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“Sinalização Tupi-Guarani & Luso-Catolicismo”, João Barcellos
22 de março de 201608/04/2024 04:14:33

Parte 3 - Duas Questões Exemplares - De Erro Estórico - Questão Itavuvu

Durantes as pesquisas em torno do Morro Berassucaba, na região iperoniana de Ipanema, deparamo-nos constantemente com a designação itavavuvu (ou itavuu) e itapebuçu, e sempre desconfiamos que itavuvu e itapebuçu seriam a mesma ´coisa´, mas, como essa ´coisa´ diferenciada vinha de muitos e dignos historiadores achamos melhor não mexer até podermos entender e colocar os pingos historiográficos nos ii dos contos oficiais, como diz o pesquisador Adolfo Frioli.

Até porque esta questão tem a ver com a historiografia sorocabana... O próprio Friioli, em 2011, pôs em ´cheque´ a história de Sorocaba, mas o fez por e com ilações (embora justas) diante dos resultados das pesquisas no complexo geomorfológico e histórico do Morro Berassucaba (ou Araçoiaba).

E agora? Ele, como eu, e também o biólogo Luciano B. Regalado, ficamos diante da prova que faltava para dar um trato historiográfico final àquela ´coisa´ indefinida entre itavuvu e itapebuçu – a saber: o cacique guarani Tukumbó Dyeguaká, colocado diante das designações explicou que “itavuvu e itapebuçu dão significado a uma mesma coisa, porque trata-se de caminho de pedra e caminho de pedra preta no mesmo lugar”.

Então, o Governador Francisco de Souza instalou no arraial mineiro da Família Sardinha o povoado denominado Nª Sª do Monte Serrat, em 1599, com pelourinho, e logo depois, em 1611, transferiu o mesmo pelourinho para Itavuvu, ou Itapebuçu, localidade que recebeu o nome de S. Felipe.

O que significa isto em termos historiográficos? Que a região hoje conhecida como sorocabana teve início com o pelourinho no arraial mineiro do Morro Berassucaba e continuidade em Itavuvu: a fundação histórica da região sorocabana só pode ser datada de 1599 quando se instalou o primeiro pelourinho.

Tinha razão Adolfo Frioli e nós, parceiros de pesquisas, já sabíamosque algo teria de ser alterado nas estorietas oficiais da regiãosorocabana, como têm que ser alteradas as relacionadas àfundação da Vila de Piratininga.

Questão Goayanás

Do mesmo modo, sempre pensamos que goayanás designava uma nação nativa, ou uma linguagem predominante. Nada disso: goayanás não é nação, é gente vizinha da gente na linguagem guarani. Esta verdade altera profundamente a história que conhecemos do planalto piratiningo, pois, e principalmente vários religiosos com ênfase no padre “historiador” Madre de Deus, tentaram “desguaranizar” a essência nativa da região Piratininga.

A ´descoberta´ não altera as ações historiograficamente conhecidas em que esses povos vizinhos (goayanases) estiveramenvolvidos, pois, o que vai ser alterado é o mapa das tribos e linguagens dos povos florestais, principalmente dos povosconhecidos ao longo do Piabiyu (ou Peabiru).

Após 20 anos de pesquisas e vários livros publicados, entreacertos e erros e uma infinita paciência com o que o caciqueguarani aqui citado chama de phdeuses (acadêmicos que se achamno direito de dizer que conhecem, e ponto final), chegar à certezade que a chave historiográfica para a compreensão social doPiabiyu (ou Peabiru) estava e está no conhecimento doser/estar Guarani, é para mim uma celebração cultural. Primeiro,porque nenhuma academia forja o escritor nem o historiador;segundo, porque só as pesquisas de campo e o amor ao passadoque nos fez transforma a vivência em sobrevivência pelo cântico daespiritualidade. A tentativa de “branquear” a história é uma questão comum amuitas nações que tentam delimitar a importância dos povosancestrais, mas tem mais peso sociopolítico no Mundo Novo, e,obviamente, no Brasil. [Páginas 8 e 9 do pdf]

Parte 4

Não foi por acaso que os padres jesuítas quiseram, e tentaram (é verdade), transformar o Piabiyu (ou Peabiru) no “caminho de São Tomé”, pois, para suavizar a colonização luso-católica era preciso catequizar os povos nativos e fazê-los crer no deus ocidental. Seria impossível pregar a ordem e a hierarquia sem um deus punitivo, oposto à divindade libertadora da gente nativa que preconizava até um caminho que leva à terra sem mal...

Muitos povos caíram na armadilha de Manoel da Nóbrega e de Anchieta, mas a essência guarani da trilha que leva à terra sem mal ficou intocada mesmo com a sobreposição artificial de um santo católico, e isso no momento em que Tumiaru virava São Vicente e Piratininga virava São Paulo, entre centenas de outros exemplos da toponímia colonial ibero-católica. Entretanto, e porque obrigada a dialogar com nativos para sobreviver, as gentes colonizadoras trataram de aprender a língua e, nisso, configuraram uma língua geral dita tupiguarani, que seria jogada no lixo, a partir do Século 18, com a determinação imperial de se falar português.

