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Manoel da Nóbrega realizou a primeira missa num local próximo da aldeia de Inhapambuçu, chefiada por Tibiriçá fazendo cerca de 50 catecúmenos "entregues à doutrinação do irmão Antonio Rodrigues"
29 de agosto de 1553



[26892] “Historia de la fundación del Colegio del Rio de Enero”, Quirino Caxa (1538-1599)
Data: 1575

Quanto à localização da Aldeia de Maniçoba, nenhum outro texto histórico se avantaja ao da Historia de la fundación del Colegio del Rio de Enero, atribuível ao Padre Quirício Caxa, que a teria redigido pelo ano de 1575. "Neste tempo - traduzimos aqui o texto espanhol - foi o Padre Manuel da Nóbrega com outros vários da Companhia a Maniçoba, trinta e cinco léguas pelo deserto adentro, junto a um rio donde embarcam para os Carijós. Ali deixou uma casa feita, com alguns da Companhia, onde rediriam um ano, fazendo muito fruto entre os nativos, e dai se tornaram a São Vicente.

[26712] Mapa de América del Sur desde el Ecuador hasta el Estrecho de Magallanes. Autor: Ruy ...
Data: 1607


[k-829] Anno Biographico Brazileiro por Joaquim Manoel de Macedo, volume III
Data: 1876

O mais valente e respeitado chefe dos guayanazes, ramo da tribo dos tamoyos, Tebyreçá foi em S. Paulo o mais forte elemento auxiliar da conquista dos portuguezes. Seu peito e seu prestigio entre os selvagens forão mais de uma vez muralhas de ferro, que seus irmãos das florestas não puderão derribar em seus ímpetos guerreiros contra os conquistadores civilizados.

Em 1553 os jesuítas passarão de São Vicente para além da Serra do Mar e foram fundar o Colégio de S. Paulo, berço da villa e depois cidade do mesmo nome. Tebyreçá, que então provavelmente tomou com o batismo o nome de Martim Affonso de Mello ligou-se á elles e logo ainda mais amigo daquelles padres, do que do próprio João Ramalho, em 1554 foi principalmente o seu braço de bravo e forte guerreiro, e o seu poder sobre os nativos de sua cabilda, que salvarão os jezuitas e o seu collegio de ataque tremendo que contra elles dirigirão muitos colonos portuguezes e mamelucos.

[26882] Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, volume XIII, 1908
Data: 1908


[24312] Maniçoba, porta do Paraguai, Luís Castanho de Almeida (1904-1981). Jornal Correio Pau...
08/09/1940

O Padre Manuel da Nóbrega chegou à capitania de São Vicente em 1553, quando já havia três anos Leonardo Nunes, o famoso Abaré-bebé, padre-voador, exercitava o seu fecundo ministério. Pernambuco ao norte e São Vicente ao sul formavam no Brasil os dois primeiros núcleos de povoamento, com a Baía no centro, capital, religiosa e política.

Sem a intenção de fundar no sul do Continente um império temporal, com os tupis na orla do Atlântico e os guaranis no sertão do Paraguai, os Jesuítas compreenderam bem cedo o basto campo de almas a salvar para Jesus Cristo, o qual se lhes abria em frente como um leque, povoado por inúmeras tribos, seara promissora para o celeiro espiritual da igreja.

Essa região imensa, com um solo feracíssimo e clima feliz, seria a sede futura das maiores aglomerações humanas na América do Sul - Rio, São Paulo, Buenos Aires, quem sabe mesmo se em tempos não longínquos o refugio da civilização cristão.

Não era mister que os primeiros missionários lançassem tão longe na história as suas considerações; mas o certo é que, temperamentos de apóstolos generosos, queriam as suas redes a arrebentar de peixes, e davam a cada alma, a uma só por ele redimida das trevas do paganismo, o preço real e infinito: o sangue de Cristo.

Nóbrega sonhou com a jornada e a fundação do Paraguai. Foi, com Leonardo Nunes, o bandeirante das almas, o que ouviu a voz dos rios a correr para os sertões infinitos do (incompressível): "vem, vem comigo para dentro do continente em busca de recônditos tesouros!" Quanta semelhança entre o bandeirante e o jesuíta no chamamento para o sertão! Um e outro, embora livres, têm a obediência instintiva, incoercível, ao chamado geográfico para o interior. Um é o fundador da pátria terrena, outro, ergue sobre esta a Cidade de Deus.

Noutros países das Américas e do Oriente houve descobridores, povoadores, conquistadores, Bandeirantes, não. Houve também missionários, apóstolos, jesuítas, São Francisco Xavier, mesmo. Jesuítas, bandeirante, Nóbrega e Anchieta, não. O próprio sistema das reduções jesuíticas em terras de Castela seria, depois, algo bem diversos dos aldeamentos brasileiros.

Eis que, na verdade, Portugal e Espanha são dois povos irmãos, mas não se confundem; o império colonial português é irmão do espanhol, e as vezes antagônico, enquanto se não fixam os limites, mas nunca senão artificialmente confundido com ele.

Esta verdade, ao lado que se refere à península Ibérica, a gente portuguesa bem cuidou de publicá-la aos quatro ventos nas comemorações das dois centenários, a que se associou a nossa gente representada pelo que a defende melhor: as as almas e as letras.

Ora, o padre Nóbrega possuía assas elementos para inteirar-se da existência de povos imensos e bons no centro sul-americano. Espanhóis e portugueses bem sabiam que do Atlântico se chegaria ao Pacífico e vice-versa. O rio da Prata foi assim chamado, porque suas nascentes deveriam remontar ao império dos Incas.

Obedecem a um instinto ou serão instrumentos da Providência esses degredados portugueses e aventureiros castelhanos que fazem a pé o trajeto de São Vicente ao Paraguai? Demais, esses tupis do Atlântico que se comunicam com os guaranis do interior, e os habitantes das matas que, ao espiarem do alto da Paranapiacaba o mar, o verde mar bravio de nossa terra, não emudeciam mas se faziam entender, tudo isso podia deixar indiferente a outrem que não a Nóbrega.

Eis porque, antes de 25 de janeiro de 1554 e depois de 30 de agosto de 1553, Manuel da Nóbrega, após o novo ajuntamento de nativos de Piratininga deixando aí dois irmãos para catequese até a chegada - digamos oficial - de Anchieta, partiu com o irmão Antonio Rodrigues, quatro meninos e alguns nativos para a aldeia de Maniçoba, onde os precedera o irmão Pero Correia.

Maniçoba, "junto de um rio donde embarcam para os carijós". A expressão "carijós" designação os nativos que habitavam o sertão imediato a Piratininga e anterior ao Paraguai, tendo por limites, mais ou menos, no litoral de Cananéia até Laguna, onde começavam os Patos, e no interior as bacias do Tietê e Paranapanema até o Uruguai, porém com os guaranis à margem esquerda do segundo destes rios, no Guaíra.

Os autores são concordes em colocar Maniçoba, que Simão de Vasconcelos (1597-1671) chamada Japiassú, nas cercanias da atual cidade de Itú. Servem-se para isso, de várias fontes, até mesmo do relato de um viajante da poca, Ulrico Schmidel (1510-1579), e da cartografia antiga, porém, a base da argumentação ficam sendo as cartas jesuíticas, que determinavam para Maniçoba 35 léguas e até 50 contando de São Vicente, sertão adentro, e porto de embarque.

Ora, para ir ao interior, o primeiro rio que se podia utilizar adiante de Piratininga era o Tietê, abaixo do Salto de Itú.

"A fama deste grão zelo de Nóbrega, diz Simão de Vasconcelos, muito conhecido pelos sertões do Paraguai (nos quais era chamado Barcaelué, que vale o mesmo que homem santo) se abalaram grandes levas de Carijós em busca dele, para serem doutrinadores na aldeia já dita, que ficava mais perto; pois não foram tão ditosos que tivessem efeitos os desejos que o padre tivera de ir às suas terras, donde fora chamado por eles tantas vezes".

"Os nativos Tupis - continua Serafim Leite - que tinham com eles contas antigas a ajustar, ou porque fossem prevenidos pelos Portugueses para cortar o passo a tais adventícios, saíram-lhes ao caminho, e destroçaram-nos, sem lhes valerem os Padres. Outros nativos vieram depois, com três espanhóis, que foram igualmente mortos, exceto um destes, que pode fugir e acolher-se á proteção dos Jesuítas".

Ainda em julho de 1554 estacam em Maniçoba "dois padres e irmãos e irmão Gregório Serrão com escola de gramática". Este irmão Gregório andava doente e não era fácil arranjar-lhe a galinha para o caldo. Com a mudança, que logo se seguiu, dos padres e catecúmenos para São Paulo do Campo, sarou o doente e Maniçoba perdeu até o nome.

O nome aparece ainda que desfigurado, no mapa atribuído a Rui Diaz de Gusman, autor da célebre "Argentina", e o qual, segundo Paul Groussac, é de 1606 a 1608. Lá está, à margem esquerda do Anhembi o "puerto de Mandiçoba", pode ver-se essa velha carta sul-americana no volume IX dos "Anales de lla Biblioteca" de Buenos Aires (1914). Foi em 1894 encontrada por Zeballos no Arquivo de las Índias em Sevilha, quando estudava a questão das Missões, completada a sua publicação em 1903, por Felix Outes, quanto à região do Atlântico.

