A primeira apreensão de crack no Brasil aconteceu no dia 22 de junho de 1990, quando a polícia prendeu um rapaz na zona Leste de São Paulo com 220 gramas do entorpecente.
Cada pedra de crack pesa, aproximadamente, 0,25 grama e é vendida por R$ 10. A quantidade aprendida pela primeira vez pela polícia, com um homem que se identificou como barbeiro, era equivalente a 880 pedras e daria um lucro, com valor atualizado, de R$ 4.400.
A droga, já naquela época, era distribuída para diversos pontos da cidade, entre eles a região central.
Foi ali que o crack, por conta do preço baixo e efeito potente, ganhou espaço e passou a substituir outros tipos de entorpecentes como cola de sapateiro, éter, maconha e cocaína.
O surgimento da Cracolândia, na região da Luz, tem ligação também com a degradação urbana pela qual passou o bairro após a desativação do Terminal Rodoviário da Luz.
Entre 1961 e 1982, a rodoviária foi um dos principais pontos de chegada em São Paulo para quem vinha de ônibus do interior e também de outros estados.
Em torno da rodoviária, se estabeleceu uma zona comercial vigorosa com hotéis, pensões, lojas, lanchonetes e restaurantes.
Com a desativação do terminal e sem um plano de reurbanização da área, boa parte dos imóveis fechou as portas.
Em junho de 1986, quatro anos após o fechamento da rodoviária, a prefeitura decidiu demolir as marquises do antigo terminal.
Na época, o entorno do prédio abandonado já era ocupado por moradores de rua. O então secretário de administração regional, Welson Barbosa, comentou a decisão dos donos do imóvel de transformar o local em um albergue.
"Achamos a ideia louvável e merece o nosso respeito, mas dentro das posturas municipais. Ninguém vai abrir um prédio aí e transformar num depósito de ser humano que isso não vamos permitir.
Gostaríamos de ter um albergue noturno organizado, orientado", disse o secretário que completou dizendo que após a demolição das marquises o local seria "transformado em uma grande área de lazer daquele setor tão carente da cidade".