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Cerco de Piratininga ou A Guerra de Piratininga
10 de julho de 1562, terça-feira. Há 462 anos
 Fontes (19)
O padre José de Anchieta, na carta de 16 de abril de 1563 ao padre-mestre Diogo Laynez, prepósito geral, não nomeia este chefe nativo. Referindo-se a Tebir´-içá, o qual, logo que soube do assalto planejado contra a nascente vila de São Paulo

"juntou logo toda a sua gente, que estava repartida por três aldeias pequenas, desmanchando suas casas e deixando todas as suas lavouras para serem destruídas pelos inimigos", o padre José de Anchieta escreveu em seguida:

"e ainda que alguns de seus irmãos e sobrinhos ficaram em uma aldeia sem o querer seguir, e um deles vinha juntamente com os inimigos, e lhe mandou incutir grande medo, que eram muitos e haviam de destruir a vila, todavia teve em mais o amor de nós outros e dos cristãos do que os de seus próprios sobrinhos, que tem em conta de filhos, levantando logo a bandeira contra todos eles, e uma espada de pau mui pintada e ornada de pena de diversas cores, que é sinal de guerra".

Aludindo ao assalto, escreveu:

"Chegando pois o dia, que foi o oitavo da visitação de Nossa Senhora, deram de manhã sobre o rio Piratininga com grande corpo de inimigos pintados e emplumados, e com grandes alaridos, ... sendo coisa maravilhosa que se achavam ás flechadas irmãos com irmãos, primos com primos, sobrinhos com tios, e, o que mais é, dois filhos, que eram cristãos detestavam conosco contra seu pai, que era contra nós." [28524]

1° de fonte(s) [28524]
Suite du Brésil pour servir à L´Histoire Générale des Voyages. Vi...
Data: 1754



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2° de fonte(s) [23952]
“Algumas notas genealógicas: livro de família: Portugal, Hespanha, Flandres-Brabante, Brazil, São Paulo-Maranhão: séculos XVI-XIX”. João Mendes de Almeida (1831-1898)
Data: 1886, ver ano (68 registros)

Ha na História silêncios inexplicáveis. Está neste caso a obscuridade que rodeou a pessoa e o nome do chefe da tribo e aldeia de Ururay, Piqueroby. visto que a cronica não refere senão três, Tebir-içá, Piquiroby e Cayubi, quando Martim Afonso de Souza aportou á Buriqui-óca, ou, por corrupção, Bertioga. Aliás, foi o chefe que "não preservou em lealdade para com os brancos".

Não é licito acusa este chefe de deslealdade em 1562 para com os brancos, pois que entendia defender a pátria e sua raça, ameaçadas de servidão. Talvez o chefe de 1562, vendo Tebýriça instalado na nascente vila de S. Paulo, tivesse o mesmo pensamento do bárbaro germano Arminio, quando Júlio César, conseguindo a submissão de Segestes, outro chefe naquela antiga nação barbara da Europa, assegurou-lhe um asilo permanente na mesma sua província conquistada.

O chefe brazilico de 1562 teria dito aos nativos de Pirá-tininga:

"Que pai magnifico! Que valente general! Muito embora Tebir-içá vá viver em um terreno conquistado, os filhos da guerra nunca poderão perdoar a um homem que, entre os rios Yryri-piranga e Anhemby, não sente pejo de haver concorrido para se verem todas as insignias do poder lusitano. Assim, se entre vós ainda existem ânimos bizarros, que a novos senhores e a novas colônias prefiram a pátria, os parentes, os costumes antigos, segui-me pelo caminho da gloria e da liberdade, e abominae Tebiriçá, que vos prepara os ferros de uma torpe escravidão" [P. 337]


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3° de fonte(s) [25973]
Boletim do Grande Oriente do Brasil, jornal oficial da maçonaria brasileira*
Data: 1 de dezembro de 1896, ver ano (44 registros)

Não satisfeitos com os clamores consequentes da guerra, os jesuítas procuravam intrigar o magnânimo Ramalho, com o governador, porque, como assevera Frei Gaspar da Madre de Deus:

"os incrementos de qualquer das vilas, de Santo André ou de São Paulo, atrasavam os progressos da sua competidora, nem os jesuítas podiam tolerar a subsistência de Santo André, nem os Ramalhos sofrer a de São Paulo."

