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“Histórico do Conhecimento Geológico sobre o Pré-Cambriano Paulista até o ano de 1955”. Renato Henrique Pinto e Valdecir de Assis Janasi (Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo, Departamento de Mineralogia e Geotectônica - São Paulo/SP)
201404/04/2024 23:33:10

PrefácioA região da cidade de São Paulo e arredoresconta com o mais antigo acervo de estudos geológicos do Brasil, que é ao mesmo tempo um dosmaiores existentes. Neste inclui-se o germe dapesquisa geológica brasileira, que cresceu com anecessidade de reerguer a mineração (século XIX),principalmente as minas de ouro, cujo auge deprodução se dera no século XVIII, atingindo seumáximo entre os anos de 1750 e 1760, tal como seobserva na Fig. 1 (Pinto 1979).O advento da primeira Revolução Industrial colocou de maneira imperiosa a necessidade de reajustesprofundos para diversos países. Tanto Portugal comoEspanha (...), lançaram mão de uma série de reformasno intuito de se equipararem à época e, assim, solucionarem seus problemas de manutenção e exploração dosterritórios ultramarinos dentro da nova ordem político--econômica que se configurava. Buscando inspiraçãono aparato mental contemporâneo, as elites ibéricasintroduziram o ideário iluminista, que passou entãoa subsidiar o programa de reformas (Figueirôa 1992).

Não obstante esta investida, também foram as preocupações com as minas de ferro, que deveriam atender às necessidades emergentes pós-Revolução Industrial. O berço da siderurgia no Brasil surgiu com a implantação da fábrica de ferro de São João de Ipanema na província de São Paulo, cuja primeira fundição foi atribuída a Afonso Sardinha, segundo histórico apresentado por Friedrich Ludwig Wilhelm Varnhagen em 1818.

D. Diogo Botelho Entendente das Minas, (...) chegando em S. Paulo em 1609, desiludido de encontrar o Sabarabussú, a serra resplandecente, incentivou o trabalho nas minas de ouro de lavagem e dedicou-se à exploração do ferro em Biraçoyaba; associando-se ao Provedor Mór da Fazenda, Diogo de Quadros e ao cunhado deste, Francisco Lopes Pinto, explorou a mineração de ferro em Santo Amaro, na fabrica construída em 1601, no local chamado Ibirapuera, à margem do rio Jeribatiba (rio Pinheiros) (Martins 1943).

Aluno do Professor Abraham Gottlob Werner,fundador da Teoria Netunista, José Bonifácio deAndrada e Silva (Fig. 2) e seu irmão Martim Francisco Ribeiro de Andrada foram pioneiros autoresque, a partir de viagens científicas, fizeram referência à geologia da Província de São Paulo. Estesescritos contêm em sua essência o ideário Netunista, responsável pela construção dos primeirosalicerces do pensamento geológico no Brasil. [Histórico do Conhecimento Geológico sobre o Pré-Cambriano Paulista até o ano de 1955, 2014. Renato Henrique-Pinto (Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo, Departamento de Mineralogia e Geotectônica - São Paulo/SP) e Valdecir de Assis Janasi (Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo, Departamento de Mineralogia e Geotectônica - São Paulo/SP). Página 3 do pdf]

