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“O Rio Sorocaba é/era navegável?”, Adriano César Koboyama
11 de dezembro de 202209/04/2024 23:07:29

Mapa
Data: 07/02/2023

O rio Sorocaba não ser "canoado" é o parâmetro mais importante à História de Sorocaba. Tanto que, para Luiz Castanho de Almeida o nascimento de Sorocaba não veio do rio como caminho andante, navegação fluvial, inexistente antes de 1654 [9049], que em 1727 João Antonio Cabral de Melo carregou suas canoas pela extensa avenida Itavuvu, até Porto Feliz.

Mas, já nos primeiros parágrafos da Noticia Primeira Practica, João Antonio Cabral Camello diz que, embora usualmente o embarque para Cuiabá seja feito no porto de “Aritaguába” (Porto Feliz), dele não dará notícia alguma, pois lá não esteve; todavia, informará sobre o que viu e experimentou no porto de Sorocaba, porque foi onde ele embarcou.

Afonso d´Escragnolle Taunay, que comentou em Relatos Monçoneiros (1953):

"João Antônio Cabral Camelo em 1727 alcançou o Tietê à foz do Sorocaba que havia descido desde a vila de Nossa Senhora da Ponte (Sorocaba). Nove dias gastou percorrendo este trecho da longa jornada que ia empreender, vencendo os saltos de Jequitaia e Jurumirim, além de muitas corredeiras. As margens do Sorocaba estavam então absolutamente desertas, não havendo vestígio algum de morador ribeirinho." [6770]

Havia escrito em “Na Era das Bandeiras” (1922), que:

O grande esclarecimento que a viagem de Luis de Cespedes e Xeria em 1628 nos traz é que a navegação do Sorocaba, do Tietê e do Paraná era coisa corrente. Dai a facilidade em admitir-se a possibilidade das primeiros expedições paulistas, exploradores do território mato-grossense, de que nos falam os velhos cronistas. [22673]

Também a "Revista do Arquivo Municipal de São Paulo CLXXVI" (1969):

O relatório da expedição descreve os dezenove dias de viagem cheios de aventuras. Pelo mapa feito então (1628), verifica-se que já era rotineira a navegação dos rios Sorocaba, Tietê e Paraná, tanto que Xeria encontrou na confluência dos rios Paraná e Paranapanema diversos moradores entre os quais o pau lista Simão Mendes. [25357]

ERA SIM "CANOADO"

Já o verbete paragem, como Sorocava é registrada nos primeiros documentos [27946], até o século XIX era definido pelos dicionários como "lugar acessível à navegação,ação de parar".

Capistrano de Abreu (1853-1923), em sua "Tese de concurso á cadeira de História do Brasil" do Colégio D. Pedro II, já ensinava que logo depois de 1532, quando a mando de Martim Afonso foi fundada Piratininga, alguns subiram o Sorocaba. [26773]

Em um outro documento, produzido em 1732, e existente na Biblioteca da História Real Portuguesa, na cidade do Porto, a história da origem de Sorocaba é assim contada:

Esta igreja e mosteiro fundou no alto desta Villa de Sorocaba o capitão-mór Balthazar Fernandes, fundador que foi também da dita Villa, no ano de 1654. Está esta villa situada junto ao rio do Sorocaba, nome que lhe deu o gentio... Este não é muito grande, mas é navegável porque por ele abaixo navegavam os homens antigamente a buscar gentio e hoje o navegam também para ir as minas novamente descobertas do Cuyabá e Cochiponen... [27935]

Em 1780, o ituano Dr. Francisco José de Lacerda e Almeida (1753-1798), escreveu em seu diário:

Este rio (Sorocaba) tem as suas cabeceiras nas freguesias de São Roque e Santo Amaro: passa pela vila de Sorocaba, e antes de chegar á sua foz leva as águas do Sarapuú (limite da vila de Sorocaba com a de Itapetininga) o qual também leva as águas do Rio Pirapora: rios estes todos navegáveis sem o menor embaraço, exceto o se Sorocaba, que perto da sua foz, no lugar chamado Jurumirim, tem uma cachoeira. Neste lugar as terras são fertilissimas e abundantes de paus para canoas dista ele da vila de Sorocaba poucas léguas. Por isso seria bem útil que o governo com gente de Sorocaba, cuja freguesia tem 8.000 almas, fizesse ali uma povoação, com que se frequentaria o comércio para o Cuyába por todos os sobreditos rios.

