À esquerda da igreja do Pátio do Colégio, bem no local onde hoje está o prédio da Secretaria da Justiça, ficava o Teatro de Ópera. Como boa parte das atrizes eram meretrizes, a clientela se dividia entre os que preferiam o espetáculo no abrir das cortinas – e os que ansiavam pela festa depois de elas se fecharem.A inauguração da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em 1827, trouxe novos ingredientes à picante cena noturna paulistana. O centro passou a ser frequentado por jovens, filhos de endinheirados de todo o país – e morando sem os pais. A mais famosa prostituta a servir os estudantes da São Francisco foi Rita Maria Clementina de Oliveira, conhecida simplesmente como Ritinha Sorocabana. Ela foi amante do estudante Luiz Barbosa da Silva, mais tarde presidente da Província do Rio Grande do Norte, e do poeta Fagundes Varela. Mais velha, acabaria dona de um bordel de luxo na Rua Boa Vista.É quando aquela aura ingênua dá lugar a um negócio profissionalizado, inclusive com importação de mão-de-obra especializada. “As prostituas europeias, provenientes sobretudo do Leste Europeu, começam a chegar na segunda metade do século 10, por meio de tráfico internacional – organizado, também, por estrangeiros”, afirma Del Priore. “Pela coloração dos cabelos e cor de pele, eram conhecidas como ‘polacas’ ou ‘francesas’. A prostituição se organiza em luxuosos bordeis, frequentados por políticos, homens de negócios e grandes fazendeiros.”