*DE ALTEZA REAL A IMPERADOR: O Governo do Príncipe D. Pedro, de abril de 1821 a outubro de 1822, 2006. Vera Lúcia Nagib Bittencourt - 01/01/2006 de ( registros)
DE ALTEZA REAL A IMPERADOR: O Governo do Príncipe D. Pedro, de abril de 1821 a outubro de 1822, 2006. Vera Lúcia Nagib Bittencourt
2006. Há 19 anos
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a defesa das fronteiras como para a circulação de produtos, especialmente em função daimportância crescente das tropas de mulas, para o transporte, e do gado de corte, para aalimentação545.Conforme Osório, havia uma íntima relação entre a arrematação de contratos erepresentantes de negociantes de grosso trato fluminenses, no Rio Grande. A autora destacou apresença de João Rodrigues Pereira de Almeida, barão de Ubá, nomeado por D. João VIpresidente da comissão encarregada de examinar o estado do Banco do Brasil, em decreto de 5de março de 1821, com sócios em Lisboa e representantes no Rio Grande. Em suas ligaçõescom o sul, Pereira de Almeida mantinha também sociedade com Antônio Francisco de Aguiare, depois, com seu filho e sucessor, Rafael Tobias de Aguiar, importantes comerciantesestabelecidos em Sorocaba, São Paulo.Os negociantes de grosso trato do Rio de Janeiro no processo deexpansão de seus interesses comerciais promoveram o deslocamentode caixeiros de sua confiança de modo a gerir a comercialização dotrigo, charque e couros do sul. Outros protegidos foram enviados paraadministrarem os contratos que arrematavam. Posteriormente, com odesenrolar dos negócios, os mais bem sucedidos transformaram-se emseus correspondentes ou sócios.546 [p. 309]
É possível acompanhar, pelos associados de Pereira de Almeida, a circulação deprodutos e mercadorias entre a fronteira sul e o Rio de Janeiro, tanto pelos portos, emcabotagem, como pelo interior, onde Tobias de Aguiar atuava, nas rotas dos tropeiros e nasfeiras de gado.Todos os anos ia Rafael Tobias à Corte, hospedando-se em casa dosócio de seu pai, João Rodrigues Pereira de Almeida, futuro barão deUbá. As tropas de animais exportadas de Sorocaba para o Rio eramtrocadas por gêneros do mar em fora, fazendas secas e molhadas, quede Sorocaba se espalhavam pelo sul. 547A preservação da fronteira sul, preocupação antiga da Coroa portuguesa,constituiu-se em ponto central da administração joanina.548 A presença portuguesa na regiãoplatina, durante o governo de D. João, frequentemente é lembrada em função dos interessespolíticos de Carlota Joaquina549, de certa forma negligenciando o importante fluxo demercadorias e prata, que através de Buenos Aires e Montevidéu, chegavam até o Rio deJaneiro. A forte presença de negociantes de grosso trato do Rio de Janeiro na arrematação decontratos no sul remete à rede mercantil que interligava a Corte e o Rio Grande, passando porSão Paulo. Estes homens foram recorrentemente presentes na concessão de empréstimos aogoverno de D. João. Importantes para a sustentação do regente e, depois, rei, puderam exercerpressões em favor da estabilização das fronteiras. A formação e abastecimento de forças quecombatiam no sul, tinham por base a província de São Paulo e, também, envolviam múltiplosinteresses550. [p. 310]
A circulação de homens e bens, nas províncias do centro-sul, tinham em São Paulo expressiva dimensão. Por Santos, eram estabelecidas importantes relações comerciais, com a metrópole e outros portos do Império português, na África e Ásia. Homens de São Paulo vinham combatendo, na fronteira sul, na defesa da América portuguesa, especialmente a partir do final do século XVII. Sorocaba e suas feiras constituíam a principal entrada de gado, para a região centro-sul. [p. 317]