Assim, pois, João Ramalho, foi espoliado de suas terras doadas primeiramente por Tebyriçá e legalizadas por Martim Afonso; foi desautorizado como a primeira autoridade; foi revogando, pode-se dizer, o ato de Thomé de Souza, nomeando-o "alcaide-mór", confirmando o estabelecimento da Vila de Santo André, assim também o ato de Duarte da Costa, não acedendo aos iníquos desejos dos jesuítas; o franco acolhimento dos portugueses e dos próprios jesuítas em São Vicente e em Piratininga por João Ramalho e pelos chefes Tebyricá e Cayubi, o grande serviço de Ramalho, tornando simpático aos selvagens os portugueses e jesuítas. - tudo! Teve como santa recompensa a destruição da vila de Santo André, o desprestígio o mais vil e infame desse glorioso portugues que na história de São Paulo, a despeito das calúnias dos jesuítas há de ser sempre glorioso! Que tremenda ingratidão!

Agora, o leitor não deve admirar-se do resultado fatal dessa infame ingratidão de que foram principais protagonistas Nóbrega e Anchieta.

Esperavam os jesuítas que na vila de São Paulo depois de destruída a vila de Santo André e de Piratininga, tudo iria ás mil maravilhas. Entretanto aquilo que eles reprovaram em Santo André: a barbaridade dos colonos para com os nativos, isso principiou a consumar-se sob os seus olhos! Os nativos evadiam-se aos descomunais trabalhos que lhes impunham os habitantes da vila de São Paulo! Em breve, na circunvizinhança de São Paulo, Ururay irmão de Tebyriçá, levou os trânsfugas de Piratininga para o sítio, onde depois se fundou a aldeia de São Miguel de Ururay, e pôs-se á frente de numerosas forças de selvagens confederados que prontamente vieram em seu auxílio! Tal era a simpatia que os jesuítas inspiravam!... Os padres sabendo de tal intendo preparavam-se confiando a defesa de São Paulo ao valente e glorioso paulista Tebyriçá, infelizmente instrumento dos jesuítas!

A 10 de julho de 1562, Ururay e Jagoanháro, á frente de suas forças, atacaram as forças de seu irmão e tio Tebyriçá! E não fora a traição de um nativo, decerto seria completamente destruída a povoação de São Paulo, nessa guerra fratricida promovida exclusivamente pelos jesuítas! Anchieta tomou parte nesse célebre combate. E sob os seus olhos, expiravam muitos dos seus catecúmenos inocentes, vítimas de suas vi intrigas!... Mas a consciência do jesuíta é morta como a sua obediência - perinde ac cadaver!...

Dois dias depois do certo, esmorecido o ânimo dos assaltantes, puseram-se em fuga, devastando inteiramente o território dos colonos. Assim epilogou-se a tremenda ingratidão, para com o venerado vulto de João Ramalho! Sobre a infame ingratidão, regaram rios de sangue vertido em uma titânica, entre irmãos, que, antes do estabelecimento dos jesuítas, viviam na mais doce e venturosa paz!

O derramamento de sangue continuou: uma parte dos confederados, era composta de tamoyos: estes continuaram os seus tremendos assaltos, não só contra São Paulo mas contra as povoações do litoral. Estas contínuas lutas quase que absorviam os habitantes das vilas de São Vicente, São Paulo, Santo Amaro e outras, em cuidarem de sua defesa, em prejuízo de sua prosperidade. Assim, pois, grande responsabilidade, nesse estacionamento, nestas lutas constantes, ainda se liga a tremenda injustiça e atroz ingratidão dos jesuítas para com João R|amalho e sua numerosa família.

