Nunca é demais lembrar que nos anos mais duros da ditadura, o Grande Oriente do Brasil, como os maçons a chamam, manteve em seus quadros homens da repressão. É o que fica patente em um documento da Polícia Política, encontrado durante pesquisas da CEV-Rio, no arquivo do Estado do Rio de Janeiro (Aperj).Em carta dirigida ao “Sr. Coronel Diretor do Departamento de Ordem Política e Social- (DOPS)”, protocolada sob o número 4584, em 11 de dezembro de 1970, um dos mais duros do regime, um “ex-funcionário” daquele departamento, de nome dedura o diretor do Grande Oriente do Brasil (Maçonaria), Moacyr Arbex Dinamarco, “brasileiro, casado, natural da Guanabara”, dedura o diretor do Grande Oriente do Brasil (Maçonaria), Moacyr Arbex Dinamarco.Em sua carta, diz que a loja está cheia de “elementos que, por força de sua profissão” (ele foi chefe da Seção de Ordem Pública, da Seção de Ordem Política) seriam “subversivos, comunistas e corruptos”.
No exercício de “deduragem”, Darcy acusa o “atual Grão-Mestre Geral, Moacyr Arbex Dinamarco” de, apesar de tê-lo procurado, acenando com o “saneamento, com a expulsão da Ordem, de elementos notoriamente conhecidos por exercerem atividades comunistas”, agora fazia vista grossa à presença deles. Na opinião de Darcy, a promessa de Moacyr foi apenas para ficar bem com as Forças Armadas.As denúncias do “araponga” descem a minúcias do tipo: um pretenso movimento contra a sua entrada para o Grande Oriente, por ser do DOPS, bem como a de um colega, de nome Heraldo Alves da Silva, pertencente ao Cenimar (Centro de Informações da Marinha).
Na carta, ele expõe a estratégia que adotou para barrar o movimento contra a sua entrada e a de outros integrantes dos quadros da repressão. “Vendo que, na defesa dos interesses maiores de seus ideais teria de travar na ordem maçônica o mesmo combate que sempre manteve contra o comunismo e os já citados elementos”, para lá encaminhou outros companheiros do DOPS, “a fim de poder lutar com mais desembaraço e eficiência”. (No recorte abaixo, leia outras “providências” tomadas pelo agente, a fim de “sanear” a Ordem):
Não satisfeitos com as providências do Grão-Mestre, os templários exigiram a expulsão imediata do grupo que, segundo o “araponga”, estavam “usando a Maçonaria como escudo para as suas atividades comunistas e criminais (estelionatos), e toda a sorte de falcatruas e aliciamento para o PC, que não quer perder a frente que tem no interior do Grande Oriente”.
Diante da pressão exercida sobre o Grão-Mestre Geral, Moacyr Arbex Dinamarco, na descrição pormenorizada de Darcy, revoltou-se contra os templários: “o tenente coronel Bilac Vargas Dalkastanhy, o major Armando Encarnação Moreira; o capitão Antonio José Blanco; o tenente Heraldo Alves da Silva (Marinha); e os civis: Dr. João de Araújo Pedrosa; Arthur Alves de Carvalho; o Dr. Carlos Eduardo Peçanha e o declarante”.