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Náufragos, traficantes e degredados: As primeiras expedições ao Brasil
199805/04/2024 05:26:44

qual se livrou apenas para deparar com um pirata bretão. Sem alternativa,Paulmier preferiu jogar o L´Espoir contra os recifes; seus marinheiros nadaram paraterra, lutando para encontrar refúgio antes que fossem mortos pelos piratas.Em 20 de maio de 1505, 28 homens famintos e esfarrapados entravam a pé emHonfleur. Eram os únicos sobreviventes da expedição de Binot Paulmier, entre osquais se incluíam ele próprio e seu afilhado, o jovem “príncipe” Carijó Essomeriq.Toda a carga do L´Espoir afundara ou fora saqueada e a Binot Paulmier restouapenas o frágil expediente de denunciar a violência dos piratas às autoridades locais.4Vendo-se, assim, impossibilitado de cumprir a promessa de levar Essomeriq devolta ao pai, Binot de Paulmier decidiu casá-lo com sua própria filha, Marie Moulin,e o fez herdeiro de todas as suas propriedades. Por mais de meio século, Essomeriqviveu em Honfleur, onde se tornou um cidadão conhecido e respeitado, com muitosfilhos, netos e bisnetos. O príncipe indígena morreu em 1583, aos 94 anos. Em 1658,um de seus descendentes, Jean Paulmier, tornou-se abade e escreveu um livro,dedicado ao papa Alexandre VII, solicitando que se enviassem missionários ao suldo Brasil. Mas, então, os Carijó já estavam quase extintos, escravizados porbandeirantes e mamelucos de São Paulo.5Embora a viagem de Binot Paulmier de Gonnevilletenha se configurado um fracasso comercial, ela pareceter alertado definitivamente os normandos para aexistência do Brasil – um território amplo demais paraque os portugueses pudessem controlar e no qual amadeira corante que tanto interessava à indústria têxtilda Normandia podia ser recolhida com facilidade. Nãose sabe quantos navios normandos e bretões seguirama rota aberta por Gonneville, mas com certeza foramdezenas. Raro é o relato feito por expediçõesportuguesas subsequentes no qual não se mencione apresença de pelo menos uma nau francesa avistada emalgum ponto do litoral brasileiro.AS VIAGENS DOS IRMÃOS VERRAZZANOPor volta de 1524, os marinheiros normandos jáhaviam reconhecido (e ajudado a cartografar)praticamente toda a costa brasileira do Maranhão aoRio de Janeiro, embora suas expedições continuassemsendo esparsas. A ligação marítima entre Honfleur- [oi]

21 de agosto de 1516. A frota era composta por três naus e levava cerca de 300tripulantes; entre eles, como se viu, os primeiros colonos que vieram para o Brasil.Mas a missão de Jaques não era apenas defensiva e colonizadora. Pouco antes departir, ele fora nomeado “comissário do pau-brasil” – ou seja, era o responsável portoda a organização do comércio da madeira corante, empreendimento que a Coroadeixara de privatizar e assumira para si a partir de 1515.Por isso, Cristóvão Jaques navegou diretamente para a feitoria de Cabo Frio, queAmérico Vespúcio havia fundado em 1504. Ao chegar lá, encontrou oestabelecimento abandonado: o feitor João de Braga, que havia sido deixado ali em1511 pela nau Bretoa, havia seguido os desterrados João Lopes de Carvalho e PedroAnnes e se mudara para a baía dos Inocentes, no Rio de Janeiro.Jaques então zarpou em busca da feitoria carioca, fundada por Gonçalo Coelho.Ao chegar ao Rio, em outubro de 1516, foi informado por João de Braga que acaravela do espanhol Francisco Torres tinha acabado de partir rumo a Sevilha –com o porão abarrotado de pau-brasil roubado aos portugueses e ainda levandoconsigo os dois desterrados, João Lopes de Carvalho e Pedro Annes. Braga dissetambém que a segunda caravela que fazia parte da expedição de Solís estava“atrasada” e ainda não passara pelo Rio. Disposto a interceptar os intrusoscastelhanos, Jaques partiu para o sul.