E qual o maior responsável, senão Anchieta, amigo e protegido de Nóbrega? Sim, Anchieta, porque foi ele quem mais do que qualquer outro entretinha mais relações entre os selvagens, ao mesmo tempo que mais estreitas relações com os homens do governo. Não é portanto, uma injustiça imputar-se a Anchieta a maior soma de responsabilidade na ingratidão iníqua com que Mem de Sá coroou a grandiosa obra de João Ramalho; assim como, não é injustiça culpa-lo pelo derramamento de sangue e todas as lutas consequentes dessa infame ingratidão! [Páginas 579, 580 e 581]


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4° de fonte(s) [24776]
História do Paraná, 1899. Romário Martins
Data: 1899, ver ano (54 registros)

Guaianás - Após a derrota que os franceses de Villegaignon, seus aliados, sofreram em Guanabara (Rio de Janeiro) e da que lhes foi infligida na vila de São Paulo no combate de 10 de julho de 1562 conjuntamente com os Tupis, Caribocas e Tamoios.


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5° de fonte(s) [28106]
Efemérides Brasileiras, José Maria da Silva Paranhos Jr. (1845-1912)
Data: 1938, ver ano (92 registros)

Os Guaianá, Tupi e Carijó, dirigidos por Araraí, atacam neste dia e no seguinte a vila de São Paulo, e são repelidos por Tibiriçá. Este principal, sogro de João Ramalho, era irmão de Araraí (ver 25 de dezembro). [Página 394]

25 de dezembro1562 — Morre em São Paulo o célebre Martim Afonso Tibiriçá (este nome significa o “principal da terra”, segundo Batista Caetano), cacique dos Guaianase de Piratininga, convertido à fé Católica por Anchieta e Leonardo Nunes. Meses antes, defendera vitoriosamente a nova vila de São Paulo, quando atacada por Arari, de quem era irmão (10 e 11 de julho de 1562). “Morreu o nosso principal, grande amigo, e protetor Martim Afonso”, dizia Anchieta em carta de 10 de abril do ano seguinte. Tibiriçá era sogro de João Ramalho. [p. 732]


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6° de fonte(s) [24297]
“A profecia de Anchieta”, Dalmo Belfort Matos. Correio Paulistano/SP. Página 4
Data: 25 de janeiro de 1938, ver ano (92 registros)

São Paulo de Piratininga, 1562. Entardecer de inverno. Um sol esmaecido lava as taipas do Colégio. E desenha a fila de paliçadas, que dizem para o Anhangabaú. Nuvens fuscas esbatem, ao longe, e Morro da Tabatinguéra e esfumam as várzeas do Tamanduatehy. A sombra cresce no grotão da Boa Vista e se avoluma para as bandas do Porto Geral.

E em torno, para além das malocas guaynazes, divisam-se os primeiros caapões, que precedem a mata. A mata, donde semanas atrás haviam surgido, uivantes, os milhares de bugres - tamoyos e tupiniquins, puris e carijós, ibirajaras e guarulhos, apavorando com o alarido das pocemas guerreiras e agitando as tangapemas de pau ferro...

Paira, no ar, uma tristeza indefinida. Que brota das nuvens cinzentas. Que se irradias das rechás. E vem deprimir, mais ainda, o moral abatido dos guerreiros de Tibiriça e das gentes de Cai-uby. E aumentar a nostalgia dos que vieram de longe, nos caravelões manuelinos, trazendo á capitania a audácia de cruzados e a ambição quinhentista, - sentimentos que parecem lhes tufar os gibões de couro crú.

Tudo é hostil. O bugre e a terra. Os rios, onde dormem carapanás e yaras. A floresta, onde urram corinqueans e guayazies... E, depois de cem léguas, a pobreza da vila, encravada á beira do campo. E o pavor difuso do Desconhecido. E o mistério surdindo das grotas, das praias: - pedras gemedoras do Cubatão, pedrarias a dormirem nas furnas encantadas... E o desconforto. A fadiga. E o amor, que fala do outro lado do mar...