Não só serviria aos povos de São Roque, Sorocaba, e Itapetininga, mas também aos negociantes de fora, aos quais seria mais útil vir a Sorocaba carregar canoas, do que a Araritaguaba (Porto Feliz), porque evitariam todas as cachoeiras que existem da foz do Rio Sorocaba para cima. A povoação é necessária para que se façam canoas, e para haver gente nesse único varador. Bem se sabe a necessidade que esta Capitania tem do ouro do Cuyába e se não deve conservar fechada esta nova porta.
[27898]

Ligeiras notas de viagem do Rio de Janeiro á Capitania de São Paulo,no Brasil, no verão de 1813, com algumas notícias sobre a cidade da Bahia e a ilha Tristão da Cunha, entre o Cabo e o Brasil e que há pouco foi ocupada:

Um pouco além de Porto Feliz deixamos o Tietê para nos dirigirmos diretamente ao rio Sorocaba, que passamos em canoas. Os animais passaram a nado, amarrados uns aos outros pela cauda. Aqui começa a verdadeira exploração mineira e por toda a parte ha ouro e ferro, porém não em tal abundância como em São João de Ipanema a algumas léguas distante onde, numa extensão de 10 léguas suecas, se encontra um minério de 80 a 85% de ferro, é flor da terra e com matas numa extensão dupla. [24878]

Em 1820 José Bonifácio (1763-1838) anotou:

Chegamos a Sorocaba, vila assentada em lugar bem arejado. A seus pés corre o Sorocaba, que pode ser navegável. Os habitantes são hospitaleiros. As mulheres são o verdadeiro tipo de beleza, como muitas outras da província, que fazem o sexo paulista, citado em todo o Brasil como figura esbelta e de cor de jasmim, e sobretudo, pela amabilidade e bondade de seu coração e caráter.” [5049]

Em 1822 Antonio Rodrigues Vellozo de Oliveira publicou, em "Memória sobre o melhoramento da província de São Paulo. Aplicável em grande parte a todas as outras províncias do Brasil":

Por si mesmo se recomenda este ramo de industria fabricante, e que só depois de aperfeiçoado, poderá suportar os regulamentos fiscais proporcionados aos da mesma Suécia, sendo ainda para refletir, que as Minas de Guiraçoyába se fazem particularmente recomendáveis pela sua situação local nas serranias imediatas aos Rios Iguape, e Sorocaba: por aquele podíamos navegar o ferro, e muitos efeitos agrários, por todas as Costas do Brasil, como fica notado; e por este, pelos concluentes do Tiete, Paraná, e Paraguay, se pode navegar, o mesmo ferro excedente dos nossos usos, á todas possessões espanholas, com as conveniências que cada um pode facilmente perceber. [27956]

Secretária de Saneamento e Recursos Hídricos (2011):

A região de lperó fazia parte de uma das rotas -utilizadas pelos paulistas em sua rota de exploração mineral e caça por nativos, Havia dois caminhos: do Tietê e do Paranapanema. Os expedicionários sorocabanos preferiam, muitas vezes, atingir o Tietê pelo Rio Sorocaba, que só tinha uma cachoeira e era margeado por matas onde havia madeireiras para a construção de canoas. Esses expedicionários passavam por regiões que atualmente representam os limites de território entre Iperó e os municípios vizinhos. [27977]

Análise da inserção urbana de um empreendimento de habitação de interesse social: O Estudo de Caso do Residencial Carandá em Sorocaba – SP (2022):

O rio Sorocaba teve grande importância na época da colonização, servindo de via para a interiorização na região de Sorocaba. Salienta Manfredini (2015, p. 43): “As expedições conhecidas por monções saíam da região de Sorocaba rumo ao noroeste do Mato Grosso, em canoas fabricadas e abastecidas nas proximidades da Vila de Nossa Senhora da Ponte de Sorocaba”. [27976]

Maioria dos sorocabanos que orgulham-se pelos sertanistas terem desbravado o sertão, desconhecem que, considerando que o Rio Sorocaba não era "canoado", esta cidade não teve importância alguma nesta "versão", contada por importantes autores, como Alfredo Ellis Júnior (1896-1974). Dentre as 262 páginas de “O bandeirismo paulista e o recuo do meridiano”, somente na 249, ao tratar o Bandeirismo em declínio escreve:

Quando o nascer de século dos setecentos presenciava as múltiplas descobertas auríferas, por entre as fragas das serranias centro-minerais, coroando os esforços tenazes da gente paulista, lavrou o cruento destino o decreto irremovível do declínio do bandeirismo.

E, então, foi Ararytaguaba (Porto Feliz) a dolorosa sangria, dilatadamente aberta nas veias paulistas, de onde jorrara, para as bandas de além, o sangue aos borbotões das forças sertanistas, despovoando o berço piratiningano, para povoar os extensos territórios goyano e cuyabano, com a imensa aluvião de exploradores do ouro.

Eis os últimos degraus que descemos, no ingrato setecentismo, onde nos demoramos, por longissimas décadas, até que a cruzada nobilitante do trabalho inicia a sem dúvida pela gente campineira sorocabana, ituana e paulistana em que germinaria finalmente, a semente hereditária do bandeirismo, veio a nos trazer a segunda e definitiva fase da grandeza da nossa pátria paulista que tem como pedestal o maior monumento agrícola, jamais existido na superfície do planeta (...)
[26043]

Em resumo, somente em 1720 e para atingir Porto Feliz, local onde o Rio Tietê passava a ser navegável, Sorocaba ganha importância. Cenário este, tentei ilustrar na imagem que acompanha imagem.
“O Rio Sorocaba é/era navegável?”, Adriano César Koboyama

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