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Temporalidades - Revista de História 04.2019
abril de 201906/04/2024 00:04:49

das elites mineiras11: Do “ouro”, ligada à ideia de liberdade que vinha da zona central mineradora, de ordem política e mais urbana; da “terra”, que falava pela tradição, pela vida rural, conservadora e equilibrada; e, juntas, fazer a ponte de união com a insurgente voz do “ferro”, de modernização e desenvolvimentismo.Os nomes dessas vozes trabalhadas pelo autor fazem referência aos aspectos naturais quemarcam a história econômica mineira. Desde o início da colonização de Minas, a natureza foiassociada à imagem de recursos inesgotáveis a serem explorados. Em meio à era de RevoluçãoIndustrial e reorganização econômica da nação, os mineiros procuraram demonstrar que o estadoera rico em elementos minerais para tornar próspero o tesouro nacional, sendo o minério de ferroo mais promissor deles. (SILVA, 1995, p. 80; DANTAS, 2001, p. 113-114; PIRES, 2007, p. 72;VERGANA, 2010, p. 146-8).

No processo de construção de Belo Horizonte e dos receios pela desvalorização da antigacapital, a ideia de recuperação das atividades mineradoras povoou os horizontes de expectativa dos ouro-pretanos. Os grupos contrários à mudança se apegaram às lembranças dos “áureos” tempos de produção, ditos opulentos. Mesmo que voltados para um “passado de glória”, falaram também nos “ventos do progresso” que seriam trazidos pela produção do ferro. (NATAL, 2006, p. 3; SILVA, 2013, p. 72-97).

O editorial do Jornal Mineiro (24 out. 1897, p. 1) reafirmava as crenças no potencial econômico de Ouro Preto, dizendo que ela tinha elementos para prosperar e que a sua riqueza era admirada e desejada pelo mundo inteiro. Depositava esperanças de que o “tesouro mineiro” atrairia uma grande população e seria o centro de grandes indústrias.

Tomando o Itacolomi como a paisagem da cidade e por estar inserido na porção mineira de maior ocorrência de camadas auríferas e de minério de ferro, os antimudancistas anunciaram que seria a partir dele que os capitais estrangeiros afluiriam para o estado e trariam glórias para Minas Gerais.12 Nas palavras de um deles, o literato José Palmella,

[...] a cidade de Ouro Preto renasce e se desperta do seu profundo leito de ferro, e mármore para apresentar-se ao mundo, que a supunha já morta, com a sua fronte cingida de brilhantes, [...] abaixo do Gigantesco Itacolomy, [...] que parecia, naquela imponente elevação, aplaudir e alegrar-se por esta festa industrial, que simboliza mais um triunfo, mais um brilhante hino em homenagem ao grande soberano do mundo civilizado – O Progresso; [...] e apontado com a sua mão altaneira aos estrangeiros, que desejarem tomar assento em suas frescas montanhas, dizendo-lhes: Eis aí as ricas minas de ouro, ferro, mármore, etc. EXPLORAI E ENRIQUECEI, TRANSFORMAI E CIVILIZAI. Subi, subi para o zimbório da luz da liberdade e do progresso. (PALMELLA, 19 dez. 1891, p. 4; 29 dez. 1891, p. 2; 13 jan. 1892, p. 3 e 4).

Com essas colocações, o literato retomou a indicação do Pico como uma referência geográfica para a região por onde o desenvolvimento avançaria, transformando-o num “emblema orográfico” das riquezas. As crônicas coloniais sobre os descobrimentos das minas assinalam diversos picos que foram observados pelos bandeirantes para localizar os vales e serras auríferas, como Itatiaiaçu, Itacolomi, Itabirito, Itabira, etc.