Ao aportar na ilha de Santa Catarina, ele soube que o navio que procurava havianaufragado ali um mês antes. Jaques então desembarcou e logo conseguiu capturarsete dos 11 náufragos. Esses homens tinham se refugiado entre os pacíficos Carijó,habitantes da ilha e das suas vizinhanças. Com os espanhóis presos, Jaques retornoupara a feitoria do Rio. Ali, carregou uma de suas naus com pau-brasil e a envioupara Lisboa, com os sete prisioneiros a bordo, enquanto ele próprio permanecia noBrasil.

Em 22 de abril de 1517, após uma sinuosa negociação diplomática, os setenáufragos de Solís acabaram sendo trocados por Estevão Fróis e seus 11marinheiros, que, como já se viu, estavam presos havia três anos. Embora o acordotenha libertado Fróis de uma situação aflitiva e potencialmente letal, Cristóvão Jaquesparece ter se indignado com o desfecho da negociação. Quando soube que os homensque ele capturara tinham sido libertados. ficou com a sensação de que os havialivrado “do desterro entre selvagens e lhes fornecido passagem grátis para acivilização”.10 Jaques jamais voltaria a recolher os náufragos que encontrou noBrasil e no Prata.Enquanto as Coroas de Portugal e Castela articulavam a troca de prisioneiros, [Náufragos, traficantes e degredados: As primeiras expedições ao Brasil, 1998. Edurado Bueno. Página 103 do pdf]

um herói castelhano.Apesar da perda de quatro navios e da morte de 247 homens, a expedição deulucro para seu financiador, Cristóvão de Haro. A Victoria trazia 520 quintais decravo, além de grande quantidade de canela e noz-moscada. Só essas 25 toneladas decravo foram vendidas por 7.888.634 maravedis. Para a Coroa castelhana, porém –além da notícia de que nos confins da América do Sul havia um estreito que conduziaao Oriente –, o melhor foi saber que Málaca e as Molucas de fato ficavam dentro dazona espanhola da demarcação.A SEGUNDA VIAGEM DE CRISTÓVÃO JAQUESEm novembro de 1521, enquanto os navios da frota de Magalhães estavamchegando à ilha de Tidore, a mais rica das Molucas, Cristóvão Jaques partia deLisboa para sua segunda viagem ao Brasil. Dessa vez, sua missão era explorar ogrande estuário que Estevão Fróis e João de Lisboa haviam descoberto sete anosantes e no qual Juan Díaz de Solís morrera de forma tão trágica, em janeiro de 1516.Com apenas duas caravelas e 60 homens, Jaques zarpou de Portugal direto para ailha de Santa Catarina. Ao chegar ali, recolheu um dos náufragos de Solís que elenão tinha conseguido capturar em setembro de 1516. Esse homem era português e sechamava Melchior Ramires. Durante os últimos cinco anos, junto com outros seisnáufragos (provavelmente também do navio de Solís), Ramires tinha vivido entre osíndios Carijó, no lugar que ficaria conhecido como porto dos Patos.Melchior Ramires não apenas estivera com Solís no rio da Prata como, durantesua longa estada em Santa Catarina, tinha recebido dos Carijó a confirmação de queaquele rio de fato conduzia ao reino de um povo riquíssimo, que vivia em grandesmontanhas nevadas. Tal informação era de fato impressionante: afinal, duas tribosinteiramente distintas (os Charrua e os Carijó), vivendo a mais de 1.500 quilômetrosuma da outra (os Charrua na foz do rio da Prata e os Carijó em Santa Catarina),eram capazes de repetir uma história absolutamente igual. Foi a similaridade entreos dois relatos que deu a Melchior Ramires, e aos demais náufragos de Solís, aconvicção de que o tal povo riquíssimo que vivia nas nevadas montanhas do oestedevia de fato existir.Para escapar dos castigos normalmente impostos pelo duro Cristóvão Jaques aosinimigos (ou desertores) de Portugal – ou, talvez, para confirmar ele próprio averacidade das informações que recebera dos índios –, Melchior Ramires concordouem acompanhar a expedição como guia. E assim, no verão de 1522, depois de teremzarpado de Santa Catarina, as duas caravelas lusas entraram no Prata, navegandomais de 200 quilômetros rio acima. [Página 109 do pdf]
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