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História da Odontologia. Escrito por Haroldo Cauduro – Fundador da RGO. Consultado em rgo.com.br
11 de janeiro de 2019, sexta-feira. Há 5 anos
A primeira data que registra aspectos relativos a odontologia foi em 3.700 A.C. em manuscritos egípicios, mencionando alguns malefícios, como a dor de dente, feridas gengivais e outras manifestações orais.A primeira evidência de procedimento cirúrgico apresentava uma mandíbula com duas perfurações, abaixo das raízes do primeiro molar, indicando a drenagem de um abscesso dentário.

Um dos documentos mais antigos de odontologia que se tem notícia, vem da Mesopotânia, hoje Iraque, sobre o exercício da profissão de dentista.Hoje, fica difícil imaginar que, ha quase 10 mil anos, o homem já se submetia a algum tipo de intervenção odontológica.Descobertas recentes, apresentadas por uma equipe de arqueólogos e antropólogos da França: a, revelaram que aldeões paquistaneses, que viveram há 9.500 anos, durante o período Neolítico, usavam brocas de pedras para abrir buracos nos próprios dentes.

Em 1423 alguns barbeiros alcançavam fama exercendo cargos importantes, um deles Olivier Le Daim que ocupou lugar de destaque na corte de Luis XI. Há relatos que praticavam extrações.

Em outro reino, o cirurgião Jean Pitard , conseguiu que o rei Felipe IV cassasse o direito dos barbeiros de praticarem qualquer intervenção cirúrgica, se não se submetessem a um exame de habilitação.

No século XVIII, Pierre Fauchard (1678-1761) com a obra “Tratado dos dentes para os cirurgiões dentistas” proporcionou um salto para a ciência da odontologia, sendo considerado o “Pal da Odontologia”. O livro abrangia anatomia, fisiologia, entre outros assuntos e citava a piorréia alveolar, que recebeu o nome de “Enfermidade de Fauchard” (doença periodontal).

Foi ele que cunhou o termo cirurgião-dentista para a profissão, criou o “pivô” e iniciou o desenvolvimento de dentaduras. Reconheceu, também, a intima relações entre as condições bucais e a saúde em geral.

A inauguração da primeira escola dental do mundo deu-se em 6 de março de 1840, criada par Harris e Hayden no Estado de Maryland, na cidade de Baltimore, EUA (“Baltimore College of Dental Surgery”). O curso era de 16 semanas e a classe possuía cinco alunos.

Somente com a pesquisa de eminentes Cirurgiões Dentistas, como Pucci, Grossman, Ingle, Hess, dentre outros, é que se mudou a situação e começou uma nova era de novas técnicas e muita pesquisa. Após este desenvolvimento acabou-se com as extrações em massa por ordem médica, que extraiam dentes sem qualquer problema de foco ou mesmo cárie.

ODONTOLOGIA NO BRASIL

Nossos índios já realizavam tratamento dentário quando o país foi descoberto e se desconhece desde quando essa prática era usada. Documentos indicam que eles tinham bons dentes.

Sera que podemos sentir uma ponta de inveja dos habitantes do Brasil nos idos 1500? A carta de Pero Vaz de Caminha descreve; “habitantes com bons rostos, o que pode indicar dentes sadios e bonitos”.

Crânios encontrados em Lagoa Santa (MG), em região litorânea de São Paulo e do Paraná, acrescentadas as observações dos primeiros colonizadores indicavam que os índios tinham dentes bem implantados e com pouquíssimas cáries, mas acentuada abrasão, causada pela mastigação de alimentos duros.

A tribo Kuikuro, do norte do Mato Grosso, preenchia as cavidades dentárias com resina de jatobá aquecida, que cauterizando a polpa, eliminava a dor e funcionava como uma obturação depois de endurecida.

Os indígenas acumularam através das gerações, o conhecimento e efeitos das plantas medicinais nativas na intervenção das moléstias. Praticavam a odontologia de forma empírica e suas técnicas cirúrgicas eram rudimentares, como extrações com cipós ao primeiro indicio de cárie ou dor.

Com a colonização, foram implantadas no Brasil as práticas odontológicas vigentes em Portugal. Na época da criação das capitanias hereditárias, com a chegada das expedições colonizadoras e a formação dos primeiros núcleos de povoação, chegaram ao Brasil artesãos entre os quais se incluíam pessoas que tiravam dentes.

O Regimento do Físico-mor de Portugal, datado de 25 de fevereiro de 1521, regulou o oficio desses profissionais. Os dentistas trazidos eram iletrados e normalmente o local de trabalho se verificava onde se reuniam pessoas de condição social inferior, mas, também, nas ruas ou em domicilio.

O exercício da arte dentária no Brasil foi regulamentado somente em 9 de novembro de 1629, com a Carta Regia de Portugal. Com a reforma do regimento em 12 de dezembro de 1631 os “tiradentes” que não possuíam licença para “extrair dentes”, poderiam ser presos e teriam que pagar multa de dois mil réis. Essa licença especial era conferida pelo “cirurgião-mor Mestre Gil”, após exames de habilitação.

Essa era a situação do dentista, nos primeiros anos do governo de D. João VI no Brasil, quando eles tinham conhecimentos rudimentares, sem escolas, nem cursos. Nada Ihes era exigido para conseguir a carta da profissão de tiradentes, nem mesmo saber ler.

A profissão de dentista tinha sua licença dependendo do cirurgião-mor e os curativos nos dentes com licença, dependendo da parte medica da profissão.

