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| | | Ouvimos de pessoas autorizadas, com quem entretemos relações, que os documentos existentes nos arquivos dos cartórios e da igreja remontavam somente ao ano de 1768, visto terem sido queimados propositalmente os papéis do cartório naquele ano e por ter havido posteriormente um incêndio no arquivo eclesiástico.
Do primeiro fato consta nos livros da câmara municipal terem sido os papéis queimados por ordem do ouvidor geral Pedro Unhão do Castel Branco; porém, em relação ao incêndio do arquivo eclesiástico, ainda não encontramos provas.
Em diversos autos velhos há alegações de haverem sido queimados títulos e outros papéis, não somente pelo ouvidor geral acima citado, como também pelo corregedor Antonio Luiz Pelleja e o doutor Manoel de Mello Godinho o Mano, cujos fatos são afirmados por testemunhas e os mesmos autos vistos pelos ouvidores em exercício.
Em vista disto é claro que os arquivos existentes aqui não podem fornecer dados tão completos como se não tivessem sido destruídos propositalmente; contudo, entre os livros e autos encontramos documentos, como sejam: concessões de sesmarias, traslados de testamentos, inventários, etc., que são de grande valor histórico.
Um destes documentos assim encontrados, é uma folha de um antigo livro de notas onde foi traslado um termo de arrendamento de trezentas braças de terras no rocio da vila de Nossa Senhora das Neves de Iguape, a Paulo de Veras, passado no dia 16 de junho de 1602.
Este termo de arrendamento refere-se a terras situadas no rocio da antiga vila, que foi edificada em frente á barra de Capara. Como documento autêntico da existência de conselho da câmara da vila de Iguape em época tão remota, junto como anexo no. 1 uma cópia fotográfica do traslado do termo de arrendamento.
Relativamente a este documento que foi encontrado no arquivo do cartório pelo distinto tabelião capitão Francisco Firmino Pontes de Oliveira, há uma coincidência tão notável que durante muito tempo não quisemos utilizá-lo; ao mesmo tempo não podíamos ter a menor dúvida sobre ser este documento autêntico ou de ser a data claramente escrita:
Aos dezesseis dias do mês de junho de mil seiscentos e dois anos, como também de serem bem legíveis os nomes: Phelliph Per.a. Nunes Escrivão da Câmra, Bernardo da Cunha de Carvalho, Manoel pr.a. da Silva, Manoel da Silva, Manoel da Costa, Bertholomeu Francisco e Paulo de Veras. [Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, volume X, 1905. Página 4, 9 do pdf]
A coincidência que notamos é que, no ano de 1702, havia pessoas na vila de Iguape com nomes iguais aos citados neste termo de arrendamento. Para desfazer esta dúvida, examinamos bastantes documentos e chegamos á conclusão que o aforamento de terras a que o termo refere foi efetuado no ano indicado, como demonstramos.
Em 1602 existia em Iguape um Philip Pereira Nunes, casado com Anna Furtado, filha de Nuno Chaves, tando ele um filho do mesmo nome; mas não podemos ainda saber qual dos dois, pai ou filho, serviu como escrivão da Câmara. Paulo de Veras, o arrendatório, era casado com Maria Pereira, filha de Philip Pereira Nunes e de Anna Furtado.
De Bernardo da Cunha de Carvalho, filho de Domingos Rodrigues da Cunha, encontramos pequenas referências: numa questão de terras no ano de 1631, ele serviu como testemunha e nos autos se diz: "de idade que diz ser de sessenta e dois anos pouco mais ou menos".
Existia um Manoel da Costa, pai de Manoel da Costa, casado com Anna Nunes Chaveiro e avô de Manoel da Costa que casou com Anna Maria das Dores, sendo que este último assinou o termo de doação de terras para a vila de Iguape no dia 2 de julho de 1679.
Bartholomeu Francisco era pai de Francisco Gonçalves e avô de Bartholomeu Gonçalves, que no ano de 1667 requereu a entrega de terras cedidas condicionalmente á Câmara no lugar da vila velha, como consta no documento no. 17 que acompanha o "Esboço histórico da fundação de Iguape".
