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O “Manuscrito 512”: a maior fábula arqueológica ou mentira histórica nacional?
15 de janeiro de 202304/04/2024 23:46:47

Brazões e Bandeiras do Brasil
Data: 01/01/1933
Créditos: Clóvis Ribeiro

O manuscrito 512, ou documento 512, consiste em um dos arquivos manuscritos da época do Brasil colonial que está guardado no acervo da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Tal documento é a base da maior fábula arqueológica nacional, e um dos mais famosos documentos da Biblioteca Nacional.

O acesso ao relato original é extremamente restrito atualmente, embora uma versão digitalizada dele tenha sido disponibilizada recentemente com a atualização digital da Biblioteca Nacional. O manuscrito, muito antigo, e já deteriorado pelo tempo, foi descoberto por Manuel Ferreira Lagos, e posteriormente entregue ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB). Foi nas mãos de um dos fundadores do instituto que a escritura teve seu real valor reconhecido e divulgado.

O tão investigado relato que faz o documento, e que foi motivo de sua relevância ao longo da história defendido arduamente por muitos, contestado calorosamente por outros, e obsessivamente buscado por alguns: o documento 512 traz o relato do encontro de alguns bandeirantes com as ruínas de uma cidade perdida, uma civilização arruinada em meio à selva brasileira com indícios de desenvolvimento cognitivo, além de riquezas, e um fim desconhecido.

O relato da expedição, em sua parte mais conhecida, conta que houve quem avistasse de uma grande montanha brilhante, em consequência da presença de cristais e que atraiu a atenção do grupo, bem como seu pasmo e admiração. Tal montanha frustrou o grupo ao tentar escalá-la, e transpô-la foi possível apenas por acaso, pelo fato de um negro que acompanhava a comitiva ter feito caça a um animal e encontrado na perseguição um caminho pavimentado em pedras que passada por dentro da montanha rumo a um destino ignorado.

Após atingir o topo da montanha de cristal os bandeirantes avistaram uma grande cidade, que a princípio confundiram com alguma povoação já existente da costa brasileira e devidamente colonizada e civilizada, todavia ao inspecioná-la, verificaram uma lista de estranhezas entre ela e o estilo local, além do fato de estar em alguns trechos completamente arruinada, e absoluta e totalmente vazia: seus prédios, muitos deles com mais de um andar jaziam abandonados e sem qualquer vestígio de presença humana, como móveis ou outros artefatos.

A entrada na cidade era possível apenas por meio de somente um caminho, macadamizado, e ornado na entrada com três arcos, o principal e maior ao centro, e dois menores aos lados; o autor do texto expedicionário observa que todos traziam inscrições em uma letra indecifrável no alto, que lhes foi impossível ler dada a altura dos arcos, e menos ainda reconhecer.

Há descrição de diversos ambientes observados pelos bandeirantes, admirados e confusos com seu achado, todos relatados com associações do narrador, tais como: a praça na qual se erguia uma coluna negra e sobre ela uma estátua que apontava o norte, o pórtico da rua que era encimado por uma figura despida da cintura para cima e trazia na cabeça uma coroa de louros, os edifícios imensos que margeavam a praça e traziam em relevo figuras de alguma espécie de corvos e cruzes.

Segundo a narrativa transcrita no documento, próximo a tal praça, haveria ainda um rio que foi seguido pela comitiva e que terminaria em uma cachoeira, que aparentemente teria alguma função semelhante a de um cemitério, posto que estava rodeada de tumbas com diversas inscrições, foi neste local que os homens encontraram um curioso objeto que segue descrito a seguir.

Entrementes, quando a expedição seguiu adiante e encontrou os rios Paraguaçu e Una, o manuscrito foi confeccionado em forma de carta, com o respectivo relato, e enviado às autoridades no Rio de Janeiro; a identidade dos bandeirantes do grupo aparentemente foi perdida, restando apenas o manuscrito enviado, e a localização da cidade supostamente visitada tornou-se um mistério que viria atrair atenção de renomadas figuras históricas. [24743]

SOROCABA

Na BAHIA, até agora, somente o "H" foi encontrado... Após leitura do Manuscrito 512, o cônego Januário da Cunha Barbosa publicou uma cópia integral do manuscrito na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, com a adição de um prefácio, no qual esboçava uma teoria de ligação entre o assunto do documento e a saga de Roberio Dias (filho de Belchior Dias Moreia), um homem que fora aprisionado pela coroa portuguesa, por se negar a fazer revelações a respeito de minas de metais preciosos na BAHIA.

