Em 27 de julho de 1900, o Dr. Braguinha (imagem 1), que era advogado da Câmara Municipal, conseguiu romper o contrato assinado com os irmãos Lacerda em 1895, e a liquidação dos obras deixadas por eles.
O fornecimento da iluminação pública em Sorocaba foi o principal motivo pelo qual João Lacerda assassinou o Dr. Braguinha, aos 39 anos de idade, em 29 de setembro de 1911, na antiga Rua da Direita, atual Boulevard Braguinha.
O DR. BRAGUINHA
Joaquim Marques Ferreira Braga, o Dr. Braguinha, era filho de José Ferreira Braga e de Da. Maria Marquez da Cruz Braga. Seu pai, nascido em Macaé/RJ em 1845, chegou em Sorocaba em 1871 para advogar e redigir o "Ipanema".
Após um ano em Sorocaba, nasceu Joaquim Marques Ferreira Braga, o Dr. Braguinha, 23 de Novembro de 1872.
Ele tinha fama de bom orador, batalhando em defesa dos humildes e dos operários, ficando conhecido popularmente como Dr. Braguinha, também referência a sua baixa estatura.
Em 1892 (20 anos) ele cursou as primeiras letras em Sorocaba e, em 1892 formou-se em direito em São Paulo. Retornou a Sorocaba com grande prática advocatícia e fama de bom orador em 1898 (26 anos).
Braguinha tinha muita influência na cidade, em outubro de 1903 formou uma comissão visando a realização de uma exposição municipal dos produtos que deveriam ser enviados SP e depois S. Louis, que se reúneu no Gabinete de Leitura.
Francisco Loureira, uma das figuras mais proeminentes da política sorocabana rompeu com o partido Liberal levando consigo o Dr. Braguinha e Antonio de Oliveira em 1907. No ano seguinte, seu pai, Antônio José Ferreira Braga falece em São Paulo, no Hospital do Isolamento, onde fôra tratar de um netinho, atacado de varíola.
A ILUMINAÇÃO PÚBLICA E OS IRMÃOS LACERDA
Em 1895 os irmãos João e Vicente Lacerda assinaram contrato com a Câmara Municipal para fornecer iluminação pública. Segundo registrou Aluísio de Almeida no livro "Sorocaba, 3 séculos de história", eles montaram, com materiais da Inglaterra, uma usina a vapor, com motor a lenha e gerador, num barracão no quintal do sobrado onde moravam, no Largo do Rosário.
A iluminação elétrica da cidade ocorreu pela primeira vez em setembro do mesmo ano, durante a festa do Divino.
Neste mesmo ano, em agosto, a - Sede do Jornal A Voz do Povo é atacada [1] Dizem que os principais autores do crime são: o suplente do delegado de polícia Antonio Antunes de Souza Ribeiro, Antonio da Silva Oliveira, Joaquim Pires, João Padilha de Camargo, Adolpho Exel e João Bazilio de Oliveira.O que teria motivado o ato infame teria sido o fato de terem iluminado e embandeirado a frente do prédio em manifesto a liberdade do dr. Ferreira Bragua, pai de Braguinha.
CRÍTICAS AOS IRMÃOS LACERDA
Em 1898, mesmo ano que Braguinha retornou a Sorocaaba, Câmara teve que conceder ajuda financeira para que os Lacerda conseguissem terminar as obras após o vencimento do prazo.
Em julho a Câmara deu prazo irrevogável de mais um mês para que a iluminação da cidade fosse instalada, o que não foi cumprido. Novamente, em agosto, a Câmara concedeu mais 3 meses de prazo, remarcando a inauguração para janeiro de 1900.
Em dezembro o jornal 15 de Novembro questiona “o que tem feito os Lacerda" e o andamento das obras. Em em julho o Dr. Braguinha, como advogado da Câmara, conseguiu romper contrato com irmãos Lacerda e a liquidação dos obras deixadas por eles.
Os Lacerda argumentaram até o final que o contrato de iluminação não era específico quanto ao fornecimento da eletricidade necessário para a execussão do mesmo.
Foi somente em 1905 que Bernardo Lichtenfels (imagem 2 e 3) deu continuidade as obras deixadas pelos irmãos Lacerda. Foi ele quem trouxe os primeiros automóveis á Sorocaba por volta de 1904 (imagem 3).
A IMPRENSA E O ASSASSINATO
Um ano antes do assassinato, em 20 de junho de 1910, ocorreu a “Chacina Sangrenta” . De um lado estavam os manifestantes, liderados pelo Dr. Braguinha, que fora atingido no chapéu por um tiro, disparado pelos seus opositores, vindo do edíficio que abrigava o antigo "Clube dos Atiradores" e sede do Jornal Cruzeiro do Sul.
Durante o ano do assassinto (1911) o Jornal Cruzeiro do Sul afirmou, em suas publicações, que Braguinha havia alterado o contrato para prejudicar os irmãos Lacerda. João Lacerda estava na sede do jornal antes de atirar contra o advogado da Câmara no dia 29 de setembro de 1911.
João Lacerca foi preso na Cadeia localizada na esquina da Rua São Bento c/ a rua Padre Luiz. Em 1912, um amigo de Aluísio de Almeida, subindo pela porta, lançou um olhar para o preso da direita, o infeliz João de Lacerda, que lhe disse: "Nunca me viu?
João Lacerda foi condenado á 28 anos pelo assassinato do Dr. Braguinha em 1913, tendo cumprido apenas 18 anos, foi libertado em 1931.