Com a maioria das etnias destruídas, as gentes florestais nãotiveram como se opor à ordem e à hierarquia impostas pelacolonização, assim, a evolução daquela “ilha” de Sancta Cruzinventada por Cabral teve o seu eixo urbano centrado naexploração de pedras preciosas e assentamentos agropecuários. Enquanto isso, só a Língua guarani resistia – e resistia porque era a língua de um povo nômade e continentalcom estrutura social e espiritual própria, tanto que o Impérioteve que, e já em 1563, mandar fechar a trilha Piabiyu para evitarmais contatos entre nativos, castelhanos e portugueses... E nemisso conseguiu, porque do cunhadismo nasceu uma raça mistaque começou a gerar a Nação brasileira: a gente mameluca. Efoi com a gente mameluca (filhos de João Ramalho, do Bacharelde Cananéia e do ´velho´ Affonso Sardinha, entre outros) que oPiabiyu continuou como trilha do progresso socioeconômicoluso-paulista e da sinalização tupi-guarani.Parte 5 Diante do mapeamento mental e da orientação espiritualguarani percebe-se como o Ocidente ibero-católico perdeu orumo do diálogo social, pois, sem aferir quem era quem noespaço a ocupar preferiu neutralizar quem não era dos seus, ede quem não conseguiu se livrar, particularmente do tronco tupiguarani, sofreu influências socioculturais tupi-guaranis quemoldaram a Língua portuguesa no Falar brasileiro, o quefavoreceu o nascimento da Cultura brasileira sob Línguaportuguesa.Sociedade & PHD[euse]s Quando se pega em questões como as aqui relacionadas(“itavuvu” e “goayanás”) para aferir situações historiográficaspontilhadas por estorietas oficiais que visam ´branquear´ ageografia lingüística dos povos ancestrais e sobrepor a línguada dominação, pega-se em questões de Poder absolutista: faça-sea crônica segundo o desejo do Poder. E se o Poder não é nativonem dele tem sequer resquício histórico (apesar da gentemameluca e afro-brasileira), o óbvio é que a Nação possua umaestorieta de cartilha escolar, e pronto. As gerações que vêm nãoprecisam saber que tivemos povos florestais e negros..., ou que aindústria brasileira nasceu numa forja de ferro num morro distanteentre sorocas e arraia-miúda escrava. [Páginas 9, 10 e 11 do pdf]

Em alguns casos – e anote-se a importância singular de TheodoroSampaio para os primeiros estudos – verifica-se a boa intenção deir buscar dados para compor um mapeamento do histórico nativoparalelo ao desenvolvimento colonial e, a partir dele, conceberuma historiografia para além da cultura oral tupi-guarani. Óbvio,era difícil para os primeiros técnicos e historiadores um diálogoíntimo com as gentes nativas, em plenos Séculos 19 e 20, ainda emextinção; e de tal expedição surgiram teorias e mapas cujaprecariedade ressalta aos olhos de qualquer pessoa nativa ilustradaentre os Saberes ocidentais, mas a preservar a sua linguagem, oser/estar nativo. Por exemplo, ouçamos o cacique guarani CafuzoTukumbó Dyeguaká: “[...] e quando olho para o mapa das tribosfeito por Theodoro Sampaio eu rejeito a maioria das informaçõesnele gravadas”, porque “nome guarani ou tupi não é como nome de rua ou praça, é uma orientação espaço-espiritual”, e“guarani não escolhe o lugar da casa por ser um lugar bonito,mas porque no local recebeu a boa vibração espiritual”. Poroutro lado, “quando os tupis querem dizer de um povo quechegou primeiro dizem tamoio, ou se querem dizer mais antigodizem tupinambá”. Assim, tanto tupinambá quanto tamoiodesignam praticamente o mesmo sentido de mais antigo, e nãoum povo, uma nação. Isto altera o sentido historiográfico estabelecido entre os Séculos19 e 20. A questão é idêntica à do Século 17, quando franceses, emParis, gravavam mapas “do Brasil” sob narrativas de padresjesuítas... Nesses “mapas” percebe-se o aportuguesamento depalavras tupi-guaranis que, em alguns casos, alteram a história! Mas, por que a intelectualidade ocidental-brasileira não buscouentre os povos nativos os Saberes que facultariam uma melhorcompreensão sociocultural? Porque, para a intelectualidadeocidental o Conhecimento foi endeusado na Universidade. Estácerta, muito certa, certíssima, a designação de phdeuses dada pelocacique guarani a essa intelectualidade empantufada e pançudaque se alimenta do erário público, mas pouco produz em prol dascomunidades, e que quando ´desce´ a uma comunidade nativa já ofaz na certeza de não buscar informações, mas de introduzir (o seu)“conhecimento” de cartilhas pseudo pedagógicas. O professor AzizAb´Sáber dizia que “o estudo teórico só tem validade quando apessoa sai do laboratório e enfrenta a realidade social e físicaquando, então, se o souber (ou se aprendeu), produz trabalhoscientíficos dignos da sociedade” [in “Conversas com o MestreAb´Sáber” – João Barcellos, 2011]. Sabe quem sabe, ensina quemsabe.E a terminar... Entre as preocupações legítimas do Instituto Histórico eGeográfico de São Paulo (IHGSP) quanto ao remapeamento dageeografia lingüística guarani e tupi, e o retorno da regiãosorocabana à sua origem berassucabana, ou itavuvuana, existeum espaço de estudos de extraordinária profundidade socioculturale étnica, a par de uma geomorfologia afim, no qual se podem abrirnovos horizontes para a Cultura e a História do Brasil. [Páginas 12 e 13 do pdf]
“Sinalização Tupi-Guarani & Luso-Catolicismo”, João Barcellos

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