em descrença, sobretudo na América do Norte eEuropa, e somente após a segunda Grande Guerraconquistou em definitivo o espaço de aceitação nasciências geológicas, com efetiva contribuição degeólogos brasileiros (Almeida 2005, Lavina 2010).O paralelismo entre as costas das Américas e daEuropa-África já havia chamado a atenção do filosofo inglês “Sir” Francis Bacon, que ainda em 1620referiu-se à possibilidade de que tivessem estado ligadas(Almeida 2005).A personalidade de Luís Flores de Morais Rêgo (...)após palmilhar quase todo Brasil, fixou atividadeem São Paulo, em 1928, no Instituto Astronômicoe Geográfico. Em 1931 foi convidado a lecionar naEscola Politécnica de São Paulo onde permaneceucomo catedrático de Geologia e Mineralogia até suamorte em 25-6-1940. (Leonardos 1955).Tomando como referência os três principaisperíodos históricos pautados por Figueirôa (1992,1997), consideramos que a criação da CAGE -Campanha Nacional de Formação de Geólogos,que introduz as primeiras escolas brasileiras deGeologia, inicia o quarto período no processo deinstitucionalização das ciências geológicas no Brasil. Em 1955, o Dr. Juscelino Kubitschek, Presidente daRepública, através do Ministro da Educação e Cultura, o também mineiro e médico, Dr. Clóvis Salgado, compôs uma comissão de 10 membros, presidida peloengenheiro civil Othon Henry Leonardos, para osestudos de implantação dos cursos de geologia no Brasil(...), No final de 1956, aquela comissão concluiu ostrabalhos, com a proposta de criação, já em 1957, de4 cursos superiores, com 4 anos de duração (tempointegral) e procurando reunir os melhores profissionais disponíveis, no Brasil e no exterior, de formaa se alcançar padrões internacionais. Disto resultoua CAGE, responsável pela criação e inicio em abrildos cursos de Recife, Ouro Preto, São Paulo e PortoAlegre (Barroso 1996).A Geologia de São Paulo no século XIX:o alicerce netunistaSegundo o retrospecto histórico dos trabalhosgeográficos e geológicos efetuados na província deSão Paulo, escrito por Orville Adelbert Derby, oprimeiro impulso dado à mineração no Brasil “foidevido à descoberta das lavras auríferas do Jaraguá,perto da capital de São Paulo” (Derby 1889). Estefoi o local da primeira descoberta de ouro no Brasil, segundo uma carta de Braz Cubas, datada de1562, onde já se anunciava a existência de ouro a“30 léguas de Santos”.Affonço Sardinha, e seu filho do mesmo nome, foram,os que tiveram a gloria de descobrir ouro de lavagemnas Serras Jaguámimbába e de Jaraguá (em S. Paulo)na de Ivuturuna (em Parnahiba) e Birácoyaba (nosertão do Rio Sorocaba) ouro, prata, e ferro, pelosannos de 1597. (Leme 1772).

Em cartas enviadas a Wilhelm Ludwig von Eschwege (1777-1855), Friedrich Ludwig Wilhelm Varnhagen (1783-1842) também atribui a Affonso Sardinha a descoberta do minério de ferro em “Araçoiaba”, que Francisco Ignacio Ferreira (1885) afirma ter sido descoberto em 1578. Já as primeiras lavagens de ouro da Serra do Jaraguá começaram a ser exploradas em 1590; tais minas de ouro, segundo Francisco de Paula Oliveira (1892), são também referenciadas por Jean de Laet, na sua obra História do Novo Mundo, em 1640.

A febre do ouro propagava-se por toda a parte e dePortugal partiam os navios conduzindo aventureirose ferramentas para o novo Perú brazileiro (Oliveira1892).No histórico apresentado por Othon HenryLeonardos, coube a D. Francisco de Souza, em 1609o primeiro registro sobre as minas de prata na Capitania de São Vicente (Leonardos 1934). No entanto,um dos primeiros registros sobre a geologia brasileira encontra-se em Diamantes do Brasil, escrito porJosé Bonifácio em 1797, ao passo que, a propósito [Página 9 do pdf]