São estas as informações que nos envia Sergio Buarque de Holanda, na identificação de Maniçoba, é importantíssima na confirmação dos pontos de vista de outros historiadores paulistas desde Gentil de Moura e Teodoro Sampaio até Afonso de Taunay e Serafim Leite.

Gostamos, porém, de sua hipótese, que fez descer um pouco mais a aldeia, entre as atuais cidades de Itú e Porto Feliz. Vê-se, por aí, ainda, uma vez a persistência da tradição nativa nos costumes dos bandeirantes, os primeiros dos quais eram meio guaranis de sangue e de língua. Pois o porto de Araritaguabam, donde partiram as monções e que o pincel de Almeida Junior celebrizou, dista máximo cinco léguas do "puerto de Maniçoba", "Por onde se vai aos Carijós".

Que raízes profundas na terra e no homem americano tema nossa História! Morador de Sorocaba, o autor destas linhas vê todos os dias o rio do mesmo nome a correr para o oeste, como ao cair da tarde pode sonhar com as regiões imensas de campos e matas que se estendem além do Ipanema, rumo do Guairá antigo. Nascido à margem de um afluente do Paranapanema, contemplando ao norte a serra de Botucatu e palmilhando em crença aquele mesmo caminho selvagem, pre-colonial, o chamado "peabiru" que ligava o Guairá a São Paulo, passando por Sorocaba, e o que é mais,

trazendo no sangue o atavismo de tataravó uruguaia e mestiça, julga o autor deste artigo, se não de todo compreender, ao menos sentir estas coisas tão belas no fundo de sua alma, o tanto para ousar transmitir ao papel essas queridas impressões. Se pecado for, é pecado de muito amor". [Maniçoba, porta do Paraguai, Luís Castanho de Almeida (1904-1981). Jornal Correio Paulistano, 08.09.1940]

[24309] “No dia de São Paulo”. Jornal Correio Paulistano/SP, página 5
25/01/1942

É de júbilos a data de hoje, a data máxima da cidade, a em que se celebra a sua fundação. Esse episódio, que se distância de quase quatro séculos no tempo, não há quem não relembre com admiração e orgulho: alguns jesuítas simples e devotados, entre eles dois enfermiços, José de Anchieta e Gregório Serrão, aqui chegam cobertos de poeira, as alpercatas rotas, mas cheios de audácia e de coragem, iluminados por uma grande fé criadora.

Em torno, montes e várzeas. Numerosos guainás a tribo de Tibiriça. Espalhadas nos horizontes invisíveis algumas aldeias, os futuros baluartes da defesa, garantidores da expansão jesuítica e bandeirante.

Entre elas, como as mais notáveis Ururai, chefiada por Piquerobi, sogro de Antonio Rodrigues; Jeribatiba em que pontificava o velho guerreiro Caiubi. A ainda, para o oeste, como portas misteriosas do sertão infinito, Carapicuiba e Marueri.

Havia no planalto dois centros já habitados por portugueses: Santo André da Boda do Campo, que tinha como capitão o intrépido João Ramalho, seu fundador, e o vilarejo enigmático e decadente de Piratininga, que ainda não foi perfeitamente situado e no qual viveriam os remanescentes da primitiva incursão de Martim Afonso de Souza, que o fundou.

E só. O mais, caça, feras, o nativo desconfiado, a solidão, os perigos de toda natureza, tudo por fazer, tudo por criar, no solo virgem e bruto. Mas os homens vieram para agir. Enquanto uns se iam para a aldeia de Maniçoba, de que nasceu Itu, outros se transformavam em artífices e em mestres. Construía-se e ensinava-se; erigia-se o povoado, ilustravam-se as inteligências e as almas.

[26238] “São Paulo foi fundada a 29 de agosto de 1553?”, Benedito Carneiro Bastos Barreto "Be...
24/01/1943

São Paulo, domingo, 24 de janeiro de 1943

A História do Brasil ainda está inçada de lacunas e obscuridades que, não poucas vezes, levam os próprios historiadores a cair no terreno arenoso das conjeturas e probabilidades. O enorme acervo documental, ainda inédito, existente nos arquivos brasileiros, portugueses, espanhóis, assim como o que se encontra em poder dos jesuítas — inacessível aos leigos— tem feito da nossa História uma obra inacabada e constantemente sujeita a corrigendas e alterações, algumas de caráter tão profundo que, muitas vezes, modificam radicalmente episódios tidos até então como incontestáveis e definitivos.

Acontece então que, pela ausência de uma documentação idônea, existente mas ignorada, surgem opiniões individuais perfilhadas por este ou aquele historiador a respeito de tais e tais acontecimentos mais ou menos importantes. E daí, como é fácil imaginar, se desencadeiam as controvérsias, em torneios que empolgam e que fascinam mas que, apesar de tudo, não resolvem nada. E, sobre o panorama impreciso de nossa História, permanecem as neblinas, que o calor das discussões não diluem, nem afasta.

Por exemplo: quando se fundou S. Paulo? Quem a fundou? Na escola nos ensinaram que foi a 25 de janeiro de 1554, pelo padre José de Anchieta.

Isso é o que se sabia nos tempos amáveis em que ainda íamos à escola. Mas, depois, surgiram da poeira dos arquivos, documentos que vieram alterar aquilo que se estabeleceu como coisa certa, definitiva e indiscutível. E viemos a saber, então, novidades sensacionais, entre as quais esta: Quem fundou S. Paulo foi Martim Afonso de Sousa.

Isto é, Martim Afonso fundou um povoado que foi uma espécie de prefácio de S. Paulo. Ou, explicando melhor: S. Paulo foi um prolongamento, uma continuação do burgo de Martim Afonso.

Depois de ter fundado S. Vicente, o fidalgo português subiu ao planalto e veio fundar, entre os índios que se situavam às margens do Tietê, em local onde hoje se acha o Bom Retiro, a povoação de Piratininga. Nos meus tempos de escola ninguém falava nesta Piratininga.

Nem hoje os livros escolares falam nela. E, todavia, Piratininga já existia em fins de 1532, pois a sesmaria de Pero Góes, lavrada por Pero Capico, é datada de Piratininga, a 12 de outubro daquele ano. E o famoso "Diário" de Pero Lopes, dedicado a D. João III, acentua categoricamente, narrando as façanhas do seu irmão Martim Afonso: "Fez vila na ilha de S. Vicente e outra nove léguas dentro pelo sertão, que se chama Piratininga". E acrescenta: "Aí foi a primeira povoação que nesta terra houve a tempo de Martim Afonso de Sousa".

Estas afirmações, como se vê, são definitivas.

Mas Manuel da Nóbrega, que aí também esteve, confirma, numa de suas famosas cartas: "... e do mar dez léguas pouco mais ou menos duas léguas de uma povoação de João Ramalho, que se chama Piratinim, onde Martim Afonso primeiros povoou"...

Parece não haver a menor dúvida sobre a existência de Piratininga antes da chegada dos doze loiolanos que vieram construir um centro de catequese na confluência do Anhangabaú e do Tamanduatí. Alí esteve Nóbrega doutrinando. Alí esteve João Ramalho comandando. E, ao contrário do que afirma Batista Pereira, Piratininga não mangrou. Depois de erguido o colégio e multiplicado o casario da colina, Piratininga ainda existia. Consultem-se as "Atas" da Câmara de S. Paulo, nos fins do Século XVI e princípios do XVII e lá se encontrarão referências a um "caminho de Piratininga".

Até aí está tudo muito bem. Martim Afonso fundou Piratininga ou, se preferem, povoou Piratininga. Porque, segundo a afirmação de Nóbrega, parte dos povoadores desceu para o litoral e parte ficou em Piratininga. O próprio Leonardo Nunes, escrevendo de S. Vicente em 24 de agosto de 1550, afirma: "... os cristãos que deixei derramados naquele lugar entre os índios"...

Todavia, o que aconteceu depois foi que Leonardo Nunes tirou esses cristãos de Piratininga e levou-os para a Borda do Campo, fundando aí a povoação de Santo André — segundo a afirmação de Tomé de Sousa. O que veio desfazer a ilusão de que fora João Ramalho o fundador da vila famosa. Ora, se os cristãos abandonaram Piratininga, deixando-a entregue aos índios, ficou decidido não mais se tomar conhecimento dela para efeitos históricos, a não ser como curiosidade para distração dos historiadores.

Mas o padre Serafim Leite, da Companhia de Jesus, historiador consencioso, a quem se deve a divulgação de notáveis documentos portugueses sobre a História de S.Paulo, divulga, na sua maravilhosa "História da Companhia de Jesús no Brasil", (tomo I, Livro III, cap. VI, 1º) uma carta de Manuel da Nóbrega, datada de 30 de agosto de 1553:

"Ontem, que foi dia da Degolação de S. João Batista, vindo a uma Aldeia onde se ajuntam novamente e apartam os que convertem e onde pus dois Irmãos para os doutrinar, fiz solenemente uns 50 catecúmenos, dos quais tenho boa esperança de que serão bons cristãos e merecerão o batismo e será mostrada por obras a fé que recebem agora. Eu vou adiante buscar alguns escolhidos, que Nosso Senhor terá entre este gentio; lá andarei até ter novas da Baía, dos Padres que creio serão vindos. Pero Correia foi adiante a denunciar penitência em remissão dos seus pecados".

E Serafim Leite acrescenta:

"Esta carta de Nóbrega é a certidão de idade de São Paulo".

