Ronaldo Teixeira do Couto - OS JESUÍTAS NA AMÉRICA PORTUGUESA E SEUS PARADIGMAS: a conquista de riquezas na capitania do Rio de Janeiro, séculos XVI a XVIII - 01/01/2012 de ( registros)
Ronaldo Teixeira do Couto - OS JESUÍTAS NA AMÉRICA PORTUGUESA E SEUS PARADIGMAS: a conquista de riquezas na capitania do Rio de Janeiro, séculos XVI a XVIII
2012. Há 12 anos
Especificamente no Rio de Janeiro, em meados do século XVII, a questão daescravidão de índios, ocorreu diferentemente de outras vilas e capitanias levando em contaque “a dependência dos colonos fluminenses em relação aos ameríndios durou até a segundametade do século XVI, quando os primeiros negros foram transportados da África”.216
A forte dependência de mão de obra escrava africana e os desdobramentos negativoscom a perda do tráfico Atlântico, não só para a capitania como também para a economialusitana comprometeu o governador Salvador Correia de Sá e Benevides, iniciar, em 1643com o recrutamento nas capitanias do Rio de Janeiro e São Paulo, seu grande projeto dereconquistar Angola. Sua investida em conseguir apoio de São Paulo tornou-se infrutíferaconsiderando que as motivações no Rio de Janeiro com a demanda de mão de obra africana eo trato negreiro com o Prata não coincidiam com os interesses paulistas. Alencastro consideraa expedição bugreira paulista liderada por Raposo Tavares com cerca de 200 bandeirantes emais de mil guerreiros indígenas que perseguiram seu objetivo por três anos e a jornada do“expansionismo comercial fluminense” com a reconquista de Luanda, as duas mais longasexpedições escravistas do Novo Mundo.
A importância da reconquista de Angola se demonstrou com a argumentaçãocontrária, por parte da Coroa, ao frustrado projeto do almirante Brito Freyre na reconquista dafortaleza de São Jorge da Mina, fundada em 1482 pelos portugueses e tomada pelosholandeses desde 1637. Embora existisse um forte apelo histórico no pleito do almiranteFreyre, considerando a afronta holandesa, ao comparar os interesses econômicos de Mina comAngola, esta dava conta da demanda brasileira no negócio negreiro e, eventualmente, dosinteresses lusitanos na região do Prata ao passo de que um esforço na reconquista de Minapoderia ser suplantado, quanto ao pedágio cobrado pelos holandeses, apenas pelo escambopor tabaco, quando fossem necessários escravos do golfo da Guiné. Além disso, a batalha emAngola consumiu o “maior contingente militar desembarcado na África desde AlcácerQuibir”.218 Quanto ao efetivo existe controvérsia: a versão oficial fala em 400 marinheirosmais 800 soldados e ajudantes. O padre António Vieira acusou Salvador de Sá dedesguarnecer o Rio de Janeiro por tirar dali mil homens que se juntaram a outros mil vindosde Lisboa e o expedicionário Luis Felix Cruz comentou que 750 soldados foram recrutados noRio de Janeiro. De qualquer modo, foram empregadas 11 naus e quatro patachos e “aexpedição foi financiada na altura de 70% dos gastos por fundos coletados junto aos negreiros [Págian 65]