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Vocabulário Nheengatú, 1936. Afonso A. de Freitas
193604/04/2024 03:52:08

O nome do rio, em todo seu curso era - Tietê -, não obstando, entretanto, tal circunstância, que em mais de um estiram tivesse ele denominação peculiar, como ainda hoje acontece em quase todos os cursos de água paulistas e no próprio Tietê, assinalando acidentes locais; se o seu nome regional em Piratininga era Anhamby, pela circunstância referida, já um pouco abaixo e antes de sua confluência com o Pinheiros chamava-se - rio da Emboaçava -, isto é, rio do váu da passagem, originada na particularidade de existir ali, atravessando o álveo do rio, uma afloração de rocha permitindo o travessio do rio (emboaçava) quase a pé enxuto nas grandes estiagens, e seguro váu nos volumes normais da torrente.

Os portugueses fixados em Piratininga, ouvindo repetidamente o nome Anhamby, aplicado a rio no trecho que lhe corria ao pé das moradias, acreditavam que aquele seria o nome geral da torrente e, nesse sentido empregavam, se bem que uma vez por outra, com a cautela de o chamarem também e cumulativamente, - Rio Grande - tradução ao pé da letra, de Tietê:

- "... e correrá avante até dar no rio grande de Anhamby..." (Carta de sesmaria passada por Gaspar Conqueiro a 10 de novembro de 1610): ... e da barra do dito ribeiro pelo rio abaixo de Anhamby, rio grande..." (Carta de sesmaria concedida a Clemente Alvares e Martim Rodrigues em 1612).

Se os nossos maiores europeus, em vez de se localizarem em Piratininga tivessem feito em Emboaçava, em Boigy, em Ururay ouy na primeira parnahyba que lhe ficava mais próxima rio abaixo, e não em Anhamby, certo de que o rio Tietê teria sido, de princípio, conhecido por eles, pela denominação de rio Emboaçava, Boigy, Ururay ou Parnahyba. [Vocabulário Nheengatú, 1936. Afonso A. de Freitas. Páginas 88 e 89]

Modernamente já não se escreve e nem se pronuncia Anhamby, porém Anhemby: de todas as corruptelas sofrias pela forma primitiva do vocábulo Anhanga-y: Anhamby, Anheby, Anhebig, Anemby, Angemin e outras, aquela foi que prevaleceu fixando-se no vernáculo.

Relativamente á tradução do termo - Anhemby - para o vernáculo, frei Francisco dos Prazeres Maranhão, em seu "Glossário" de palavras nativas, afirma significar ele, "rio dos enambús" o que é pouco provável, por não se encontrar afinidade, embora a longínqua, entre um caudal e uma ave, não sendo palmípede, é além disso galinácea e, como tal, visceralmente inimiga de água a ponto de se abluir pela espojadura.

João Mendes de Almeida, no seu "Dicionário Geográfico da Província de São Paulo", discordando do entender de frei Francisco dos Prazeres, lança a definição - "não liso e saída alta" - tomando o vocábulo Anhemby por corruptela de Aî-hê-mbi; Aî, não liso, altos e baixos, obstáculos, , saída, barra, foz, bi, levantar, alcançar, precedido de m, por ser nasal a pronuncia de .

Dissentindo de ambas as definições entendemos ser Anhemby uma das várias corruptelas de Anhanga-y e nesse sentido já explanamos o assunto. [Vocabulário Nheengatú, 1936. Afonso A. de Freitas. Páginas 90 e 91]

Saú. Adjetivo. Pelo; sáua, peludo: entra na composição do vocábulo sagui e da frase nheengatú saútuáia, vernacularizada no etimo.

Sarútáiá, de Saú (sáua), peluda, e tuáia, cauda; cauda peluda: é o nome do "Callithrix seicuria", Macaca sáua-tuáia, contraído em Sarutáiá. Saú é o nome aplicado ás espécies do gênero Callithrix que tem cauda peluda.

Sarútáia, que se divulgou em São Paulo com a pronúncia - Sarútáiá - era alcunha pejorativa e deprimente aplicadas, pelos seu contemporâneos, ao ilustre capitão-mór de Sorocaba, Salvador de Oliveira Leme, falecido em 1802, deixando notabilíssima descendência que ainda lhe honra a memória.

Já houve quem tentasse traduzir - Sarútáiá - por Saúí, abreviatura de Salvador, e táiá, espécie de cará nativo: procurando justificativa para sua definição, o improvisado tupinista informava chamar-se o Sarútáiá, Salvador Corrêa, ser muito próximo descendente de aborígenes e ter-lhe vindo a alcunha pela circunstância de haver começado sua vida mercando em Sorocaba, de porta em porta, a raiz da táióba.