Em relação a Manoel Pereira da Silva e Manoel da Silva, por ora não encontramos outras referências daquela época de 1602, o que não é de admirar visto o estado dos arquivos correspondentes áquela era.
No ano de 1702 existia aqui um Felipe Pereira Nunes, casado com Maria Gonçalves, filha de André Gonçalves e de sua mulher Maria de Pontes, tendo aquele um filho do mesmo nome casado com Maria de Fonseca, natural de São Paulo.
Havia um capitão Bernardo da Cunha de Carvalho, que declarou no seu testamento ser "natural da cidade de Lx.a., filho legítimo de Bernardo da Cunha e Anna Luiza de Souza".
O Manoel da Costa já citado, que assinou o termo de doação de terras á vila de Iguape, foi durante muitos anos provedor das oficinas para a fundição dos quintos reais de ouro e faleceu no dia 31 de janeiro de 1683, deixando um filho do mesmo nome, casado com Maria Nunes, e um neto de igual nome, casado com Maria Gonçalves de Almeida. [Página 5, 10 do pdf]
Existia nesta época um Paulo de Veras, irmão do capitão Diogo Pereira Paes, capitão Severino de Veras, capitão Francisco de Veras e de Antonio Cardozo, filho de Romão de Veras.
Encontramos menção de um Manoel da Silva que nasceu em 1670 mais ou menos e de um Manoel Teixeira da Silva; mas, não consta ter qualquer deles exercido cargos públicos.
Reparando nesta semelhança de nomes, ver-se-há que podia haver dúvida a respeito do dito termo de arrendamento: porém, temos ainda o fato de podermos apresentar os nomes dos vereadores da Câmara do ano de 1702 e que são os seguintes:
André de Souza, Manoel Muniz Claro, Valentim Rodrigues, Francisco de Veras e Salvador Antunes, sendo Pedro Rodrigues Pontes o escrivão da Câmara, cujo cargo ocupou durante alguns anos antecedentes e posteriores àquela data. Parece que em vista do exposto se desvanece qualquer dúvida, e, para demonstrar a clareza da escrita, tiramos uma fotografia do termo, em lugar de simplesmente transcrevê-lo.
Existem muitos outros documentos, com data um pouco posterior, que desvaneceu toda e qualquer dúvida a respeito da falta de verdade das afirmações, há tantos anos aceitas, de ser a vila de Iguape fundada em 1645.
Entre as questões suscitadas por causa de terras, uma das mais interessantes pelo lado histórico local foi começada no ano de 1631, continuada em 1701 e outra vez em 1759. Nos autos encontra-se referência a diversos documentos, como também existem alguns originais, entre outros um que remonta ao ano de 1618 e que é a carta de sesmaria passada em Santos no dia 3 de agosto do mesmo ano, assinado pelo capitão mór Gonçalo Corrêa de Sá.
Na questão do ano de 1701, os interessados diziam que esta carta de sesmaria se achava visada por diversos capitães mores, entre outros: João de Moura Fogaça, Manoel Pimentel e Francisco da Rocha; porém, na parte que ainda existe da dita carta somente podemos ler a concessão e demarcação das terras.
Em 1702 uma das partes alegava que não podia receber justiça pelo fato de serem todas as autoridades da vila aparentadas com seu contendor, mostrando em seu protesto o parentesco que existia.
Por diversas vezes houve questões entre os donos das terras do Porto da Ribeira e a Câmara Municipal e, nesta ocasiões, aparecia sempre o nome de Cosme Fernandes como sendo o primeiro possuidor dos terrenos, ainda que ás vezes as partes confundissem o parentesco que havia entre elas e seus antepassados.
A prole de Bernardo de Chaves era: Antonio Barcellos, Bernardo Rodrigues Bueno e uma filha casada com Bartholomeu Francisco. A prole de Nuno Chaves era: Bernardo de Chaves e uma filha casada com Philiph Pereira Nunes. A prole de Bernardo de Chaves era: Antonio Barcellos, Bernardo Rodrigues Bueno e uma filha casada com Bartholomeu Francisco. A prole de Nuno Chaves era: Bernardo de Chaves e uma filha casada com Philiph Pereira Nunes. [Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, volume X, 1905. Página 6, 11 do pdf] | |
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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, volume ... |
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