MURSA, Joaquim de Sousa* militar; junta gov. SP 1889; const. 1891; dep. fed. SP 1891-1893.Joaquim de Sousa Mursa nasceu em Pelotas (RS) no ano de 1828.Mudando-se ainda jovem para o Rio de Janeiro, então capital do Império, ingressou naEscola Militar em 8 de março de 1849. Assentou praça no Exército em julho de 1850,passou aspirante a aluno em abril de 1851, foi promovido a segundo-tenente em julho de1853, e a primeiro-tenente em dezembro de 1855. Com a transferência da Escola Militarpara as dependências do Forte da Praia Vermelha, no bairro da Urca, em 1858, aí fez ocurso completo de engenharia pelo regulamento militar de 1845, bacharelando-se tambémem matemática. Em dezembro de 1858 foi promovido a capitão.
Logo depois de formado, como oficial agregado ao Estado-Maior do Exército brasileiro, foi por designação oficial fazer o curso de especialização em ciências montanísticas e metalúrgicas na Escola de Freiberg, na Alemanha, a mais antiga universidade especializada em minério e metalurgia do mundo, fundada em 1765. Aí permaneceu de 1860 a 1865.
Regressando ao Brasil, por ser considerado o mais capacitado para o posto, foi designado pelo ministro da Guerra do Império, senador Ângelo Muniz da Silva Ferraz, do gabinete parlamentarista do marquês de Olinda, diretor da Fábrica de Ferro de São João do Ipanema.
Foi promovido a major em outubro de 1871, e em junho de 1873 viajou para a Europa, visitando a cidade Liège, na Bélgica, a Alta Silésia, na Polônia, a Suécia, e as cidades de Copenhague na Dinamarca, e Viena na Áustria, à procura de pessoal técnico para a fábrica que dirigia. Esteve na Exposição Internacional de Viena e foi ainda para Schemmitz, na Hungria, onde visitou a Escola de Minas, e para Paris, na França, fazendo pesquisas e comprando e maquinaria para a Fábrica de Ipanema. Regressou ao Brasil em janeiro de 1874, e em outubro de 1875 foi promovido a tenente-coronel. Defensor das idéias republicanas, quando da proclamação da República em 15 de novembro de 1889, seu nome, juntamente com os de Prudente de Morais e FranciscoRangel Pestana, foi lembrado por Américo de Campos, irmão de Bernardino de Campos,para compor o triunvirato designado para governar São Paulo no novo regime. Os trêsforam unanimemente aclamados pelos republicanos, mas Mursa, ausente da capital – estavaem Sorocaba dirigindo a Fábrica de Ipanema – só assumiria dias depois. Entre os atos que foram assinados pela junta estava a adesão do estado de São Paulo à República brasileira.A junta exerceu sua função por um curto período, de 16 de novembro a 14 de dezembro de1889, quando o chefe do governo provisório da República, marechal Deodoro da Fonseca,resolveu nomear Prudente de Morais governador do estado.Ao término de sua missão, o tenente-coronel Joaquim de Sousa Mursa reassumiu a direçãoda Fábrica de Ferro de Ipanema, mas, instado pelos republicanos, aceitou o convite paraparticipar da chapa do Partido Republicano Paulista (PRP) como candidato a deputado àAssembleia Nacional Constituinte. Foi assim eleito constituinte em 15 de setembro de1890, ao lado de nomes como Prudente de Morais, Manuel Ferraz de Campos Sales,Francisco Glicério, Domingos de Morais, Rodolfo Miranda, Francisco de Paula RodriguesAlves e Martinho da Silva Prado Júnior, entre outros. Em virtude da eleição, em 11 deoutubro de 1890 solicitou ao ministro da Agricultura, Comércio e Obras Públicas,Francisco Glicério, a quem estava subordinado, sua exoneração da direção da Fábrica deFerro de São João do Ipanema, que ocupou por 25 anos. Passou em seguida para a reservano posto de general de brigada do Exército brasileiro.Indo para o Rio de Janeiro, assumiu sua cadeira em 15 de novembro de 1890 e participoudos trabalhos da elaboração da nova Constituição da República. Foi um dos que assinaram,em 23 de janeiro de 1891, a petição que requereu ao governo provisório da República que onome de Benjamin Constant, que havia falecido no dia anterior, figurasse permanentementeno Almanaque do Exército no posto de general de brigada, como homenagem ao fundadorda República brasileira, o que passou a ocorrer desde então. Foi também um dos signatáriosda primeira Constituição republicana do Brasil, promulgada em 24 de fevereiro de 1891, eao término dos trabalhos tornou-se deputado federal na legislatura 1891-1893.No dia 3 de novembro de 1891, quando o marechal Deodoro da Fonseca fechou oCongresso Nacional e decretou o estado de sítio em vários estados da Federação, nãoconcordando com o golpe, ficou ao lado dos legalistas e participou no Rio de Janeiro deuma reunião de senadores e deputados oposicionistas, ameaçados de prisão, na qual foidiscutido, aceito e aprovado um manifesto à nação contra a arbitrariedade praticada. Odocumento seria publicado em São Paulo, no jornal Correio Paulistano, órgão do PRP,ante a impossibilidade de fazê-lo na capital federal. A publicação resultou na apreensão deexemplares e na censura policial ao jornal por várias semanas, mas conseguiu seu intento, [Página 1 do pdf]