c | Sequestro de equipe da Rede Globo em agosto de 2006 |
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| 1 de agosto de 2006, terça-feira. Há 18 anos |
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| | | Sequestro de equipe da Rede Globo em agosto de 2006Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.Saltar para a navegaçãoSaltar para a pesquisaÍndice1 O pretexto2 O sequestro3 A mensagem4 Repercussão4.1 "Basta à violência"5 Prisões6 Notas7 Ver também8 Referências9 Ligações externasO sequestro de uma equipe da Rede Globo, ocorrido em 12 de agosto de 2006, foi uma ação planejada pela facção criminosa PCC com o objetivo de forçar a divulgação, pela maior emissora de TV do país, de um manifesto em vídeo criticando a postura do governo do estado de São Paulo em relação ao sistema carcerário paulista. Tal objetivo foi conseguido, com a exibição do vídeo no Plantão da Globo na madrugada de domingo, em rede estadual.O pretextoVer artigo principal: Atos de violência organizada no Brasil em 2006Em maio de 2006, no fim-de-semana do Dia das Mães, a facção criminosa PCC iniciou uma série de ataques a delegacias, policiais (e familiares) e agentes de segurança particular, além de ônibus e bancos do estado de São Paulo. Também foram realizadas diversas rebeliões que destruíram diversos presídios do estado.A onda de violência foi motivada pela transferência e isolamento de 765 supostos integrantes da facção criminosa PCC para o Presidente Venceslau, 620 quilômetros a oeste de São Paulo.A primeira onda de ataques ocorreu entre os dias 12 e 19 de maio, com 373 ataques, 47 mortes atribuídas ao PCC, 92 suspeitos mortos pela polícia e outros 124 presos.Após um período de relativa calma, a facção voltou a agir, dessa vez se voltando a ataques individuais contra policiais, agentes penitenciários e familiares. Entre os dias 26 de junho e 11 de julho, 9 pessoas foram mortas pela facção, e a polícia matou 13 suspeitos.No dia 11 de julho, porém, a onda de ataques voltou a se intensificar. Em 6 dias, houve 453 ataques, matando 9 pessoas (além de 4 suspeitos mortos pela polícia e 187 presos). A terceira onda, iniciada em 7 de agosto, contava 206 ataques na primeira semana, dessa vez com nenhuma morte criminosa, porém 10 suspeitos mortos pela polícia e 42 presos. Foi nessa terceira onda de ataques que ocorreu o sequestro da equipe da Rede Globo.Curiosamente, após a primeira onda de ataques, a emissora nunca mais usou a expressão "PCC" em sua cobertura jornalística, sempre citando "a quadrilha que age nos presídios de São Paulo".O sequestroAvenida Luís Carlos Berrini, onde ocorreu o sequestro.No dia 12 de agosto (sábado, véspera do Dia dos Pais), uma hora após chegarem à sede paulista da Rede Globo, na avenida Luís Carlos Berrini, zona sul da cidade de São Paulo, o repórter Guilherme Portanova e o técnico Alexandre Coelho Calado foram a uma padaria, localizada na mesma avenida, frequentada por diversos jornalistas e funcionários da emissora.Por volta das 7h50min, quando deixavam o estabelecimento em direção ao carro de reportagem, foram abordados por dois homens armados que também estavam na padaria. Um dos homens os fez entrar em um Vectra escuro, enquanto o outro entrou em um Gol vermelho. Antes de fugir, um dos criminosos entrou no carro da emissora e mexeu nos equipamentos, mas nada levou.Dois motoristas de um hotel próximo ao local chegavam à padaria no momento da ação e foram rendidos. Depois, relataram que havia também um homem numa moto participando da ação.Cerca de uma hora depois, o Vectra foi encontrado, queimado, na avenida Portugal, no Brooklin, também na zona sul. Descobriu-se que ele havia sido roubado no último dia 10. Testemunhas contaram à polícia que os criminosos tiraram os funcionários da Globo do veículo e, com eles, entraram no Gol vermelho. Em seguida, o homem que estava na moto ateou fogo no Vectra e fugiu.O desaparecimento do repórter e do técnico foi noticiado numa edição extra do Globo Notícia, apresentado por Mariana Godoy, no primeiro intervalo da programação infantil da Rede Globo. A cobertura completa do sequestro foi apresentada no Jornal Hoje. Ao longo da tarde, a equipe da jornalismo da