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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, volume XI
1 de janeiro de 190621/04/2024 23:26:19

O Itimirim nasce na serra dos Itatins, o que concorre para dar maior valor á suposição de que esta inexplorada e atraente serra contenha aquele metal, cuja exploração foi requerida em 1891, mas nunca iniciada pelos concessionários. Acima do Itapisantaba vem, pela esquerda, o ribeirão da Aldeia. [Página 147]

Quase pode dizer-se que o Una d´Aldeia é formado pela confluência dos rios itimirim e das Pedras, porque no lugar onde estes confluem forma-se uma ampla bacia á qual aflui o Cambixo. Cremos que quando for estudado o curso destas águas, assim ficará compreendido; e nesse caso o Itimirim, acima descrito, não afluiria pela direita, mas sim seria o galho direito da forquilha e o rio das Pedras o seu galho esquerdo.

Subindo o Itimirim, encontramos os rios Preto e Branco, seus afluentes pela esquerda; subindo o rio das Pedras encontramos, pela esquerda, o Guapihú, prolongado até ao rio Carvalho, afluente do Una do Prelado, e mais conhecido pelo nome de furado do Carvalho; e pela direita, o Itingossú, que recebe, também pela direita, as águas do rio Despraiado, que nasce na serra do rio do Peixe, fazendo contra vertentes com o rio de igual nome, e no seu longo curso, recebe águas das serras dos Itatins, do Paulo, do Pico Fino e do Botucavaru, o que verificamos em parte pessoalmente.

(...) Já que falamos no Botucavaru, não deixaremos de dar a seu respeito alguns esclarecimentos. Tantas versões que correm, umas impressas e outras de geração para geração, é dificílimo hoje afirmar qual o fato que serviu para dar ao Botucavaru um nome tão grande, aumentado constantemente pela superstição, que, aliás, é bem desenvolvida na zona. Não entraremos em investigações filológicas, mesmo porque para isso nos falta competência; mas a tradução mosca a cavalo, tão combatida por alguns estudiosos da língua nativa, é por nós aceita sem reserva, visto que em uma das faces do morro, a que defronta em linha reta, o morro mais elevado da serra do Pico Fino, mostra distinta e clara um cavalo; - capricho da natureza gravado no granito. Quanto á mosca, nunca a vimos, talvez por ser um inseto bem pequeno...

Dissemos já ignorar o que de causa a uma tão grande convicção popular de existência de riquezas naquele morro, mas para isso deve ter concorrido muito a incerteza até do lugar em que o morro se acha. Expliquemos isto com melhor cuidado, visto que até agora ninguém quis habilitar-se a faze-lo ou aqueles que o tentaram foram mais infelizes; antes, porém, transcrevemos aqui uma publicação feita ha muitos anos pelo barão de Piratininga, porque a sua leitura disporá melhor do leitor a compreender a julgar os nossos argumentos. Eil-o: [Página 148]

"Nos vastos e incultos sertões que se estendem como um mar de verdura entre a cidade de Iguape e as vilas de Una e Piedade, se ergue, áquem da serra da marinha, o célebre morro de Botucavarú, ao qual a tradição de séculos atribui riquezas fabulosas. Regatos cristalinos serpenteiam sobre palhetas de ouro e pedras diamantinas; lagos encantados em cuja superfície lisa e dormente surge ás vezes, aos últimos clarões do dia, uma naide gentil, deslumbrante de beleza como as madonas de Rapahel, ou as virgens pálidas, melancólicas e celestiais, que a mente ousada de poeta entrevê nos rozeos horizontes do futuro, através das sombras de ridentes senhos de ilusão que nos enganam, e tem miragens fascinadoras e doces, no sentir de Chateaubriand.

Os cabelos de ouro da formosa náiade se desprendem sobre espaduas alabastrinas que lhe velam o seio puro e virgíneo, refletindo como raios de nosso sol inter-tropical nos diáfanos cristais do grande lago. Á noite, os gentios do deserto, transformados em meteoros inflamados, descem ao palácio de cristal para visitar a dama do lado; e algumas vezes os seus gritos agudos como os de fantasmas de Ossian, nas falas misteriosas e incompreensíveis, segredadas por entre nuvens alvacentas, confundem-se com o sibilar dos ventos da meia noite, e que vam a solidão augusto do deserto...

Pondo, porém, de lado essas e mil outras lendas remanesças e fantásticas, e existência da montanha aurífera do Botucavarú está na consciência de todos. Sabe-se que todo o ouro empregado no douramento da igreja de MBoi foi trazido dali pelos nativos que lhe sabiam o caminho.

Ha talvez 40 anos que o alferes João de Deus partiu de São Roque á frente de numerosa caravana em direção dessa montanha, e no fim de 4 meses, acabadas as suas provisões, e fatigado de inúteis trabalhos, voltou sem ter podido chegar ao Botuca-varú, que pretendia ter avistado por vezes.

No arquivo da Câmara de Itapetininga e de outras vilas antigas há descrições do caminho de Botucavarú e de suas imensas riquezas. A essas descrições dão o nome de roteiro e aranzel.

Em época recente incorporou-se em Sorocaba uma companhia para exploração do Botucavarú, e os sertanejos empregados nessa exploração nada conseguiram senão muita fadiga e grandes despesas para a associação.