Roberio e seu pai Belchior, seguiam os passos do parente, Gabriel Soares de Souza [26265], cuja determinação resultou na chegada do 7° Governador Geral do Brasil, D. Francisco de Souza, em Itarireoú, no dia 3 de junho de 1599 [25788]. D. Francisco não só dedicou, como "perdeu" a vida em Sorocaba.

Concorda Luís Castanho de Almeida (1904-1981), "mestre" de Frioli e "pai" da “Memória Histórica de Sorocaba” (1964):

"D. Francisco de Souza, encontrara-se em Madri com Gabriel Soares de Souza, negociante na BAHIA, autor do Tratado Descritivo da Terra do Brasil, irmão de Pero Coelho de Souza que procurava prata e outro na lendária Sabarabuçú, tendo falecido na volta cem léguas da capital. De posse to roteiro do irmão, Gabriel conseguira favores de homens e título para governá-los, vindo a naufragar em 1591. D. Francisco, tomara posse de Governador nesse em junho mesmo ano e em 1592 auxiliou Gabriel Soares a reconstituir a expedição, na qual Soares também morreu. Todos iam morrendo no sonho da Sabarabuçú, como repete em ritornello Paulo Setúbal." [9049]

Segundo Afonso d´Escragnolle Taunay (1876 - 1958):

Procurou valer-lhe D. Francisco de Souza, que então inaugurava o seu governo, e com estes novos elementos encetou Gabriel Soares, em 1592, a sua entrada. É d. Francisco de Souza geralmente acusado de se haver apoderado dos seus papéis e roteiros, requerendo mais tarde e obtendo-os "os mesmos privilégios e concessões outorgadas a Soares e ainda outras" no dizer de Varnhagen. [25586]

A única Estrada pavimentada era o Caminho do Peabiru, este, já provado passando por Sorocaba e pela Sagrada Montanha do Araçoiaba [28129]. Antes da mudança para o atual local, o povoado sorocabano situava-se no lugar denominado Itarireoú [24241], a qual temos a lenda do o precioso tesouro Itainhareru está escondido numa cidade de pedra [27906].

Este local é atualmente chamado Itavuvu, derivação de itapebuçu, as quais o cacique guarani Tukumbó Dyeguaká, explicou significarem uma mesma coisa, porque trata-se de caminho de pedra e caminho de pedra preta no mesmo lugar [27893]. E a Montanha Sagrada DO Araçoiaba, que é representa no campo inferior do brasão de Sorocaba por triângulo negro, por ser composta da escura magnetita.

GABRIEL

Logo após os Descobrimentos, na hoje América do Sul, portugueses e espanhóis ouviam dos nativos, no litoral, a notícia segundo a qual existia no Interior do Continente uma grande Lagoa muito rica em ouro, prata e pedras pedras preciosas, particularmente esmeraldas. Junto à Lagoa havia uma cidade também muito rica. O outro mito, Sabarabuçu, encontrava-se junto à essa Lagoa. Ou seja, a serra resplandecente estava localizada junto à Lagoa; caso fosse descoberta uma delas, a outra estaria por perto.

1578 O Morro de Ferro, às margens do Ipanema, foi descoberto por Afonso Sardinha, quando em expedição a procura da Lagoa Dourada, “que num ponto qualquer da serra existia, nadando em suas águas peixes e patos de ouro”. Hoje (1951), a quem quer que se pergunte em São João do Ipanema, sobre a tal Lagoa, não se houve resposta. Ninguém a viu, mas ninguém a contesta. [24437]

Em resumo, João Coelho de Souza havia descoberto este local e antes de falecer no retorno enviou as "informações" ao seu irmão, Gabriel Soares de Souza. Não sabemos exatamente a motivação de Gabriel. É fato que aumentou após o falecimento de seu irmão, e em agosto de 1584 partiu para a Espanha.

Fato curioso ter embarcado numa grande nau, graças ao conhecimento e orientação do navegador Pedro Sarmiento de Gamboa, cuja embarcação foi seguida da que se encontrava Gabriel Soares [27056]. Curiosa a ainda não explicada a conexão com "este" Pedro Sarmiento, pois, em 1599, quando D. Francisco chegou em Sorocaba, um dos integrantes de sua comitiva, o pirata inglês Anthony Knivet, relata que Pedro Sarmiento tinha:

(Há muitos anos) assentado no Araçoiaba uma cruz, com uma inscrição assignalando a posse do rei de Espanha e uma pequena capela com duas imagens, uma de Nossa Senhora e outra de Christo Crucificado [24356].

