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“Canibalismo, nudez e poligamia”, 31.07.2022. Adriano César Koboyama
31 de julho de 2022, domingo. Há 2 anos
Ver Sorocaba/SP em 2022
178 registros
Há na História de Sorocaba silêncios inexplicáveis. A historiografia sorocabana prega que os nativos não estabeleceram povoados na região, ou ao menos, que partiram daqui antes de 1654 [49]. De fato, Luís Castanho de Almeida (1904-1981), principal "arquiteto" da versão oficial de Sorocaba, adotada em 1954:

"Da passagem dos grupos tupi por Sorocaba, em seu nomadismo, a certeza é completa. No século da descoberta havia indígenas transitando por Sorocaba, por um caminho terrestre-fluvial que ligava o litoral Atlântico, onde seria São Vicente, ao Paraguai."

E vai além, fala de um “sistema viário”, “feixe de comunicações no qual Sorocaba era o ponto de passagem”. Os limites dos vários grupos tupí-guaranís. Sorocaba era, já então, uma encruzilhada aonde convergiam, por onde viajavam e se limitavam, os tupís do Tietê, os tupiniquins e guaianazes de Piratininga, os carijós dos campos de Curitiba, os guaranís do Paranapanema e outros guaianazes, talvez, das nascentes dêsse rio".

Erik Petschelies, em "Fragmentos de História: índios e colonos em Sorocaba - 1769-1752" (2012), diz que "a historiografia sorocabana exclui dessa dinâmica os nativos, reservando-lhes um papel secundário na formação da vila de Sorocaba, e deslocando a sua existência a tempos imemoriais". E faz uma crítica incisiva:

"Conceitos foram manipulados construindo um discurso histórico que endossa uma visão eurocêntrica acerca dos povos ameríndios, transformando uma rica pluralidade cultural em um juízo vago e genérico, da mesma forma como foi feito por colonos e sertanistas que devastaram inúmeras culturas indígenas e os culparam por sua primitividade, a favor de um modelo de desenvolvimento que subjuga a alteridade e a condena moralmente, destituindo os nativos de sua presença histórica." [49]

Pedro Taques de Almeida Pais Leme (1714-1777), confessou ao primo Frei Gaspar da Madre de Deus (1715-1800) "parecer que havia firme propósito da parte dos historiadores em ocultar a origem nativa" de um personagem importante no contexto aqui escrito.[42]

CARIJÓS

Ao descortinar a história de Sorocaba, nos aproximamos de citações aos Carijós, possivelmente um dos maiores subgrupos, sendo grandes agricultores, rapidamente foram notados pelos colonizadores e religiosos.

Antes mesmo da fundação da capitania de São Vicente, já havia um notável tráfico de escravizados no litoral sul e, na metade do século XVI, muitos escravizados presentes nos engenhos de açúcar eram de origem carijó, justamente por conta de algumas de suas habilidades que sobressaiam aos olhos colonizadores. [51]

O centro de Sorocaba, apontado como local onde pudesse ter havido uma grande concentração de aldeias era justamente o primeiro local a ser habitado, como o foi por Diogo Domingues Vidigal, proprietário de vasta escravaria carijó. [49]

Washington Luís (1869-1957), 11° presidente do Brasil e "confidente" de Luiz Castanho já explicara que "depois das grandes lutas entre Tupiniquins e Carijós, os Tupiniquins povoaram a região de Sorocaba e seus sertões". [47]

Simão de Vasconcelos (1597-1671), fazendo com curiosidade diligência por vários escritos de antigos, e pessoas de experiência entre os nativos, com mais propriedade julgou, que toda esta gente se deve reduzir a duas nações genéricas, ou a dois gêneros de nações somente, as quais dividam depois e que os Carijós representavam a melhor nação do Brasil. [23]

PRIMEIRA ESCOLHA NÃO FOI SÃO PAULO

Segundo o Padre Serafim Leite (1890-1969):

"a fundação de Maniçoba região de Sorocaba [3] em 29 de agosto de 1553 é a certidão de idade de São Paulo, não ainda a do seu baptismo, porque a nova povoação só daí a alguns meses se baptizaria. A certidão de baptismo é de 25 de janeiro de 1554, em que a Casa-Colégio se inaugurou e dedicou a São Paulo, nome que prevaleceu ao de Piratininga. Sucede com as terras o mesmo que com os homens, que umas vezes celebram o dia do nascimento, outras o do onomástico."