Tudo isto, entretanto, não passa de méra fantasia. Nem o sufixo - táiá - (cauda, rabo) tem relação alguma com táiá (túbera da taioba), embora a vernaculização haja estabelecido a mais absoluta identidade de pronuncia, nem o Sarútáiá era o pária social insinuado pois, descendente direto das opulentas famílias patriarcais, Leme e Oliveira, já nascera rico e rico imensamente veio a falecer.

Antigamente e ainda hoje, entre os velhos paulistas, chamavam-se e ainda se chamam, rabudas, ás pessoas excessivamente severas, sempre prontas a punirem com rigor faltas perdoáveis por insignificantes. Rabudo era e ainda é, entre os roceiros de São Paulo, sinônimo de coisa-ruim.

Salvador Leme, sem embargo de suas grandes qualidades, era severíssimo para com seus fâmulos e dependentes. Ainda é de memória popular em Sorocaba, a maneira por que administrou as obras da Igreja do Rosário, por ele erguida em homenagem á santa padroeira de sua segunda mulher, d. Maria do Rosário:

vigiando atentamente, ainda que á distância, o trabalho dos taipeiros, sempre que algum deles diminuía de energia no labor ou por momentos cessava de trabalhar, uma pelotada certeira e contundente desferida pelo bodoque de Salvador Leme, avisava o opetário da presença e fiscalização do senhor.

Fatos de tal ordem é que deram origem á alcunha. [Vocabulário Nheengatú, 1936. Afonso A. de Freitas. Páginas 144, 145 e 146]

Afonso de Freitas Junior, em seu brilhante estudo de costumes - Sorocaba dos tempos idos - reconstitui, recolhendo-a da boca do caboclo, a nomenclatura completa, pela qual o paulista indica as numerosas tonalidades das cores do gado cavalar. [Página 157]

APOTRUBÚ. Apotribú é vernaculização de Potribú, por seu turno corruptela de - Potyraybú -, que se traduz "fonte das flores", segundo afirma Theodoro Sampaio.

Já o autor de "Dicionário Geográfico da Província de São Paulo" é de outro pensar: para ele Potribú, é corruptela de Pó-terô-ibiy, contraído em Pó-ter´-ibiy, "salto torcido, torto", em relação ao salto do rio Potribú, que tem aquela configuração.

A grafia mais antiga que encontramos desse nome, em referência ao rio Apotribú, afluente, pela margem esquerda, do Tietê, onde desaguá depois de irrigar a cidade e município de São Roque é - "Apiterobi" - e aparece, em data de 16 de dezembro de 1606, no registro de Minas de Clemente Alvares. "Apoterubú" é a forma registrada pelo escrivão da Fazenda, Velho de Mello, na carta de sesmaria passada em favor do capitão Sebastião Fernandes, em outubro de 1642. [Vocabulário Nheengatú, 1936. Afonso A. de Freitas. Página 193]

Relacionamentos
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Pessoas (4)
testeClemente Álvares (1569-1641)
142 registros / / 79 parentes
erroc2:testeGaspar Gonçalves Conqueiro
59 registros
erroc2:testeMartim Rodrigues Tenório de Aguilar (1560-1612)
90 registros / / 19 parentes
testeSalvador de Oliveira Leme (1721-1802)
68 registros / / 39 parentes
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Cidades (3)
testeSantana de Parnaíba/SP554 registros
testeSão Paulo/SP3529 registros
testeSorocaba/SP10973 registros
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Temas (10)
erroc2:teste“o Rio Grande”
71 registros
erroc2:testeAmbuaçava
61 registros
testeApoteroby (Pirajibú)
165 registros
erroc2:testeBoigy
47 registros
erroc2:testeNheengatu
218 registros
testeRio Anhemby / Tietê
457 registros
erroc2:testeRio Pirajibú
68 registros
testeRio Sorocaba
390 registros
erroc2:testeRio Ururay
27 registros
erroc2:testeUruray
52 registros
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Mesmo em meio a uma grande luz pode existir alguma sombra. Até o sol tem manchas.
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Nas crenças nativas detectou-se algum vestígio da pregação apostólica (...) Poucos meses depois de sua chegada ao Brasil, em agosto de 1549, escreve Nobrega: Eles [os indigenas] tem memória do dilúvio e dizem que Sao Tome, a quem chamam Zome, passou por aqui.
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