A partir dos poemas do poeta Claudio Manoel da Costa (1729-1789), o Itacolomi recebeu maior destaque como referência para se localizar as Minas de Cataguases. Referência retomada a partir dos movimentos de exaltação de Ouro Preto na história regional. (TORRES, 2014; 2016)

Nos discursos dos antimudancistas, o Itacolomi foi considerado o guia de pedra que anunciava que ali era o polo econômico da República, como no passado narrou-se que ele guiou os bandeirantes até os vales auríferos. (MIRANDA, 1947, p. 49; SARAIVA, 1947, p. 1). Depois desse movimento antimudancista, que se tornou influente nos grupos de políticos moderados quemantiveram a capital na parte central do estado13, é possível compreender que a replica do Itacolomina Praça da Liberdade era mais do que um lugar de memória para os ouro-pretanos saudosistas.Era o pico também tratado imagem-síntese da região de maiores riquezas naturais de Minas, que [Páginas 132 e 133]

Além da Zona Metalúrgica, a porção sudoeste da Zona Vale do Rio Roce foi incorporada ao polominero-siderúrgico, chamada de Vale do Aço. (CARVALHO, 2005, p. 69-71; SANTOS, 2014, p.117, 142-151; SILVA, 1995, p. 61-2 e 79).

Além da necessidade de união política do estado nos seus primeiros anos, Belo Horizonteigualmente deveria representar a modernização de Minas nesse cenário de industrialização do país. Imagem que apareceu com mais vigor a partir da década de 1940, com as reformas do prefeito Juscelino Kubitschek e do governador Benedito Valadares. A cidade se tornou o centro das políticas de cunho modernista e industrializante, das quais destacamos a construção da CidadeIndustrial, em Contagem, e o complexo arquitetônico da Pampulha. A criação de polos industriaisnas capitais e pelo interior trazia a atmosfera cultural de que o Brasil estaria no caminho dodesenvolvimento para se tornar “uma grande nação”. A cidade de São Paulo, com arranha-céus,avenidas e indústrias, e, posteriormente, a arquitetura da nova capital federal, Brasília, tambémdespontaram como símbolos da modernização brasileira. (CARVALHO, 2005, p. 64-65;CHACON, 2005, p. 202-9; PENNA, 2005, p. 303-5).Naquela era desenvolvimentista, a natureza permaneceu nas referências paisagísticas eidentitárias ligadas ao desenvolvimento econômico. Diversas montanhas no Brasil assumiram umadimensão simbólica representativa no processo de modernização. (AZEVEDO, 2007, p. 58-68;CARVALHO, 2015, p. 381).

Em Belo Horizonte, a Serra do Curral passou a ser explorada devidoao seu alto potencial de produção do minério de ferro para as siderúrgicas. Pelo viés paisagístico, aserra foi considerada patrimônio natural da cidade e escolhida pela população como o local quemelhor simboliza a capital mineira. (MACIEL et al, 2016). Por sua vez, o Itacolomi foi tomadocomo monumento natural símbolo paisagístico de Ouro Preto.19 Mesmo a formação mineral doPico não sendo de ferro e a base da Serra não apresentasse grandes reservas auríferas emcomparação às outras do Espinhaço, o Itacolomi se tornou uma referência importante para falarna mineração do futuro desde, pelo menos, os discursos dos antimudancistas. Em síntese, como [Página 137]

