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Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, volume LXV, 1943
1943. Há 81 anos
23 de 2 de Fevereiro desse ano ("Rev. do Arq. Pub. Min.", fis. 294 do 3o ano). Os documentos ora publicados, penso que todos ineditos, apesar de bi-seculares, patenteiam o empenho de Borba em, cumprind determinações superiores, impedir o contrabando de gado e outras utilidades, em trafico pela estrada da Bahia, assim como põem em evidência, não só a vultosa soma de ouro, que emigrava das Minas, para o norte do paiz, como em troca, as manadas de gado que dali passariam às pastagens do sul. Foi essa, talvez, a primeira grande artéria central, que se formou no interior do Brasil, não só alimentando, economicamente, o imenso corpo, no seu laborioso processo de formação social, mas, ainda, consolidando a unidade espiritual do seu povo, documento humano dos mais notáveis que se tem proporcionado à admiração dos historiadores e sociólogos.

A restrição imposta àquele comercio, pela coroa, visando impedir o extravio do ouro, cujas casas de fundição datam de 1725, daria logar à interessantíssima carta que, a 14 de Maio de 1701, dirigio D. João de Lancastro a Sá e Menezes (Derby, doe. cit. pág. 2S7) e cuja transcrição convém a este lance de nossa exposição;

"Nesta altura tive ordem de sua Magestade que Deus guarde para que mandasse suspender a comunicação que havia pelo caminho que mandei (abrir) para as minas de Caheté e Tocambira, distritos desta capitania geral, por se entender poderiam resultar deíla muitos inconvenientes a seu real serviço: e como V. S. me diz nas duas cartas que me escreveu do rio das Velhas em 30 de novembro do anno passado que remetia algumas pessoas que vieram para esta praça, e outras que foram aos curraes desta Capitania que quintassem o ouro que traziam por entender que se ficariam assy evitando melhor os descaminhos que nelle poderiam haver e que por falta de mantimento se haviam retirado muitos mineiros para a montaria (?) para terem com que sustentar a sua gente, e outros para as suas casas para voltar em março assim pelos mantimentos que já deixavam plantados como pelo gado que haviam mandado buscar aos curaes da Bahia e Pernambuco, o que será grande adjutorio para se poderem lavrar as ditas minas, com que nestes termos me é preciso saber de V. S. se teve alguma ordem de sua magestade sobre este particular, e resolução que determina seguir para que com mais acerto me saiba resolverem um negocio de tantas conseqüências, e de que podem seguirou deixar de seguir outras utilidades a sua Real Fazenda".Sobre o trafico e contrabando de ouro, gado e mercadorias, falam bem claro os does. ns. 1 e seguintes. Essesdocumentos, igualmente, nos pintam os costumes, indumentaria, armas, recursos ao alcance desses hercúleos batedoresdo sertão e semeadores dos primeiros núcleos de populaçãodo Brasil.Derby diz-nos que o nome de Borba continua a aparecer, na correspondência do governador da Bahia, até 1705.Pelos documentos, ora publicados, vemos o tenente general, ainda a 18 de Fevereiro de 1708 — (doe. n. 34), girando pelo"Palmital Citio de Amaro Tome, distrito destasminas do Rio das Velhas" e aprehendendo mercadorias queJoão Pereira contrabandeava pela estrada prohibida daBahia.Borba conseguira conquistar, em absoluto, a confiançada coroa e de seus emissários,.A fis. 796 do vol. de 1897, da "Revista do Arquivo Publico Mineiro", encontramos a"Ordempa. othenente gnal.Mel. de Borba Batto hir aos distritos de Pitangui e Paraupeba as diligencias que nella se contem", datada de \A de setembro de 1711, e assinada pelo governador Antônio de Albuquerque, em que se lêm estas passagens bem expressivas: "por ser (o Borba) morador e ter fazendas naquelas partesafimde pacificar e unir.moradores de Pitangui" — "pela confiança que faço do zelo com que serve a S. Magde. poder resolver o que for mais conveniente com o seu parecer; e porestes motivos lhe dou autoridade para que possa deixar encomendado àqueles moradores e ordenado da minha partetudo o que sefizer conveniente para a sua conservação, o quehaverey por bem até segunda ordem minha e em virtudedesta, se guardarão as do dito Te. General sobre esta particular: cuja diligencia lhe hei por muita encarregada." [Página 23 e 24]

Nossa Senhora de Mont Serrate e "nofsa Sra. do Mofsarrate"
Data: 06/03/1701 1701
Créditos / Fonte: Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro - Cap. XVI, Vol. LXV

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