Falando com a dupla responsabilidade de historiador e de jesuíta, Serafim Leite entende que a fundação de S. Paulo foi feita em Piratininga. Em verdade, quando Martim Afonso povoou a margem do Tietê, no campo de Piratininga, deu ao seu ato todas as solenidades essenciais. Pero Lopes de Sousa, irmão de Martim Afonso, faz da fundação um relato breve mas sugestivo:

"... fez vila na ilha de S. Vicente e outra, 9 léguas dentro pelo sertão, à borda de um rio, que se chama Piratininga; e repartiu a gente nestas duas vilas e fez nelas oficiais; e pôs tudo em boa ordem e justiça, de que a gente toda tomou muita consolação, com verem povoar vilas e ter leis e sacrifícios e celebrar matrimônios e viverem em comunicação das artes; e ser cada um senhor seu; e (in) vestir as injúrias particulares; e ter todos os outros bens da vida segura e conversável".

Como se vê, Piratininga foi fundada por Martim Afonso de Sousa, em 1532. Dia e mês continuam ignorados, sabendo-se apenas que o foi logo após a fundação de São Vicente. Nóbrega, na carta citada, passou a "certidão de idade" no dia 30 de agosto de 1553 e Serafim Leite dá a entender que a fundação data de 29 de agosto, com a conversão de 50 catecúmenos.

É forçoso não esquecer, todavia, que, antes desses 50 cristãos de Nóbrega, já existiam lá os cristãos de Martim Afonso ("... parte dos povoadores lá se deixou ficar"...) e os de Leonardo Nunes ("... os cristãos que deixei derramados naquele lugar"...). Não é possível, portanto, deixar de reconhecer a primazia de Martim Afonso na fundação de S. Paulo, embora com o nome de Piratininga. E como dissemos, embora Leonardo Nunes tivesse transportado os cristãos dessa aldeia para a Borda do Campo (outro problema: quem fundou Santo André? Leonardo Nunes ou João Ramalho?), apesar disso Piratininga continuou existindo. Nas "Atas" e no "Registro Geral" da Câmara de São Paulo encontram-se, até os princípios do século XVII referências ao povoado de Martim Afonso, onde, naturalmente, já não existiam oficiais, nem Câmara, nem pelourinho —pois tudo isso se achava então na colina do colégio— mas onde ainda moravam cristãos, como se prova, por exemplo, com uma dada de terras a Antonio Camacho, junto a João Maciel, em 1601.

Todavia, apesar de tudo isso, é difícil aceitar como "certidão de idade" a carta de Manuel da Nóbrega, e datar a fundação de São Paulo de 29 de agosto de 1553, pois S. Paulo só pode sobreviver e triunfalmente continuar, depois que a muralha da colina a salvou do arrasamento pelos bárbaros, que os mamelucos do planalto contra-atacaram e venceram. E se isso foi possível, devem-lo à visão de Nóbrega que situou a nova Piratininga em lugar estratégico e fez erguer a primeira casa da vila, a casa de doutrina, num ponto de onde nunca mais saiu, porque ela ainda hoje ali permanece, nos alicerces dos paredões que, até há 50 anos, eram a torre da igreja do Colégio.Para mim, pois, a "certidão de idade" de S. Paulo ainda está naquela carta de Anchieta, que diz assim:

"Aqui se fez uma casinha de palha com uma esteira de canas por portas...".

Texto originalmente publicado em suplemente da "Folha da Manhã": São Paulo, domingo, 24 de janeiro de 1943 - 2ª seção. Pesquisa: Banco de Dados da Folha de S. Paulo.

[25187] “Ecos das comemorações aos 389°. aniversário da fundação de São Paulo”. Discurso do p...
27/01/1943

A obra de colonização interior estava iniciada quando, em 1553 e 1554, sobrevieram os padres introduzindo a nota espiritual: a escola e o culto, consubstanciados na missão jesuítica e na humilde edificação descrita na carta célebre de Nóbrega. Separados do mar e da metrópole pela escarpa abrupta da serra, voltados para as imensidades dos sertões fascinadores e convidados pela curiosa inversão dos rios, começaram os colonos e seus filhos o esforço épico do desbravamento e da conquista. Não eram eles, como a malícia ou a ignorância tem por vezes insinuado, sanguinários aventureiros à cata de nativos, ouro e pedrarias. Embora sujeitos a todos os imperativos naturais e econômicos do meio e da época (porque homens e não semi-deuses), eram trabalhadores conscientes com ideais atestados pelas expedições trapejantes, e, quando combatiam os nativos, os espanhóis e as missões jesuíticas, faziam-se não por tropelia, mas por defesa instintiva e predestinação patriótica.Recuando meridianos, desfazendo tratados, atravessando o continente, tomavam posse real das terras, erigiam padrões em nome dos seus soberanos, com os quais se correspondiam por vezes, informando e recebendo instruções.Piratininga do Campo não nasceu na opulência nem viveu no comodismo. Pelo contrário, as taipas e as palhoças duraram longamente, e nem sequer a segurança compensava tanta pobreza, pois, cercada de tribos traiçoeiras e agressivas, foi obrigada por muito tempo a manter-se vigilante por trás das estacadas e dos baluartes fragílimos. Quase desesperou, por vezes, diante de assédios e ataques tão formidáveis que, de uma feita, as mulheres ofereceram suas cabeleiras para a confecção de apetrechos de guerra, a, de outra, tornou-se forçoso o recuo do Emboaçava.

[27922] Planta da Vila Eden. Ex - São João de Piragibú
29/12/1949


[24689] “Pequeno Vocabulário Tupi-Português”, 1951. Padre A. Lemos Barbosa
Data: 1951


[25677] Artes e ofícios dos Jesuítas no Brasil, 1549-1760. Serafim Soares Leite
Data: 1953

António Rodrigues era grande cantor e músico, e com o conhecimento direto da língua popular possuía inigualável prestígio com os índios, "um grande obreiro inter gentes", prestígio que ele acrescentava, com a sua experiência e ousadia: "como é língua e mui fervente obreiro vai sempre diante a esmoitar a terra" (Nóbrega). Por isso o tomou Nóbrega por intérprete e companheiro nas suas fundações tanto no Sul: Piratininga e Maniçoba (ou Japiuba) como na Baía: Aldeias.

[25837] Monumenta Brasiliae, 1956. Serafim Soares Leite (1890-1969)
Data: 1956

A narrativa impessoal diz que "se viu" e Nogueira, de fato, poderia não estar presente, mas Nóbrega "viu" em pessoa. Depois de fundar a Aldeia de Piratininga em 29 de agosto de 1553, seguiu para Maniçoba com um Irmão "grande" (Antonio Rodrigues) e quatro ou cinco Irmãos "pequenos" (meninos). Os tupinaquins iam matar em terreiro e comer, "uns índios carijós".

Nóbrega procurou evitar o morticínio, sem o alcançar. (Foram estas e outras verificações positivas e pessoais, que o levaram ao plano de 1558, que Mem de Sá executou). Antonio Rodrigues e os Irmãos "pequenos" pregaram e "converteram" aqueles nativos que iam ser mortos; e também aqui os matadores impediam o batismo e os vigiavam muito bem, dizendo que, se eles se batizassem que comesse a sua carne morreria.

O fato é contado em pormenor pelo Irmão Pero Correia, que tinha ido adiante de Nóbrega, e provavelmente também assistiu a matança, na carta de 18 de julho de 1554 (supra, carta 17). Ao nativo, que se ofereceu para os batizar secretamente ("para que aqueles morressem cristãos"), parece referir-se Nóbrega. [Diálogo sobre a conversão do gentio do P. Nóbrega. Baía 1556-1557. Páginas 437, 438 e 439 do pdf]

[24835] De Piratininga a São Paulo de Piratininga, Jornal Diário da Noite, 25.01.1964. Tito L...
25/01/1964

Decorridos vinte e um anos, em fins de agosto de 1553, Padre Manoel da Nóbrega, primeiro provincial da Companhia de Jesus, sobe o planalto e hospeda-se na casa de João Ramalho, em Santo André da Borda do Campo.

A 8 de abril de 1553, Tomé de Sousa, primeiro Governador-Geral do Estado do Brasil, preside a segunda eleição popular realizada no vale do Tietê e instala a Câmara de Vereadores de Santo André da Borda do Campo. Na companhia do Padre Manoel da Nóbrega estão apenas o Padre Manoel de Paiva, primo de João Ramalho, e o Irmão Antonio Rodrigues, primeiro mestre-escola do Campo de Piratininga.

E na companhia de André Ramalho, filho mais velho do Patriarca dos Bandeirantes, Padre Manoel da Nóbrega desce o rio Tietê até as proximidades da atual cidade de Itu, onde funda a primeira Aldeia do Rei, a Aldeia de Maniçoba, onde se juntam os Tupis a fim de serem catequizados.

Depois, Padre Manoel da Nóbrega remonta o Tietê e escolhe, entre o Tamanduateí e o Anhangabaú, no alto da colina, a cavaleiro da Várzea, o local hoje conhecido pelo nome de Pátio do Colégio, onde funda o Colégio de São Paulo de Piratininga, a 29 de agosto de 1553, segundo se lê na carta do último dia desse mês, escrita no "sertão de Piratininga" e publicada pelo jesuíta Padre Serafim Leite, em "Páginas de História do Brasil", volume 93, da Coleção Brasiliana.