batalhas e conquistas são relembradas para intensificar o amor e a lealdade por determinado lugar.Nesse intento, os defensores da cidade convocaram um panteão de personagens da cultura literáriae histórica mineira na crença de que seus nomes ou seu sangue santificaram aquele solo. Comoprincipal palco de movimentos como a Revolta de Felipe dos Santos (ou de Vila Rica) e daInconfidência, disseram que Ouro Preto deveria ser honrada e preservada do esquecimento. O queenvolveu definir a cidade como centro sagrado para a nação, cidade-relíquia berço do pensamentorepublicano e de luta pela liberdade nacional. (CHAGAS, 1890, p. 3; JERONIMO, 1973, p. 13;FONSECA, 1998, p. 41 e 70-77; MELLO, 1996, p.34-35; MENICONI, 1999, p. 68-82; NATAL,2006, p. 12-18; SILVA, 2013, p. 91).Retomando esse momento em que se debatia sobre a mudança da capital, Palmella sugeriutransformar o Pico do Itacolomi num pavilhão de memória dos “heróis da liberdade e da poesia”,onde seria construído um:formoso Parthenon, com seu elegante peristilo de mármore branco e cor de rosa,que tanto abundam nas mais ricas pedreiras [do] magestoso Itacolomi, [...], emhomenagem a ciência e as letras, [...] onde brilharão as estátuas dos imortaisheróis da liberdade e da poesia [...], que a História imparcial há de apontar comodignos de tomar assento no imortal Parthenon do Itacolomi. (PALMELLA,1892, p. 3-4)Esse e outros projetos apresentados por Palmella que envolviam o Pico do Itacolomi nãose tornaram realidade. Sequer constaram como discutidos pelo poder público nos documentos daentão Intendência Municipal. Mas as ações em defesa da cidade e de seu passado que faziamreferência ao Itacolomi não se encerraram com a mudança da capital.Ao celebrar a Inconfidência no texto de sua ópera, Augusto de Lima (1897, p. 188-226)exaltou Tiradentes como o “filho dos altos píncaros de Minas” e colocou que o Pico do Itacolomi,elemento utilizado para representar Ouro Preto, foi o ponto de origem dos “ventos de liberdade”.Publicada como livreto, a ópera Tiradentes conta que o inconfidente andava “errante pelas serranias”preocupado com a Derrama. De repente, viu descer “do alto do Itacolomy [uma] enorme estrela[que] começou a chispar fulgor intenso”: era a figura de Felipe dos Santos que vinha lhe darinspiração e força. Já na cena do depoimento de Tiradentes, o inconfidente diz que já tinha trêsanos que o “astro luminoso pelo Itacolomy baixou a terra”, dando-lhe “a graça das visões divinas”. Que seus olhos viram na elevada Serra surgir a sombra “de um herói glorioso” da região e por issotinha a missão de defender seu povo. 20Nas décadas seguintes à mudança da capital, os defensores de Ouro Preto procuraramconstruir uma imagem de imutabilidade ao longo do tempo, na qual a paisagem representativa dacidade seria o sinal de que a memória e as tradições estariam ali guardadas. Como restos do passado,a singularidade do seu traçado urbano e da paisagem, carregada de aspectos nostálgicos que adiferenciava da nova capital, deveria ser guardada como herança para o futuro. Para Senna (1920,p. 5-6), cada pedra ali da serra e da cidade era uma relíquia do passado, o “cenáculo daInconfidência” onde se podia respirar “um ambiente de liberdade”, de ares “puros e lavados” dasmontanhas que “o Itacolomy legendário” governava. Não foi de forma descontextualizada,portanto, que a réplica do Pico do Itacolomi ocupou a principal praça da nova capital, que era osímbolo do poder e da política mineira.Artistas e demais intelectuais colocaram Minas Gerais e, especialmente, Ouro Preto no focodo chamado modernismo brasileiro. O valor que depositaram nas tradições culturais, nos objetosartísticos e nos artefatos arquitetônicos e históricos embasaria os processos de estetização epatrimonialização daquela cidade.21 Já na década de 1930, os esforços dos ideológicos do governovarguista e dos modernistas para afirmar laços entre o regime e os personagens da história nacionallevaram o Estado a instituir o culto aos heróis nacionais e à criação de vários símbolos emonumentos. O primeiro deles foi a própria cidade de Ouro Preto, considerada MonumentoNacional, em 1933. Com o resgate dos restos mortais dos inconfidentes degradados para a África,foi inaugurado o Museu da Inconfidência como “o panteão oficial” de homenagem e memória, em1942. (GONÇALVES, 1988, p. 270-272; ARRUDA, 1990, p. 50-51; MENICONI, 1999, p. 82-101; NATAL, 2007, p. 13-15).[Páginas 139e 140]

Se não foi no Itacolomi que o Estado edificou o panteão de pedra em honra aos chamados heróis nacionais, como desejou Palmella, construiu-se “em papéis” - através das histórias, lendas, poemas e imagens -, o Itacolomi como um ponto de referência para a história mineira. Nos temas caros da nascente escrita da história mineira, como os primeiros achados do ouro que deram início ao povoamento da região22 e a Inconfidência, o Itacolomi foi referenciando como testemunha da “intrepidez heroica da terra”23 e palco de acontecimentos significativos desse processo memorialístico.

