Hanseníase. A doença da mancha. O mal dos Lázaros. Ou lepra, como ainda é chamada no mundo. O Brasil foi o único país que oficializou a alteração de nome, em 1976, quando se deixou de usar lepra nos documentos oficiais. Para Marly de Fátima, que se tratou da doença há dez anos, a mudança de nome não mudou o preconceito. Ainda existe a imagem bíblica da doença como um castigo divino, onde leproso é o excluído e o pecador. Marly fundou o Gamah, o Grupo de Apoio às Mulheres Atingidas pela Hanseníase. Ela conta que lidar com o estigma é um exercício diário.Direitos Humanos da Câmara faça uma audiência sobre hanseníase. Para ele, é preciso falar sobre a doença para acabar com a invisibilidade."E tem uma turma nova se infectando da doença, ela chega ao hospital já está debilitada pela doença porque não sabe que tem hanseníase. Há anos o ministério não faz uma campanha de prevenção. Eu lembro que eu era garoto nos anos 80 e lembro de uma campanha que foi muito eficaz que aparecia uma mulher colocando uma chaleira de água no fogo, o fogo tocava no braço dela e ela estava insensível naquela área da pele. Eu omecei a prestar atenção em mim mesmo, na minha mãe, nos meus irmãos. Eu acho que ma campanha daquela tem que ser repetida hoje, não naqueles termos, talvez em outros termos."A falta de campanhas amplas também é criticada pelo cantor Ney Matogrosso, que há mais de uma década é voluntário do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase."O Estado brasileiro deve essa campanha de esclarecimento à população, mas é uma campanha que não pode ser de dez dias, de quinze dias, tem que ser uma campanha constante como toda América Latina fez e como toda América Latina acabou com a doença. O grande problema da doença é o preconceito que é gerado pela ignorância do assunto. As pessoas ainda ouvem falar disso da Bíblia. No momento em que você esclarece a população, agora isso tem que fer feito regularmente, maciçamente, de que é uma doença que tem tratamento e tem cura, sabe, muda."No Brasil de hoje, a hanseníase está viva e atinge pessoas em todo o país. Enquanto a situação continua oculta, a cada ano, milhares de brasileiros adoecem e ficam com sequelas da doença.De Brasília, Daniele Lessa SoaresDe Brasília, Daniele Lessa