Após muitas tentativas, somente em 1587 Gabriel conseguiu "apoio", após apresentar ao rei, em Madrid, sua obra chamada Notícia do Brasil. Curiosamente, circulou até 1851 não somente sob um pseudônimo, mas com títulos e datas de publicações divergentes, o original ter sido perdido.

Em 1851, em carta remetida ao Instituto Histórico Geográfico Brasileiro, Francisco Adolfo de Varnhagen (1816-1878) apresenta o livro de Gabriel Soares como a obra “talvez a mais admirável de quantas em português produziu o século quinhentista, prestou valiosos auxílios aos escritos do padre Cazal e dos contemporâneos, que dela fazem menção com elogios não equívocos”.

Foi o próprio Varnhagen, "pai da História do Brasil", natural de Sorocaba e que nasceu, literalmente, no Araçoiaba, após ter consultado e confrontado várias edições, restaurou o relato e atribuiu sua redação definitiva a Gabriel S. de Sousa. Para Varnhagen este texto seria "tão correcto quanto se poderia esperar sem o original, enquanto o trabalho de outros e a discussão não o aperfeiçoarem ainda mais, como terá de suceder".

Curioso Varnhagen ter alterado o nome da obra, intitulando-a Tratado Descritivo da Terra do Brasil. O documento passou a ser definido, em um dado momento, como uma fonte histórica, e através dos olhos de Gabriel S. de Sousa, temos a visão do outro no século XVI é, portanto, percebida como uma imagem verdadeira no século XIX. Francisco Adolfo de Varnhagen utiliza-se do relato de Gabriel S. de Sousa como uma possibilidade de acesso à realidade do Brasil do século XVI. [27054]

Em 9 de Junho de 1591 D. Francisco de Sousa tomou posse na BAHIA [24461], onde recebera de um brasileiro certo metal extraído dos montes Sabaroason de cor azul escuro ou celeste, mesclado com certas areias finas cor de ouro, que, depois de ser examinado pelos faisqueiros, foi reconhecido conter num quintal trinta marcos de prata pura. [21919]

ANO: 1592

Gabriel Soares, que havia voltado com abundantes poderes e dilatadíssimas ajudas, preparava-se para sua última expedição, quando em 18 de abril de 1592 o Padre Amador Rebelo escreveu, de Lisboa ao Geral da Companhia, recomendando que caso El-Rei solicitasse padres para a expedição do “capitão” Gabriel Soares não lhes concedesse. [27056]

Dois dias depois, 20 de maio, a Guerra contra os carijós, se torna uma Guerra de Extermínio e Afonso Sardinha assumiu o comando das forças da vila ante o ataque dos nativos, ocasião em que celebrou testamento antes de partir para a guerra [24423]. Dia 29 teve patente de capitão da gente de S. Paulo para reger, governar e entrar ao sertão. Na ocasião fez o seu extenso testamento [24528]. [27294]

Em maio Gabriel partiu da BAHIA, tendo como guia, um bugre amigo, Guarací, que sabia onde ficava a Serra da Prata, e com duzentos nativos, bons flecheiros. A 2 de maio, foi entregue a Afonso Sardinha, em substituição a Jorge Correa, o lugar de capitão-mór, pois que a vila estava ameaçada pelo nativo.

Dia 25 de maio uma Congregação provincial foi convocada na BAHIA. Importantes quadros da Companhia de Jesus participaram, para que respondessem as "informações" prestadas pelo colono português. Pronunciaram-se escandalizados de “tão baixas palavras, e torpes juízos”, identificando o “quão azedo” se encontrava “o peito” donde saíam.

A expressão “peito azedo” que pode ser traduzida como “coração amargurado”, manifesta um dos lados da sua defesa, a bem dizer, o âmbito pessoal e íntimo com o qual pretenderam minimizar as denúncias do explorador quinhentista.

Em junho, passando a serra do Querarú, cerca de 50 léguas da costa, levantou uma fortaleza. [27890] aqui fizeram os mineiros fundição de pedra de huma betta que se achou na serra; e se tirou prata. Segundo o relato da velha crônica — "o general a mandou serrar, e, deixando ali doze soldados, se foi com os mais outros cinquenta léguas". [20766]

Em julho D. Francisco enviou duas expedições ao norte da BAHIA. Uma liderada por Belchior Dias Moreia, o primo de Gabriel Soares, que por oito anos, Belchior e seus companheiros percorreram os sertões, alguns dos familiares chegaram a acreditar que tivessem morrido. Outra, em busca de Gabriel, liderada pelo "espião castelhano Manuel João Branco ao Serjipe morro a mais de 200 léguas da B A Í A , para descobrir minas, onde Gabriel Suarez, que veio como descobridor de ouro, se perdeu [20596]. No dia 10 do mesmo mês o testamento de Gabriel Soares de Souza foi aberto: Ele e Coaracy estavam mortos. [20766]