Em 1553 Nóbrega escreveu que os Carijós dessa aldeia “há muitas gerações que não comem carne humana. As mulheres andam cobertas. Não são cruéis em suas guerras como estes da costa (Tupi) porque somente se defendem (...)” [4]

Ao final desse ano chega o padre José de Anchieta (1534-1597), que como outros cronistas da época, se chocou com a liberdade sexual dos nativos. Escreveu ele:

… as mulheres andam nuas e não sabem negarem-se a ninguém, mas até elas mesmas cometem e importunam os homens, jogando-se com eles nas redes, porque têm por honra dormir com os cristãos”.

Logo após se estabelecerem São Paulo de Piratininga, Anchieta escreve em março de 1554:

"Ocupamo-nos aqui em doutrinar este povo, não tanto por este, mas pelo fruto que esperamos de outros, para os quais temos aqui abertas as portas. A estes seguem inumeráveis gerações para o ocidente pelo sertão (..) as quais são na verdade muito mansas e facilmente se chegam á razão.

A casta de nativos grandemente disseminada por toda a parte (á qual chamam Carijó), em nada diferente destes no alimento, no modo de viver e na língua, todavia muito mais mansos e mais prósperos á coisas divinas, o que claramente conhecemos pela conversação de alguns que conhecemos aqui entre nós, bastante firmes e constantes, cujas casas fazem de boa mente, comprando-lhes o necessário para o uso da vida e com quem vivem em amigável disposição.

São todas sujeitas a um principal, vive cada um separadamente em sua casa com mulher e filhos, não se alimentam por maneira alguma de carne humana, e aos quais, se se anunciar a palavra de Deus, não é duvidoso que mais se aproveitará em um mês com eles, do que com estes em um ano.

Os quais cremos que se avantajam a todos estes, não só no uso da razão, como na inteligência e na brandura de costumes. Obedecem todos estes a um único senhor, tem grande horror á carne humana, vivem satisfeitos com uma só mulher, e resguardam cuidadosamente as filhas virgens (o que outros não curam) e a ninguém, senão ao próprio marido, as entregam.

Se a mulher cai em adultério, o marido mata-a; se porém ésta, evadindo-se das mãos do marido, foge para a casa do principal, é recebida benignamente e conservada por este, até que se abrande a cólera do marido e ele se aplaque. Se alguém faz sua, por furto, a coisa alheia, é levado á presença do principal, e este ordena que seja açoitado pelo algoz.

Não creem em idolatria alguma ou feiticeiro, e levam vantagem a muitíssimos outros em bons costumes, de sorte que parecem aproximar-se da lei mais conforme á natureza. Os Carijós e alguns dali para avante,por ser terra muito fria, usam de peles de veados e outros animais que matam e comem, e as mulheres fazem uns como mantas de algodão que cobrem meio corpo.
[45]

Visto que a cronica não refere senão a três caciques, Tebir-içá, Piquiroby e Cayubi, quem seria Principal já Cristão, por nome Martim Afonso de Mello [24], faminto por carne humana, entristeceu Nóbrega e Anchieta em 1555?

E quem seria o cacique dos Carijós? Anchieta disse que na ocasião recebeu sua visita:

"senhor de uma vasta terra, e veio com muitos dos seus servidores só á nossa procura, afim de que corramos ás suas terras, para ensinar, dizendo que vivem como bestas feras, sem conhecer as coisas de Nosso Senhor. Diogo-vos, caríssimos Irmãos, que é um mui bom cristão, homem mui discreto e nem parece ter coisa alguma de nativo. Com ele resolveu-se o nosso Padre Manuel ir ou mandar alguns." [45]

17 INDÍCIOS DOS CARIJÓS EM SOROCABA



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Destaques
• Afonso Sardinha, o Vel.. (13)4,60%
• Balthazar Fernandes (1.. (10)3,54%
• José de Anchieta (1534.. (9)3,19%
• Domingos Luís Grou (15.. (9)3,19%

• Estradas antigas (31)10,9%
• Geografia e Mapas (23)8,12%
• Ouro (21)7,42%
• Nheengatu (19)6,71%


1° de fonte(s) [27222]
Capítulo da História Colonial, 1907. Capistrano de Abreu (1853-1923)
Data: 1907, ver ano (32 registros)

Não se imagina presa mais tentadora para caçadores de escravos. Por que aventurar-se a terras desvairadas, entre gente boçal e rara, falando línguas travadas e incompreensíveis, se perto demoravam aldeamentos numerosos, iniciados na arte da paz, afeitos ao jugo da autoridade, doutrinadas no aba-nheen?


