c | RAMOS SILVA, Leonardo Augusto. Entre conflitos e tramas: protagonismos indígenas na Sublevação do Caeté (1736 – 1749). Monografia, Faculdade de História, Universidade Federal do Pará, Bragança, 2018. 129 f. |
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| | | Em meados do século XVIII, alguns motins agitaram a Capitania do Caeté, na região entre a Vila Souza e o Aldeamento de São João Baptista, ambos à margem direita do rio Caeté. A principal dessas revoltas, a Sublevação do Caeté, ocorreu em 1741 e ficou marcada pela expulsão de padres jesuítas por moradores e autoridades locais.Tudo teria começado quando o loco-tenente e superintendente da capitania do Caeté, Manoel Ferreira, e um grupo armado se dirigiram até o terreiro da Igreja do Aldeamento com o objetivo de prender o índio Principal da missão – cargo administrativo ocupado por chefes indígenas e instituído pela coroa lusitana na Amazônia portuguesa. Cercando-o à porta da Igreja, o loco-tenente pediu ao índio Clemente Cardoso que passasse sua patente de Principal a Miguel Acará, índio aliado às autoridades militares. Além disso ordenou que nomeasse Francisco da Silva – vereador e líder que convocou os moradores a expulsarem os padres missionários – para o cargo de Procurador dos índios. A ação provocou reação dos índios aldeados.A resistência à pressão logo se instaurou. Os índios não reconheciam Miguel Acará como seu representante. Os padres não viam legitimidade na troca por considerarem que Clemente Cardoso “herdou aquele governo de pais, e avós, como os índios são tais que não querem conhecer superioridade” como consta na carta de 25 de outubro de 1745 do provincial da Companhia de Jesus de Belém do Pará, padre José de Sousa (AHU, Pará, Caixa 28, doc. 2632). Na disputa pelo cargo, tanto o aliado dos jesuítas quanto o aliado dos moradores demonstram que os indígenas estavam presentes nos jogos de poder locais.No desenrolar desses episódios, Francisco da Silva acabou tornando-se procurador do povo, e foi o principal reivindicador das queixas e “clamores” dos moradores à câmara da vila. Na noite do dia 23 de novembro, ele convocou filhos, genros e alguns moradores para expulsar os jesuítas Bernardo de Aguiar e Miguel Pereira, responsáveis pela missão e alvo das contestações locais. Deixando a casa cercada sob insultos dos moradores.Feita a expulsão dos principais nomes que não atendiam às demandas dos moradores nas repartições, os colonos consolidaram a estratégia de usar a força de trabalho indígena sem o controle da administração jesuítica, juridicamente estabelecido pelo Regimento das Missões de 1686.A partir dos autos de devassa feitos pelo ouvidor do Maranhão, Francisco Raimundo de Moraes Pereira, é possível acompanhar os desfechos da sublevação do Caeté de 1741, o crime de “assuada” e os sindicantes acusados. Manoel Ferreira foi considerado o principal mentor da expulsão, juntamente com o vigário da vila, Francisco Dias Lima. O capitão-mor Felix Joaquim foi tirado da sua residência antes mesmo que se realizasse a devassa; foi preso e enviado para Portugal em 1749. Quanto aos vereadores e moradores envolvidos nos conflitos, como Francisco da Silva, Domingos Borges e José Quinterio da Costa, foram presos na cadeia da cidade de São Luís no Maranhão.Por fim, descobre-se então que as queixas foram forjadas e os principais autores foram o capitão-mor e o loco-tenente Manoel Ferreira. Assim se dava o jogo multifacetado entre índios principais, autoridades militares, moradores, jesuítas e índios aldeados pelo trabalho dos indígenas, o então “motor” da história da Amazônia colonial.(Texto elaborado com a contribuição do historiador Leonardo Augusto Ramos Silva, da UFPA) | |
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