Piratininga

E a vila ou cidade de Piratininga, fundada por Martim Afonso de Sousa, vinte e um anos antes, em outubro de 1532? Ora, tanto Martim Afonso de Sousa como João Ramalho e todos os portugueses residentes no Estado do Brasil, Província da Monarquia Portuguesa, eram vassalos do Rei de Portugal.

[24646] “Peabiru” de Hernâni Donato (1922-2012) do IHGSP*
01/10/1971

"É bem pode ter ocorrido que, para seguir à risca a ordenança, deixou-se parecer a fundação de Maniçoba (proximidade da atual cidade de Itu), o primeiro aldeamento no sul do Brasil). Houve longo silêncio sobre o Peabiru (...) seguindo o roteiro que Alfredo Ellis Júnior retraçou assim: "Saindo de São Paulo, foi pela crista planaltina bordejante da Serra do Mar. Pinheiros, Apotribu, Quitaúna, Maruí, etc., foram deixados para trás, como marcos de uma caminhada em direção de Guairá. Por fim, eis Araçoiaba..."

[27958] Parque das Laranjeiras
25/05/1977


[26414] Negros da terra: índios e bandeirantes nas origens de São Paulo, 1994. John Manuel Mo...
Data: 1994

A revolta dos Tamoios entre as décadas de 1540 e 1560 tornou a escravização dos Tupinambás um negócio arriscado e caro. Diante disto, os portugueses voltaram sua atenção a outro inimigo dos aliados tupiniquim, os carijós, que em muito sentido forneciam o motivo principal para a presença tanto dos jesuítas quanto de colonos no Brasil meridional.

Cabe ressaltar que existia, antes mesmo da fundação de São Paulo, um modesto tráfico de escravos no litoral sul, encontrando-se, no meio do século, muitos escravos carijós nos engenhos de Santos e São Vicente. De fato, a consolidação da ocupação europeia na região de São Paulo a partir de 1553 estabeleceu uma espécie de porta de entrada para o vasto sertão, o qual proporcionava uma atraente fonte de riquezas, sobretudo na forma de índios. [página 37]

[24428] “Os Tupi de Piratininga: Acolhida, resistência e colaboração”. Benedito Antônio Genof...
Data: 2008

Maniçoba - Apesar desta proposta inicial de catequese itinerante, houve tentativa de uma missão sedentária, que ocorreu, talvez devido à distância, em Maniçoba, aldeia tupi que ficava no caminho para o Paraguai. Como já foi assinalado atrás, o objetivo de Nóbrega era atingir a terra dos Carijó; e por isso, sua primeira experiência missionária no planalto foi junto a esta aldeia, chamada também de Japiúba, que ficava provavelmente à beira do ramal do Peabiru, que ligava Piratininga ao Paranapanema.

Foi para lá que Nóbrega se dirigiu, ao passar por Piratininga, em agosto de 1553, quando deixou as bases para a fundação da Casa de São Paulo. Esta aldeia ficava a 50 léguas (330 km) de Piratininga no dizer de Pero Correia. Um jesuíta anônimo, certamente Quiricio Caxa, afirmava que ela estava “junto de um rio donde se embarca para os Carijós [Guarani]”721. Como demonstrei em minha pesquisa anterior, este rio deveria ser o Paranapanema e não o Tietê, como desejaram os defensores da tese de que esta aldeia estaria onde hoje se encontra a cidade de Itu.

[28017] Redescobrindo a Segunda Guerra Mundial. Episódio 4: Momento Decisivos
Data: 2009


[26935] Jesuítas e a escultura de Anchieta em Salto
13/03/2009


[27959] Na Trilha Piabiyu Da Mineração Ao Ato Civilizatório Têxtil
Data: 2011


[27625] Diagnóstico Arqueológico Interventivo na área de influência da duplicação da rodovia ...
Data: 2014


[24832] “O nascimento de São Paulo”, 02.05.2018. Eduardo Bueno
02/05/2018


[24719] História do bairro Éden
25/02/2022

Nos primórdios do descobrimento, nestas terras existiam apenas povoados indígenas, que eram interligados por uma rede de vias e caminhos denominados de “PEABIRÚ”; caminhos que faziam a ligação do Atlântico com os Andes, essas vias foram muito importantes para os Bandeirantes, é provável que num desses caminhos que ligava a Aldeia de Maniçoba (antigo nome da atual cidade de Itu) até o morro de Ibirasojaba (Iperó e Araçoiaba da Serra), por onde passou o Pe. Manoel da Nóbrega, tenha tido um descanso em “PIRAJIBÚ”.

[27020] “A lenda da República de São Paulo”
21/07/2022


[27126] Consulta em Wikipédia
06/09/2022


[27813] “Denominação De Local Nas Origens De Sorocaba Possivelmente Em Hebraico”, 07.11.2022....
07/11/2022

“Os primeiros 30 anos dos cristãos-novos na ´Ilha do Brasil´ (leia-se: João Ramalho, desde 1498 na Serra do Mar, com alvará do rei João II, e Cosme Fernandes, o bacharel de Salamanca, da mesma época e, antes, ouvidor na feitoria de São Tomé, no golfo guineense), geraram nomes de assentamentos como ´Gohayó´ (do hebraico antigo, q.s. ´ponto de abastecimento´: hoje, S. Vicente) e ´Cananeia´ (pinçado das antigas escrituras), apenas para citar dois exemplos..., assim como o atual Rio Sorocaba era denominado, no Séc. 16, como Rio Brízida nos mapas jesuíticos.” – BARCELLOS, João: palestra “Antes Dos Lusos De Serr´Acima Havia Uma Geossociedade Entre Certõens y Mattos Que Gerou Uma Alma Chamada Luso-Brasilidade”, 2019.

A palavra Sorocaba (conhecida no tupi-guarani e, mais precisamente guarani, pela leitura topográfica das linguagens em migração no corredor inca-guarani chamado Piabiyu (ou ´peabiru´, q.s. ´caminho do peru´), entre os Andes e a Serra do Mar, está muito associada à linha Ibituruna (os ´cerros negros´, de Santa Catarina a Minas Gerais passando por São Paulo) e, no meio do caminho, o Ybiraçoiaba (q.s. ´onde o sol se esconde´), cerro abruptamente erguido entre grandes planícies de terras enfurnadas (ou rasgadas) que os povos nativos chamavam de yby soroc, e das quais o jesuíta Manoel da Nóbrega (que nos certõens y mattos fundou Maniçoba e depois a Sam Paolo dos Campos de Piratininga) soube sediarem veios auríferos e ferríferos, os quais, no mesmo Séc.16, o cristão-novo (das famílias Sardinha, de entre Braga e Barcelos) capitalista, político, militar e montanístico Affonso Sardinha (o Velho), arrematou (minas de Ibituruna, Ybiraçoiaba, Araçariguama e Jaraguá) em leilões da Capitania vicentina para exploração.

[27932] “O Rio Sorocaba é/era navegável?”, Adriano César Koboyama
11/12/2022


[28097] “O Apoteroby e o avanço do meridiano”, Adriano César Koboyama (06.01.2023) em Brasilbook
06/01/2023


[29420] 17 de Julho dia do Anahngá venha celebrar no Anahngabaú, ameobrasil.blogspot.com
22/02/2023

Este ano, no dia 17 de julho, teremos a 4ª edição da FESTA DO ANHANGÁ, no vale do Anhangabaú.

Mesmo tendo sido interrompido nos anos de 2020 e 2021 por conta da pandemia, o ano passado foi bem legal. Poucas pessoas aparecem para beber Cauim e festejar o guardião da floresta.

Ainda é uma festa para bem poucos já que Cauim ainda é muito escasso e poucos conhecem a lenda do Anhangá e dos antigos ancestrais de São Paulo de Piratininga, mas estamos crescendo.

Como vocês devem saber, no local onde hoje está localizado o Páteo do Collégio, próximo ao povoado de Tibiriçá, existia uma montanha sagrada que deu nome à vila, Inhapuambuçu (do tupi antigo i(nh)apu´ãm-busú o grande cume ou y (nh)apu´ãm-busú a grande ponta do rio), mas com a chegada das Ordens Beneditinas, Carmelitas e Franciscanas, as tradições ancestrais dos Tupiniquim desapareceram.

O triângulo menor formado pelo morro Inhapuambuçu na confluência dos rios Anhangabaú e Tamanduateí, estava dentro do triângulo maior na confluência dos rios Pinheiros e Tietê com vista para os guardiões do vale, o Pico do Jaraguá.

O Anhangá é comumente retratado como um veado campeiro branco, de tamanho atroz, com olhos vermelhos da cor do fogo. Ele é o protetor da natureza e persegue todos aqueles que caçam indiscriminadamente, desrespeita a natureza e pune aqueles que caçam filhotes ou mães que estão criando seus filhotes e poluindo suas águas (Anahngá anda tendo muito trabalho por aqui...).

O vale do rio Anhangabaú ainda é um lugar sagrado, os habitantes de Piratininga realizavam cultos e festas para deixar o deus mais feliz e menos vingativo. Hoje não apenas afogamos o rio Anhangá (canalizamos), mas também esquecemos o principal espírito de nossa cidade. Desprezar assim nossas tradições tupiniquins é um pecado imperdoável!
[26892] 1° fonte: 01/01/1575
*“Historia de la fundación del Colegio del Rio de Enero”, Quirino...