As palestras descaem. O Padre Manuel de Paiva cochicha com Luis da Grã. Pedro Dias quéda silencioso, aconchegado a Terebé - filha do cacique que, a selvagem airosa, que ele desposara, dias atrás, no egreijó de taipa de pilão. Domingos Luis Grou desabafa temores, com Braz Gonçalves. E Tibiriça cisma, olhando a trilha "que vai para a várzea do Yacuba". - Tudo periga, diz Luis Grou. Ramalho bandeado com os do Parahyba. Os franceses açulando ódios na Guanabara. E o governador-geral, em vez de enviar-nos socorros, só pede centenas de arcos, para tomar Uruçú-mirim...São Paulo de Piratininga, 1562. Entardecer de inverno. Um sol esmaecido lava as taipas do Colégio. E desenha a fila de paliçadas, que dizem para o Anhangabaú. Nuvens fuscas esbatem, ao longe, e Morro da Tabatinguéra e esfumam as várzeas do Tamanduatehy. A sombra cresce no grotão da Boa Vista e se avoluma para as bandas do Porto Geral.

E em torno, para além das malocas guaynazes, divisam-se os primeiros caapões, que precedem a mata. A mata, donde semanas atrás haviam surgido, uivantes, os milhares de bugres - tamoyos e tupiniquins, puris e carijós, ibirajaras e guarulhos, apavorando com o alarido das pocemas guerreiras e agitando as tangapemas de pau ferro...

Paira, no ar, uma tristeza indefinida. Que brota das nuvens cinzentas. Que se irradias das rechás. E vem deprimir, mais ainda, o moral abatido dos guerreiros de Tibiriça e das gentes de Cai-uby. E aumentar a nostalgia dos que vieram de longe, nos caravelões manuelinos, trazendo á capitania a audácia de cruzados e a ambição quinhentista, - sentimentos que parecem lhes tufar os gibões de couro crú.

Tudo é hostil. O bugre e a terra. Os rios, onde dormem carapanás e yaras. A floresta, onde urram corinqueans e guayazies... E, depois de cem léguas, a pobreza da vila, encravada á beira do campo. E o pavor difuso do Desconhecido. E o mistério surdindo das grotas, das praias: - pedras gemedoras do Cubatão, pedrarias a dormirem nas furnas encantadas... E o desconforto. A fadiga. E o amor, que fala do outro lado do mar...

As palestras descaem. O Padre Manuel de Paiva cochicha com Luis da Grã. Pedro Dias quéda silencioso, aconchegado a Terebé - filha do cacique que, a selvagem airosa, que ele desposara, dias atrás, no egreijó de taipa de pilão. Domingos Luis Grou desabafa temores, com Braz Gonçalves. E Tibiriça cisma, olhando a trilha "que vai para a várzea do Yacuba".

- Tudo periga, diz Luis Grou. Ramalho bandeado com os do Parahyba. Os franceses açulando ódios na Guanabara. E o governador-geral, em vez de enviar-nos socorros, só pede centenas de arcos, para tomar Uruçú-mirim...

- Tendes razão, opinam outros. Que será de nós se a vugrada renovar o assalto ás tranqueiras de Piratininga?...

- Só um nos pode valer e guiar assevera Paulo de Proença. O padre Anchieta. Ele tem grande saber. E os nativos narram vários prodígios a que assistiram... E se fossemos consulta-lo?

- Tendes razão, opinam outros. Que será de nós se a vugrada renovar o assalto ás tranqueiras de Piratininga?...

- Só um nos pode valer e guiar assevera Paulo de Proença. O padre Anchieta. Ele tem grande saber. E os nativos narram vários prodígios a que assistiram... E se fossemos consulta-lo?


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7° de fonte(s) [24309]
“No dia de São Paulo”. Jornal Correio Paulistano/SP, página 5
Data: 25 de janeiro de 1942, ver ano (90 registros)

Em torno, montes e várzeas. Numerosos guainás a tribo de Tibiriça. Espalhadas nos horizontes invisíveis algumas aldeias, os futuros baluartes da defesa, garantidores da expansão jesuítica e bandeirante.

Entre elas, como as mais notáveis Ururai, chefiada por Piquerobi, sogro de Antonio Rodrigues; Jeribatiba em que pontificava o velho guerreiro Caiubi. A ainda, para o oeste, como portas misteriosas do sertão infinito, Carapicuiba e Marueri.

Havia no planalto dois centros já habitados por portugueses: Santo André da Boda do Campo, que tinha como capitão o intrépido João Ramalho, seu fundador, e o vilarejo enigmático e decadente de Piratininga, que ainda não foi perfeitamente situado e no qual viveriam os remanescentes da primitiva incursão de Martim Afonso de Souza, que o fundou.

