c | “Guerra a vadiagem”. Diário incentiva recrutamento de vadios |
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| maio de 1888. Há 136 anos |
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| | | O negro não obtinha trabalho nem sempre porque não queria, mas sim, em muitos casos, pela falta de oportunidade.
Nesse momento a imprensa apoiava o recrutamento como forma de coibir a vadiagem ou mesmo como meio de diminuir o trânsito dos vadios pelas ruas da cidade.
Diversos artigos e notas sobre o recrutamento dos vadios são veiculados no Diário de Sorocaba. Uma vez mais a elite sorocabana dá um tiro n’água.
A última vez que os sorocabanos ouviram falar em recrutamento foi durante a Guerra do Paraguai que deixou nos campos longínquos muitos corpos de soldados brasileiros.
A prática da caça de voluntários a laço ainda estava fresca na memória de todos. Consequência: em Sorocaba, começou a faltar víveres porque os produtores rurais deixavam de ir ao mercado vender a sua produção com medo de serem recrutados.
Não adiantou o jornal esclarecer que desta vez seriam recrutados apenas os vadios. Ninguém acreditava nas boas intenções do governo dado o que ocorrera décadas antes com a guerra contra o Paraguai.
Desse modo, a elite teve de abandonar por algum tempo a guerra contra a vadiagem iniciada especialmente quando os escravos negros receberam a liberdade.
A guerra à vadiagem em Sorocaba, iniciada em fins de 1887 e recrudescida a partir de maio de 1888, era perversa na medida em que associava o crescimento da vagabundagem com a nova condição jurídica do negro, que de escravo passa a ser homem livre.
Livre, mas sem liberdade para escolher seu próprio destino, sem condições de obtenção de trabalho digno, quer pelo preenchimento dos postos de trabalho pelos imigrantes brancos, quer pela falta de qualificação profissional imposta pelo cativeiro.
O escravo do eito, aquele que trabalhou no plantio nas fazendas, não encontrava colocação nas atividades urbanas que requeressem qualificação. Como trabalhadores marginalizados esses negros formarão uma espécie de lumpemproletariado ou um exército de reserva para o capital.
Discriminados, são perseguidos e presos. Essas prisões eram enaltecidas e aplaudidas pela imprensa sorocabana que sempre que podia evidenciava a participação dos negros nessas detenções.
No entanto, as prisões vão perdendo sua força moral com o passar do tempo. Afinal, não havia justificativa para a manutenção do preso por vadiagem no cárcere por muitos dias.
Ademais, dentre os considerados vadios havia aqueles que por uma questão social e de preconceito não obtinham trabalho formal.
Portanto, não era a iminência da prisão que iria modificar esse fato uma vez que a razão do desemprego estava dissociada da vontade de trabalhar. O negro não obtinha trabalho nem sempre porque não queria, mas sim, em muitos casos, pela falta de oportunidade.
Nesse momento a imprensa apoiava o recrutamento como forma de coibir a vadiagem ou mesmo como meio de diminuir o trânsito dos vadios pelas ruas da cidade. | |
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| | | Créditos / Fonte: Atelier Ferrari |
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1° de fonte(s) [k-942] História do Brasil: Guerra à vadiagem e a exploração do negro. Por Carlos Carvalho Cavalheiro, em "Por Dentro da África" Data: 23 de outubro de 2018, ver ano (187 registros)
O negro não obtinha trabalho nem sempre porque não queria, mas sim, em muitos casos, pela falta de oportunidade.
Nesse momento a imprensa apoiava o recrutamento como forma de coibir a vadiagem ou mesmo como meio de diminuir o trânsito dos vadios pelas ruas da cidade.
Diversos artigos e notas sobre o recrutamento dos vadios são veiculados no Diário de Sorocaba. Uma vez mais a elite sorocabana dá um tiro n’água.
A última vez que os sorocabanos ouviram falar em recrutamento foi durante a Guerra do Paraguai que deixou nos campos longínquos muitos corpos de soldados brasileiros.
A prática da caça de voluntários a laço ainda estava fresca na memória de todos. Consequência: em Sorocaba, começou a faltar víveres porque os produtores rurais deixavam de ir ao mercado vender a sua produção com medo de serem recrutados.
Não adiantou o jornal esclarecer que desta vez seriam recrutados apenas os vadios. Ninguém acreditava nas boas intenções do governo dado o que ocorrera décadas antes com a guerra contra o Paraguai.
Desse modo, a elite teve de abandonar por algum tempo a guerra contra a vadiagem iniciada especialmente quando os escravos negros receberam a liberdade.
A guerra à vadiagem em Sorocaba, iniciada em fins de 1887 e recrudescida a partir de maio de 1888, era perversa na medida em que associava o crescimento da vagabundagem com a nova condição jurídica do negro, que de escravo passa a ser homem livre.
Livre, mas sem liberdade para escolher seu próprio destino, sem condições de obtenção de trabalho digno, quer pelo preenchimento dos postos de trabalho pelos imigrantes brancos, quer pela falta de qualificação profissional imposta pelo cativeiro.
O escravo do eito, aquele que trabalhou no plantio nas fazendas, não encontrava colocação nas atividades urbanas que requeressem qualificação. Como trabalhadores marginalizados esses negros formarão uma espécie de lumpemproletariado ou um exército de reserva para o capital.
Discriminados, são perseguidos e presos. Essas prisões eram enaltecidas e aplaudidas pela imprensa sorocabana que sempre que podia evidenciava a participação dos negros nessas detenções.
No entanto, as prisões vão perdendo sua força moral com o passar do tempo. Afinal, não havia justificativa para a manutenção do preso por vadiagem no cárcere por muitos dias.
Ademais, dentre os considerados vadios havia aqueles que por uma questão social e de preconceito não obtinham trabalho formal.
Portanto, não era a iminência da prisão que iria modificar esse fato uma vez que a razão do desemprego estava dissociada da vontade de trabalhar. O negro não obtinha trabalho nem sempre porque não queria, mas sim, em muitos casos, pela falta de oportunidade.
Nesse momento a imprensa apoiava o recrutamento como forma de coibir a vadiagem ou mesmo como meio de diminuir o trânsito dos vadios pelas ruas da cidade. Ver texto completo
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