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2° de fonte(s) [25969]
“A criação das Missões Jesuíticas”, Eduardo Bueno em “Canal Buenas Idéias” youtube.com/watch?v=jSJ_VWKs2Uw
Data: 27 de março de 2019, ver ano (202 registros)

á tinham tomado contato com os episódios trágicos que resultaram3:47na escravização dos índios Carijó.3:49Você já viu isso aqui, no "Não Vai Cair no ENEM", no marcante episódio "Índios do3:55Sul", que a costa brasileira era toda ocupada pelos aguerridos tupis e que, do Paraná para4:01baixo, Santa Catarina e parte do Rio Grande do Sul, vivia a nação Carijó, chamada "o melhor gentio da costa", né, as melhores pessoas da costa.4:11Por quê? Porque além de não serem violentamente agressivos, aguerridos, dispostos a atacar ao primeiro encontro, eles acima de tudo não professavam a antropofagia, não eram comedores de carne humana, não eram canibais. Isso já os diferenciava brutalmente dos tupis. E os paulistas, os vicentinos, saídos de São Vicente, uma das primeiras cidades fundadas no Brasil, se não a primeira, se discute, 1532.4:42Os vicentinos e paulistas (São Paulo, criada em 1554), partiu em caravelões e escravizaram4:4860 mil guaranis... 60 mil CARIJÓS!4:53Virtualmente exterminando essa nação ali do Paraná e Santa Catarina.4:58A partir dos relatos obtidos pelos próprios Carijós e também pelos aventureiros que5:04tinham percorrido o caminho do Peabiru...5:07Você também já viu isso nesse fascinante canal que é o Buenas Ideias, graças ao "Não5:14Vai Cair No ENEM" você aprendeu que existiu uma rede de trilhas indígenas pré-históricas5:20cujo centro era São


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3° de fonte(s) [26876]
“Notas sobre a evolução da morada paulista”. Luiz Saya (1911-1975)
Data: 1957, ver ano (98 registros)

Na Ata de 24 de Dezembro de 1612, os moradores da vila de São Paulo se queixavam de que os homens que iam ao sertão e ajudavam a “vir o gentio carijó que voluntariamente vêm para esta capitania [de São Vicente] e os moradores lhe saiam ao caminho com suas ferramentas [e] mantimentos para os ajudarem a vir e deseja-lhes com isso granjear as vontades e ver se os querem servir pagando-lhes com vestir e doutrinar e o dito administrador [dos índios Mateus da Costa Amorim] os avexa com excomunhões sendo a jurisdição real de Sua Majestade e suas justiças não indo contra direito nenhumda Santa Madre Igreja porque não dão guerra a ninguém nem levantam bandeira...” 5

E é aqui que a bandeira sai do baú onde se guardavam os pertences da Câmara e se torna símbolo, por metonímia, de uma expedição militar, mesmo que a intenção belicosa seja do inimigo, no caso o índio: levantar a bandeira em uma lança significa ter intenção agressiva declarada. No caso específico, a intenção do gentio carijó que vinha a São Vicente não era agressiva, pois não levantavam bandeira e nem faziam guerra a ninguém.

Nesse pequeno trecho está resumida toda a problemática daquilo que seria tratado no futuro como o /ciclo das Bandeiras Paulistas/:

os índios vinham voluntariamente ou involuntariamente ao encontro dos paulistas? os índios eram escravizados ou trabalhavam em troca de uma recompensa em termos de alimento, vestuário, moradia e alimentação? nos conflitos entre os paulistas e a Santa Madre Igreja – sendo que nesse momento em São Paulo a Santa Madre Igreja era fortemente (se não totalmente) representada pela Companhia de Jesus – qual era a posição da jurisdição real de Sua Majestade? e o que podemos entender por jurisdição real de Sua Majestade em um momento que o rei era espanhol, mas a administração era portuguesa?


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