E só. O mais, caça, feras, o nativo desconfiado, a solidão, os perigos de toda natureza, tudo por fazer, tudo por criar, no solo virgem e bruto. Mas os homens vieram para agir. Enquanto uns se iam para a aldeia de Maniçoba, de que nasceu Itu, outros se transformavam em artífices e em mestres. Construía-se e ensinava-se; erigia-se o povoado, ilustravam-se as inteligências e as almas.

Nada deteve essa marcha ascensional, nem o cerco de 1562, nem as lutas contínuas com os nativos rebeldes, ciosos da sua liberdade. A onda foi crescendo. Em redor da palhoça inicial, em que se rezava, em que se pregava a obra civilizadora, e em que a catequese tinha fins religiosos e sociais, fazendo a ovelha de Deus e o homem do Novo Mundo - erigia-se o núcleo humano libertador, o centro de coesão dos que se filiavam a uma nova grei, os que construíam pelo prazer de construir, sem aspirar a recompensas ou glórias.

Seis anos depois, vem para cá a gente de Santo André. Engrossa-se a vaga dos precursores. O povoadores torna-se vila. Tem a sua Força e o seu Pelourinho, emblemas tradicionais da Força e da Justiça. E não demoraria, registrar-se-la o episódio de Iperoig, em que Anchieta e Nóbrega com o seu tato diplomático, vencem os rebeldes de Pindobuçú, ou seja, todos os Tamoios aliados dos franceses, garantindo assim, definitivamente, a integridade física e a expansão geográfica progressiva da vila recém-fundada.

Tudo isso, é o que hoje se rememora. E o dr. Prestes Maia, eminente Prefeita da cidade de Nóbrega, de Manuel de Paiva, de Anchieta, de Tibiriça, de João Ramalho, realiza homenagens condignas.

Inaugura um Parque Infantil no Tatuapé, a Biblioteca Municipal e a Ponte das Bandeiras. Isso para nos referirmos apenas aos fatos essenciais, que todos os outros se condicionam nessa tríplice aliança, que representa uma obra patriótica monumental.

O acaso tem singularidades notáveis. A Biblioteca veio localizar-se no velho caminho de Pinheiros - onde, segundo alguns historiadores, se localizava o povoado de Piratininga -; no que conduzia às aldeias de Carapicuíba e Embú, e que levava ao Jaraguá, onde Braz Cubas, em 1562, descobriu o primeiro ouro do Brasil, e Afonso Sardinha, além do ouro e da prata, identificou também o ferro. Essa era a trilha de Itú e Sorocaba. Por ela se iniciou a conquista maravilhosa do Oeste.


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8° de fonte(s) [24428]
“Os Tupi de Piratininga: Acolhida, resistência e colaboração”. Benedito Antônio Genofre Prezia, PUC-SP
Data: 2008, ver ano (71 registros)

A ameaça de morte aos padres e de destruição da igreja da vila de São Paulo concretizou-se em julho de 1562, liderada pelo grupo dissidente de Ururay, entre os quais havia jovens que freqüentaram “a doutrina dos padres”. Como escreveu Simão de Vasconcelos (1597-1671), aqueles nativos “eram filhos da Igreja”, isto é, que já tinham passado pela catequese, sendo que, possivelmente, alguns já tivessem sido batizados.

Os protagonistas deste ataque foram diversamente identificados, sobretudo em obras da história regional mais antigas. Aparecem como Guaianases de Ururaí ou como Carijó. Até o grande estudioso da São Paulo quinhentista, Affonso de Taunay, coloca esta guerra como uma articulação de vários povos, como Guaianases, Carijós e Tupis, repetindo Azevedo Marques. A historiografia recente, com Monteiro, conseguiu recuperar a verdadeira identidade destes guerreiros.


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9° de fonte(s) [24461]
“São Paulo na órbita do Império dos Felipes: Conexões Castelhanas de uma vila da américa portuguesa durante a União Ibérica (1580-1640)” de José Carlos Vilardaga
Data: 2010, ver ano (130 registros)

Em julho de 1562, uma reunião de índios que resistiam à presença portuguesa no planalto, somada a grupos já supostamente catequizados, e bastante insatisfeitos, promoveu violento ataque à vila, colocando, pela primeira vez, em xeque a rede de alianças costuradas pelos colonos com as lideranças indígenas locais.