Quanto à localização da Aldeia de Maniçoba, nenhum outro texto histórico se avantaja ao da Historia de la fundación del Colegio del Rio de Enero, atribuível ao Padre Quirício Caxa, que a teria redigido pelo ano de 1575. "Neste tempo - traduzimos aqui o texto espanhol - foi o Padre Manuel da Nóbrega com outros vários da Companhia a Maniçoba, trinta e cinco léguas pelo deserto adentro, junto a um rio donde embarcam para os Carijós. Ali deixou uma casa feita, com alguns da Companhia, onde rediriam um ano, fazendo muito fruto entre os nativos, e dai se tornaram a São Vicente.
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[26712] 2° fonte: 01/01/1607
*Mapa de América del Sur desde el Ecuador hasta el Estrecho de Ma...

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[k-829] 3° fonte: 01/01/1876
*Anno Biographico Brazileiro por Joaquim Manoel de Macedo, volume III

O mais valente e respeitado chefe dos guayanazes, ramo da tribo dos tamoyos, Tebyreçá foi em S. Paulo o mais forte elemento auxiliar da conquista dos portuguezes. Seu peito e seu prestigio entre os selvagens forão mais de uma vez muralhas de ferro, que seus irmãos das florestas não puderão derribar em seus ímpetos guerreiros contra os conquistadores civilizados.

Em 1553 os jesuítas passarão de São Vicente para além da Serra do Mar e foram fundar o Colégio de S. Paulo, berço da villa e depois cidade do mesmo nome. Tebyreçá, que então provavelmente tomou com o batismo o nome de Martim Affonso de Mello ligou-se á elles e logo ainda mais amigo daquelles padres, do que do próprio João Ramalho, em 1554 foi principalmente o seu braço de bravo e forte guerreiro, e o seu poder sobre os nativos de sua cabilda, que salvarão os jezuitas e o seu collegio de ataque tremendo que contra elles dirigirão muitos colonos portuguezes e mamelucos.
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[26882] 4° fonte: 01/01/1908
*Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, volume...

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[24312] 5° fonte: 08/09/1940
Maniçoba, porta do Paraguai, Luís Castanho de Almeida (1904-1981)...

O Padre Manuel da Nóbrega chegou à capitania de São Vicente em 1553, quando já havia três anos Leonardo Nunes, o famoso Abaré-bebé, padre-voador, exercitava o seu fecundo ministério. Pernambuco ao norte e São Vicente ao sul formavam no Brasil os dois primeiros núcleos de povoamento, com a Baía no centro, capital, religiosa e política.

Sem a intenção de fundar no sul do Continente um império temporal, com os tupis na orla do Atlântico e os guaranis no sertão do Paraguai, os Jesuítas compreenderam bem cedo o basto campo de almas a salvar para Jesus Cristo, o qual se lhes abria em frente como um leque, povoado por inúmeras tribos, seara promissora para o celeiro espiritual da igreja.

Essa região imensa, com um solo feracíssimo e clima feliz, seria a sede futura das maiores aglomerações humanas na América do Sul - Rio, São Paulo, Buenos Aires, quem sabe mesmo se em tempos não longínquos o refugio da civilização cristão.

Não era mister que os primeiros missionários lançassem tão longe na história as suas considerações; mas o certo é que, temperamentos de apóstolos generosos, queriam as suas redes a arrebentar de peixes, e davam a cada alma, a uma só por ele redimida das trevas do paganismo, o preço real e infinito: o sangue de Cristo.

Nóbrega sonhou com a jornada e a fundação do Paraguai. Foi, com Leonardo Nunes, o bandeirante das almas, o que ouviu a voz dos rios a correr para os sertões infinitos do (incompressível): "vem, vem comigo para dentro do continente em busca de recônditos tesouros!" Quanta semelhança entre o bandeirante e o jesuíta no chamamento para o sertão! Um e outro, embora livres, têm a obediência instintiva, incoercível, ao chamado geográfico para o interior. Um é o fundador da pátria terrena, outro, ergue sobre esta a Cidade de Deus.

Noutros países das Américas e do Oriente houve descobridores, povoadores, conquistadores, Bandeirantes, não. Houve também missionários, apóstolos, jesuítas, São Francisco Xavier, mesmo. Jesuítas, bandeirante, Nóbrega e Anchieta, não. O próprio sistema das reduções jesuíticas em terras de Castela seria, depois, algo bem diversos dos aldeamentos brasileiros.

Eis que, na verdade, Portugal e Espanha são dois povos irmãos, mas não se confundem; o império colonial português é irmão do espanhol, e as vezes antagônico, enquanto se não fixam os limites, mas nunca senão artificialmente confundido com ele.

Esta verdade, ao lado que se refere à península Ibérica, a gente portuguesa bem cuidou de publicá-la aos quatro ventos nas comemorações das dois centenários, a que se associou a nossa gente representada pelo que a defende melhor: as as almas e as letras.

Ora, o padre Nóbrega possuía assas elementos para inteirar-se da existência de povos imensos e bons no centro sul-americano. Espanhóis e portugueses bem sabiam que do Atlântico se chegaria ao Pacífico e vice-versa. O rio da Prata foi assim chamado, porque suas nascentes deveriam remontar ao império dos Incas.

Obedecem a um instinto ou serão instrumentos da Providência esses degredados portugueses e aventureiros castelhanos que fazem a pé o trajeto de São Vicente ao Paraguai? Demais, esses tupis do Atlântico que se comunicam com os guaranis do interior, e os habitantes das matas que, ao espiarem do alto da Paranapiacaba o mar, o verde mar bravio de nossa terra, não emudeciam mas se faziam entender, tudo isso podia deixar indiferente a outrem que não a Nóbrega.

Eis porque, antes de 25 de janeiro de 1554 e depois de 30 de agosto de 1553, Manuel da Nóbrega, após o novo ajuntamento de nativos de Piratininga deixando aí dois irmãos para catequese até a chegada - digamos oficial - de Anchieta, partiu com o irmão Antonio Rodrigues, quatro meninos e alguns nativos para a aldeia de Maniçoba, onde os precedera o irmão Pero Correia.

Maniçoba, "junto de um rio donde embarcam para os carijós". A expressão "carijós" designação os nativos que habitavam o sertão imediato a Piratininga e anterior ao Paraguai, tendo por limites, mais ou menos, no litoral de Cananéia até Laguna, onde começavam os Patos, e no interior as bacias do Tietê e Paranapanema até o Uruguai, porém com os guaranis à margem esquerda do segundo destes rios, no Guaíra.

Os autores são concordes em colocar Maniçoba, que Simão de Vasconcelos (1597-1671) chamada Japiassú, nas cercanias da atual cidade de Itú. Servem-se para isso, de várias fontes, até mesmo do relato de um viajante da poca, Ulrico Schmidel (1510-1579), e da cartografia antiga, porém, a base da argumentação ficam sendo as cartas jesuíticas, que determinavam para Maniçoba 35 léguas e até 50 contando de São Vicente, sertão adentro, e porto de embarque.

Ora, para ir ao interior, o primeiro rio que se podia utilizar adiante de Piratininga era o Tietê, abaixo do Salto de Itú.

"A fama deste grão zelo de Nóbrega, diz Simão de Vasconcelos, muito conhecido pelos sertões do Paraguai (nos quais era chamado Barcaelué, que vale o mesmo que homem santo) se abalaram grandes levas de Carijós em busca dele, para serem doutrinadores na aldeia já dita, que ficava mais perto; pois não foram tão ditosos que tivessem efeitos os desejos que o padre tivera de ir às suas terras, donde fora chamado por eles tantas vezes".

"Os nativos Tupis - continua Serafim Leite - que tinham com eles contas antigas a ajustar, ou porque fossem prevenidos pelos Portugueses para cortar o passo a tais adventícios, saíram-lhes ao caminho, e destroçaram-nos, sem lhes valerem os Padres. Outros nativos vieram depois, com três espanhóis, que foram igualmente mortos, exceto um destes, que pode fugir e acolher-se á proteção dos Jesuítas".

Ainda em julho de 1554 estacam em Maniçoba "dois padres e irmãos e irmão Gregório Serrão com escola de gramática". Este irmão Gregório andava doente e não era fácil arranjar-lhe a galinha para o caldo. Com a mudança, que logo se seguiu, dos padres e catecúmenos para São Paulo do Campo, sarou o doente e Maniçoba perdeu até o nome.

O nome aparece ainda que desfigurado, no mapa atribuído a Rui Diaz de Gusman, autor da célebre "Argentina", e o qual, segundo Paul Groussac, é de 1606 a 1608. Lá está, à margem esquerda do Anhembi o "puerto de Mandiçoba", pode ver-se essa velha carta sul-americana no volume IX dos "Anales de lla Biblioteca" de Buenos Aires (1914). Foi em 1894 encontrada por Zeballos no Arquivo de las Índias em Sevilha, quando estudava a questão das Missões, completada a sua publicação em 1903, por Felix Outes, quanto à região do Atlântico.

São estas as informações que nos envia Sergio Buarque de Holanda, na identificação de Maniçoba, é importantíssima na confirmação dos pontos de vista de outros historiadores paulistas desde Gentil de Moura e Teodoro Sampaio até Afonso de Taunay e Serafim Leite.