emissora ficou de plantão atualizando as informações e trabalhando na edição dos telejornais seguintes. Mais tarde, o retrato falado dos três criminosos foi divulgado no Jornal Nacional.Na noite do mesmo dia, o técnico Alexandre Calado foi libertado próximo à sede da emissora. Os criminosos deixaram com ele um DVD, e exigiram que o vídeo fosse exibido em plantão ainda naquela noite, como condição para libertar o repórter Guilherme Portanova com vida.Após consultar [1] órgãos internacionais de segurança, a Rede Globo decidiu exibir o vídeo. À 0h28min de domingo, entrou no ar um plantão apresentado por César Tralli em rede estadual, que durou 4 minutos, com a mensagem do PCC.No final da noite de domingo, quase 24 horas após a exibição do vídeo, os criminosos soltaram o repórter próximo ao hospital Albert Einstein, no Morumbi. Portanova disse que encontrou funcionários do hospital, que o ajudaram a entrar em contato com sua família e com a Globo.A mensagemLida supostamente por um integrante da facção, a mensagem trazia críticas ao sistema penitenciário, pedindo revisão de penas, melhoria nas condições carcerárias, e posicionando-se contra o Regime Diferencial Disciplinado (RDD):“ Como integrante do Primeiro Comando da Capital, o PCC, venho pelo único meio encontrado por nós para transmitir um comunicado para a sociedade e os governantes.A introdução do Regime Disciplinar Diferenciado [RDD] pela Lei 10.792/2003, no interior da fase de execução penal, inverte a lógica da execução penal. E coerente com a perspectiva de eliminação e inabilitação dos setores sociais redundantes, leia-se "a clientela do sistema penal", a nova punição disciplinar inaugura novos métodos de custódia e controle da massa carcerária, conferindo à pena de prisão o nítido caráter de castigo cruel.O Regime Disciplinar Diferenciado agride o primado da ressocialização do sentenciado vigente na consciência mundial desde o ilusionismo [referindo-se ao iluminismo] [sic] e pedra angular do sistema penitenciário, a LEP.Já em seu primeiro artigo, traça como objetivo do cumprimento da pena a reintegração social do condenado, a qual é indissociável da efetivação da sanção penal. Portanto, qualquer modalidade de cumprimento de pena em que não haja constância dos dois objetivos legais --castigo e a reintegração social--, com observância apenas do primeiro, mostra-se ilegal, em contradição à Constituição Federal.Queremos um sistema carcerário com condições humanas, não um sistema falido, desumano, no qual sofremos inúmeras humilhações e espancamentos.Não estamos pedindo nada mais do que está dentro da lei. Se nossos governantes, juízes, desembargadores, senadores, deputados e ministros trabalham em cima da lei, que se faça justiça em cima da injustiça que é o sistema carcerário, sem assistência médica, sem assistência jurídica, sem trabalho, sem escola, enfim, sem nada.Pedimos aos representantes da lei que se faça um mutirão judicial, pois existem muitos sentenciados com situação processual favorável, dentro do princípio da dignidade humana.O sistema penal brasileiro é, na verdade, um verdadeiro depósito humano, onde lá se jogam seres humanos como se fossem animais.O Regime Disciplinar Diferenciado é inconstitucional. O Estado Democrático de Direito tem a obrigação e o dever de dar o mínimo de condições de sobrevivência para os sentenciados. Queremos que a lei seja cumprida na sua totalidade. Não queremos obter nenhuma vantagem.Apenas não queremos e não podemos sermos [sic] massacrados e oprimidos. Queremos que, um, as providência sejam tomadas, pois não vamos aceitar e não ficaremos de braços cruzados pelo que está acontecendo no sistema carcerário.Deixamos bem claro que nossa luta é contra os governantes e os policiais. E que não mexam com nossas famílias que não mexeremos com as de vocês. A luta é nós e vocês.”RepercussãoHoras após a exibição do vídeo, a Rede Globo divulgou um comunicado justificando a exibição:“ Enquanto a TV Globo aguarda com ansiedade a libertação do repórter Guilherme Portanova, sequestrado ontem, divulga as seguintes informações:Tão logo a TV Globo tomou conhecimento da exigência dos sequestradores na noite de sábado, fez consultas ao