acompanhou ao Padre Leonardo, em busca de certo cristão, que havia oito ou nove anos se desgarrara no meio dos selvagens.

"No caminho pusemos alguns quinze dias, a maior parte deles por um rio abaixo, que vai por entre mui grandes montanhas e despovoadas, onde nos faltou mantimento. A descida pelo rio gastou oito a nove dias. Serafim Leite aponta com razão o Tietê como sendo esse rio. No trajeto, rio abaixo, faltando lugar na canoa, teve Leonardo Nunes que descer a nada uma légua... Se comparamos com a excursão de Anchieta no ano de 158, que levou oito dias de Piratininga até Araraitaguaba, chegamos à conclusão de que o Abarèbebê e, com ele, Pero Correia já haviam estado em Maniçoba.

Voltemos, porém, á "peregrinação" de Manuel da Nóbrega. Ela se enquadra totalmente no seu projeto de missão entre os Carijós do Paraguai. Sobre o início da catequese entre os Tupis do Campo, eis o que pensava ainda a 12 de junho de 1553:"com eles gastaremos o tempo até vir o Irmão Correia da Bahia (para onde pretendia enviá-lo...), para entrar pela terra dentro".

Registrando no ano seguinte carta de Nóbrega, assevera Luis da Grã, ainda na Bahia: "Sua determinação... era ter esta casa, por ser cabeça, e a de São Vicente, por ser a entrada para um gentio, em que se espera mais fruto que neste". [Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, vol. LXXI. Página 393]

A circunstância de que a residência ali fundada tivesse durado alguns anos, como quer Vasconcelos, já não é exata. Principiada em meados de setembro de 1553, encerrou-se pelos fins de agosto do ano seguinte. Sobreviveu "quase um ano inteiro" - assevera Anchieta. Em Maniçoba deve ter permanecido Nóbrega dois ou três meses, pois em dezembro, à chegada do reforço vindo da Bahia, já se encontrava em São Vicente, onde os recebeu. [Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, vol. LXXI. Página 395]

Retiraram-se os missionários... E poucos meses depois, em fim de março de 1555, narra o mesmo Anchieta, no seu post-scriptum à última "Quadrimestre" citada: "Soubemos agora (fevereiro de 1555) que os nativos quase todos caíram em grave doença e a maior parte morreram na Aldeia de Maniçoba, de que expulsaram os irmãos da Companhia, ocupados em ensinar aos infiéis a doutrina de Cristo". Os restantes, como soia acontecer, devem ter abandonado o local da mortandade, buscando novos artes incontaminados no seio da natureza virgem.

Passados treze anos, é o próprio Anchieta, já agora sacerdote quem se dirige, em companhia de Vicente Rodrigues, do Português Manuel Veloso Espínola e de um grupo de nativos cristãos a esta mesma região da antiga Aldeia de Maniçoba. Últimos meses de 1568. Vem recuperar para a vida cristã e civilizada dois criminosos, foragidos com suas famílias para o meio dos selvagens arredios do Anhembi, Domingos Luis o Grou e Francisco Correia.

Embarcando em Araraitaguaba numa improvisada canoa de casca, naufraga na cachoeira de Avaremanduava, légua e meia mais abaixo, e é salvo miraculosamente das águas do rebojo pelo nativo Araguaçu. O acontecimento positivamente histórico se redoura com o halo da lenda... Mas até hoje, ali, em falta de outro monumento (até 1817 existia no local um cruzeiro comemorativo), o próprio topônimo relembra a "memória do padre", Avaremanduava!

Em 1570, na Igreja de São Paulo de Piratininga, mais uma vez preservada por Anchieta dois anos antes, de um possível ataque de selvagens, realizava-se o matrimônio cristão de Manuel Fernandes Ramos, português de Moura, com Suzana Dias, mameluca nascida em São Vicente. Suzana, por Beatriz sua mãe, descendia de Tibiriça, neta quiçá de João Ramalho. Nesta igreja do Colégio, Anchieta, diretor do catecismo, lhe modelara à jovem Suzana a consciência religiosa. Venerava-o ela. E deu a respeito de sua santidade belo depoimento, a 5 de abril de 1622, no Processo Informativo para sua beatificação.

Batizou-lhe anos depois o padre José de Anchieta um dos numerosos filhos... Teria sido André, o cofundador de Santana do Parnaíba? Seria Balthazar, o fundador de Sorocaba? E por que não Domingos, o fundador da cidade de Itu? Se foi este, eis um vínculo histórico a mais que, através do Apóstolo do Brasil, viria ligar Itú à Companhia de Jesus. Pelas mãos de um provável bisneto de João Ramalho, quando menos de um primo daqueles temíveis |Ramalhos destruidores de Maniçoba, reimplantava-se nestes lugares predestinados a vida e a civilização. [Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, vol. LXXI. Páginas 400 e 401]
Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, vol. LXXI

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