“Polícia de Sorocaba protege casas de jogo, prostíbulos, vicio e o crime”
12 de março de 1860
04/04/2024 14:34:53
Coronel José Leite Penteado
Data: 01/01/1860
Créditos: O Tymbira/SP
"Agora que a polícia da província está nas mãos do Sr. Ludgero, cuja ilustração e imparcialidade nos dão o direito de esperar o cumprimento da lei, publicaremos uma série de artigos com o intuito de chamar a atenção dos senhores para o estado lastimável em que se acha a cidade de Sorocaba, graças ao desleixo, a inépcia e ao capricho rancoroso e despótico dos srs. João Feliciano e Penteado.
Desses dois dou pequenas opiniões, que com mão de ferro abafam a lei, a justiça, a grito pungente dos oprimidos, e que fecham os olhos para a repressão.
Chamamos a séria atenção do honrado sr. chefe de polícia para um notável artigo de fundo em que o Jornal do Comércio de 16 de Fevereiro preterido de grandíssima acusação á polícia de Sorocaba, que, conforme diz o Jornal, protege escandalosamente as casas de jogo, esses prostíbulos do vicio e do crime, que ali se ostentam altaneiras á sombra da polícia.
Para evitarmos o fastio de longos artigos, repouse desta vez o delegado sr. João Feliciano, e ponhamos em cena o subdelegado, ou antes o capitão-mor o sr. Penteado.
Instalada a junta qualificadora de votantes, o sr. Penteado mandou-lhe oficiosamente uma lista, que não foi pedida nos termos do art. 31 da Lei eleitoral, caso único em que ele a devia fornecer, se não tivesse como tem um interesse tão vivo na qualificação.
Essa lista era um monstro horaciano. Borrões, nomes supostos, nomes de indivíduos de paróquias estranhas, nomes dos liberais reproduzidos em diversos quarteirões para poderem votar em duplicata, nomes de conservadores adulterados para ser contestada a sua identidade oportunamente, eis, ali o que constitua a lista informe oficiosamente ministrada pelo subdelegado energúmeno!
Movendo-se na junta uma questão acerca da numeração dos quarteirões, a minoria da junta afetou o negocio á presidência da província.
Nada restava a fazer nesta emergência, mas o subdelegado entendeu que na qualidade de chefe de partido não devia ficar inativo, e lá foi por seu turno levar ao governo a mesma questão, tomando nela uma parte inédita.
Em seguida chamou á sua presença os inspetores de quarteirão, mandou passar atestados, e ele próprio passou outros em seu nome.
Se algum cidadão os pedisse, os sr. Penteado podia da-lo-os; o que censuramos é que ele tomasse a iniciativa, que chamasse os inspetores para ditar-lhe os atestados, por que consideramos isto como intervenção indébita da autoridade.
Além disto já o sr. Penteado está chamando á sua presença os votantes conservadores aos quais a ameaça com o recrutamento se desde já se não comprometerem a votar pela chapa de polícia!
O sr. Penteado afiança em alto e bom som a vitória aos liberais se ele for subdelegado na época das eleições.
Pedimos ao sr. chefe de polícia que se digne de tirar corolários.
Todos sabem que o sr. Penteado é o mais energúmeno dos liberais de Sorocaba; todos sabem que ele não ameaça em vão; mas o que não sabe o sr. Ludgero, recém chegado á província, é que o famoso subdelegado de quem tratamos, por diversão aos trabalhos da policia, exerce as funções de bispo, atando e desligando como lhe convém!
A cidade de Sorocaba é a Capréa deste pequeno Tibério. Com o espantalho do recrutamento afugenta os maridos, e depois de levar-lhe a infâmia ao lar domestico, os obriga a aceitar de novo as mulheres infamadas!!!
Estes fatos são de notoriedade publica em Sorocaba."