A palavra dentista foi citada pela primeira vez no Plano de Exame da Real Junta do Pronto-Medicato, em 23 de maio de 1800, assinado pelo príncipe regente D. João IV. O documento estabelecia que o aspirante a profissão dentária deveria, se submeter a uma avaliação de conhecimento em anatomia, métodos operatório e terapêutico para estar legalizado.

A primeira carta-licença de dentista no Brasil foi concedida ao português Pedro Martins de Moura, em 15 de fevereiro de 1811, e o primeiro brasileiro que recebeu o documento foi Sebastian Fernandez de Oliveira em 23 de julho do mesmo ano.

Finalmente, em 1820, o doutor Jose Correa Picanço, cirurgião-mor, concedeu ao francês Doutor Eugênio Frederico Guertin, a primeira carta a um dentista mais evoluído, porque era diplomado pela Faculdade de Odontologia de Paris, para exercer sua profissão no Rio de Janeiro.

Recebendo permissão para extrair dentes, praticar todas as operações necessárias ao ramo, fazendo curativos, atingiu elevado conceito, atendendo a maior parte da nobreza, inclusive D. Pedro II e familiares. Ele foi o autor do primeiro livro de odontologia feito no Brasil, em 1829, “Avisos Tendentes a Conservação dos Dentes e sua Substituição”.

Outros dentistas franceses vieram a seguir trazendo o que havia de melhor na odontologia mundial. As dentaduras eram constituídas de dentes, esculpidos em marfim, adaptadas em base metálica e as arcadas ligadas por molas elásticas.

A partir de 1840 começaram a chegar dentistas dos Estados Unidos que pouco a pouco suplantaram os colegas franceses. Luiz Burdelli foi o primeiro, seguindo-se Clintin Van Tuyl, que usavam o clorofórmio para anestesia, conforme citação no livro: “Guia dos Dentes Sãos” (1849) com cerca de 100 paginas. Este guia era destinado ao grande publico, porém foi aproveitado pelos dentistas da época, porque abrangiam todos os assuntos odontológicos.

Segundo dados disponíveis, a primeira entidade da classe criada no Brasil foi o Instituto de Cirurgiões-Dentistas, em 1868. Em fevereiro de 1880, se atualizou o ensino tanto material, como cientificamente, criando-se laboratórios de cirurgia dentária, encomendando aparelhos e instrumentos dos Estados Unidos. E com crédito especial obtido em 1882, foi montado um laboratório de prótese dentária.

Descobriu-se em 1883 a fórmula de vulcanite suprindo, desta forma, a falta de material e combatendo os preços abusivos dos materiais.

Posteriormente foi publicado o “Manual do Dentista” pela firma de Cardoso & Cia, que vendia artigos para cirurgia em geral e o livro foi organizado par Veridiano Carvalho.Em 25 de outubro de 1884, criou-se oficialmente o Curso de Odontologia na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e outro na Bahia, através do decreto n. 9311. Esta data passou a ser comemorada coma “Dia do cirurgião-dentista”.

Em 1889, formou-se peta Faculdade de Odontologia do Rio de Janeiro, Isabela Von Sidow, paulista de Cananeia, tornando-se a primeira mulher dentista formada no Brasil. Lucy Hobbs foi a primeira mulher no mundo a receber o titulo de dentista. Antes de conseguir o titulo, ela tentou por varias vezes o curso, porém sem sucesso, devido ao fato de ser do sexo feminino.

A Escola de Odontologia de São Paulo, foi criada em 7 de dezembro de 1900, e constava nos Estatutos que o Curso de Odontologia teria três séries, sendo assim constituídas:

1ª série: Física, Química Mineral, Anatomia descritiva e Topografia da Cabeça.

2ª série: Histologia dentária, Fisiologia dentária, Patologia dentária e Higiene da boca.

3ª série: Terapêutica dentária, Cirurgia e Prótese dentaria.

O Curso de Odontologia foi transformado em Faculdade em 1925, continuando anexa a Faculdade de Medicina, que pertencia a Universidade do Rio de Janeiro. Em 1933, a Faculdade de Odontologia tornou-se autônoma e passou a ter no mínimo quatro anos.Nesta mesma data Augusto Coelho e Souza – Pai da Odontologia Brasileira – publicou o “Manual Odontológico” e com Dias de Carvalho muito contribuíram para consolidação da profissão coma prática cientifica.Foi o grande impulso para o desenvolvimento da odontologia moderna, com o aprimoramento do ensino e das técnicas clinicas.No ano de 1960, inicio-se um movimento tendo como objetivo a criação dos Conselhos de Odontologia.

Foi instalado, em 1965, o Conselho Federal de Odontologia, em caráter provisório, e eleita a sua primeira diretoria e no ano seguinte instalados os primeiros Conselhos Regionais.Lenta e progressiva foi sendo conscientizada a necessidade de um cuidado sistemático com a saúde bucal em relação ao aspecto social. O cooperativismo, associado as perspectivas de limitação ao atendimento particular, houve a aceitação da ideia de convênios de assistência odontológica pelas empresas e a consolidação do Sistema Cooperativista na Odontologia.Enfim, isso tudo é apenas o início da história da odontologia brasileira, que chega aos dias de hoje com mais de 200 mil profissionais, com tecnologia avançada e muito trabalho pela frente na área de saúde bucal.Espero que tenha sido de bom proveito.

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