International News Safety Institute (INSI), com sede em Bruxelas, ao qual a emissora é filiada desde que o instituto foi fundado.Luiza Rangel, de Caracas, coordenadora do INSI para América Latina, atestou que em situações de extrema emergência como a que a TV Globo viveu, quando os prazos são exíguos e quando não se têm dúvidas sobre o descompromisso dos bandidos para com a vida humana, a postura correta é ceder às exigências, dando antes ciência à polícia sobre o conteúdo do que irá divulgar. Segundo ela, situações assim foram vividas recentemente na Índia e no Oriente Médio.Orientada por Luiza Rangel, a emissora também entrou em contato com Tim Crocket, chefe do escritório de Atlanta do The AKE Group, uma empresa especializada em gestão de riscos e segurança, que presta serviços à INSI, e tem escritórios nos Estados Unidos, Reino Unido, Austrália, Paquistão e Iraque. Tim Crocket deu a mesma orientação que Luiza Rangel: nas condições em que nos encontrávamos, não havia alternativa. Ele recomendou que entrássemos em contato ainda com Tom O`Neil, consultor do escritório no Líbano, especializado neste tipo de ação. O`Neil repetiu as mesmas recomendações.A ideia inicial da TV Globo era tomar uma decisão em conjunto com as entidades de classe do setor. Mas como tudo se deu na noite de sábado, foi impossível esperar até que o setor se pronunciasse.Diante do que vem acontecendo em São Paulo nos últimos meses, não havia dúvida sobre até onde as ações dos bandidos podem chegar: basta dizer que os mortos já se contam às centenas. Inexistindo dúvida sobre o risco real que o repórter Guilherme Portanova sofre, e não havendo tempo para uma decisão em conjunto com seus pares, a TV Globo mostrou o conteúdo do DVD à polícia e decidiu exibir o vídeo no estado de São Paulo.No mesmo instante, porém, decidiu também convocar as entidades do setor para que a situação seja discutida por todos e que os próximos passos sejam decididos em conjunto.A TV Globo espera que o jornalista Guilherme Portanova seja libertado imediatamente e possa voltar a convivência de sua família e de seus colegas de trabalho. Agradece a solidariedade que vem recebendo de seus telespectadores e de seus pares e manifesta a confiança de que a nação brasileira saberá encontrar caminhos para pôr fim a esse quadro de insegurança pública.Central Globo de ComunicaçãoSão Paulo, 13 de agosto de 2006”Na segunda-feira (14), o jornal Folha de S. Paulo noticiou que o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho, tentou evitar que a Rede Globo exibisse o vídeo com o manifesto do PCC. Ele teria procurado dois diretores da emissora por telefone.Enviado no domingo pela secretaria para falar com a Globo, o delegado Osvaldo Nico Gonçalves, coordenador do Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos), se disse contra a exibição da fita por "abrir um precedente grande", porque significaria atender, sob ameaça, a uma exigência do PCC."Basta à violência"No dia 16 de agosto, quarta-feira, um artigo intitulado "Basta à violência", assinado pela Associação Nacional dos Jornais (ANJ), Associação Nacional dos Editores de Revistas (Aner) e entidades representativas das emissoras de rádio e televisão, como a Abert, a Abra e a Abratel, foi publicado na capa de diversos jornais do país e veiculado à noite na televisão, antes do horário eleitoral. O texto diz:“ Basta à violênciaNos últimos tempos, o povo brasileiro assiste a uma escalada da violência contra a vida, contra o patrimônio e, nas últimas semanas, contra as instituições democráticas.Vandalismo generalizado contra o patrimônio público e privado, sequestros e assassinatos vêm colocando a população brasileira na condição de refém das organizações criminosas.Sensíveis a este drama vivido pela população, os veículos de comunicação, unidos em suas entidades representativas, deliberaram tomar uma enfática posição comum. Isso porque o Brasil está pagando caro demais pela descoordenação das autoridades federais e estaduais na questão da segurança pública.O que está ameaçado neste momento, com a escalada da violência e da desordem, não é apenas o cotidiano civilizado a que todos os cidadãos têm direito. É a própria sobrevivência da sociedade democrática, porque sua manutenção depende da autoridade, credibilidade e prestígio das suas instituições. Infelizmente, esses problemas estão colocando em xeque o Estado Democrático de Direito porque a criminalidade está corroendo a certeza da aplicação da lei em função da impunidade.