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O martírio de Blandina de Barros
29 de novembro de 1871



"Fenômeno", era o título da notícia no Diário de São Paulo que dizia o seguinte: O sr. Dr. João Henrique Adams, hábil médico, residente na cidade de Sorocaba, dá- nos notícia de um fenômeno importante, remetendo- nos uma fotografia da pessoa vítima do mesmo, e que se acha nesta tipografia, descrevendo o fato pela maneira seguinte:

O interesse que ligamos á ciência médica, que, ha longos anos professamos no império do Brasil, nos impele a narrar o fato infra, que se deu em nossa clínica, na cidade de Sorocaba, desta província de S. Paulo.

Blandina de Barros, casada, com 30 anos de idade, bem constituída, após engravidar, começou a sofrer, desde o sétimo até o novo mês de sua gravidez, muitas dores e aflições, tornado- se excessivamente "edematosa".

Chegada a hora do parto, teve que suportar dores cruéis e incessantes, e não conseguiu dar a luz. Ela foi diagnosticada com ovarite e metrite, ou mesmo que ela não estivesse grávida.

Em consequência do errôneo diagnostico começarão a medicar a infeliz enferma por m ais três meses com preparações de iodo, mercúrio, etc. internamente, e com aplicações externas de sanguessugas, cáusticos, fricções de iodo, mercúrio e alcali volátil.

Nestas circunstâncias continuou a infeliz doente por mais quatro meses em sofrimentos horríveis, até que a natureza se incumbiu de mostrar o erro do diagnostico doas pessoas que a tratavam, treze meses depois da época da concepção!!!

Assim, achando- se doente convertida em perfeito esqueleto, formou- se na região umbilical um vasto tumor, que depois de aberto, dava saída a abundantíssimo pus, com fétido insuportável, evacuando estas fezes pelo reto por mais de uma vez.

Neste estado de ulceração, e pelo abcesso do umbigo, provocado pelo vesicatório, a natureza fez sair dois ossos de uma criança, o Radius e Ulna, que nos foram apresentados; removida a doente para a casa de caridade, examinamos a mesma na presença de diversas pessoas consideradas da localidade, e verificamos a existência de um feto em decomposição.

Auxiliados pelo farmacêutico Joaquim Rodrigues da Fonseca Rosa, na tarde desse mesmo dia 13 de Outubro) praticamos a operação cesariana, tendo previamente cloroformizado a paciente, e fazendo uma incisão de seis polegadas na parede do abdômen, e atravessando o "peritonco", encontramos para logo uma completa aderência na parede pelos tecidos e pelas membranas estranhas, formando um diafragma artificial que envolvia os intestinos, e uma massa de viceras e tecidos tão enlaçados que ocultavam tanto o feto com os intestinos, com aparência de ruptura e ulceração desdes órgãos, denunciadas pelas matérias que foram encontradas.

Achando a paciente muito fraca, e tendo- se em atenção a sua excessiva magreza, temendo- se mesmo que ela não resistisse á dissecação de todos estes tecidos e membranas, resolveu o operador extrair o feto, que pareceu ter vivido do nono ao décimo mês, o que denunciava a solidez dos ossos; porém a carne estava em completa decomposição e com mau cheiro.

Em seguida o operador lavou a cavidade com uma esponja embebida em água de Labaaque, depois com óleo canforado e tintura de benjoin, o que feito, explorou o útero e o reto, encontrado aquele em seu estado normal, parecendo, porém, achava- se o colo atrofiado.

Passou em seguida uma bucha elástica pelo reto, reconhecendo- se que o intestino reto achava- se partido, junto ao esfincter, e que o útero não tinha comunicação alguma co mo ventre, exceto pelas extremidades das trompas falopianas, tudo dos ovários e o folículo de Graaf. Os ovários estavam contraídos e quase atrofiados.

De tudo isto convenceu- se o operador que o ovulo endo escapado pelas trompas, depositou- se no "peritonco", produzindo uma gravidez abdominal pela aderência do "peritonco" com a membrana que envolve os intestinos, e uma formação da "decidua", tendo operado ali com um processos de tecidos, que afinal formou o envoltório de ovulo, com vamos e membranas encontrados depois da incisão) de onde partiu a nutrição do feto, que, em completo estado de putrefação, ulcerou as paredes do ventre, perto do umbigo, dando saída aos dois ossos que acima falamos.

O operador, depois de ter feito o que relatado, costurou a cisura e aplicou o cometente aparelho, e tendo ordenado que se ministrasse á doente um calmante, declarou ela no dia seguinte que muitos meses não tinha passado tão bem como na noite precedente, em que havia, sem dores, dormindo profundamente.

No dia seguinte, considerando o médico assistente que era extremo o abatimento e fraqueza da doente, mandou que se desse vinho do Porto, quina, valeriana e outros restaurantes.

Tendo a magreza ficado estacionaria, com secação de pele, ordenou duas fricções de banha fresca pelo corpo diariamente, a qual, sendo absorvida pelos poros, tem produzido admirável efeito, pois que a doente progride em suas melhoras, apresentando a ferida muito bom caráter e granulações que cicatrizaram, fazendo as evacuações alvinas pelo reto o que não acontecia) embora o intestino fosse "roto" pela ulceração.
O martírio de Blandina de Barros
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