Gostamos, porém, de sua hipótese, que fez descer um pouco mais a aldeia, entre as atuais cidades de Itú e Porto Feliz. Vê-se, por aí, ainda, uma vez a persistência da tradição nativa nos costumes dos bandeirantes, os primeiros dos quais eram meio guaranis de sangue e de língua. Pois o porto de Araritaguabam, donde partiram as monções e que o pincel de Almeida Junior celebrizou, dista máximo cinco léguas do "puerto de Maniçoba", "Por onde se vai aos Carijós".

Que raízes profundas na terra e no homem americano tema nossa História! Morador de Sorocaba, o autor destas linhas vê todos os dias o rio do mesmo nome a correr para o oeste, como ao cair da tarde pode sonhar com as regiões imensas de campos e matas que se estendem além do Ipanema, rumo do Guairá antigo. Nascido à margem de um afluente do Paranapanema, contemplando ao norte a serra de Botucatu e palmilhando em crença aquele mesmo caminho selvagem, pre-colonial, o chamado "peabiru" que ligava o Guairá a São Paulo, passando por Sorocaba, e o que é mais,

trazendo no sangue o atavismo de tataravó uruguaia e mestiça, julga o autor deste artigo, se não de todo compreender, ao menos sentir estas coisas tão belas no fundo de sua alma, o tanto para ousar transmitir ao papel essas queridas impressões. Se pecado for, é pecado de muito amor". [Maniçoba, porta do Paraguai, Luís Castanho de Almeida (1904-1981). Jornal Correio Paulistano, 08.09.1940]
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[24309] 6° fonte: 25/01/1942
“No dia de São Paulo”. Jornal Correio Paulistano/SP, página 5

É de júbilos a data de hoje, a data máxima da cidade, a em que se celebra a sua fundação. Esse episódio, que se distância de quase quatro séculos no tempo, não há quem não relembre com admiração e orgulho: alguns jesuítas simples e devotados, entre eles dois enfermiços, José de Anchieta e Gregório Serrão, aqui chegam cobertos de poeira, as alpercatas rotas, mas cheios de audácia e de coragem, iluminados por uma grande fé criadora.

Em torno, montes e várzeas. Numerosos guainás a tribo de Tibiriça. Espalhadas nos horizontes invisíveis algumas aldeias, os futuros baluartes da defesa, garantidores da expansão jesuítica e bandeirante.

Entre elas, como as mais notáveis Ururai, chefiada por Piquerobi, sogro de Antonio Rodrigues; Jeribatiba em que pontificava o velho guerreiro Caiubi. A ainda, para o oeste, como portas misteriosas do sertão infinito, Carapicuiba e Marueri.

Havia no planalto dois centros já habitados por portugueses: Santo André da Boda do Campo, que tinha como capitão o intrépido João Ramalho, seu fundador, e o vilarejo enigmático e decadente de Piratininga, que ainda não foi perfeitamente situado e no qual viveriam os remanescentes da primitiva incursão de Martim Afonso de Souza, que o fundou.

E só. O mais, caça, feras, o nativo desconfiado, a solidão, os perigos de toda natureza, tudo por fazer, tudo por criar, no solo virgem e bruto. Mas os homens vieram para agir. Enquanto uns se iam para a aldeia de Maniçoba, de que nasceu Itu, outros se transformavam em artífices e em mestres. Construía-se e ensinava-se; erigia-se o povoado, ilustravam-se as inteligências e as almas.
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[26238] 7° fonte: 24/01/1943
“São Paulo foi fundada a 29 de agosto de 1553?”, Benedito Carneir...

São Paulo, domingo, 24 de janeiro de 1943

A História do Brasil ainda está inçada de lacunas e obscuridades que, não poucas vezes, levam os próprios historiadores a cair no terreno arenoso das conjeturas e probabilidades. O enorme acervo documental, ainda inédito, existente nos arquivos brasileiros, portugueses, espanhóis, assim como o que se encontra em poder dos jesuítas — inacessível aos leigos— tem feito da nossa História uma obra inacabada e constantemente sujeita a corrigendas e alterações, algumas de caráter tão profundo que, muitas vezes, modificam radicalmente episódios tidos até então como incontestáveis e definitivos.

Acontece então que, pela ausência de uma documentação idônea, existente mas ignorada, surgem opiniões individuais perfilhadas por este ou aquele historiador a respeito de tais e tais acontecimentos mais ou menos importantes. E daí, como é fácil imaginar, se desencadeiam as controvérsias, em torneios que empolgam e que fascinam mas que, apesar de tudo, não resolvem nada. E, sobre o panorama impreciso de nossa História, permanecem as neblinas, que o calor das discussões não diluem, nem afasta.

Por exemplo: quando se fundou S. Paulo? Quem a fundou? Na escola nos ensinaram que foi a 25 de janeiro de 1554, pelo padre José de Anchieta.

Isso é o que se sabia nos tempos amáveis em que ainda íamos à escola. Mas, depois, surgiram da poeira dos arquivos, documentos que vieram alterar aquilo que se estabeleceu como coisa certa, definitiva e indiscutível. E viemos a saber, então, novidades sensacionais, entre as quais esta: Quem fundou S. Paulo foi Martim Afonso de Sousa.

Isto é, Martim Afonso fundou um povoado que foi uma espécie de prefácio de S. Paulo. Ou, explicando melhor: S. Paulo foi um prolongamento, uma continuação do burgo de Martim Afonso.

Depois de ter fundado S. Vicente, o fidalgo português subiu ao planalto e veio fundar, entre os índios que se situavam às margens do Tietê, em local onde hoje se acha o Bom Retiro, a povoação de Piratininga. Nos meus tempos de escola ninguém falava nesta Piratininga.

Nem hoje os livros escolares falam nela. E, todavia, Piratininga já existia em fins de 1532, pois a sesmaria de Pero Góes, lavrada por Pero Capico, é datada de Piratininga, a 12 de outubro daquele ano. E o famoso "Diário" de Pero Lopes, dedicado a D. João III, acentua categoricamente, narrando as façanhas do seu irmão Martim Afonso: "Fez vila na ilha de S. Vicente e outra nove léguas dentro pelo sertão, que se chama Piratininga". E acrescenta: "Aí foi a primeira povoação que nesta terra houve a tempo de Martim Afonso de Sousa".

Estas afirmações, como se vê, são definitivas.

Mas Manuel da Nóbrega, que aí também esteve, confirma, numa de suas famosas cartas: "... e do mar dez léguas pouco mais ou menos duas léguas de uma povoação de João Ramalho, que se chama Piratinim, onde Martim Afonso primeiros povoou"...

Parece não haver a menor dúvida sobre a existência de Piratininga antes da chegada dos doze loiolanos que vieram construir um centro de catequese na confluência do Anhangabaú e do Tamanduatí. Alí esteve Nóbrega doutrinando. Alí esteve João Ramalho comandando. E, ao contrário do que afirma Batista Pereira, Piratininga não mangrou. Depois de erguido o colégio e multiplicado o casario da colina, Piratininga ainda existia. Consultem-se as "Atas" da Câmara de S. Paulo, nos fins do Século XVI e princípios do XVII e lá se encontrarão referências a um "caminho de Piratininga".

Até aí está tudo muito bem. Martim Afonso fundou Piratininga ou, se preferem, povoou Piratininga. Porque, segundo a afirmação de Nóbrega, parte dos povoadores desceu para o litoral e parte ficou em Piratininga. O próprio Leonardo Nunes, escrevendo de S. Vicente em 24 de agosto de 1550, afirma: "... os cristãos que deixei derramados naquele lugar entre os índios"...

Todavia, o que aconteceu depois foi que Leonardo Nunes tirou esses cristãos de Piratininga e levou-os para a Borda do Campo, fundando aí a povoação de Santo André — segundo a afirmação de Tomé de Sousa. O que veio desfazer a ilusão de que fora João Ramalho o fundador da vila famosa. Ora, se os cristãos abandonaram Piratininga, deixando-a entregue aos índios, ficou decidido não mais se tomar conhecimento dela para efeitos históricos, a não ser como curiosidade para distração dos historiadores.

Mas o padre Serafim Leite, da Companhia de Jesus, historiador consencioso, a quem se deve a divulgação de notáveis documentos portugueses sobre a História de S.Paulo, divulga, na sua maravilhosa "História da Companhia de Jesús no Brasil", (tomo I, Livro III, cap. VI, 1º) uma carta de Manuel da Nóbrega, datada de 30 de agosto de 1553:

"Ontem, que foi dia da Degolação de S. João Batista, vindo a uma Aldeia onde se ajuntam novamente e apartam os que convertem e onde pus dois Irmãos para os doutrinar, fiz solenemente uns 50 catecúmenos, dos quais tenho boa esperança de que serão bons cristãos e merecerão o batismo e será mostrada por obras a fé que recebem agora. Eu vou adiante buscar alguns escolhidos, que Nosso Senhor terá entre este gentio; lá andarei até ter novas da Baía, dos Padres que creio serão vindos. Pero Correia foi adiante a denunciar penitência em remissão dos seus pecados".

E Serafim Leite acrescenta:

"Esta carta de Nóbrega é a certidão de idade de São Paulo".