Paulo Setúbal, aquele lembrado por Castanho de Almeida, por escrever que Todos iam morrendo no sonho da Sabarabuçú descreve esse grande “Romance da Prata”:

O intento que Gabriel Soares levava nesta jornada era chegar ao Rio de S. Francisco, e depois por ele até a Lagoa Dourada, donde dizem que tem seu nascimento, e pera isto levava por guia hum nativo por nome Guaracy, que quer dizer Sol, o qual também se lhe pos, e morreu no caminho, ficando de todo as minas obscuras, até que Deus verdadeiro Sol queira manifestal-as.[20766]

Ao atingirem pela segunda vez essa distância, levantaram "outra fortaleza na qual, por as águas serem ruins e os mantimentos piores, que eram cobras e lagartos, adoeceram muitos e entre eles o mesmo Gabriel Soares, que morreu em poucos dias no mesmo lugar, pouco mais ou menos, onde seu irmão havia falecido. Foi sepultado na fortaleza, que fazia, com muito sentimento dos seus".
[27890]

Manifestara em testamento o desejo de ser sepultado com o “hábito de São Bento”, no mosteiro da ordem em Salvador, recomendava “150 missas rezadas e 15 cantada” para o sossego da sua alma pecadora, foi, supõe-se, inumado às pressas numa cova anônima cercada pelos matos baianos. Os ossos de Gabriel Soares mandou seu sobrinho Bernardo Ribeiro buscar, e estão sepultados em S. Bento com hum titulo na sepultura, que declarou em seu testamento puzesse, e o titulo é: Aqui jaz hum pecador.

CINCO

- A documentação sobre as expedições ao sertão, realizadas a partir de São Paulo, revela que o mito do “lago onde dormia o sol”, a Lagoa Dourada brasileira, foi transplantado para a capitania de São Vicente, especificamente e incontestavelmente, tendo Sorocaba como um dos alvos dessa Guerra [24356][24356]:

O Morro de Ferro, às margens do Ipanema, foi descoberto por Afonso Sardinha, quando em expedição a procura da Lagoa Dourada, “que num ponto qualquer da serra existia, nadando em suas águas peixes e patos de ouro”. Hoje (1951), a quem quer que se pergunte em São João do Ipanema, sobre a tal Lagoa, não se houve resposta. Ninguém a viu, mas ninguém a contesta. [24437]

- Dentre os "caminhos do mar", o mais notável partia de Itanhaém, fraldeava as serras [25782] passando pelo Quararhy [28070], até o entroncamento que, dirigia-se para os sertões de Sorocaba (...) onde estavam situadas as minas de Araçoiaba e as legendárias terras auríficas e a Lagoa Dourada e outras, das quais os aranzéis (roteiros antigos) nos dão notícias. [25782]

Reforça bastante aos meus escritos, temos as palavras com o que o Dr. Ademar Pereira de Barros chefe do executivo estadual se dirigiu ao povo paulista em seu memorável discurso pronunciado em 27 de abril de 1939 no Teatro Municipal, comemorando a data de seu primeiro ano de governo:

Durante muitos anos, jazeu a zona da Ribeira à espera de quem lhe compreendesse a importância e a riqueza. Projeto de aproveitamento não lhe faltaram, mas sempre, por motivo ou outro, frustrados. No entanto, ali está sem exageros a Bolívia Brasileira, reprodução da região andina, onde, por um paradoxo geológico se agrupam jazidas de minerais cada qual mais valiosa: ouro, platina, mercúrio, prata e chumbo.

Essa imensa riqueza não podia sair do patrimônio do Estado e já então chegando da Europa as máquinas que realizarão em São Paulo o sonho do lendário herdeiro de Gabriel Soares. Novas estradas rasgarão aquele solo abençoado. E muito em breve se retificará a sua principal artéria fluvial, hoje em dia fator máximo das suas celebres e malfazejas inundações.

