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População desconhece histórico indígena de Sorocaba
12 de agosto de 201608/04/2024 03:40:39

A cidade que desde sua fundação já recebia imigrantes e serviu de rota para os tropeiros deu origem a uma cultura diversificada. A “terra rasgada” que acolhe e acolheu em seus 362 anos povos de todo o Brasil carrega em sua alma, museu e solo um histórico rico dos reais desbravadores de nosso país.

O chão que hoje Maria das Graças, 60 anos, pisa já foi a aldeia de povos tupiniquins antes mesmo de Baltazar Fernandes pisar neste solo. Maria é do Recife e trocou as belas paisagens de sua terra por Sorocaba, mas precisamente o bairro Laranjeiras, há cerca de 30 anos. Hoje ela conta amar a cidade, mas relata desconhecer o passado do bairro que a acolheu. “Eu não sabia que aqui tiveram aldeias. Acho que podia ser mais divulgado”, comenta.

O também morador do Laranjeiras, João de Souza, 75 anos, ajudou na expansão da cidade. O mineiro de nascimento trabalhou como pedreiro por mais de 20 anos em Sorocaba. O solo que deu sustento as suas construções é parte de um emaranhado de sítios arqueológicos. O então, aposentando, desconhece a história e fica surpreendido com a informação. “Eu não sabia disso. Nunca ouvi falar, muito legal essa história”, diz ele sobre os achados.

Assim como boa parte dos 630 mil moradores de Sorocaba, os povos indígenas que chegaram primeiro a esta terra vieram buscando uma nova oportunidade. Com a chegada dos portugueses, após o descobrimento do Brasil, parte desse povo fugiu da escravidão vindo para o interior.Segundo o arqueólogo Wanderson Esquerdo, os tupiniquins vieram para a região de Sorocaba, justamente entre duas etnias rivais, os Tupinambás (Rio Tietê) e os Guaranis (vale do Rio Ribeira). “Os tupiniquins são Tupi igual aos tupinambás e sua cultura material são similares entre si, dificultando a diferenciação dos mesmos a partir dos objetos arqueológicos. A cultura material dos tupis diferem um pouco a dos guaranis, por isso sabemos com certeza que os materiais arqueológicos da região de Sorocaba são de origem tanto guarani como de origem tupi (este último difícil de dizer quando é tupiniquin e quando é tupinambá)”, comenta o arqueólogo.Em busca de ouroDurante as décadas de 70 e 80 a cidade passou por uma grande expansão. A Terra Rasgada se expandiu para acolher todos os povos e durante as escavações, motivadas por essa expansão, os vasos de cerâmica, que eram usados como urnas funerárias pelos povos indígenas, foram encontradas. Wanderson, que também é sorocabano, é o responsável pela elaboração do primeiro mapa de sítios arqueológicos de nossa cidade. O pesquisador relata que todos esses achados foram realizados de maneira casual, o que ocasionou danos as peças. “A maioria dos enterros em vasos de cerâmica (urnas funerárias) foram encontrados de forma casual, em terraplanagens e escavações para fundações de estruturas. Muitos destruídos intencionalmente pela população pensando que os mesmos continham ouro no seu interior. Os achados, por conter ossada humana eram dados parte à policia e posteriormente transferidos ao Museu Histórico Sorocabano”, conta.Apesar das ossadas encontradas, o arqueólogo ressalta que a região não deve ser considerada um cemitério indígena devido a cultura deste povo. “É raro a existência de cemitérios indígenas, geralmente os mortos eram enterrados nas aldeias onde localizavam suas casas. É por isso que as urnas funerárias encontradas indicavam a presença de uma aldeia no local”.Desaparecimento dos povosMesmo tendo vindo do litoral para o interior para fugir da escravidão, os povos que aqui habitavam foram afetados pela entrada dos portugueses no interior do Brasil, o que resultou na escravização deste povo. Muitos, como conta Wanderson, faleceram por conta das enfermidades dos europeus que não era comum entre eles, como a gripe, por exemplo.O arqueólogo afirma que a fundação de Sorocaba na metade do século XVII seria posterior ao desaparecimento desse grupo em específico e dos demais na região. “Baltazar Fernandes tinha mais de 400 índios escravos e os fazendeiros da região, depois da fundação de Sorocaba, também ocupavam mão de obra escrava, entre elas os das etnias Gualis, Bororos, Parecis e Carijós (guaranis) “roubados” das missões jesuítas do Guairá (sul do Brasil) e também da Bolívia”, completa Wanderson.

Sítios arqueológicos

Na área urbana da cidade foram encontrados, até o momento, sete sítios arqueológicos tupi-guarani, como explica o arqueólogo. Sendo eles nos bairros Parque São Bento, Laranjeiras, Mineirão, Jardim Cerrado, Edén, Vila Harmonia e Caguaçu. Em outros sete pontos da cidade foram localizados, também durante as escavações casuais, material lítico como machadinhas de pedra polida (ainda pertencente a cultura tupi-guarani) nos bairros Jardim Simus, Bairro das Pedras e na Vila Jardini, além de pontas de flechas lascadas, de caçadores-coletores de até 7 mil anos de antiguidade, nos bairros Jardim Iguatemi, Barcelona, Jardim Prestes de Barros e Brigadeiro Tobias. “Ainda é possível com a continuidade da expansão da cidade encontrar mais sítios arqueológicos”, ressalta Esquerdo.

A última urna funerária localizada na cidade foi descoberta através de uma limpeza que a própria Prefeitura de Sorocaba realizava na região do Éden, citada no mapa como Jardim Harmonia. Segundo o arqueólogo, o local onde seria construída uma praça foi embargado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) devendo ser preservada até ser feito um projeto de resgate do restante do sítio arqueológico. Wanderson, que hoje mora na Bolívia, destaca que o local continua embargado já que nenhum projeto de resgate do sítio foi apresentado.Na época do achado na cidade, a área ficou isolada por tapumes e segundo informações, estava sendo supervisionada até mesmo pelos moradores da região. Todo o terreno deveria ser mantido como estava, qualquer limpeza no local pode comprometer a preservação do sítio arqueológico embargado. “Qualquer afetação que se constate no sítio é de responsabilidade da Prefeitura, que teria de responder juridicamente por danos ao patrimônio arqueológico da União”, explica o arqueólogo.A Prefeitura Municipal de Sorocaba foi questionada sobre a possível não preservação do local, e declarou através da Secretaria da Cultura (Secult) ter conhecimento da existência da área, mas não respondeu até o momento o questionamento sobre uma possível falta de preservação do local. E declarou: “O isolamento da área foi solicitado pela pasta e executado pela antiga Secretaria de Obras e Infraestrutura Urbana. A Secretaria da Cultura informa que possui proposta orçamentária, mas por se tratar de contratação de empresa que preste serviço especializado, não possui dotação orçamentária para tal fim”, concluí. Como conhecerHoje, quem deseja conhecer mais os detalhes desse histórico de nossa cidade pode visitar o Museu Histórico de Sorocaba, onde parte dos achados, entre materiais líticos e urnas funerárias continuam a disposição da população. O museu está localizado dentro do Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros”, na Rua Teodoro Kaisel, nº 883 na Vila Hortência.
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