Do lado dos padres e colonos, o cacique Tibiriçá, aliado de primeira hora, lideraria o exército defensor. Mas, ao final, ele mesmo seria abatido pelo inimigo que não poupou vítimas entre os índios agressores ou defensores da vila: o vírus da varíola. Ao lado do famoso cacique, seu genro, o ressentido João Ramalho, foi decisivo na defesa da vila de São Paulo neste crítico ano de 1562. Ramalho guardava consigo a insatisfação do desmanche da antiga vila de Santo André, onde fora patriarca e peça chave. [Página 83]


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10° de fonte(s) [28522]
Relatório da Ouvidoria Geral da Prefeitura Municipal de São Paulo*
Data: 1 de julho de 2013, ver ano (126 registros)

Graças à sua influência, os jesuítas puderam agrupar as primeiras cabanas de neófitosnas proximidades do colégio. Tibiriçá deu, aos jesuítas, a maior prova de fidelidade a 9 de julho de 1562 (e não 10 como habitualmente se escreve), quando, levantando a bandeira e uma espada de pau pintada e enfeitada de diversas cores, repeliu, com bravura, o ataque à vila de São Paulo efetuado pelos índios tupis, guaianás e carijós chefiados por seu sobrinho (filho de Piquerobi) Jagoanharo, no ataque conhecido como o Cerco de Piratininga.


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11° de fonte(s) [26664]
A canonização de Anchieta: o santo do pau oco? (Freire 2014)
Data: 2014, ver ano (137 registros)

Onde vais tão apressado, periquito tangedor? Devagar com o andor, que o santo é de barro. Os meios usados por Anchieta nem sempre foram diplomáticos, como comprovam as cartas que ele escreveu, algumas delas publicadas em agosto de 1980 pelo Porantim, jornal do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) editado, na época, em Manaus. Numa delas, Anchieta trata os Tupinambá como "inimigos carniceiros" e se rejubila por haver conseguido jogar os índios uns contra os outros nos conflitos entre portugueses e franceses:

"E foi coisa maravilhosa que se achavam e encontravam a flechadas irmãos com irmãos, primos com primos, sobrinhos com tios e mais ainda dois filhos que eram cristãos e estavam do nosso lado contra seu pai que estava contra nós".


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12° de fonte(s) [21228]
“Baltazar Fernandes: Culpado ou Inocente?”. Sérgio Coelho de Oliveira, jornalista e historiador
Data: 2014, ver ano (137 registros)

Baltazar Fernandes era bisneto de Tibiriçá, cacique dos nativos guaianases e uma das mais importantes figuras da História de São Paulo de Piratininga. Foi tão importante que Anchieta o considerava o fundador de São Paulo. Catequizado pelos jesuítas, foi batizado com o nome de Martim Afonso, em homenagem ao português donatário da Capitania de São Vicente. Das filhas de Tibiriçá, duas ganharam destaque nos primeiros tempos da vida paulista: Bartira, que se casou com João Ramalho e Beatriz, que se casou com Lopo Dias, os avós do fundador de Sorocaba.


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13° de fonte(s) [24738]
Piqueriby, consultado em geni.com
Data: 27 de fevereiro de 2022, ver ano (261 registros)

Em 1560, o padre Anchieta escreveu uma carta para seu superior, o padre Manoel da Nóbrega, informando que havia se encontrado com Piqueroby nas terras de Ururaí.

Em 10 de Julho de 1562, Piqueroby reagiu contra a presença dos portugueses, e enviou seu filho para atacar a vila. Reuniu um grande contingente de índios de diversas tribos da região (guaianás, tamoios, carijós, tupinambás e tupiniquins), subiu com eles a serra e invadiu a aldeia de Pinheiros, para expulsar os portugueses. Um número assustador de índios, pintados e enfeitados para a guerra, gritando a plenos pulmões, atacou logo no início da manhã.

