História do Brasil, 2° "A formação" 1600-1700, 1941. Pedro Calmon Moniz de Bittencourt (1902-1985)
1941
17/04/2024 17:13:11
Os Inquisidores Apostólicos do Perú em carta de 20 de abril de 1620 informaram - aludindo a D. Marcos: "No ano passado avisou-nos de um Inquisidor ou Visitante Geral de Portugal nas costas do Brasil e Angola, que pertencem à coroa portuguesa e que está a apreender muitos portugueses e a esconder-lhes uma grande quantidade de bens e que muitos deles foram fugindo do Brasil como de Portugal e veio para aquele porto (Buenos Aires) e entrou no Peru sem poder remediar o governador...". Em 1619 D. Luiz de Souza fez diligente administração na Baía.
A PRATA QUE NÃO SE ACHOU
Averiguou então o que de verdade havia com as "minas" de Belchior Dias Moréa - assunto que por um século preocupou os sertanistas do nordeste. O neto do Caramurú, após a sua participação na tomada de Sergipe, onde se afazendara, percorrera os sertões do São Francisco até o Paramirim e espalhara a notícia de minas de prata, em continuação das que corriam desde a morte de Gabriel Soares.
Fôra a Madrid, em 1603-1609. Queria altos prêmios pelo descobrimento. Não o atenderam logo: somente em 1617 escreveu el-rei a D. Luiz de Souza: "Foi acertado o que escrevestes" a Belchior Dias Moréa, para dar princípios às cousas das minas de prata... Insistia, em de de junho do ano imediato: "Acêrca das minas que Belchior Dias Moréa oferece descobrir, se vos tem avisado do que hei por bem que se faça, que creio tereis executado, e me avisareis na primeira ocasião do que se fôr fazendo".
E agradecia, em 10 de março de 1620: "Havendo visto a vossa carta com a relação do que resultou da averiguação que pessoalmente fostes fazer da verdade das minas que Belchior Dias Moréa havia oferecido, me pareceu dizer-voz que me houve por bem servido de vós no procedimento que nesta matéria tivestes, e encarregar-vos muito, como o faço, pois aí já não são do serviço dos mineiros de que tratais e buscá-los a este negócio, procureis consertar-vos com eles ou com outros mais práticos se os achardes nesse Estado para irem servis nas minas de Monomotapa".
Participou da expedição o jovem Salvador Correa de Sá e Benavides (filho de Martim de Sá). Lembraria, mais de meio século depois: "Que na éra de 1618, indo seu pai Martim de Sá deste reino a governar o Rio de Janeiro segunda vez, e ele conselheiro voltando em sua companhia, tomando a Baía acharam governando a D. Luiz de Souza, que depois foi Conde do Prado, e lhes pedira fossem com eles as minas de Itabaiana, donde as pedras tinham tanta malacacheta que todos os persuadiram e o mesmo mineiro a que tinham prata; fizeram-se ensaios por fogo e azougue, por este nada, e por aquele fumo". Verificada a inutilidade da viagem o governador - completa a crônica - mandou prender Belchior Dias, que se livrou graças à parentela poderosa, porém tão desgostoso que se retirou para as suas terras de Sergipe e faleceu meses mais tarde: o seu "roteiro das minas" ficou com a Casa da Torre (Francisco Dias de Avila). Por ele se guiou em 1627, numa larga penetração, igualmente infrutífera.
A prata não apareceu: mas se conquistou o deserto. O povoamento seguiu o itinerário dos exploradores e o avanço dos gados, se Sergipe para o médio São Francisco, do Paraguassú para Jacobina, do Itapicurú para os campos secos e extensos do nordeste (caatingas): foi o que compensou as decepções de muitos governadores impressionados pela lenda do "Potosi baiano".
Itabaiana reacenderia na imaginação dos colonos o interesse que despertou a prata de Belchior Dias em 1617: principalmente no período de Afonso Furtado, quando a procurou, com vagar e sem fortuna, D. Rodrigo de Castelo Branco. [História do Brasil, 2° "A formação" 1600-1700, 1941. Páginas 48, 49 e 50]
III
A PRIMEIRA GUERRA DE HOLANDAO perigo francês passara. Renovava-se a ameaça holandesa. À medida que a colonização entrava novas terras o seu problema militar era mais difícil e premente.PRELIMINARESA côrte de Madrid desconfiava dos cristãos-novos em contato com os mercados flamengos. Tomara - em 1617 - uma resolução radical: a expulsão dos estrangeiros do Brasil. Depois a atenuara o rigôr, dando a D. Luiz de Souza arbítrio para reembarcar "alguns que tenha suspeita fundada". É que "se escreve de Amsterdam de como lá os mercadores que já estiveram no Brasil e aparelhavam duas náos poderosas bem providas de gente e artilharia para irem à costa do Brasil ou a dos Ilhéos para lá carregarem de pau-brasil que lá estava já espalhado" (carta de 1617).