Presumo que me escreveu de Sete Barras, pelo que pude decifrar do carimbo do correio, quase ilegível. Zona da Ribeira, lugar, até a pouco tempo esquecido dos deuses e dos homens... Em pleno abandono, ha mais de quatrocentos anos, desde a época em que desapareceu misteriosamente, sem deixar o mínimo vestígio, a malograda expedição enviada por Martim Afonso de Sousa, em busca do Eldorado, do Perú ou do país de Ophir... Em busca, talvez, da fabulosa "montanha resplandecente", lenda que, por séculos encandeceu a imaginação dos colonos... Região que, afinal, desperta do seu letargo multi secular, com o inicio da exploração de suas riquezas minerais, transformando em realidade a lenda da "montanha resplandecente"...
”. [26108]

- Aqui, considerando que, de forma unânime, mapas da época registram os Rios Una e São Francisco abaixo do Trópico de Capricórnio [23372], e que Nativos Flecheiros era como referem-se os documentos antigos aos bandeirantes paulistas [26043], perguntamos: Por que Bahia se escreve com h bem no meio?

Consta no Jornal “O Estado de Minas”:

A história vem de longe. Em tempos idos e vividos, o h indicava o hiato. Grafava-se bahia, sahida, pirahy. Sem o h, a leitura seria báia, sáida, pirái. Depois, o acento tomou o lugar do h. Mas o estado manteve a letra com a qual tinha sido batizado. Os donos do pedaço diziam que Bahia sem h não é Bahia. É acidente geográfico. [28150]

O primeiro europeu a penetrou na BAÍA de Todos os Santos no dia cinco de maio de 1500 [28149]. Segundo um assento em catálogo antigo dos governadores, citado por Jaboatão, em novembro de 1549 solenemente instalada a cidade do Salvador, depois chamada de São Salvador da BAÍA de Todos os Santos [12369].

Inacreditável a "H" integrar esta "lenda". Como exemplo, temos o documento que integra-a, mencionando que em 11 de fevereiro de 1577 foram concedidas a Antonio Vaz 400 braças ao longo da BAHIA e 1000 para dentro do sertão em Sarapohy que foram a Bras Cubas no Porto que foi de Jacotinga. [24348]

Não há dúvidas que tal documento refere-se a Sarapuí, região de Sorocaba. E sobram provas do escrito acima: o ouro apareceu pela primeira vez no Brasil em Caatiba (atualmente Bacaetava), conforme carta de Brás Cubas data de 1562. [26804]

Porém, ainda em 1725, reportam expedições de busca de minerais preciosos que já haviam percorrido o sertão da BAHIA, dos tempos da expedição malograda de Gabriel Soares de Sousa. Baseando-se na tradição oral, a informação de que “um paulista fulano de Cubas chegara ao Paramirim aonde descobrira um grande haver voltando para S. Paulo a convocar vários parentes e amigos”.

Consta ainda, entre as muitas notícias incluídas nesse manuscrito de 19 laudas, a importante informação de que o nome "Jacobina" se referia, na realidade, a dois lugares diferentes. Nativos velhos haviam declarado que a Jacobina em que o sertanista atuava não era o mesmo lugar que tinha esse nome na tradição oral indígena, localizado a 30 léguas da vila. [27079]

- Coaracy ou Guaracy, que quer dizer Sol, requer atenção. Ele inspirou Peri, o personagem principal de "O Guarani" é, segundo seu autor, um nativo que representa verdadeiramente sua raça. José de Alencar (1829-1877), da mesma forma que Francisco Adolfo de Varnhagen, utiliza-se do relato de Gabriel S. de Sousa como uma possibilidade de acesso à realidade do Brasil do século XVI:

"Preferi guiar-me por Gabriel Soares que escreveu em 1580, e que nesse tempo devia conhecer a raça indígena em todo o seu vigor, e não degenerada como se tornou depois". [27066]

Uma das hipóteses para a origem e o significado de Araçoiaba, apresentada por Carl Friedrich Philipp von Martius (1794-1868), é cuaracyáb [28037], interpretação essa ironizada por Teodoro Fernandes Sampaio (1855-1937), em seu “Tupi na Geographia Nacional”:

"Martius, entretanto, não era interpretador seguro. Por exemplo, o ilustre sábio chegou a identificar a frase coaracy-ting-oatã, confiado em que a corruptela a teria modelado ou transformado de tal modo que veio a constituir o vocábulo discutido, justificando tal identificação com dizer que é lugar onde o sol chega e volta, ou muda de curso, por estar a localidade, que traz esse nome, perto do trópico de Capricórnio, como se os tupis soubessem astronomia." [21917]

Porém, mais próximo da verdade está Martiuns. Já em 1879, Manuel Eufrásio de Azevedo Marques (1825-1878), em sua magistral obra, dava a seguinte e breve descrição de Araçoiaba, efetuada pelo Engenheiro Daniel Pedro Muller:

"Entre os montes, nenhum merece particular atenção como o de Araçoiaba ou Byraçoiaba, como alguns escrevem, que significa ´coberta do sol´, a qual se acha dentro de uma planície debaixo do tropico. Esta montanha, riquíssima, pela imensa quantidade de metal de ferro (...) Também se acha, em alguns lugares em torno de Araçoiaba, a formação aurífera por inundação.

