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“Constrangido”, diz legista Badan Palhares sobre caso ET de Varginha. Roberta Steganha. Do G1 Campinas e Região
25 de janeiro de 2016, segunda-feira. Há 8 anos
No dia 23 de janeiro de 1996, segundo relatos, o suposto ET de Varginha foi levado para uma área secreta em Campinas (SP) por um comboio militar para ser estudado pelo legista Fortunato Antônio Badan Palhares, o mais famoso do Brasil naquela época. O médico, no período, chefiava o Departamento de Medicina Legal da Unicamp, que estava envolvido em casos complexos como o de PC Farias e o das ossadas de desaparecidos da dituradura militar. No entanto, ao longo desses 20 anos, o especialista, que teve a vida transformada após a história, sempre negou que o fato tenha ocorrido e afirma que tudo não passa de imaginação."Essa é uma notícia que se espalhou sem nenhum fundamento. É uma mentira que o Departamento de Medicina Legal da Unicamp, e eu como chefe dele, tenha participado de qualquer tipo de trabalho ou discussão sobre o ET de Varginha. Não há prova absolutamente nenhuma. É uma imaginação, principalmente, de alguns ufólogos, que tentam colocar isso na mídia", rebate.O legista conta que teve sua vida transformada depois que os relatos sobre o caso do ET de Varginha se espalharam e diz que se sente constrangido em ter seu nome ligado a este caso. "Meu nome relacionado a uma mentira me incomoda muito. Eu constantemente sou cobrado disso por pessoas que me conhecem e que não me conhecem, em palestras que eu vá fazer, aulas que eu vá dar, e isso me deixa constrangido, porque esta mentira acaba se espalhando como se fosse uma verdade", desabafa.Nome ligado ao casoBadan Palhares acredita que seu nome foi ligado ao ET de Varginha devido aos casos complexos que o Departamento de Medicina Legal da Unicamp trabalhava na época. "Estávamos envolvidos com vários casos e isso poderia dar uma notoriedade às inverdades colocadas por essas pessoas. Nessa época, o departamento estava envolvido com as ossadas de Perus e nós tínhamos uma equipe da polícia tomando conta do departamento", explica.O legista ressalta ainda que se algo dessa magnitude tivesse ocorrido, a notícia inevitavelmente teria vazado. "Não existiu isso e se existisse algo parecido, a universidade inteira estaria sabendo. Se tivesse ocorrido, a própria Polícia Militar teria sido avisada, teria nos chamado, teria avisado, qualquer tipo de providência, coisa que efetivamente não aconteceu", pontua.Vida extraterrestreBadan Palhares afirmou também que não acredita em vida extraterrestre, mas que se um dia tiver certeza de que isso é possível, disse que seria um prazer participar de estudos relacionados ao caso."Eu até hoje não li nenhum documento científico que possa ter credibilidade do encontro dos seres humanos com seres extraterrestres para que eu possa dar crédito. Se isso existisse, eu tivesse certeza absoluta que essas coisas pudessem ocorrer e eu fosse convidado para participar, eu teria muito prazer, muita satisfação, mas infelizmente até hoje não existiu", conclui.Autópsia alienígenaO nome de Badan Palhares é citado no livro "Varginha, toda a verdade revelada", do ufólogo Marco Antônio Petit. Nele, o autor diz que após deixar o Sul de Minas Gerais, o corpo de um extraterrestre morto e fragmentos de uma nave foram encaminhados, primeiro, para a Escola Preparatória de Cadetes (EsPCEx) em Campinas. Depois, o ser foi levado para uma área isolada do campus da Unicamp, para ser estudado pelo legista."Todas as minhas investigações confirmam de maneira definitiva e objetiva que os materiais ligados a história foram transladados para Campinas. O destino do comboio era a EsPCEx. Quando chegaram, quase a totalidade dos militares da missão foram dispensados. Um outro grupo de militares levou os materiais para a Unicamp", conta.Ainda segundo Petit, o comboio teria chegado na Unicamp em 