Falando com a dupla responsabilidade de historiador e de jesuíta, Serafim Leite entende que a fundação de S. Paulo foi feita em Piratininga. Em verdade, quando Martim Afonso povoou a margem do Tietê, no campo de Piratininga, deu ao seu ato todas as solenidades essenciais. Pero Lopes de Sousa, irmão de Martim Afonso, faz da fundação um relato breve mas sugestivo:

"... fez vila na ilha de S. Vicente e outra, 9 léguas dentro pelo sertão, à borda de um rio, que se chama Piratininga; e repartiu a gente nestas duas vilas e fez nelas oficiais; e pôs tudo em boa ordem e justiça, de que a gente toda tomou muita consolação, com verem povoar vilas e ter leis e sacrifícios e celebrar matrimônios e viverem em comunicação das artes; e ser cada um senhor seu; e (in) vestir as injúrias particulares; e ter todos os outros bens da vida segura e conversável".

Como se vê, Piratininga foi fundada por Martim Afonso de Sousa, em 1532. Dia e mês continuam ignorados, sabendo-se apenas que o foi logo após a fundação de São Vicente. Nóbrega, na carta citada, passou a "certidão de idade" no dia 30 de agosto de 1553 e Serafim Leite dá a entender que a fundação data de 29 de agosto, com a conversão de 50 catecúmenos.

É forçoso não esquecer, todavia, que, antes desses 50 cristãos de Nóbrega, já existiam lá os cristãos de Martim Afonso ("... parte dos povoadores lá se deixou ficar"...) e os de Leonardo Nunes ("... os cristãos que deixei derramados naquele lugar"...). Não é possível, portanto, deixar de reconhecer a primazia de Martim Afonso na fundação de S. Paulo, embora com o nome de Piratininga. E como dissemos, embora Leonardo Nunes tivesse transportado os cristãos dessa aldeia para a Borda do Campo (outro problema: quem fundou Santo André? Leonardo Nunes ou João Ramalho?), apesar disso Piratininga continuou existindo. Nas "Atas" e no "Registro Geral" da Câmara de São Paulo encontram-se, até os princípios do século XVII referências ao povoado de Martim Afonso, onde, naturalmente, já não existiam oficiais, nem Câmara, nem pelourinho —pois tudo isso se achava então na colina do colégio— mas onde ainda moravam cristãos, como se prova, por exemplo, com uma dada de terras a Antonio Camacho, junto a João Maciel, em 1601.

Todavia, apesar de tudo isso, é difícil aceitar como "certidão de idade" a carta de Manuel da Nóbrega, e datar a fundação de São Paulo de 29 de agosto de 1553, pois S. Paulo só pode sobreviver e triunfalmente continuar, depois que a muralha da colina a salvou do arrasamento pelos bárbaros, que os mamelucos do planalto contra-atacaram e venceram. E se isso foi possível, devem-lo à visão de Nóbrega que situou a nova Piratininga em lugar estratégico e fez erguer a primeira casa da vila, a casa de doutrina, num ponto de onde nunca mais saiu, porque ela ainda hoje ali permanece, nos alicerces dos paredões que, até há 50 anos, eram a torre da igreja do Colégio.Para mim, pois, a "certidão de idade" de S. Paulo ainda está naquela carta de Anchieta, que diz assim:

"Aqui se fez uma casinha de palha com uma esteira de canas por portas...".

Texto originalmente publicado em suplemente da "Folha da Manhã": São Paulo, domingo, 24 de janeiro de 1943 - 2ª seção. Pesquisa: Banco de Dados da Folha de S. Paulo.
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[25187] 8° fonte: 27/01/1943
“Ecos das comemorações aos 389°. aniversário da fundação de São P...

A obra de colonização interior estava iniciada quando, em 1553 e 1554, sobrevieram os padres introduzindo a nota espiritual: a escola e o culto, consubstanciados na missão jesuítica e na humilde edificação descrita na carta célebre de Nóbrega. Separados do mar e da metrópole pela escarpa abrupta da serra, voltados para as imensidades dos sertões fascinadores e convidados pela curiosa inversão dos rios, começaram os colonos e seus filhos o esforço épico do desbravamento e da conquista. Não eram eles, como a malícia ou a ignorância tem por vezes insinuado, sanguinários aventureiros à cata de nativos, ouro e pedrarias. Embora sujeitos a todos os imperativos naturais e econômicos do meio e da época (porque homens e não semi-deuses), eram trabalhadores conscientes com ideais atestados pelas expedições trapejantes, e, quando combatiam os nativos, os espanhóis e as missões jesuíticas, faziam-se não por tropelia, mas por defesa instintiva e predestinação patriótica.Recuando meridianos, desfazendo tratados, atravessando o continente, tomavam posse real das terras, erigiam padrões em nome dos seus soberanos, com os quais se correspondiam por vezes, informando e recebendo instruções.Piratininga do Campo não nasceu na opulência nem viveu no comodismo. Pelo contrário, as taipas e as palhoças duraram longamente, e nem sequer a segurança compensava tanta pobreza, pois, cercada de tribos traiçoeiras e agressivas, foi obrigada por muito tempo a manter-se vigilante por trás das estacadas e dos baluartes fragílimos. Quase desesperou, por vezes, diante de assédios e ataques tão formidáveis que, de uma feita, as mulheres ofereceram suas cabeleiras para a confecção de apetrechos de guerra, a, de outra, tornou-se forçoso o recuo do Emboaçava.
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[27922] 9° fonte: 29/12/1949
Planta da Vila Eden. Ex - São João de Piragibú

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[24689] 10° fonte: 01/01/1951
*“Pequeno Vocabulário Tupi-Português”, 1951. Padre A. Lemos Barbosa

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[25677] 11° fonte: 01/01/1953
*Artes e ofícios dos Jesuítas no Brasil, 1549-1760. Serafim Soare...

António Rodrigues era grande cantor e músico, e com o conhecimento direto da língua popular possuía inigualável prestígio com os índios, "um grande obreiro inter gentes", prestígio que ele acrescentava, com a sua experiência e ousadia: "como é língua e mui fervente obreiro vai sempre diante a esmoitar a terra" (Nóbrega). Por isso o tomou Nóbrega por intérprete e companheiro nas suas fundações tanto no Sul: Piratininga e Maniçoba (ou Japiuba) como na Baía: Aldeias.
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[25837] 12° fonte: 01/01/1956
*Monumenta Brasiliae, 1956. Serafim Soares Leite (1890-1969)

A narrativa impessoal diz que "se viu" e Nogueira, de fato, poderia não estar presente, mas Nóbrega "viu" em pessoa. Depois de fundar a Aldeia de Piratininga em 29 de agosto de 1553, seguiu para Maniçoba com um Irmão "grande" (Antonio Rodrigues) e quatro ou cinco Irmãos "pequenos" (meninos). Os tupinaquins iam matar em terreiro e comer, "uns índios carijós".

Nóbrega procurou evitar o morticínio, sem o alcançar. (Foram estas e outras verificações positivas e pessoais, que o levaram ao plano de 1558, que Mem de Sá executou). Antonio Rodrigues e os Irmãos "pequenos" pregaram e "converteram" aqueles nativos que iam ser mortos; e também aqui os matadores impediam o batismo e os vigiavam muito bem, dizendo que, se eles se batizassem que comesse a sua carne morreria.

O fato é contado em pormenor pelo Irmão Pero Correia, que tinha ido adiante de Nóbrega, e provavelmente também assistiu a matança, na carta de 18 de julho de 1554 (supra, carta 17). Ao nativo, que se ofereceu para os batizar secretamente ("para que aqueles morressem cristãos"), parece referir-se Nóbrega. [Diálogo sobre a conversão do gentio do P. Nóbrega. Baía 1556-1557. Páginas 437, 438 e 439 do pdf]
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[24835] 13° fonte: 25/01/1964
De Piratininga a São Paulo de Piratininga, Jornal Diário da Noite...

Decorridos vinte e um anos, em fins de agosto de 1553, Padre Manoel da Nóbrega, primeiro provincial da Companhia de Jesus, sobe o planalto e hospeda-se na casa de João Ramalho, em Santo André da Borda do Campo.

A 8 de abril de 1553, Tomé de Sousa, primeiro Governador-Geral do Estado do Brasil, preside a segunda eleição popular realizada no vale do Tietê e instala a Câmara de Vereadores de Santo André da Borda do Campo. Na companhia do Padre Manoel da Nóbrega estão apenas o Padre Manoel de Paiva, primo de João Ramalho, e o Irmão Antonio Rodrigues, primeiro mestre-escola do Campo de Piratininga.

E na companhia de André Ramalho, filho mais velho do Patriarca dos Bandeirantes, Padre Manoel da Nóbrega desce o rio Tietê até as proximidades da atual cidade de Itu, onde funda a primeira Aldeia do Rei, a Aldeia de Maniçoba, onde se juntam os Tupis a fim de serem catequizados.

Depois, Padre Manoel da Nóbrega remonta o Tietê e escolhe, entre o Tamanduateí e o Anhangabaú, no alto da colina, a cavaleiro da Várzea, o local hoje conhecido pelo nome de Pátio do Colégio, onde funda o Colégio de São Paulo de Piratininga, a 29 de agosto de 1553, segundo se lê na carta do último dia desse mês, escrita no "sertão de Piratininga" e publicada pelo jesuíta Padre Serafim Leite, em "Páginas de História do Brasil", volume 93, da Coleção Brasiliana.