Neste dia e nos dias que se seguiram, a vila de São Paulo foi quase destruída. Segundo o relato do padre Anchieta, "a principal misericórdia de Deus conosco foi mover o coração de muitos nativos, levando-os a nos ajudar a tomar armas contra os seus próprios companheiros". O cacique Tibiriçá, irmão de Piqueroby, foi um dos que se levantaram para proteger os jesuítas, com o apoio dos índios já cristianizados.

Após cinco dias de luta, os atacantes finalmente foram vencidos, e se retiraram. Nos meses seguintes, o outro genro de Piqueroby, o português Antonio Rodrigues, que vivia na aldeia com os índios, por fim conseguiu convencer o Cacique a viver em paz com os portugueses.

Piqueroby faleceu em 1562. Acredita-se que esteja sepultado junto à antiga capela de São Miguel (em São Miguel Paulista). Há um projeto de pesquisa arqueológica para procurar sua sepultura nos arredores da capela. Há uma cidade no estado de São Paulo denominada Piquerobi, em sua homenagem. Situa-se no Pontal do Paranapanema, perto de Presidente Venceslau.


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14° de fonte(s) [20455]
Árvore de costado do poeta Carlos Drummond de Andrade, consultado em usinadeletras.com.br
Data: 15 de outubro de 2022, ver ano (261 registros)

Piquerobi. Indígena brasileiro. Cacique guaianá ou tupi. Inimigo dos portugueses, seria irmão de Tibiriçá e Caiubi. Vivia no Vale de Ururaí. Pai da mulher de Antônio Rodrigues, batizada pelos jesuítas com o nome de Antônia Rodrigues, e de Jagoanharo, o "Cão Bravo", um dos chefes dos índios guaianás, carijós e tamoios do Vale do Paraíba que atacaram a Vila de São Paulo em 1562, sendo morto quando tentava forçar a porta da igreja onde se encontravam mulheres refugiadas.


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15° de fonte(s) [27507]
Memória Paulistana: Os antropônimos quinhentistas na vila de São ...
Data: 21 de outubro de 2022



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16° de fonte(s) [28469]
Cerco Tamoio na Vila de Piratininga, Eduardo Chu, graduando no cu...
Data: 12 de março de 2023



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17° de fonte(s) [28472]
José Alfredo Vidigal Pontes (data errada)
Data: 13 de março de 2023, ver ano (482 registros)

O cerco a São Paulo é assim descrito por Anchieta: “Por parte dos inimigos foram muitos os feridos e alguns mortos, entre os quais um nosso antigo catecúmeno [Jaguanharo] que foi quase capitão dos maus, o qual sabendo que todas as mulheres haveriam de se recolher à nossa casa [colégio] e que ali haveria muito o que roubar, veio a dar combate junto à cerca de nossa horta, mas ali foi atingido por uma flecha que lhe pegou na barriga e o matou, dando-lhe o pagamento que ele nos queria dar pela doutrina que lhe havíamos feito como uma cura de feridas que lhe fizemos a ele e seus irmãos na época em que estava conosco”.

O Anchieta de 1562 já é outro. Embrutecido pela guerra, não fala mais em “jugo da razão”: “Parece-nos agora que nesta Capitania estão abertas as portas para a conversão do gentio [...] porque para este gênero de gente não existe melhor pregação que espada e vara de ferro”... O jesuíta não faz nenhum questionamento mais profundo sobre a razão do fracasso da catequese ou sobre a revolta de muitos dos antigos alunos como Jaguanharo. Tratá-lo simplesmente como um ladrão foi tudo o que fez. E por que não refletir sobre as razões que levavam a brigas entre irmão, tios, sobrinhos e até de pais contra filhos? Ao contrário, dizia: “e foi coisa maravilhosa que se encontravam às flechadas dos irmãos com irmos, primos com primos, sobrinhos com tios e até mesmo dois filhos que eram cristãos e estavam conosco contra seu pai que era contra nós”.


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18° de fonte(s) [8043]
Cerco de Piratininga, consultado em Wikipedia
Data: 18 de março de 2023



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19° de fonte(s) [28525]
Por que São Paulo foi atacada em 1562?
Data: 30 de setembro de 1935



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