23 de janeiro de 1996 e tinha como objetivo levar a criatura para ser estudada por Badan Palhares."As informações que tive acesso asseguram que o destino do novo comboio militar, que adentrou a Unicamp tinha como um de seus objetivos principais levar a criatura morta para ser estudada e autopsiada pelo médico legista Badan Palhares", destaca.O ufólogo conta ainda que uma testemunha, uma amiga pessoal de Badan Palhares, deu detalhes do procedimento. "Ela teria ouvido que ele [Badan] gostaria de ver os ufólogos conseguirem ficar, mesmo que fossem segundos, na frente da criatura, com a qual ele teria tido contato, tamanha era sua estranheza, ou aspecto assustador"."Pavilhão 18"Para o ufólogo, apesar da certeza do ET de Varginha ter sido trazido para Campinas para passar por um estudo, não há fatos concretos sobre o "Pavilhão 18", que seria uma área secreta dentro da Unicamp, onde isso teria ocorrido."Apesar de existirem provavelmente, como seria de se esperar dentro das instalações da Unicamp, pontos ligados a um nível de segurança, toda e qualquer informação que chegou ao meu conhecimento sobre possíveis áreas de caráter secreto carecem de uma credibilidade. Um bom exemplo seria o ´Pavilhão 18´, que faria parte do Instituto de Química. Mas não há duvida de que os materiais e os seres ligados ao caso passaram de fato pela Unicamp", ressalta.O G1 esteve no local e não encontrou nada que pudesse indicar áreas de segurança máxima dentro do Instituto de Química. No entanto, passados vinte anos, o assunto divide opiniões entre alunos e funcionários da universidade.A estagiária Mariana Camillo afirma que não acha absurda a história do ET de Varginha ter sido trazido para a Unicamp. "Eu acredito que pode ter acontecido", conta. Já o estudante de pós-doutorado Rodrigo Silveira questiona a versão. "Eu não acredito, acho que é só uma brincadeira, boato".O auxiliar administrativo Rodrigo Barbosa, que trabalha há pouco tempo na universidade, ressalta que nunca ouviu nada sobre o caso. "É uma lenda que até agora eu não ouvi". Outro aluno, que preferiu não ser identificado, disse que este é um assunto recorrente no campus. Segundo ele, existe a história de que há um túnel interligando o Instituto de Química a Faculdade de Ciências Médicas e o Hospital de Clínicas. "É o que se fala aqui", pontua.Em nota, a Unicamp afirmou que não procede a informação de que a universidade estaria desenvolvendo pesquisas ou abrigando supostos extraterrestres em suas dependências. A instituição disse ainda que interpreta o assunto como um mito que prosperou no imaginário popular e nega qualquer afirmação ou insinuação a esse respeito.Paradeiro do ET?Para Petit, os supostos fragmentos de nave e a criatura capturada em Varginha apenas passaram para serem estudados na Unicamp, mas este não foi o destino final do material."Um capitão do Exército me garantiu que todos os materiais ligados à história depois acabaram sendo embarcados em Viracopos em um avião Hércules, que levantou voo para destino ignorado", afirma.Ainda segundo o úfologo, esse mesmo militar disse que houve pressão dos Estados Unidos para que os destroços e o ser fossem levados para lá. "Ele me revelou que houve uma forte pressão do governo dos EUA, para que todos os materiais ligados ao caso, incluindo a tripulação da nave, fossem transladados para o referido país", conta.InvestigaçãoEm nota, o Exército disse que determinou a abertura de processos investigatórios sobre o assunto, nos anos de 1996 e 1997 e que tais procedimentos resultaram na instauração de um Inquérito Policial Militar (IPM), o qual foi encaminhado, naquela ocasião, à Auditoria da 4ª Circunscrição Judiciária Militar, em Juiz de Fora.Além disso, afirmou que não há documentos que tratem sobre assuntos de ufologia em seus arquivos e que não há registro de envio e atuação de tropas na Unicamp.

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