Piratininga

E a vila ou cidade de Piratininga, fundada por Martim Afonso de Sousa, vinte e um anos antes, em outubro de 1532? Ora, tanto Martim Afonso de Sousa como João Ramalho e todos os portugueses residentes no Estado do Brasil, Província da Monarquia Portuguesa, eram vassalos do Rei de Portugal.
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[24646] 14° fonte: 01/10/1971
“Peabiru” de Hernâni Donato (1922-2012) do IHGSP*

"É bem pode ter ocorrido que, para seguir à risca a ordenança, deixou-se parecer a fundação de Maniçoba (proximidade da atual cidade de Itu), o primeiro aldeamento no sul do Brasil). Houve longo silêncio sobre o Peabiru (...) seguindo o roteiro que Alfredo Ellis Júnior retraçou assim: "Saindo de São Paulo, foi pela crista planaltina bordejante da Serra do Mar. Pinheiros, Apotribu, Quitaúna, Maruí, etc., foram deixados para trás, como marcos de uma caminhada em direção de Guairá. Por fim, eis Araçoiaba..."
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[27958] 15° fonte: 25/05/1977
Parque das Laranjeiras

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[26414] 16° fonte: 01/01/1994
*Negros da terra: índios e bandeirantes nas origens de São Paulo,...

A revolta dos Tamoios entre as décadas de 1540 e 1560 tornou a escravização dos Tupinambás um negócio arriscado e caro. Diante disto, os portugueses voltaram sua atenção a outro inimigo dos aliados tupiniquim, os carijós, que em muito sentido forneciam o motivo principal para a presença tanto dos jesuítas quanto de colonos no Brasil meridional.

Cabe ressaltar que existia, antes mesmo da fundação de São Paulo, um modesto tráfico de escravos no litoral sul, encontrando-se, no meio do século, muitos escravos carijós nos engenhos de Santos e São Vicente. De fato, a consolidação da ocupação europeia na região de São Paulo a partir de 1553 estabeleceu uma espécie de porta de entrada para o vasto sertão, o qual proporcionava uma atraente fonte de riquezas, sobretudo na forma de índios. [página 37]
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[24428] 17° fonte: 01/01/2008
*“Os Tupi de Piratininga: Acolhida, resistência e colaboração”. B...

Maniçoba - Apesar desta proposta inicial de catequese itinerante, houve tentativa de uma missão sedentária, que ocorreu, talvez devido à distância, em Maniçoba, aldeia tupi que ficava no caminho para o Paraguai. Como já foi assinalado atrás, o objetivo de Nóbrega era atingir a terra dos Carijó; e por isso, sua primeira experiência missionária no planalto foi junto a esta aldeia, chamada também de Japiúba, que ficava provavelmente à beira do ramal do Peabiru, que ligava Piratininga ao Paranapanema.

Foi para lá que Nóbrega se dirigiu, ao passar por Piratininga, em agosto de 1553, quando deixou as bases para a fundação da Casa de São Paulo. Esta aldeia ficava a 50 léguas (330 km) de Piratininga no dizer de Pero Correia. Um jesuíta anônimo, certamente Quiricio Caxa, afirmava que ela estava “junto de um rio donde se embarca para os Carijós [Guarani]”721. Como demonstrei em minha pesquisa anterior, este rio deveria ser o Paranapanema e não o Tietê, como desejaram os defensores da tese de que esta aldeia estaria onde hoje se encontra a cidade de Itu.
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[28017] 18° fonte: 01/01/2009
*Redescobrindo a Segunda Guerra Mundial. Episódio 4: Momento Decisivos

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[26935] 19° fonte: 13/03/2009
Jesuítas e a escultura de Anchieta em Salto

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[27959] 20° fonte: 01/01/2011
*Na Trilha Piabiyu Da Mineração Ao Ato Civilizatório Têxtil

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[27625] 21° fonte: 01/01/2014
*Diagnóstico Arqueológico Interventivo na área de influência da d...

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[24832] 22° fonte: 02/05/2018
“O nascimento de São Paulo”, 02.05.2018. Eduardo Bueno

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[24719] 23° fonte: 25/02/2022
História do bairro Éden

Nos primórdios do descobrimento, nestas terras existiam apenas povoados indígenas, que eram interligados por uma rede de vias e caminhos denominados de “PEABIRÚ”; caminhos que faziam a ligação do Atlântico com os Andes, essas vias foram muito importantes para os Bandeirantes, é provável que num desses caminhos que ligava a Aldeia de Maniçoba (antigo nome da atual cidade de Itu) até o morro de Ibirasojaba (Iperó e Araçoiaba da Serra), por onde passou o Pe. Manoel da Nóbrega, tenha tido um descanso em “PIRAJIBÚ”.
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[27020] 24° fonte: 21/07/2022
“A lenda da República de São Paulo”

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[27126] 25° fonte: 06/09/2022
Consulta em Wikipédia

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[27813] 26° fonte: 07/11/2022
“Denominação De Local Nas Origens De Sorocaba Possivelmente Em He...

“Os primeiros 30 anos dos cristãos-novos na ´Ilha do Brasil´ (leia-se: João Ramalho, desde 1498 na Serra do Mar, com alvará do rei João II, e Cosme Fernandes, o bacharel de Salamanca, da mesma época e, antes, ouvidor na feitoria de São Tomé, no golfo guineense), geraram nomes de assentamentos como ´Gohayó´ (do hebraico antigo, q.s. ´ponto de abastecimento´: hoje, S. Vicente) e ´Cananeia´ (pinçado das antigas escrituras), apenas para citar dois exemplos..., assim como o atual Rio Sorocaba era denominado, no Séc. 16, como Rio Brízida nos mapas jesuíticos.” – BARCELLOS, João: palestra “Antes Dos Lusos De Serr´Acima Havia Uma Geossociedade Entre Certõens y Mattos Que Gerou Uma Alma Chamada Luso-Brasilidade”, 2019.

A palavra Sorocaba (conhecida no tupi-guarani e, mais precisamente guarani, pela leitura topográfica das linguagens em migração no corredor inca-guarani chamado Piabiyu (ou ´peabiru´, q.s. ´caminho do peru´), entre os Andes e a Serra do Mar, está muito associada à linha Ibituruna (os ´cerros negros´, de Santa Catarina a Minas Gerais passando por São Paulo) e, no meio do caminho, o Ybiraçoiaba (q.s. ´onde o sol se esconde´), cerro abruptamente erguido entre grandes planícies de terras enfurnadas (ou rasgadas) que os povos nativos chamavam de yby soroc, e das quais o jesuíta Manoel da Nóbrega (que nos certõens y mattos fundou Maniçoba e depois a Sam Paolo dos Campos de Piratininga) soube sediarem veios auríferos e ferríferos, os quais, no mesmo Séc.16, o cristão-novo (das famílias Sardinha, de entre Braga e Barcelos) capitalista, político, militar e montanístico Affonso Sardinha (o Velho), arrematou (minas de Ibituruna, Ybiraçoiaba, Araçariguama e Jaraguá) em leilões da Capitania vicentina para exploração.
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[27932] 27° fonte: 11/12/2022
“O Rio Sorocaba é/era navegável?”, Adriano César Koboyama

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[28097] 28° fonte: 06/01/2023
“O Apoteroby e o avanço do meridiano”, Adriano César Koboyama (06...

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[29420] 29° fonte: 22/02/2023
17 de Julho dia do Anahngá venha celebrar no Anahngabaú, ameobras...

Este ano, no dia 17 de julho, teremos a 4ª edição da FESTA DO ANHANGÁ, no vale do Anhangabaú.

Mesmo tendo sido interrompido nos anos de 2020 e 2021 por conta da pandemia, o ano passado foi bem legal. Poucas pessoas aparecem para beber Cauim e festejar o guardião da floresta.

Ainda é uma festa para bem poucos já que Cauim ainda é muito escasso e poucos conhecem a lenda do Anhangá e dos antigos ancestrais de São Paulo de Piratininga, mas estamos crescendo.

Como vocês devem saber, no local onde hoje está localizado o Páteo do Collégio, próximo ao povoado de Tibiriçá, existia uma montanha sagrada que deu nome à vila, Inhapuambuçu (do tupi antigo i(nh)apu´ãm-busú o grande cume ou y (nh)apu´ãm-busú a grande ponta do rio), mas com a chegada das Ordens Beneditinas, Carmelitas e Franciscanas, as tradições ancestrais dos Tupiniquim desapareceram.

O triângulo menor formado pelo morro Inhapuambuçu na confluência dos rios Anhangabaú e Tamanduateí, estava dentro do triângulo maior na confluência dos rios Pinheiros e Tietê com vista para os guardiões do vale, o Pico do Jaraguá.

O Anhangá é comumente retratado como um veado campeiro branco, de tamanho atroz, com olhos vermelhos da cor do fogo. Ele é o protetor da natureza e persegue todos aqueles que caçam indiscriminadamente, desrespeita a natureza e pune aqueles que caçam filhotes ou mães que estão criando seus filhotes e poluindo suas águas (Anahngá anda tendo muito trabalho por aqui...).

O vale do rio Anhangabaú ainda é um lugar sagrado, os habitantes de Piratininga realizavam cultos e festas para deixar o deus mais feliz e menos vingativo. Hoje não apenas afogamos o rio Anhangá (canalizamos), mas também esquecemos o principal espírito de nossa cidade. Desprezar assim nossas tradições tupiniquins é um pecado imperdoável!
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Diário de Notícias
Data: 08/09/1940
Página 13
Revista do Instituto histórico e geográfico de São Paulo
Data: 01/01/1895
Créditos: Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo
Página 173
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