Nora (1993, p. 7-28) afirma que cada sociedade recorta o espaço e constrói umarepresentação dele que traga à mente o passado que foi transformado nas raízes do povo, pois é napassagem que a memória se sustenta. Em Minas Gerais, na construção e ampliação dos lugares dememória, coube também à natureza o papel de cenário onde se desenrolaram conquistas, martíriose fatos marcantes para a sociedade.24 O Itacolomi, um dos “vestígios sólidos da memória”25, foi oaspecto da natureza posto no centro da história de Minas Gerais. Vasconcellos escreveu que:

O Itacolomy, […] entrevisto no dedalo das cordilheiras longínquas, foi, emverdade, o centro de gravitação, o farol da conquista e da posso em todo oterritório. [...] Belo monumento de Deus, posto no centro de nossa terra, comodos homens, no centro de nossa história, depois de ter atraído os fundadoresde nossa pátria – presides e presidirás a romaria das gerações ao archivo de nossastradições! Mago, que trouxeste o ouro à Belém da civilização! (VASCONCELLOS, 1906-1911, p. 269-278. Grifo nosso)

Para o diretor do Instituto Histórico de Ouro Preto, Racioppi (1940, p. 14), o Pico doItacolomi não foi apenas o farol na posse do território, senão também “o guia da inteligência e do espírito, [...] que indicava aos que tinham sede de liberdade e de saber a Meca das Tradições e a fonte inesgotável e incorruptível de civismo e de luz”. Para Dias (1912, p. 1), nas narrativas sobre [Página 141]

Retornando aos primeiros anos da nova capital, as revistas ilustradas de circulação em Belo Horizonte, a Vida de Minas e a Vita, procuravam mostrar aspectos sociais, artísticos, políticos e divulgar as paisagens representativas do estado. Nos cabeçalhos de cada página, os nomes das revistas vinham gravados sobre uma cena de paisagem, na qual as montanhas estavam presentes.28

A revista Vita dedicou seu cabeçalho exclusivamente ao perfil alcantilado das serras de Minas. No contexto em que o poder público e os intelectuais mineiros procuravam unir politicamente todas as regiões mineiras em torno da nova capital - símbolo da modernização -, com a antiga - lugar da tradição e origem dos ideários de liberdade e progresso, a revista demonstrou essa conciliação através da natureza. Especialmente a partir da sua décima terceira edição, de julho de 1914, as formações naturais escolhidas para compor o cabeçalho marcavam ambas as -cidades, a Serra do Curral e o Pico do Itacolomi [Fig. 4], unidas na paisagem como se estivessem próximas.

Para Camillo Torres, em o Homem e a montanha29, tanto a nova como a velha capital estavamno centro de Minas, lugar montanhoso que influenciou a conformação política, econômica ecultural de todo o estado. Ali seria o centro gravitacional das instituições, sensibilidades, hábitos,símbolos e práticas em torno do qual se dispunha a sociedade mineira. Mas continua que a fazendaestava perto. Aquele centro da “sociedade urbana e burguesa” estava em união com o mundo ruralpela economia agrária e pela gente que vinha do interior. (TORRES, 2011, p. 66-77, 127, 173-181)Uma das obras mais influentes em relação à paisagem montanhosa para caraterizar o estadofoi Voz de Minas, de Alceu Amoroso Lima (pseudônimo literário, Tristão de Ataíde), intelectualmodernista e católico atuante nas reformas educacionais no regime varguista. Para o autor, a vozque falava por Minas perante todas as demais do Brasil soava da “montanha”, tendo conformadoa vocação dos mineiros para a política a partir dos líderes com destaque nacional. A imagem damontanha na paisagem descrita em sua obra trazia a sensação de permanência e estabilidade, [Páginas 143 e 144]

