71 BAUDELAIRE, Charles. Sobre a modernidade. 1996. Benjamin estudando as proposições de Baudelaire,assim como de outros autores do século XIX, coloca a questão da moda como o eterno retorno do novo. Umanoção que ajuda a compreender a temporalidade do inferno da modernidade. BENJAMIN, Walter.Passagens. Op. cit., pp. 104-105. Charles Baudelaire: um lírico no auge do capitalismo. 1994, p. 169.72 Cruzeiro do Sul, 21/07/1912.73 Talvez o jornalista mencionasse o episódio ocorrido em 1911 em plena Avenida Central no Rio de Janeiro,quando uma mulher resolveu vestir a última moda de Paris, justamente uma saia-calção. A saia tinha comocaracterística se ajustar ao corpo, realçando as formas femininas, daí, certamente, o fato de “desopilar ofígado de muita gente.”. E o episódio da Avenida Central, o local supostamente mais cosmopolita do país,termina em confusão e escândalo. “De repente, em frações de segundo, a avenida virou um pandemônio. [Amulher] foi vaiada, agarrada brutalmente, quase despida em público. Teve que se refugiar na CamisariaAmericana para não ser linchada.” Nosso Século – 1910-1930. anos de crise e criação, 1ª parte. 1980, p. 128.Em 1916, mais um indicativo do estranhamento local com o jup-culote, é expresso na publicação de umpoema, assinado por Vera Cruz, intitulado justamente Jup-Culote e dedicado à musa sertaneja: “As moçasusam a moda/ é mesmo pra admirar/ palitol de manga curta.../ os braços querem mostrar // Sapato de saltoalto / vestido sem costurar, / vistuario muito apertado / que nem ellas pode andar. // Vestido jupe culote.../bate o vento e faz voar.../quando sae passeá na rua / todo o povo toca a olhar... // Andar ligeira não pode.../tem medo de trupicar.../ Si acaso cairem no chão / não podem mais levantar. // Uma moda desse jeito / é bemmió não usar.../ as mossas que me adesculpe.../ porque é perciso falar: // ellas que inventaram a moda / sãobrigadas de escultar. / Quando fizeram esse uso, / foi só por querê casar...” Cruzeiro do Sul, 03/02/1916