- Américo de Moura foi quem mais dedicou-se aos capítulos e escalada desta guerra, declarada em 1585, e segundo ele cuja memória se perpetuou com o nome de Guerra de Jerônimo Leitão, merece maior estudo do que o até agora feito pelos nossos Historiadores [24305].

Assim como Pôncio Pilatos indagou Jesus, pergunto: Que fizestes os Carijós? Ainda mais se considerando a verdade escrita pela maioria dos autores, como Simão de Vasconcelos (1597-1671):

"Concluo este livro dos nativos com a declaração de sua espécies. As nações dos nativos do Brasil todo, se deve reduzir a duas nações genéricas, ou a dois gêneros de nações somente, as quais dividam depois em suas espécies. De uma delas, os Carijós, pudera dizer muito, acerca de seus ritos, costumes e modos de viver; porém pretendo brevidade; e só digo agora, que é a mais dócil, e acomodada nação de toda esta costa, e sobre tudo singular em não comer carne humana." [26863]

Concorda Luiz Saya (1911-1975), em “Notas sobre a evolução da morada paulista”:

E é aqui que a bandeira sai do baú onde se guardavam os pertences da Câmara e se torna símbolo, por metonímia, de uma expedição militar, mesmo que a intenção belicosa seja do inimigo, no caso o nativo: levantar a bandeira em uma lança significa ter intenção agressiva declarada.

No caso específico, a intenção do gentio carijó que vinha a São Vicente não era agressiva, pois não levantavam bandeira e nem faziam guerra a ninguém. Nesse pequeno trecho está resumida toda a problemática daquilo que seria tratado no futuro como o ciclo das Bandeiras Paulistas:

Atenção para o fato de que possivelmente nenhuma dessas respostas poderá ser unívoca, dentro de um contexto pleno de contradições políticas e conflitos sociais. A acreditar nas declarações (bastante duvidosas, em face do que sabemos através da documentação de época, principalmente pelas cartas dos governadores e dos capitães-generais, e pelas cartas e relatos dos padres jesuítas) dos paulistas, estes também não davam guerra a ninguém e nem levantavam bandeira: os nativos carijós voluntariamente lhes vinham procurar.
[26876]

De qual “mundo seria o reino dos Carijós? Se fosse deste mundo, seus guardas lutariam para que não fosse entregue. Mas talvez este reino fosse daqui”. Anchieta escreveu em 15 de março de 1555, ter recebido a visita de um dos Rei Carijó:

O qual é senhor de uma vasta terra, e veio com muitos dos seus servidores só á nossa procura, afim de que corramos ás suas terras, para ensinar, dizendo que vivem como bestas feras, sem conhecer as coisas de Nosso Senhor. Disse aos caríssimos Irmãos, que era um mui bom cristão, homem mui discreto e nem parece ter coisa alguma de nativo.

Ocupamo-nos aqui em doutrinar este povo, não tanto por este, mas pelo fruto que esperamos de outros, para os quais temos aqui abertas as portas. [26938]

Repetiam os Carijós que o Caminho até a Lagoa Dourada foi aberto pelo Apóstolo Thomé e, como consta na Revista trimensal do Instituto Histórico, Geográphico e Etnográphico Brasileiro, tomo XXVI:

A vinda do Apóstolo São Thomé á estas partes da América, e principalmente ao Brasil e ás regiões do Paraguay, está baseada em tais fundamentos, que d´ela não se pode duvidas. Faltam monumentos antigos que testifiquem a vinda de São Thomé, e por tanto a tornem perfeitamente certa, mas é inegável que a tradição constante e uniforme de diversas nações do novo mundo, os sinais e vestígios, e o nome de São Thomé conhecido desde tempo imemorial por elas, fazem probabilíssima sua vinda a estas regiões. [28021]

as áreas onde, supostamente, se localizavam as nascentes do rio São Francisco constituíam a direção predominante tomada pelos sertanistas, o que pode estar relacionado a outro local mítico, a Alagoa Grande ou “lagoa do ouro”, que aparece com o nome indígena de Paraupava nestas fontes. Assim aconteceu com as minas de Biraçoiaba e da Caatiba, localizadas na região de Sorocaba, esta “Cahatyba, d’onde se tirou o primeiro ouro (...)”. [26875]

