A 1o. de agosto, contudo, veio entregar-se, sendo agrilhoado e recolhido ao cárcere. No dia imediado era convidado a fazer declarações sobre as causas do seu procedimento inqualificável, como militar e fiel vassalo.
Explicou que, apenas chegado ás reduções de Ytupé fizera que o seu doutrinante, frei Juan Merino, dali saísse logo, com todos os seus fregueses, em direção ao acampamento do mestre de campo. Até lhes dera como guarda-costas o alferes Francisco de Villalva e seus soldados. Ao mesmo tempo, mandara que 25 homens percorressem do rio Ypiagui, a recolher os nativos dispersos pelo pânico, conseguingo reunir uns sessenta bugres, pertencentes a diversos colonos.
Quando á deliberação de desamparar os comandados e voltar a Vila Rica, escusou-se, dizendo que nada o obrigara a permanecer no posto de Ytupé por não se haver tramado deliberação alguma em conselho, neste sentido, pois se tal se tivesse firmado não desmentiria agora uma vida gasta ao serviço de Deus e de el-rei, e "defensa desta tierra, patria". Havendo recebido de Christovam Diniz formal aviso de que os paulistas se preparavam para assaltar Pueblo Nuevo, julgara indispensável avisar o mestre de campo convencido de que a guarnição devia ser recolhida, exatamente, no ponto ameaçado.
Faltavam-lhe também munições e morrão; quanto a ter deixado passar á vista do seu acampamento sertanistas conduzindo chusmas de nativos espanhóis aprisionados, tudo isto era absolutamente falso. O único fato verdadeiro vinha a ser o seguinte: haviam-lhe chegado ao acampamento, certa manhã, dois muchachos, fugindo da foz do Yniay, e dizer-lhe que em terras de Antonio Guambayú estavam tupys de São Paulo; no dia imediato, para aquele ponto mandara seguir o alguazil-mór Manuel de Peralta, com vinte e cinco soldados. Muito lhe custara faze-los marchar, queriam até sublevar-se, mas, afinal, partiram. Atingida a chácara de Guambayú, ali encontraram uma velha e por ela souberam que os tupys avisados por certo nativo do próprio campo espanhol, se tinham em tempo retirado. [Historia geral das bandeiras paulistas: Tomo II - Ciclo da caça ao nativos, lutas com os jesuítas e os espanhóis, invasão do Guayrá, do Itatim e do Tape, conquista do sul e do sudoeste do Brasil pelos paulistas (1628-1641), 1925. Afonso d´Escragnolle Taunay (1876-1958). Páginas 130 e 131]