“Sorocaba tinha mais habitantes que São Paulo”, Jornal Sombra/RJ, 1950, edição 106
1776
04/04/2024 15:54:34
Sorocaba tinha mais habitantes que São Paulo
Data: 01/01/1776
Créditos: Sombra/RJ (1950 edição 106)
Em 1700 São Paulo possuía 210 "fógos". Novo surto revelado em 1776: 392 habitações. Nesta altura São Paulo só contava 1516 habitantes. Sorocaba era a principal cidade da capitania, com 1191 prédios e uma população de 5158 almas. Vinham depois, pela importância, Paranaguá, Santos, Guaratinguetá, Itu, Taubaté, Parnaíba, Atibaia e Jacareí, todas com mais de 2.000 almas. São Paulo em seguida.
Mais tarde, depois da Independência, em 1826, as estatísticas revelam a existência de 2298 casas. Mas a cidade é caprichosa, seus habitantes irriquietos, pois em 1840 só existem, cadastradas, 1834 casas. [[Jornal Sombra/RJ, 1950 edição 106]]
Sorocaba 1.048 escravizados [2]São Paulo São Paulo 2.240 [2][2] Listas Nominativas dos Habitantes, do acervo do Arquivo do Estado de São Paulo.
“Sorocaba tinha mais habitantes que São Paulo”, Jornal Sombra/RJ, 1950, edição 106
“Os nossos tupinambás muito se admiram dos franceses e outros estrangeiros se darem ao trabalho de ir buscar o seu arabutan [pau-brasil]. Uma vez um velho perguntou-me: Por que vindes vós outros, maírs e perôs (franceses e portugueses) buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa terra ? Respondi que tínhamos muita mas não daquela qualidade, e que não a queimávamos, como ele o supunha, mas dela extraíamos tinta para tingir, tal qual o faziam eles com os seus cordões de algodão e suas plumas.
Retrucou o velho imediatamente: e porventura precisais de muito? Sim, respondi-lhe, pois no nosso país existem negociantes que possuem mais panos, facas, tesouras, espelhos e outras mercadorias do que podeis imaginar e um só deles compra todo o pau-brasil com que muitos navios voltam carregados. — Ah! retrucou o selvagem, tu me contas maravilhas, acrescentando depois de bem compreender o que eu lhe dissera: mas esse homem tão rico de que me falas não morre? — Sim, disse eu, morre como os outros. Mas os selvagens são grandes discursadores e costumam ir em qualquer assunto até o fim, por isso perguntou-me de novo: e quando morrem para quem fica o que deixam? — Para seus filhos se os têm, respondi; na falta destes para os irmãos ou parentes mais próximos. — Na verdade, continuou o velho, que, como vereis, não era nenhum tolo, agora vejo que vós outros maírs sois grandes loucos, pois atravessais o mar e sofreis grandes incômodos, como dizeis quando aqui chegais, e trabalhais tanto para amontoar riquezas para vossos filhos ou para aqueles que vos sobrevivem! Não será a terra que vos nutriu suficiente para alimentá-los também ? Temos pais, mães e filhos a quem amamos; mas estamos certos de que depois da nossa morte a terra que nos nutriu também os nutrirá, por isso descansamos sem maiores cuidados.
27037 164
“
Todas as pessoas têm o lado positivo e o negativo, possuem qualidades e defeitos. E, quando reparamos nos defeitos, estes parecem manifestar-se de modo mais acento.