O hábil engenheiro dr. Porfírio de Lima, explorando por ordem do governo a direção de uma estrada que ligasse o sul da província com o porto de Iguape, pretende ter visto de longe o Botucavarú, em cujo cimo, auxiliado por um óculo de alcance, avistou duas pedras superpostas, sendo a debaixo com a configuração de um cavalo, e a superior com a de uma mosca com duas grandes asas abertas, o que justifica o nome de Botucavarú, que na língua guarany quer dizer - mosca a cavalo."

Afirma-se aqui a existência da montanha aurífera e a incerteza de sua situação topográfica, conquanto por vezes ela tenha sido avistada pelos que tão ardorosamente a procuravam.

Parecerá que a transcrição daquele escrito do barão de Piratininga não está nos moldes do nosso estudo; porém, assim não sucede, como veremos. Após o desaparecimento dos antigos mineiros e de seus descendentes imediatos, perdeu-se noção exata do Botucavarú, jamais explorado, mas conhecido; e hoje, senão fosse o indício seguro do cavalo de granito não poderia descobrir-se.

Posteriormente ás expedições descritas, muitas outras tem sido organizadas com o mesmo fim; entre estas mencionaremos, de passagem, uma que partiu de Conceição de Itanhaém e cujo chefe foi durante a noite casualmente morto por uma anta perseguida por uma onça; a de um tal Fagundes, do Despraiado, ha talvez um ano; a de dois norte-americanos ha pouco tempo; e a de diversos moços mineiros, entre eles um parente próximo do presidente eleito da República, ha uns três anos.

Quem é que tem partido de qualquer ponto, absolutamente certo do lugar a que se destinava, isto é do ponto em que se encontra o Botucavarú? Ninguém. Tem-se escrito sobre o Botucavarú como pertencendo á cordilheira dos Itatins; e realmente, visto de longe, o parece; mas ele é, em verdade, um morro isolado, que poderá ser considerado um de seus contarfortes; [Páginas 149 e 150]

Nativos do Itariry

Só ha poucos dias tivemos ocasião de ler no X volume, da Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, correspondente ao ano findo, o trabalho ali inserto sob o título Os primitivos aldeamentos nativos e nativos mansos de Itanhaen, firmado pelo sr. Benedito Calixto de Jesus (1853-1927), que de ha muito consagra a investigações históricas o tempo que não emprega em enriquecer as belas artes nacionais com o seu tão justamente apreciado pincel.

Já pelo nome do autor, já que o trabalho se acha publicado numa revista que contribui com informações valiosas para o melhor conhecimento da história e geografia de São Paulo e do Brasil, e que há de sempre ser consultada pelos futuros historiógrafos e geógrafos, prestamo-lhes toda atenção e com supresa lêmos o seguinte:

"Os terrenos onde atualmente se acham aldeados os nativos mansos, estão afastados das terras de São João Batista pelo rio Castro. Esse aldeamento é nas cabeceiras do rio Preto no lugar denominado Bananal e Tariruhú. O outro aldeamento de nativos mancos é no rio Itariry, afluente da Ribeira de Iguape, no município de Itanhaen, conforme explicaremos no capítulo imediato".

E no capítulo imediato explica:

"A tribo nativa que habita o município de Itanhaen está dividida hoje em dois pequenos aldeamentos: um no rio Itariry, nos sertões de Peruhybe, a dois dias de viagem desta povoação e o outro no Bananal, dois dias de viagem da vila de Itanhaén". E mais adiante, referindo-se ainda ao primeiro dos aldeamentos supra mencionados escreve:

"A outra fração dessa tribo errante havia anteriormente emigrado para o litoral, indo formar o aldeiamento do Itariry, perto do rio Juquiá, no município de Itanhen".

Da leitura daqueles trechos resulta que o sr. Benedito Calixto de Jesus (1853-1927) está convencido:

a) que o rio Itariry é afluente do Ribeira.
b) que o rio Itariry corre perto do rio Juquiá;
c) que o rio Juquiá corre no município de Itanhaem bem como
d) o rio Ribeira;
e) e finalmente, que o aldeamento do Itariry se acha situado em terras pertencentes ao município de Itanhaém.

Pedimos licença ao autor daquele estudo, para retificarmos os erros geográficos que nele se contém. E não o fazemos para desgostar tão distinto e estudioso escritor, mas como homenagem á verdade, que cada um de nós decerto procura e venera. Resumindo:

1° - O rio Itariry é confluente com o São Lourencinho e os dois formam o importante rio São Lourenço; este é afluente do Juquiá; e o Juquiá, finalmente, é afluente do Ribeira. O Ribeira está a oitenta quilômetros mais ou menos do Itariry.

2° - O aldeamento de nativos do rio do Peixe (afluente do Itariry), acha-se situado em terras do distrito da Prainha, município de Iguape, a mais de vinte quilômetros em linha reta, da divisa dos dois municípios.

3° - Nem o rio Juquiá, que nasce perto de Itapecerica, nem o Ribeira, que vem desde o Paraná atravessam terras de Itanhaem; e nem o mais tênue fio de água nascido em terras de Itanhaem verte para o rio Ribeira ou para qualquer de seus tributários. [Páginas 155 e 156]

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