João Ramalho teria sido novamente eleito vereador de São Paulo, porém, já velho (por volta dos setenta anos), recusou o posto, como consta da ata da Câmara Municipal - 15/02/1564 de ( registros)
João Ramalho teria sido novamente eleito vereador de São Paulo, porém, já velho (por volta dos setenta anos), recusou o posto, como consta da ata da Câmara Municipal
15 de fevereiro de 1564, sábado. Há 460 anos
Em 1564, em S. Paulo, quando recusou o cargo de vereador, os seus companheiros de governança vão à casa da Luís Martins, onde ele se achava pousado, insistir pela aceitação do cargo; e, entre outras razões, que ele apresenta para persistir na recusa, dá a de que se achava em terra de contrários dessa vila, dos contrários da Paraíba. [1]
Se se pode chamar vida pública o exercício de vereador de S. Paulo em 1564, foi ele quem dela deliberadamente se retirou. Foi substituído por Lopo Dias.[2]
Um trecho das atas da Câmara de São Paulo (1914-I:34-5), é bastante expressivo:Aos quinze dias do mês de fevereiro da era de mil e quinhentos e sessenta e quatro anos, nesta Vila de São Paulo, eu, João Fernandes, escrivão da Câmara da dita Vila, com Baltazar Roiz, procurador do Conselho fomos às casas de Luiz Martins na dita vila onde estava João Ramalho pousado a lhe requerer que aceitasse o cargo de vereador desta vila porquanto saíra na eleição e pauta, que nesta vila se fez, por 117 vereador. E pelo dito João Ramalho nos foi dito que ele era um homem velho que passava de setenta anos e que estava tão bem em um lugar em terra dos contrários da Paraíba, como degredado no dito lugar e que pelas tais razões não podia servir o dito cargo...manobra bem engendrada pelo gênio político de Nóbrega, descreveconcisamente a operacionalização do processo unificador:A vista dos padres era muito mais penetrante do que a de seus êmulos:eles olhavam para aquela Vila como para um obstáculo aos progressos danova aldeia; e vendo que ambas não podiam existir, desviaram o golpefatal que ameaçava a sua povoação, dispondo as cousas de sorte que aespada fosse descarregar sobre a inimiga. Tentaram persuadir aos do 118Governo que era conveniente ao Estado e útil à Região mudar-se para aaldeia de S. Paulo o Pelourinho e moradores de Santo André ejuntamente o Foro de Vila. Ponderavam que esta, por ficar vizinha aomato, estava exposta às invasões repentinas dos bárbaros, nossoscontrários, e que, por falta de sacerdote, não havia nela quemadministrasse os Sacramentos; concluindo, finalmente, que osmencionados inconvenientes ficariam remediados com a transmigraçãoda Vila para junto ao Colégio, onde assistiam sacerdotes que suprissem afalta de pároco e não podiam chegar os inimigos sem serem sentidos, porficar S. Paulo em lugar descoberto e livre de árvores que ocultassem asmarchas dos exércitos contrários.Depois de contenderem alguns anos por este modo, chegaram finalmenteos padres a cantar vitória porque, achando-se em S. Vicente o GovernadorGeral Mem de Sá, em 1560, tais razões lhe propôs o P. Nóbrega, a quemele muito venerava, que, persuadido delas, mandou extinguir a Vila deSanto André e mudar o Pelourinho para defronte do Colégio: executou-sea ordem no mesmo ano, e daí por diante ficou a povoação na classe dasvilas com o título de S. Paulo de Piratininga, que conservava desde o seuprincípio.Darcy Ribeiro (2001:84) tem uma opinião assemelhada:Os jesuítas usaram de todas as artimanhas, primeiro para atrair Ramalhoe sua gente para junto deles, depois para fazê-lo sair, tão vexatória erasua posição de mando indiscutível sobre os índios e da expectativa deque tivesse uma atitude de submissão diante dos padres. Estes nãopodiam prescindir dele em face da ameaça que representavam os Tamoio,confederados contra o núcleo tupinambá de São Paulo, e ultimamenteinstigados pelos franceses estabelecidos na baía de Guanabara. Só com oapoio de Ramalho e seus aliados, os jesuítas puderam enfrentar o inimigoque lhes causava mais horror, que era a presença da Reforma, encarnadapelos calvinistas, ali, onde eles, como a Contra-Reforma, tentavam criarum reino de homens pios.119Mais: a língua tupi até então falada no arraial piratiningano, controladoexclusivamente pelos inacianos entre 1554 e 1560, irá entrar em contato com a aprendidapelos portugueses vindos de Santo André, relexificada e, muito mais ainda,regramaticalizada pela língua de origem daqueles colonos, sendo que ambas, ao final,cederão passo ao primado da língua do conquistador branco. [3]
baseado no livro de verèanças da Camará de S. Paulo, sessão de 15 de Fevereiro de 1564, diz : «Joào Fernandes, escrivão da Camará, e Balthasar Rodrigues, procurador do conselho, vão á casa de Lourenço Martins, onde estava de pousada Joào Ramalho, e ahi lhe requerem que acceitasse o cargo de vereador de S. Paulo, porque saíra na eleição em pauta ; João Ramalho recusou-.se, alegando ser homem velho, maior de 78