Em 27 de julho de 1821, sob o governo do tenente-coronel Bento Alberto da Gama e Sá, abrigava-se no velho quartel da Rua de Santa Catarina o Primeiro Batalhão de Caçadores, parte da guarnição, composta ao todo de um regimento.
Nesse quartel, teve origem a Revolta nativista, onde os amotinados reivindicavam salários com atrasos de 5 anos, aumento do soldo e igualdade no tratamento de soldados brasileiros e portugueses. A sentença do Chaguinhas e José Joaquim Cotindiba, foi a pena de morte pela forca.
Chefiada por Chaguinhas, os amotinados atacaram uma embarcação de bandeira portuguesa, fato que causou o prisão de seus líderes, Chaguinhas e Cotindiba.
Francisco das Chagas e Cotindiba foram os únicos que seguiram presos para São Paulo, aparentemente pelo fato de serem os cabeças do motim, fato que foi contestado pelos irmãos Andradas (José Bonifácio de Andrada e Silva, Martim Francisco Ribeiro de Andrada e Antônio Carlos Ribeiro de Andrada Machado e Silva) que, sem afrontar visivelmente a grande força dos retrógrados de São Paulo, queriam tentar a salvação dos soldados de sua terra.
Condenação
Sua condenação chocou a cidade. A forca foi erguida no atual Largo da Liberdade. No dia 20 de setembro de 1821 houve a execução. Primeiro foi o soldado Contindiba.
Depois, foi lançado Chaguinhas, mas a corda arrebentou e o réu caiu ao chão. O povo, que a tudo assistia, gritou: "Liberdade", termo esse que deu origem ao atual nome do local. Era o costume desse tempo, perdoar-se o condenado, ou comutar-lhe a pena, em casos semelhantes.
Para outros era a vontade de Deus, mais poderosa que a dos homens. O governo, consultado, foi intolerante, e novamente foi armado o laço e dependurado para lançamento. E assim se fez. Mas eis que a corda arrebentou de novo.
E o povo gritou: “Milagre!”. De qualquer forma, Chaguinhas, pela terceira vez foi enforcado, mas ainda mostrando sinais vitais, foi assassinado a pauladas, terminando a pena.
Legado
Velas foram acesas e uma cruz foi erguida no local do crime. Em 1887 foi construído uma capela, a Capela de Santa Cruz das Almas dos Enforcados. Ou simplesmente Igreja das Almas.
A documentação primária diz que sua primeira missa celebrou-se em 1 de maio de 1891, ano de sua fundação. Sua festa passou a se dar no dia 3 de maio, pois em abril de 1911 a Irmandade de Santa Cruz dos Enforcados solicitou ao vigário foral do arcebispado - São Paulo já se tornara sede de Arquidiocese nessa época - a permissão para a procissão e a festa de 3 de maio.
Aos incrédulos, para os quais essa história não passa de uma lenda urbana, recomenda-se consultar as atas da Câmara dos Deputados, onde consta um depoimento do Padre Diogo Antônio Feijó, realizado em 1832, quando ele era regente do Brasil, enquanto o príncipe herdeiro, Pedro de Bragança, filho do imperador, não atingisse a maioridade.
O Pe. Diogo A. Feijó
Feijó e frades capuchinhos do convento do Largo de São Francisco acompanharam as duas execuções e se encarregaram das orações por suas almas. Lembrava-se bem dos fatos ocorridos, onze anos antes daquele depoimento, e declarou aos políticos:
“Vi com meus próprios olhos a execução do cabo Chaguinha, que se deu antes do julgamento do pedido de clemência feito ao príncipe regente, D. Pedro I. Ao iniciar o enforcamento, o cabo caiu porque a corda se rompeu.
Como não havia corda própria para enforcar, usaram laço de couro, mas o instrumento não foi capaz de o sufocar com presteza. A corda novamente se partiu e o condenado caiu ainda semivivo, já em terra, foi acabado de assassinar”