Acho que os Carijós jogavam peças de ouro nessa Lagoa, sacralizada pela passagem do Apósto Thomé. Está hoje "esvaziada". Em 1856 Francisco Adolfo de Varnhagen (1816-1878) traduziu e deu luz no que ouviu, dum nativo moranduçara, o que recolheu em outras eras, com algumas notas deste Sorocabano:

E via que a mente se me offuscava, e que eu nada mais sabia de Sumé. Por fim ouvi uma voz que dizia: "Contenta-te de seres moranduçara do que sabes, que é quanto tens de transmittirá prosteridade. Sumé irá para outras terras; por que aos surdos não é possível fazer que oução as palavras do Senhor. E uma língua de fogo se vio no mais alto cimo do morro de Biraçoyaba, que parecia como a chama de um vulcão.E o monte se derretia em lavas de ferro. E aí se formava uma espécie de cratera ou algar (Vale das Furnas) cujas cinzas quentes, depois se apagavam com as águas de uma lagoa (Lagoa dourada, onde o povo do Ipanema, ainda não há muito, julgava que apareciam fantasmas, que guardavam tesouros escondidos.).E ouvi a mesma voz de antes dizer-me : “Ali esconderás o legado que deveis deixarás gerações vindouras, para que os homeus tenhao mais uma prova da misericórdia divina, que é de toda a eternidade, e durará até o dia de juizo.” — Amen.08:21 [24374]

Segundo Washington Luís Pereira de Sousa (1869-1957):

"Depois das grandes lutas entre Tupiniquins, partindo do litoral para onde haviam vindo, desde a BAHIA, tomaram dos Carijós a posse da região de Sorocaba". [25788]

APÓS 10 DE JULHO

Passados menos de um mês, em 2 de agosto Afonso Sardinha começou a escavar em Araçoyaba, vindo a encontrar grande quantidade de ferro. Lá se achava, nessa ocasião, o governador-geral, inspecionando os trabalhos de mineração [24871]. Ora, naquele tempo, a viagem de São Paulo á Sorocaba, durava em média, cerca de 18 dias [25788].

Também a historiografia, quando refere-se a esses descobrimentos, geralmente reconhece Afonso Sardinha como o pioneiro na siderurgia nacional [20602], mas Gabriel fala de minas de ferro e aço, trinta léguas adentro pelo sertão da BAHIA, sem indicação de lugar entretanto, elas nunca foram encontradas. De fato, nas capitanias setentrionais a natureza geológica do terreno condenava as tentativas de ai fundar-se a siderurgia. [26128]



As mais fortes "coincidências" virão de Afonso Sardinha! Seu filho, Afonso Sardinha, o moço, faleceu este ano, onde ficaram as ruínas de sua fazenda [24968]. O pai, em seu Testamento, registrado em 13 de Novembro de 1592, descreve seus bens, especialmente a grande Fazenda em Amboaçava, onde Braz Cubas teria “umas cruzes de pedras” [7944]. Este ano existem registros de construções de fortificações em Emboaçava [24423].

Sardinha é lembrado por Mário de Andrade, em “Macunaíma” (1928):

Quando Palauá correu legua e meia olhou pra trás fatigada. Porêm a tigre preta vinha perto. Vai, Palauá chegou num morro chamado Ibiraçoiaba e topou com uma bigorna gigante, aquela uma que pertencia á fundição de Afonso Sardinha no princípio da vida brasileira. [26556]

Mas, “há de se desconfiar de Afonso Sardinha”, o primeiro branco o português em Sorocaba [9049]:

Baseado nos documentos autênticos locais, deve-se concluir que nenhum dos Afonsos Sardinhas teve propriedade em Jaraguá; que a fazenda de Afonso Sardinha, o velho, onde ele morava e tinha trapiches de açúcar estavam nas margens do rio Jerobativa, hoje rio Pinheiros, e mais que a sesmaria que obtivera em 1607 no Butantã nada rendia e que todos os seus bens foram doados à Companhia de Jesus e confiscados pela Fazenda Real em 1762 em São Paulo. Se casa nesta sesmaria houvesse, deveria ser obra dos jesuítas. Pelo mesmo estudo se conclui que Afonso Sardinha, o moço, em 1609 ainda tinha a sua tapera em Embuaçava, terras doadas por seu pai. Não poderia ter 80.000 cruzados em ouro em pó, enterrados em botelhas de barro. Quem possuísse tal fortuna não faria entradas no sertão descaroável nem deixaria seus filhos na miséria. [24528]