É urgente e fundamental que aqueles que dirigem o governo e o Estado brasileiro em seus diferentes níveis tomem medidas responsáveis e eficazes contra o crime. Assim como os que pretendem dirigir expressem com clareza suas propostas. E que todos demonstrem inequivocamente o compromisso com o resgate da ordem pública e com a harmonização dos esforços dos Estados e União.Propomos que o debate eleitoral que hoje se inicia seja efetivamente também um espaço público de reflexão sobre estratégias e propostas concretas para a área de segurança com o objetivo de resgatar a confiança dos brasileiros nas suas autoridades. Propomos que este assunto esteja no centro do debate eleitoral, porque é o centro das preocupações de todos os brasileiros.A imprensa, que sempre esteve alinhada às grandes causas da cidadania, está convicta de que o próximo passo para a consolidação da democracia em nosso país passa pelo restabelecimento imediato da ordem pública. Os meios de comunicação, unidos, na sua sagrada missão de informar e garantir a liberdade de expressão, cobrarão veementemente, dos atuais e futuros governantes, soluções eficazes na defesa da sociedade brasileira.Assinam o documento:ANJ - Associação Nacional dos JornaisAner - Associação Nacional dos Editores de RevistasEntidades representativas das emissoras de rádio e televisão (Abert/Abra/Abratel)”A exibição da mensagem na TV foi boicotada pela Band, que "não endossa" a decisão da Globo de ter exibido o vídeo da facção criminosa. No lugar do manifesto, a Band — associada à Abra — exibiu, no seu principal telejornal, um editorial criticando a atitude da emissora concorrente, dizendo que "um precedente perigoso foi aberto quando a Rede Globo decidiu atender à exigência de sequestradores e divulgar de imediato um vídeo enviado por eles. Na Colômbia, o descalabro começou assim. O lado dos bandidos não deve ser tratado como Estado paralelo. Isso só reforça esse poder criminoso, que, ao se realimentar, volta sempre mais forte e ousado. São decisões — que mesmo bem intencionadas e compreensíveis do ponto de vista humano — abrem caminho para aprofundar ainda mais a tragédia em que se transformou a questão da segurança no país."PrisõesEm 23 de janeiro de 2007, foram presos pela DEIC, quatro líderes da ONG Nova Ordem, acusados de envolvimento o Primeiro Comando da Capital. Os presos são presidente da ONG, Ivan Raymundi Barbosa, os diretores da ONG, Anderson Luis de Jesus e Simone Barbaresco. Foi presa a advogada Iracema Vasciaveo.[1]Em 20 de janeiro de 2009, foram presos em Avenida Morubi com carro Palio (da fabricante Fiat), pela Polícia Civil de São Paulo, três homens, dos quais um tinha participado do sequestro: Sérgio Moura da Silva que já tinha um pedido de prisão preventiva expedido por envolvimento. A prisão de Silva aconteceu por volta das 23h, que estava em um Palio com Weberson Silva Teodoro e Diego de Oliveira Jesus, acusados de tráfico de drogas. Ao serem abordados, apresentaram documento falso do veículo. A polícia estava investigando o grupo após quatro meses de investigações. Após a prisão, foram mais tarde transferidos ao CDP (Centro de Detenção Provisória) de Pinheiros.[2]NotasUma cópia do DVD produzido pelos criminosos já havia sido enviada à redação do jornal Folha de S.Paulo na quarta-feira anterior, dia 9. Uma outra cópia foi jogada no estacionamento do SBT na sexta-feira, dia 11.Após ser libertado, o técnico Alexandre Calado disse que os criminosos não tinham um alvo fixo. Simplesmente queriam sequestrar funcionários da Globo, não importando quem fosse.Segundo o Ibope, a exibição do vídeo deu 21 pontos de audiência na Grande São Paulo, o equivalente a mais de 1,1 milhão de domicílios só na região.A Globo cortou uma introdução do vídeo onde eram mostradas armas de guerra, dinamites, granadas e coquetéis molotov.[3] | |
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