da geologia paulista, seu irmão Martim de Andradaintroduz a literatura geológica em língua portuguesano Brasil, a partir de o Diário de uma viagem mineralógica pela província de São Paulo no ano 1805.(...) seguiu D. Francisco de Souza para S. Vicente eem maio de 1599 já se encontrava em S. Paulo, (...)ao chegar, dirigiu-se logo em seguida para Araçoyabaou Biraçoyaba (Montanha que encobre o sol), a fimde tomar conhecimento pessoal dos tão falados depósitosminerais, e onde Afonso Sardinha já instalará fornosde fundir ferro. (...) Em 1601, visitou as minas deJaraguá e Vuturuna, onde só fazia a mineração deouro de lavagem. (Martins 1943).A transferência da Família Real portuguesa em1808, que culminou com a abertura dos portos brasileiros, trouxe um progresso quanto aos registrosgeológicos do Brasil Colonial. Muitos viajantesnaturalistas contribuíram para a construção daimagem da América do Sul na Europa Ilustrada,e registros sobre a geologia da Província de SãoPaulo encontram-se nos trabalhos de Mawe (1811),Saint-Hilaire (1822), Spix e Martius (1823) e M.A. Pissis (1848).“Os mapas mais antigos do Brasil” foram estudados por Derby e revelam os registros embrionáriossobre a cartografia brasileira (Derby 1886, 1897,1898). No entanto, o primeiro mapa geológico doterritório brasileiro foi publicado no Jornal do Brasil (Eschwege 1818), trabalho que reúne diversosrelatos sobre o Brasil, e também inclui estudosrealizados por Friedrich L. W. Varnhagen na província de São Paulo.Até a entrada do porto de Santos, a costa é formada porgranito, que freqüentemente passa para gnaisse (...),em algumas regiões encontra-se granada disseminada (...). Ultrapassando, porém, o cume da serra emdireção ao interior, encontra-se (...) xisto argiloso detransição, xisto silicoso (...) e rocha calcária primária,branca e granulada.Sobe-se a serra entre dois cumes (...), e bem em cimachega-se ao platô, que prossegue (...) até além dacidade de São Paulo, que é delimitada pela segundaserra (denominada geralmente Serra da Mantiqueira),que tem direção de leste para oeste. (Eschwege 1818).Varnhagen também relata um pouco da história do ferro em São João de Ipanema, e na Serra de“Araçoiaba”: a implantação da primeira fundição foiatribuída a Afonso Sardinha, que estudara a origemdo ouro primário da serra do Jaraguá, cuja lavagemera executada em aluviões sobrepostos a “xistosargilosos, gnaisses e granitos”. Esta mineralização foi relacionada com um “vieiro de limonita”, provável “rocha matriz” encontrada ao “pé do Morro”.Martim de Andrada e seu irmão José Bonifáciode Andrada e Silva partiram de Santos ao interior deSão Paulo, em 1820, lá descreveram o ponto maiselevado chamado de Monserrat.A rocha é composta de gnais, que passa por vezes aoverdadeiro granito (...) sobre este gnais, aparece, de vezem quando, o xisto argiloso primitivo, que se transforma em algumas partes em micaxisto. (Andrada eSilva e Andrada 1820).Em O Quadro Geognóstico do Brasil publicado em 1822 e Brasil, novo mundo publicado em1824, Eschwege descreve uma cadeia de montanhaschamada em algumas regiões de “serra da Mantiqueira”, que sustenta, na sua linha de cumeada, umdos pontos mais altos do Brasil.Esta se prolonga através da província de Minas Geraisem direção ao norte, através da Bahia e de Pernambuco, e em direção sul, através de São Paulo e o RioGrande do Sul. Dei a essa cadeia o nome de serra doEspinhaço (Eschwege 1824).Os esquemas estratigráficos de Eschwege e Varnhagen, assim como dos irmãos Andradas, forambaseados nos modelos europeus, como aqueleproposto em 1787 por Abraham Gottlieb Werner,professor da Academia de Minas de Freiberg naAlemanha.A Primeira Formação Primitiva é formada peloembasamento cristalino, a Segunda FormaçãoPrimitiva corresponde às seqüências supracrustaisdobradas (representadas pelos Supergrupos Rio dasVelhas, Minas e Espinhaço), a Terceira ou de Transição abrange essencialmente o atual Grupo Bambuie uma quarta subdivisão reúne depósitos superficiaiscomo aluviões e coberturas terciárias e quaternárias.Percebe-se que suas idéias a respeito da geologia doBrasil são fortemente influenciadas pela escola netunista de Werner (Renger 2005).Possivelmente ao discordar da teoria catastrófica e criacionista de seu mestre Jean Louis Agassiz,Charles Hartt abre caminho para a filosofia deJames Hutton, assim como mostra a primeira tesede geologia do país intitulada Rochas Plutonicas doBrazil de Oscar Nerval de Gouvêa (1880).Muitas e mui diversas têm sido as hypotheses formuladas sobre o estado da massa central ou nucleolar do nossoplaneta, e difficil, senão impossível, será fundamentarqualquer asserção verdadeiramente positiva sobre umfacto que, por sua mesma natureza, não se presta a umaobservação directa... Deixemos, portanto, a cada um [Página 10 do pdf]
*“Histórico do Conhecimento Geológico sobre o Pré-Cambriano Paulista até o ano de 1955”. Renato Henrique Pinto e Valdecir de Assis Janasi (Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo, Departamento de Mineralogia e Geotectônica - São Paulo/SP)

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Limpo o solo e ao iniciarem a construção dos alicerces do palácio que no local seria erguido, foi encontrado um enorme buraco, que servira de depósito de detritos e, entre eles, uma lápide em forma de pirâmide de faces irregulares, tendo a base aperfeiçoada e abaixo dela estava a sepultura de Afonso Sardinha.
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A primeira Real Fábrica de Ferro nasceu de uma lenda. O Morro de Ferro, às margens do Ipanema, foi descoberto em 1589 por Afonso Sardinha, quando em expedição a procura da Lagoa Dourada, “que num ponto qualquer da serra existia, nadando em suas águas peixes e patos de ouro”. Hoje (1960), a quem quer que se pergunte em São João do Ipanema, sobre a tal Lagoa, não se houve resposta. Ninguém a viu, mas ninguém a contesta.
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