"Pedindo mercês em troca da informação sobre o local das minas, Belchior foi a Portugal e de lá à Espanha, em 1600, para conseguir um título de nobreza. Demorou-se quatro anos, sem sucesso. Voltaria duas vezes à Europa com novos insucessos. Os governadores Luís de Sousa, de Pernambuco, e D. Francisco de Sousa, da Bahia, marcaram encontro com Belchior Dias Moreia e viajaram juntos para Itabaiana, para marcar a localização das minas. Negando-se a mostrar o local enquanto não fosse recompensado com as mercês, Belchior Dias Moréia foi preso e passou dois anos na cadeia." [24528]

Também em 1600 registra-se a viagem de Manuel de João Branco, acompanhado do descobridor das minas de ferro no Brasil, este recebe a misericórdia do privilégio de cavaleiro com a residência comum, em 26 de março de 1602. [22200]

Cuidado, senhor, cuidado! O sertão do Brasil é traiçoeiro. Todos os que, até hoje, tentaram desvendar as riquezas do Sabarabussú, morreram... Não escapou um só!” [20766]

Falaeceu em 1611, Entristecidamente, Conforme o manuscrito, o mineiro descobrira que poderia retirar “tan gran pedazo de oro como el cavallo en que estava”, e tal noticia alarmara tanto os padres, que, na mesma noite, o mineiro foi encontrado morto [20623].

E tão pobre que se não fôra a piedade dum teatino, nem ma vela teria na sua agonia [27890]. Entre 1611 e 1654, tudo é silêncio na História de Sorocaba [9049], até 1640, quando Balthazar Fernandes mudar o pelourinho ereto por D. Francisco no Itavuvu ao atual local...

Sobre “Baltazar Fernandes ser Culpado ou Inocente”, diz Sérgio Coelho de Oliveira:

São centenas e centenas de inventários, testamentos e escrituras, guardados pelos cartórios, cúrias, paróquias e Câmaras, formando um fantástico acervo capaz de reconstruir e esclarecer importantes aspectos da história de São Paulo nos tempos coloniais.

Pena que o inventário de Balthazar Fernandes, feito antes de morrer, tenha se extraviado. (...) surpreende é a falta de informações documentadas sobre os locais e datas de nascimento e morte do "fundador" de Sorocaba (...) as informações divergem de autor para autor e são sempre imprecisas. Teria nascido no Ibirapuera ou em Parnaíba.

Balthazar Fernandes continua sendo um mito! Sua lápide, fria e muda, não fala em morte. Nem se sabe quando ele nasceu. E se nasceu... quando morreu. Sua memória, espírito do bem, eternizou-se na sua obra: uma velha capela, um mosteiro. Paredes velhas, tortas, fundidas no barro, que se expandem. Semente de povoado, que desabrochou, virando cidade. E QUE CIDADE!!!
[21228]

Este texto foi motivado pelas palavras de Adolfo Frioli, ao qual dedico-o:

As dúvidas e a falta de pesquisas nos arquivos, nos colocam "em choque" com os tradicionalistas que preferem continuar com as lendas, do que procurar o que realmente aconteceu naquele período de transição luso-hespanhola-luso de 1580 a 1640. Um trabalho árduo de mostrar a verdade verdadeira. [28141]

A intenção era escrever sobre a conhecida Carta de Manuel Juan Morales ao rei Filipe IV (1605-1665), “O Grande” em 1636 [20596], principalmente por dar-nos dimensão da "verdade escrita". Por quanto, como de um profissional para outro, Pedro Taques de Almeida Pais Leme (1714-1777) escreveu ao seu primo, Frei Gaspar da Madre de Deus (1715-1800):

Parece que havia firme propósito da parte dos historiadores em ocultar a origem indígena de Amador Bueno da Ribeira. pelo lado espanhol, o que é mais discutido e analisado por esses escritores coloniais, apenas conseguiram estes traçar a sua origem a duas gerações, sendo seu pai Batholomeu Bueno e seu avô D. Francisco Remires. Piqueroby, cacique, chefe ou rei de uma das tribos Guaynases, que ocupavam a costa marítima de São Paulo no começo do século XVI. [26850]

Teria sido uma indireta cavalheiresca? Afinal para Frei Gaspar:

"Eram os campos de Pirá-tininga habitados nesse tempo por algumas tribos guayanás que obedeciam a Tebyreçá e Cayubi, os régulos que, consentindo no desembarque de Martim Afonso, perseveravam em lealdade para com os brancos, tudo em deferência a João Ramalho." [23952]
O Itavuvu era chamado bairro dos Quartéis. Por Adriano César Koboyama

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*Manual do Tio Patinhas

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O homem é o que conhece e ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo. (Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba)
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