Cumpria-lhe, pois, vigiar todo o litoral. Esse rumores significavam o recrudescimento, em Holanda, do interesse pela América, e os preparativos de agressão, desfechada sete anos depois.
Martim de Sá, no Rio de Janeiro, tomara três bateis a uma esquadra flamenga que se chegara à terra para refrescar (era a esquadra de Joris Vas Spilberg, que, em 1615, ia ao Pacífico). Matou 22 e aprisionou 14, entre estes um Francisco Duchs, bem tratado pelo capitão, que o enviou à Baía, onde lhe fizeram melhor acolhida. [História do Brasil, 2° "A formação" 1600-1700, 1941. Pedro Calmon Moniz de Bittencourt (1902-1985). Páginas 52 e 53]
Taubaté (taba-etê), no vale do Paraíba, onde chegara Jacques Felix em 1636-1639, corresponde a uma etapa do deslocamento para as montanhas centrais, terras de purís e cataguazes, talvez as minas de prata e esmeralda de Marcos Azevedo... Munido de uma provisão do capitão-mór de Itanhaém (20 de janeiro de 1636) o povoador levantou primeiro uma casa-forte; em 1645 criou a vila. Desenvolveu-se depressa: e erigiu-se em rival de São Paulo. Domingos Leme foi adiante e fundou Guaratinguetá, em 1651. Taubateanos e paulistas detestaram-se: assim estes e parnaibanos, e sorocabanos, e vicentinos ou santistas... [História do Brasil, 2° "A formação" 1600-1700, 1941. Pedro Calmon Moniz de Bittencourt (1902-1985). Páginas 135 e 136]
VACARIA
Sucessivas expedições asseguravam o domínio português na região da Vacaria, e por vezes puseram em perigo a própria cidade de Assunção no Paraguai. A designação genérica - Vacaria - ligava-se aos campos do Rio Grande entre a serra e os Tapes, cujo roteiro não era mais segredo em São Paulo. Partia-se de Sorocaba. De São Miguel do Paranapanema se seguia para as ruínas de São Xavier e Santo Inácio, donde se navegava - em vinte dias de percurso - para o rio Paraná.
Descia-se este até o Invinhêma. Remontava-se o Invinhema e, nas vertentes, varadas as canoas, os sertanistas rompiam por terra, à procura dos gados bravos ou "cimarrões", espalhados, aos milhares, pelas planuras: a Vacaria.
Em 1694 diria D. Francisco Naper de Lencastro que era inesgotável, essa reserva de gados, e, com apenas dez cavalos, recolhera 700 rezes... No século imediato o itinerário fluvial seria abandonado graças à abertura do caminho que une o rio Pelos aos "campos gerais" (caminho de tropas cujos acampamentos se transformaram em cidades) indo terminar em Sorocaba, principal feira de muares do interior do Brasil durante duzentos anos... [História do Brasil, 2° "A formação" 1600-1700, 1941. Pedro Calmon Moniz de Bittencourt (1902-1985). Página 302]
O ciclo das esmeraldas encerra-se com a destrastosa morte de D. Rodrigo. O da prata desvanecera-se ao mesmo tempo. Essas lendas custavam caro. Mas a obsessão do ouro não largava o espirito crédulo dos paulistas. Não o ouro de lavagem que, com desigual fortuna, iam "bateando" pelos riachos de Iguape, de Curitiba, de Paranaguá - muito escasso para contentar e fixar esses homens andejos.
Em 1682 frei Pedro de Souza fôra examinar as pedras de prata da serra de Biraçoyaba (Sorocaba). O governador do Rio Antonio Paes de Sande teve ordem para " averiguação das minas de ouro e prata de Parnaguá, Itabaiana e Sabarabussú com amplíssima jurisdição", em 14 de janeiro de 1693, mas desistiu dela.
São depois de 1681, viagens obscuras. A região chama-se "dos cataguazes" pelo nome dos índios que a habitavam adiante de Taubaté - núcleo de convergência e irradiação dessas "entradas". Ninguém pensa em pedir sesmarias e demorar-se na terra nova: era o sertão bravo, atrás do qual resplandecia o "Sabarabussú"... José Gomes de Oliveira e seu ajudante Vicente Lopes foram das margens do Paraíba às nascentes do Rio Doce. [História do Brasil, 2° "A formação" 1600-1700, 1941. Pedro Calmon Moniz de Bittencourt (1902-1985). Páginas 445 e 446]
*História do Brasil, 2° "A formação" 1600-1700, 1941. Pedro Calmon Moniz de Bittencourt (1902-1985)
Em 2 de agosto de 1939
Apesar de não ter trabalhado no projeto atômico, de acordo com Linus Pauling, Einstein mais tarde teria se arrependido de ter assinado a carta.
“
Esforce-se de verdade pra diminuir as distâncias geográficas e de estilos de vida.
Porque quanto mais velho você ficar, mais você vai precisar das pessoas que conheceu quando jovem
More uma vez em Nova York, mas vá embora antes de endurecer. More uma vez no Havaí, mas se mande antes de amolecer. Viaje.