vales aos pés de morros íngremes. O relevo orográfico, o isolamento e o efeito do clima daquelasaltitudes é que teriam transformado os mineiros em pessoas de caráter reservado, ponderado emelancólico. Mas também de coragem, lutando para sobreviver em meio àquele ambiente hostil.Conclui, assim, que foi do casamento do homem com as montanhas que nasceu a civilizaçãomineira – urbana e burguesa. Pondera Lima (1946, p. 41 e 47), citando Senna, que o mineiro erauma “gente conservadora de tradições e de hábitos, aferrados à terra e ao lar”, representativos domundo agrário, mas formados no seio das ‘montanhas alterosas’”.Latif (1960, p. 195, 206-213) considerou que mesmo esse encerramento geográfico tendoproduzido o “único tipo de brasileiro realmente montanhês”, um alteroso habituado e integradoàquela natureza, havia a combinação de outros fatores que moldaram a população. Segue que, seas montanhas dentro de Minas isolaram do restante do país uma sociedade que se formou diferente,a origem do “ser mineiro” trouxe um pouco de cada um: do nordestino que descia com as tropasde gado, do paulista que subia em busca do índio e das riquezas minerais, do português, dosindígenas, etc. Já no nível estadual, afirma que o próprio mineiro procurou fugir à paisagemdominante das montanhas quando mudou sua capital. Abandonou Ouro Preto e, do outro lado daserra que dividia a “zona das lavras” abertas, encontraram um vale circundado por campos. Erauma paisagem mais amena, mesmo que houvesse a montanha por perto. Mais tranquila para osespíritos humanos e que refletia um outro aspecto do caráter da população, formada por homensurbanos e pelos que viviam no mundo rural.No pensamento desses intelectuais construtores da ideia de mineiridade havia a inspiraçãodo paradigma da necessidade humana em dominar e submeter a natureza, alterando o ambiente econformando as paisagem. Ao mesmo tempo, eles compreendiam que os homens também erammoldados pelas peculiaridades do meio em que nasceram e viviam. A intelectualidade brasileirarefletia em suas obras as teorias de determinismo geográfico e de desenvolvimento social, quefalavam sobre a conformação do caráter dos povos e das causas do progresso/civilização dassociedades associados às regiões geográficas, dando atenção para o meio natural sob o qual oshomens construíram suas experiências. Esse paradigma geográfico já teria marcado asinterpretações sobre os povos das Minas Gerais desde o início da sua ocupação. No Discurso históricoe político sobre a sublevação que nas minas houve no ano de 1720, atribuído ao Conde de Assumar e colaboradores, a região mineradora foi descrita como naturalmente conflituosas e seus moradoresmarcados pelo caráter de rebelião. No documento, aqueles que viviam em meio às montanhas eramassociadas à rudeza, mas também de força e valentia. (CAPANEMA, 2014, p. 32-33). Em CláudioManoel da Costa, nascido em Mariana, há as mesmas referências à natureza penhascosa das Minasque moldaria com dureza a alma dos nascidos e criados ali. (COSTA, 1798, soneto XCVIII;SOUZA, 1994, p. 45-61). Até depois de meados do século XX, essa perspectiva sobre as relaçõesdas sociedades com a natureza permeava os estudos históricos, geográficos e antropológicos.(DUARTE, 2005, p. 89; GOMES, 2010, p. 18; BARBOSA, 2009, p. 24).Propõe Dulci (1999, p. 200-204) que é preciso discernir as funções ideológicas dasconstruções identitárias dos homens, territórios e natureza. Essas imagens convencionadas para omineiro nos discursos intelectuais serviam para unificar culturalmente Minas Gerais e definir anoção de comportamento político cultivada pelas elites. Ao organizar o discurso em torno damineiridade, seus idealizadores uniriam as classes dominantes de várias regiões do estado parafortalecer os interesses do estado na arena nacional, justificando e reafirmando seu lugar noprocesso modernizador e na história nacional em face das demais unidades federativas, como ocidadão e político capaz de defender a liberdade e o “progresso” da nação.32 Como “titãs dasselvas”, diz Mattos (1995, p. 75-78), os homens adentraram e ocuparam o sertão agressivo “dasgerais”, tornaram-se fortes e decididos em meio às “florestas assustadoras e terríveis, cercada demontanhas alteneiras”, onde os mineiros se habituaram e criaram seus “sonhos das alturas e dasliberdades”. Já Racioppi (1940, p. 10) afirmou que foi “da altivez dos fundadores e povoadores [...]que proveio sem dúvida o caráter de independência” do mineiro. Como “povo típico dasmontanhas”, estavam “habituados a resolver por si as dificuldades que, a cada passo, encontravamna sua árdua faina [...]”. E o maior exemplo desse povo para a nação seria Tiradentes, o “imortalmontanhês”. (DA DIREÇÃO..., 1927, p. 130; PIRES, 1927, p. 18) [Páginas 146 e 147]

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